Globo defende desoneração da sua folha

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – O jornal O Globo vem a público defender a desoneração. Matéria publicada hoje traz pesquisa que demonstra que o imposto menor sobre trabalho abre mais frentes de emprego. O estudo é parte da dissertação de mestrado do economista Clóvis Scherer, pesquisador do Dieese e foi defendido na Universidade de Haia, na Holanda. Scherer fez seu estudo com 74 mil empresas, dividindo-as em dois grupos com arrecadação diferente. As que tinham menos imposto incidindo sobre a folha de pagamento aumentaram o número de vagas. Leia a matéria a seguir.

de O Globo

 Estudo mostra que imposto menor sobre trabalho aumentou o emprego

Em um ano, número de vagas em empresas beneficiadas cresceu 15,6%

POR CÁSSIA ALMEIDA

RIO – Pagar menos imposto sobre o trabalho criou mais emprego e fez a renda subir, de acordo com dissertação de mestrado do economista Clóvis Scherer, pesquisador do Dieese. Para seu estudo, defendido no fim do ano passado na Universidade de Haia, na Holanda, ele dividiu 74 mil empresas em dois grupos: um que substituiu o recolhimento de 20% sobre a folha de pagamento por 1% a 2% do faturamento, e outro que já optava pelo Simples, pagando alíquota menor.

Foram empresas com até 50 empregados, dos setores que foram incluídos na regra de contribuição sobre o faturamento logo no primeiro momento do programa, no fim de 2011: confecção, parte da indústria têxtil, tecnologia de informação e comunicação e call center.

— Depois de isolar outros efeitos sobre as empresas, constatou-se aumento de 15,6% no quadro das que receberam o benefício fiscal. Nas outras, o aumento foi de 2,9% — explicou Scherer.

Na última sexta-feira, o governo aumentou em 150% as alíquotas sobre o faturamento, praticamente anulando a desoneração feita pela equipe econômica anterior, no primeiro governo da presidente Dilma Rousseff. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, classificou a política de “negócio grosseiro” e foi, no dia seguinte à declaração, repreendido publicamente pela presidente, que defendeu o programa e disse que o comentário dele havia sido infeliz.

— Essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano e não tem criado e nem sequer protegido empregos — dissera Levy na semana passada.

Pelas contas de Scherer, em um ano, as empresas que optaram pela tributação sobre o faturamento contrataram 31 mil funcionários, 93% disso, ou 29 mil vagas, exclusivamente pela desoneração criada no primeiro governo da presidente Dilma.

Para chegar a esse número, ele retirou as influências de inovações tecnológicas e da escolaridade dos empregados. As empresas comparadas são do mesmo tamanho, da mesma região e dos mesmos setores. Para Scherer, retirar os benefícios pode levar ao efeito inverso: cortar vagas de trabalho, principalmente em um ano que deve ser recessivo, se as projeções dos analistas de mercado se confirmarem:

— O fim do benefício vai afetar negativamente o emprego e o salário e pode ter efeito em outras variáveis como preços, importações e na própria arrecadação.

Quase duas vagas por empresa

O estudo mostrou que cada empresa tinha em média 10,9 empregados. Com a redução do imposto, o número aumentou em 1,7 vaga por empresa. Em termos absolutos, a diferença é mais flagrante. Nas 74 mil empresas foram criados 48 mil empregos em 2012, 64% deles naquelas que optaram pela cobrança sobre o faturamento.

No salário, também houve ganho. O aumento real foi de 2,3%. A melhoria salarial ficou aquém da que aconteceu para os trabalhadores das seis maiores regiões metropolitanas do país. O rendimento real subiu 4,1%, quase o dobro do avanço entre as pequenas empresas que deixaram de contribuir sobre a folha de pagamento.

— Entre os dois grupos, a subida do salário foi semelhante. Mas, quando se isola o efeito da política de desoneração, percebe-se que, entre elas, a alta seria menor se não houvesse o benefício fiscal — disse Scherer.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Será que o PiG pode explicar
    Será que o PiG pode explicar então o motivo das recentes demissões em massa? Eles não deveriam aumentar o numero de vagas pra jornalistas???

  2. Qual empresa deste Brasil não

    Qual empresa deste Brasil não defende ?

    O aumento do recolhimento sobre o lucro liquido, de 2% para 4.5 % é um desastre.

    A reeleição custou caro ao pobre brasileiro. Eu vou mandar minha secretária embora e vou contratar alguém sem registro em CTPS

  3. Emprego vs. Formalização

    Creio que o trabalho trate do aumento da formalização e não do emprego. 

    Suponhamos uma PIA de 100 pessoas, das quais 65 trabalham ou procuram emprego, 60 estão empregadas e 40 tem trabalho com carteira assinada. A taxa de participação (PEA/PIA) é igual a 65% (65/100), a taxa de desemprego é de 7,7% (5/65) e a proporção dos ocupados com emprego formal é de 66,7% (40/60).

    A elevação do emprego pode acontecer em resposta à desoneração, mas não está suficientemente claro que isso ocorra. Consideremos as seguintes hipóteses:

    (i) Aumento da formalização: Em resposta à desoneração, as empresas transformam emprego informal em formal. Nesse caso, o emprego formal passaria de 40 para 50, a proporção dos ocupados com emprego formal passaria a 83,3% e os demais indicadores permaneceriam os mesmos;

    (ii) Aumento do emprego, com aumento da formalização e sem efeito sobre a participação: Em resposta, as empresas criariam dois novos postos de trabalho formal. Nesse caso, a taxa de desemprego seria de 4,6% (3/65) e a taxa de formalização seria de 67,7% (42/62).

    (iii) Diminuição da taxa de participação e do desemprego como efeito da formalização dos mais velhos: Se a desoneração diminui as barreiras para que os mais velhos consigam mais e melhores empregos, os mais jovens tendem a ampliar o tempo dedicado à sua formação. Nesse caso, os jovens deixam de trabalhar ou procurar emprego e o número de ocupados com emprego formal aumenta. A taxa de participação passaria a 63% (63/100), a taxa de desemprego seria de 4,8% (3/63) e a taxa de formalização passaria a 83,3% (50/60).

    (iv) Elevação da participação e do desemprego: As medidas de desoneração em um ambiente econômico hostil podem não incentivar os estabelecimentos a criar novos postos de trabalho, mas pode incentivar as pessoas a abandonarem sua condição de inatividade econômica e a procurar emprego. Nesse caso, 10 novas pessoas procurariam empregos, a taxa de participação passaria a 75% (75/100) e a taxa de desemprego saltaria a 20% (15/75).

    Enfim, é possível que todos esses cenários ocorram. Mas os dados levantados por Clóvis não permitem avaliar todos esses cenários, apenas afirma que a formalização aumentou e em setores muito específicos. 

     

  4. Desoneração

    Deve haver algum engano, o globo está vibrando com notícias sobre a derrota de Dilma também neste quesito, tipo “Renan impõe derrota à Dilma”, etc. Antes era a justiça federal do Paraná a heroina, que vazava seletivamente contra o Planalto, , sem consenquencias ou críticas, agora, tem “dedo do Planalto” nas lista do Procurador Geral, segundo o mesmo periódico. Confesso que mesmo para a mídia cartelizada está difícil de entender.

  5. Não precisamos gastar muito

    Não precisamos gastar muito latim com isso se; conforme a mídia vem apregoado, o nível de empregos vem caindo, ou seja; não consegue se sustentar com essa medida, e os preços estão subindo, não há porque mante-la.

  6. Mentirosa sem vengonha.
    A

    Mentirosa sem vengonha.

    A globo está demitindo.

    O programa do Jô foi reduzido em 20 minutos, um bloco, e alguns funcionarios que trabalhavam no programa foram demitios ou remanejados.

    Dizem que por conta disso o Jô anda meio extressado com a globo.

    Da minha parte que se dane, que se explodam prá lá, Globo,Jô e suas meninas.

  7. Desoneração, subsídio,

    Desoneração, subsídio, renúncia fiscal, etc.etc.etc. Varios caminhos atraves dos quais o Estado interfere na organização dos negocios. Ok, ja sabemos. Globo & Cia são críticos da intervenção estatal como todo capitalista é: quando afeta sua unha encravada. Quando vem a favor, maravilha. Ok, já sabemos, faz tempo. 

    Já que estamos nisso, vou recuperar outro desses cenários hipócritas. A FGV tem uma revista, chamada Conjuntura Econômica. Antiga, famosa.  Quem olha seus artigos dos ultimos tempos vai encontrar uma catilinária permanente contra a intervenção estatal. Subsídios e quejandos, para a revista, é sempre neopopulismo. Não, sempre, não. Em novembro, a revista publica uma algaravia que se passa por “reportagem”, apresentando resultados de uma “pesquisa” de professores da FGV, sobre o FIES – Em novembro de 2014, a revista publicou matéria sobre o FIES: O FIES não é um fiasco. Pesquisa, entre aspas, porque, de fato, é uma encomenda das mantenedoras de escolas privadas para fazer advocacia adminsitrativa, defesa do FIES. Até ai, o negócio de sempre, nao surpreende.

    O que surpreende é a qualidade da matéria, em que os professores dissertam, solenemtne, sobre a necessidade de controlar a qualidade do ensino superior. Poderiam começar controlando a qualidade de sua propria revista.

    Claro, errar todo mundo erra. Escorregar em dados, volta e meia escorregamos. Mas isto aqui abaixo passou pelos notáveis professores-consultores, pelo redator, pelo revisor e pelo editor da revista – e está na revsita e no site desde novembro, sem que se saiba de errata:

    No que tange à expansão do acesso ao ensino superior, números divulgados pelo Ministério da Educação já apontam a contribuição que tem sido dada pelo programa de crédito estudantil. De 2008 a 2014, a quantidade de estudantes que ingressaram nas universidades sem o apoio do Fies se manteve estável em cerca de 1,3 bilhões de pessoas enquanto o público atendido pelo programa passou de 32 milhões para 582 milhões no mesmo período.  “Temos evidências de que o Fies está realmente estimulando a entrada de pessoas no ensino superior em faculdades privadas. Contudo, não dá para ter ideia de qual será a taxa de inadimplência porque ainda não deu tempo de sabermos sua proporção. Uma pessoa que se forma em quatro anos começa a pagar o empréstimo em cinco anos e meio. Ou seja, este ano o Estado está recebendo as parcelas das pessoas que entraram na faculdade em 2008, 2009. Foram 60 mil estudantes no acumulado dos dois anos. Só em 2014, dados preliminares apontam que ingressaram 560 mil”, destaca Botelho.

    E todos eles se conformaram com a informação de que o FIES atendeu 1,3 bilhões de pessoas? Que o programa passou de 32 milhões para 582 milhôes no périodo de 2008-2014? Quer dizer que nesse período o FIES atendeu um numero de pessoas que é tres vezes a população do Brasil? E o que dizer de 1,3 bilhões de pessoas? Acho que se somarmos todos que nasceram ou imigraram pro Brasil, desde 1822 não chegamos nem perto disso. Nem sonhando.

    Como disse, o artigo tem abundantes considerações (sensatas) dos professores da casa, lembrando que se deve tomar cuidado com a qualidade das escolas participantes.  Talvez eles pudessem dedicar sua parte de esforço tomando cuidado com a qualidade da revista de sua escola. Baixei agora o excerto (28/02/2015): http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumPageId=4028818B37A00A200137A4099DA13ADA&contentId=8A7C82C5490B660501498674AF6149DF

    Mas esse texto está no ar desde novembro. Tem alguma errata? Vão deixar assim?

    Bom, alem da escorregada, mais um exemplo de que “neopopulismo” é sempre o “populismo para os outros”. Para nós e para nossos patrões, é boa política. Patriótica.

  8. Evidentemente que uma

    Evidentemente que uma corporacao va defender reducao de impostos, como no caso da desoneracao. O estranho seria se defendesse sua cobranca.

    Esses “estudos cientificos” financiados sabe-se la por quem, sao ferramentas politicas usadas por grandes corporacoes para alavancar seus interesses, nesse caso, a reducao de impostos. Nao estao nem ai se os fundos arrecadados sao usados para educacao, saude puclica, ou reducao de desigualdades nesse pais.

    E tem mais, se a desoneracao for boa para a Globo, ela eh ruim, mas muito ruim para a populacao do pais.

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