Sindicalista é ameaçada de morte, após denunciar trabalho escravo em Joinville

Presidente do Sinsej, Jane Becker, foi ameaçada de morte após denunciar que trabalhadores comiam no chão de canil em obra da prefeitura de Joinville

Presidente do Sinsej com B.O em mãos, após ter sido ameaçada de morte – DIVULGAÇÃO / SINSEJ

da Página da CUT

Sindicalista é ameaçada de morte, após denunciar trabalho escravo em Joinville

A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e região (Sinsej), Jane Becker foi ameaçada de morte por volta das 10h, desta quinta-feira (2). Jane havia acabado de sair de sua residência e estava a caminho do sindicato. Quando parou em um cruzamento na rua dos Aimorés, um motoqueiro encostou ao lado do veículo e perguntou: “você quer morrer?”. Inicialmente a presidente achou que poderia ser algo relacionado ao trânsito, mas na sequência o motoqueiro completou: “para de se meter onde não deve”. Após ameaçar a presidente, o motoqueiro acelerou e foi embora.

A ameaça acontece um dia depois do Sinsej denunciar um caso de trabalho análogo à escravidão, em obra gerida por uma terceirizada da prefeitura de Joinville. Ainda ontem, o jornalista Leandro Schmitz, que havia divulgado o caso em primeira mão, foi demitido do jornal Folha Metropolitana, onde trabalhava. Acompanhada da advogada do Sinsej, Jane registrou boletim de ocorrência no início da tarde.

O caso: 

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e região (Sinsej),  após denúncia,  comprovou nesta semana,  a situação a que estão submetidos trabalhadores da empresa terceirizada Celso Kudla Empreiteiro Eireli, contratada para fazer obras na unidade de Bem-estar e Proteção Animal (canil) da prefeitura de Joinville.

Os trabalhadores, em sua maioria migrantes e imigrantes, recebem “quentinhas” e são obrigados a almoçar no chão do canil. Os trabalhadores se espalham procurando latas e locais no chão para sentar e se alimentar. Outros, se abrigaram embaixo de um telhado improvisado ao lado da caçamba de lixo para poderem almoçar na sombra. Para comer, alguns tinham descontados no pagamento até R$ 800.

A prefeitura disse não ser responsável pela contratação desses trabalhadores, mas assinou o contrato com a terceirizada 2020. O valor é de mais de R$ 1,3 milhão e prevê obras como ampliação, pavimentação de passeio e acessos. Inicialmente a vigência do contrato era de 12 meses, mas de acordo com um aditivo publicado em 2022 no Portal da Transparência do município, o prazo de execução foi esticado até o dia 05/03/2023. 

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