Projeto incentiva cultura da bicicleta na periferia de São Paulo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Do Fundo de Ações Locais

Segunda edição do Fundo de Ações Locais destina R$15 mil a projetos de incentivo à cultura da bicicleta na periferia de SP
 

Organizado pela Ciclocidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo – e pelo Instituto Aromeiazero, o Fundo de Ações Locais (FAL) está recebendo inscrições de projetos voltados para incentivo da mobilidade ativa e cultura da bicicleta para cidade de São Paulo. O segundo edital já está disponível em www.ciclocidade.org.br/fal e vai destinar R$ 15 mil a ser dividido entre os selecionados. As inscrições serão encerradas em 8 de julho e o resultado será publicado nas redes sociais da Ciclocidade e do Instituto Aromeiazero em 7 de agosto. 

O FAL foi criado a partir do superávit financeiro  obtido com o evento Bicicultura São Paulo realizado em 2016. Ele é voltado para áreas com altos índices de vulnerabilidade social, em especial para a periferia da cidade.  


Serão contempladas propostas que atuam no fortalecimento de grupos, pesquisas, projetos de comunicação e de empreendedorismo através da bicicleta, bem como de ações afirmativas de minorias étnicas, religiosas, de gênero, de sexualidade, linguísticas, físicas e/ou culturais. Podem participar do  edital coletivos e grupos não formalizados, pequenos empreendedores (MEI e ME) e pessoas jurídicas sem fins lucrativos e não governamentais.

“O FAL é uma forma de manter, incentivar e descentralizar a bicicultura em São Paulo, dando suporte a iniciativas que promovem a bicicleta e somam forças na resistência por uma cidade mais acessível e ciclável para todos”, comenta Michel Will, diretor de Cultura e Formação da Ciclocidade.

“Com esse incentivo, ideias de grande impacto comunitário podem ganhar força para sair do papel, articulando as pessoas das áreas onde serão realizadas em torno de um importante debate para a sociedade”, explica Cadu Ronca, diretor do Instituto Aromeiazero. 

A seleção das propostas apresentadas para o segundo edital será feita pela Comissão de Curadoria do Fundo de Ações Locais, composta por pessoas com envolvimento na área de ciclomobilidade ou com experiência em áreas correlatas, tais como atividades culturais e  esportivas. No primeiro edital publicado no primeiro semestre de 2018, o FAL recebeu inscrições de 17 projetos e a Comissão de Curadoria selecionou quatro iniciativas que foram contempladas com R$ 3 mil cada.

Na região do Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo, o coletivo de mulheres “Preta, Vem de Bike” realizou o projeto Pedal na Quebrada uma série de encontros promovendo a bicicleta através de aulas para aprender a pedalar e oficinas de mecânica básica com manutenção de bicicletas. “Tem que ser da periferia para a periferia. Assim podemos somar com os projetos já existentes, criar uma rede de parcerias locais”, comenta Jô Pereira, uma das organizadoras do Pedal na Quebrada e integrante do coletivo “Preta, Vem de Bike”.

Outra iniciativa ficou por conta do coletivo Periferia em Movimento, que realizou uma série de reportagens com foco na mobilidade em bicicleta no extremo Sul da capital paulista, o Jornalismo de Quebrada. “Com o apoio financeiro foi possível mapear a infraestrutura ciclável no extremo Sul de São Paulo, as dificuldades encontradas pelos ciclistas locais e como isso impede que mais pessoas usem a bicicleta”, comentou Thiago Borges.

Do outro lado da cidade, o projeto Biciclotour das Idéias ressignifica as ruas do Jardim Julieta – Vila Sabrina, na Zona Norte da cidade, pedalando uma bicicleta cargueira. “Promovendo arte, cultura e comunicação, usamos a bicicleta como uma ferramenta de aprendizado, de empreendedorismo e de tecnologias sociais”, explica Fabiana Menassi sobre a iniciativa que transforma uma bike cargueira em rádio, biblioteca e ateliê itinerante. 

No bairro do Grajaú, Zona Sul de São Paulo, o projeto Bikes Marginais organizou uma frota de bicicletas para realizar atividades de experimentação territorial em percursos educadores pela periferia da Capital. As ações foram realizadas em parceria entre os coletivos Imargem, Casa Ecoativa, Ateliê Damargem e o Projeto Navegando nas Artes.

Comissão de curadoria
A comissão de curadoria do primeiro edital do FAL foi composta por Sheila Hempkmeyer, psicóloga, mestre em educação, ciclista e membra da União dos Ciclistas do Brasil (UCB); Suzana Nogueira, arquiteta e urbanista, atuou na coordenação de planejamento e projetos cicloviários de São Paulo; Márcio Black, cientista político, produtor cultural e membro da Bancada Ativista e atualmente coordenador de cultura da Fundação Tide Setubal; Renata Amaral, engenheira ambiental, com experiência na coordenação de projetos socioambientais na iniciativa privada, pedala para se locomover em São Paulo; e Dani Louzada, publicitária, ciclista, membra do GT Gênero da Ciclocidade e colaboradora do projeto Feminismo em Duas Rodas.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. O INCENTIVO Á BICICLETA É EXTRAORDINÁRIO

    Mas foi Erundina quem acabou com o Passeio Ciclistico da Primavera. Ideía e patrocínio magistral de Abilio Diniz. E Mario Covas, quem acabou com a liberdade, os passeios de bicicleta, a integração entre os espaços verdes e arborizados da Cidade Universitária da USP com o restante da metrópole. Cercando e fechando o Câmpus. Agora o pária Dória faz um Muro de Vidro para visualização da Raia Olimpica. A Raia Olimpica era aberta, assim com Cidade Universitária. Um espaço para a Cidadania Paulistana. Ao invés de gastar milhões de reais com tamanha asneira (iniciativa privada? sabemos), por que não melhora e amplia  a maior bem localizada Portaria da Cidade Universitária que dá acesso à Marginal e Estação de Trens. Iluminação, Passagem Elevada, Cobertura, Segurança para que Funcionários e Alunos da USP cheguem com segurança, mesmo com chuva e frio à Estação de Trens, do outro lado da Marginal. É fácil. É só usar o cérebro. Pensar não dá caimbra. Por que não foram feitas CICLOVIAS nas laterais das Marginais Tiête e Pinheiros, interligando toda a Cidade, desde o Aeroporto Int. de Guarulhos/Pq. Ecol. Tiête/USPLESTE até o Autódromo de Interlagos/Guarapiranga (120 KMs de CICLOVIAS). Ciclovias que foram feitas entre os Jardins e a Berrini, para “gente diferenciada loira de olhos azuis’ e servir de fundo para os Estúdios da RGT. Então era possível? Socialistas é que governam a cidade no último quarto de século? Entendemos. Por que não é possível e permitido Passeios Ciclisticos entre a Capital e o Litoral pelas Rodovias? Por que foi destruído o ‘Caminho do Mar’, que poderia ser Rota Turistica e Ciclistica entre a Capital e a Baixada? Além de uso do Parque Estadual da Serra do Maior, mais importante Bioma da Terra? Até os anos de 1980 e a chegada da Redemocracia, as pessoas iam trabalhar de bicicleta (basta ver fotos destes anos dos bicicletários das empresas (VW, Scania, Phillpips, Cobrasma, Olivetti). A sabotagem e bipolaridade a partir da redemocratização é inexplicável e incompreeensível. Mas formou este Brasil de 2018. BICICLETAS NOVAMENTE.   

  2. A bicicleta transforma

    Tenho acompanhado de perto as ações das instituições que brigam pelo direito de pedalar. Bike Anjo, Ciclocidade, UCB, Ciclo BR, Aromeiazero, é gente que está empenhada em levar tudo o que se refere a bicicleta para empoderar as pessoas. Esse edital, por sua vez, é uma mostra da transparências da Ciclocidade e do Aromeiazero e do cumprimento da missão deles. Sobrou um dinheiro do evento Bicicultura 2016 e portanto o destino mais óbvio seria estimular a bicicleta nas periferias. E está funcionando. Os projetos que estão em andamento são sensacionais. Mas precisamos de mais projetos, mais pessoas interessadas e se engajar nesse assunto. E não precisa ser um projeto sofisticado. Veja o projeto do Periferia em Movimento. Estão fazendo uma série de reportagens. Um grupo de estudantes de jornalismo poderia apresentar um projeto semelhante para uma comunidade específica. Ou o Preta vem de Bike, onde elas fazem oficinas de pedaladas e manutenção na periferia.

    Quem mais se beneficia com a cultura da bicicleta são as crianças, mulheres e desempregrados. Por isso, o projeto está voltado para as comunidades de baixa renda. 

     

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