Fachin, o Ministro que tinha lado

Redação

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  1. Deixe de otimismo, Nassif! O

    Deixe de otimismo, Nassif! O pleno do STF libertar Palocci? Se fosse o Perrela do helicoca, se fosse o Champinha. se fosse o Temer, o Aécio etc tudo  bem. Esses cidadãos brasileiros merecem o benefício da legalismo, da presunção da inocência. Mas não: trata-se do Palocci do PT, esse partido que criou no Brasil uma nova modalidade de crime: o caixa 2. 

    Não, não,  o STF esta aí para fazer cumprir a lei, nem que seja condenando porque pode, nem que seja para descumprir a lei da condenação em segunda instãncia que o proprio STF criou. Enfim, esse Palocci tem que levar as mãos aos céus e agradecer que  não tem pena de morte (caramba, que os bolsomitos e os militantes do Direita São Paulo ainda não pensaram nisso). Então, teje preso e pode ir fazendo o roteiro de delação premiada.

    PS. Os políticos Aécio e Temer merecem o beneplácito de juizes legalistas porque como declarou o jurista Moro, depósito de dinheiro de corrupção em paraíso fiscal não é crime condenável. Só desvio para Caixa 2 é crime hediondo.

  2. Sobre pessoas, idéias e etiquetas

    Gostaria que Nassif fosse mais descritivo ao falar do pacto que considera incontornável, que parece contraditório com outras afirmações sobre as razões do desmonte institucional promovido por forças que vivem da resistência a qualquer forma de conciliação civilizatória.

    Provocação de José Saramago, no livro “Democracia e universidade”, Editora UFPA e Fundação José Saramago, Belém, 2013.

    “Efetivamente, dizer hoje “governo socialista”, ou “social-democrata”, ou “democrata-cristão”, ou “conservador”, ou “liberal”, e chamar-lhe “poder”, é como uma operação de cosmética, é pretender nomear algo que não se encontra onde se nos quer fazer crer, mas sim em outro e inalcancável lugar – o do poder económico – esse cujos contornos podemos perceber em filigrana por trás das tramas e das malhas institucionais, mas que invariavelmente se nos escapa quando tentamos chegar-lhe mais perto e que inevitavelmente contra-atacará se alguma vez tivermos a louca veleidade de reduzir ou disciplinar o seu domínio, subordinando-o às pautas reguladoras do interesse geral. (…) E, se assim falo do Mercado (agora em maiúscula) é por ser ele, nos tempos modernos, o instrumento por excelência do autêntico, único e insofismável poder realmente digno desse nome que existe no mundo, o poder económico e financeiro transnacional e pluricontinental, esse que não é democrático porque não o elegeu o povo, que não é democrático porque não é regido pelo povo, que finalmente não é democrático porque não visa a felicidade do povo. (…)  Enfrentemos, portanto, os fatos. O sistema de organização social que até aqui temos designado como democrático tornou-se cada vez mais numa plutocracia (governo dos ricos) e cada vez menos uma democracia (governo do povo). É impossível negar que a massa oceânica dos pobres deste mundo, sendo geralmente chamada a eleger, não é nunca chamada a governar (os pobres nunca votariam num partido de pobres porque um partido de pobres não teria nada para prometer-lhes).  (…) Hoje discutimos Deus, discutimos a pátria, e só não discutimos a famíia porque ela própria se está a discutir a si mesma. Mas não discutimos a democracia. Pois eu digo: discutamo-la, meus senhores, discutamo-la a todas as horas, discutamo-la em todos os foros, porque, se não o fizermos a tempo, se não descobrirmos a maneira de a reinventar, sim, de a re-inventar, não será só a democracia que se perderá, também se perderá a esperança de ver um dia respeitados neste infeliz planeta os direitos humanos. E esse seria o grande fracasso da nossa época, o sinal de traição que marcaria para todo o sempre o rosto da humanidade que agora somos. “ (Verdade e ilusão democrática, de abril de 2003, trechos das páginas 70 a 73).

     

    A mentalidade de que polarização é “maluquice” (ao mesmo tempo em que há uma crítica generalizada de que a esquerda falhou por ter conciliado e despolitizado as disputas de classe/ideologia e a vida social, que teria resultado no golpe e em sua persistência diante da passividade bovina dos espectadores), de que arrojo ao se contrapor à bestialidade sócio-econômica do fascismo político aliado ao rentismo financeiro (a lógica por trás de BolsoOgro, no apelido dado pelo grande Rui Daher) é infantilismo quixotesco (a greve geral mostrou mais que “vassouras” juvenis) é alimentar a crença onipotente dessas forças antipopulares de que não podem ser enfrentadas nem vencidas – é quase o endosso da tese de que “esquerda é uma patologia” ou das capas que atribuíam à presidenta valente surtos de histeria que justificariam sua deposição. E com essas simplificações perigosas se enfraquece o que no país já não é muito exercitado nem bem visto: o espírito crítico, problematizador, que luta por mudanças reais, a discussão política e ideológica legítima, a contraposição de idéias e argumentos, é quase um chamado à homogeneização pela incapacidade de lidar com conflitos de maneira saudável. O superego político recalcador, pra ficarmos no território da psicologização banal dos processos sociais. Leiamos o saboroso Alienista de Machado de Assis.

    Por que é necessário pactuar? Para evitar um colapso social disseminado? – os inúmeros colapsos localizados não assustam. (ver entrevista https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/294251/%E2%80%9CEu-at%C3%A9-gostaria-de-uma-convuls%C3%A3o-social-A%C3%AD-n%C3%B3s-ter%C3%ADamos-de-fazer-uma-constituinte%E2%80%9D.htm) A quem interessa a paz dos cemitérios, em meio a conflitos graves abafados pela governança sádica de imprensa e desgoverno, de um povo sendo levado ao cadafalso pela desinformação e mesmerização lupina da G.Lobo.Empeledecordeiro.Con? Não estamos falando de revolução armada nem de guerra civil ou de radicalização irresponsável à esquerda, pois a da direita no poder tem mostrado o horror da ausência de limite na imposição selvagem de suas prerrogativas. Mas do inescapável enfrentamento das raízes dos sucessivos golpes e da hegemonia oligárquica sob a forma atual do canibalismo rentista que (se) alimenta (da) ditadura do pensamento conservador.

    Nassif comemorou sinais vitais em FHC semanas atrás; pois essa mesma raposa tucana tem fortalecido, através de mentoria especializada com selo “sociólogo da USP”, testas de ferro de seu partido de fachada, como Doria e o incrível Suck, ops, Huck: conciliar com quem?

    O esforço de conciliação entre lideranças responsáveis e representativas dos campos em disputa, em que FHC certamente não se encaixa, deve ser empreendido por todos os interessados, não apenas pela esquerda, mas muitos de todos os lados parecem participar de um concurso de inventores solitários onde a aglutinação em torno de questões cruciais (é a essa conciliação a que se refere Nassif, suponho) é desfavorecida por interesses eleitorais e pela erosão do senso de coletividade e comunidade que é marca desses tempos atomizados. Essa é a real disputa, a meu ver: qual o limite da tolerância com o golpe e seu legado e projeto, quem são os atores políticos e sociais que apresentam os discursos e as propostas mais consistentes de recuperação do país, e quais as linhas de força que, mesmo variando em grau, direção e intensidade, devem nortear o novo caminho da democracia progressista, mais corajoso e combativo.

    Bonita biblioteca ao fundo. O polêmico Monteiro Lobato disse que um “país se faz com homens” (sic, biodiversidade humana e natural se ajusta melhor a estes dias) “e livros”. Por essa perspectiva, quando o símbolo de “intelectual que faz política e chegou ao poder” tem esse tipo de decadência e continua a ser considerado por parcela significativa da sociedade um interlocutor relevante, podemos decretar falência como país? Nossa sorte é que as pessoas que não lêem nem escrevem livros, teses e sentenças mas são versadas na “leitura do mundo” freireana não têm medo de polarização (não uso essa palavra pra estupidez militante inflexível que se veste de direita e esquerda), o que nos dá a esperança de que a recuperação possa vir da oportunidade de que seu povo, o cidadão comum, seja bem informado e chamado a escolher seu próprio rumo, coletiva e diretamente.

     

     

    SP, 09/05/2017 – 18:39 (envio original às 14:50)

     

    1. Identificação

      Autoria do comentário: Cristiane N. Vieira (identificação omitida por desatenção ao layout da página)

      SP, 09/05/2017 – 20:37

  3. Gostaria que Nassif fosse

    Gostaria que Nassif fosse mais descritivo ao falar do pacto que considera incontornável, que parece contraditório com outras afirmações sobre as razões do desmonte institucional promovido por forças que vivem da resistência a qualquer forma de conciliação civilizatória.

    Provocação de José Saramago, no livro “Democracia e universidade”, Editora UFPA e Fundação José Saramago, Belém, 2013.

    “Efetivamente, dizer hoje “governo socialista”, ou “social-democrata”, ou “democrata-cristão”, ou “conservador”, ou “liberal”, e chamar-lhe “poder”, é como uma operação de cosmética, é pretender nomear algo que não se encontra onde se nos quer fazer crer, mas sim em outro e inalcancável lugar – o do poder económico – esse cujos contornos podemos perceber em filigrana por trás das tramas e das malhas institucionais, mas que invariavelmente se nos escapa quando tentamos chegar-lhe mais perto e que inevitavelmente contra-atacará se alguma vez tivermos a louca veleidade de reduzir ou disciplinar o seu domínio, subordinando-o às pautas reguladoras do interesse geral. (…) E, se assim falo do Mercado (agora em maiúscula) é por ser ele, nos tempos modernos, o instrumento por excelência do autêntico, único e insofismável poder realmente digno desse nome que existe no mundo, o poder económico e financeiro transnacional e pluricontinental, esse que não é democrático porque não o elegeu o povo, que não é democrático porque não é regido pelo povo, que finalmente não é democrático porque não visa a felicidade do povo. (…)  Enfrentemos, portanto, os fatos. O sistema de organização social que até aqui temos designado como democrático tornou-se cada vez mais numa plutocracia (governo dos ricos) e cada vez menos uma democracia (governo do povo). É impossível negar que a massa oceânica dos pobres deste mundo, sendo geralmente chamada a eleger, não é nunca chamada a governar (os pobres nunca votariam num partido de pobres porque um partido de pobres não teria nada para prometer-lhes).  (…) Hoje discutimos Deus, discutimos a pátria, e só não discutimos a famíia porque ela própria se está a discutir a si mesma. Mas não discutimos a democracia. Pois eu digo: discutamo-la, meus senhores, discutamo-la a todas as horas, discutamo-la em todos os foros, porque, se não o fizermos a tempo, se não descobrirmos a maneira de a reinventar, sim, de a re-inventar, não será só a democracia que se perderá, também se perderá a esperança de ver um dia respeitados neste infeliz planeta os direitos humanos. E esse seria o grande fracasso da nossa época, o sinal de traição que marcaria para todo o sempre o rosto da humanidade que agora somos. “ (Verdade e ilusão democrática, de abril de 2003, trechos das páginas 70 a 73).

     

    A mentalidade de que polarização é “maluquice” (ao mesmo tempo em que há uma crítica generalizada de que a esquerda falhou por ter conciliado e despolitizado as disputas de classe/ideologia e a vida social, que teria resultado no golpe e em sua persistência diante da passividade bovina dos espectadores), de que arrojo ao se contrapor à bestialidade sócio-econômica do fascismo político aliado ao rentismo financeiro (a lógica por trás de BolsoOgro, no apelido dado pelo grande Rui Daher) é infantilismo quixotesco (a greve geral mostrou mais que “vassouras” juvenis) é alimentar a crença onipotente dessas forças antipopulares de que não podem ser enfrentadas nem vencidas – é quase o endosso da tese de que “esquerda é uma patologia” ou das capas que atribuíam à presidenta valente surtos de histeria que justificariam sua deposição. E com essas simplificações perigosas se enfraquece o que no país já não é muito exercitado nem bem visto: o espírito crítico, problematizador, que luta por mudanças reais, a discussão política e ideológica legítima, a contraposição de idéias e argumentos, é quase um chamado à homogeneização pela incapacidade de lidar com conflitos de maneira saudável. O superego político recalcador, pra ficarmos no território da psicologização banal dos processos sociais. Leiamos o saboroso Alienista de Machado de Assis.

    Por que é necessário pactuar? Para evitar um colapso social disseminado? – os inúmeros colapsos localizados não assustam. (ver entrevista https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/294251/%E2%80%9CEu-at%C3%A9-gostaria-de-uma-convuls%C3%A3o-social-A%C3%AD-n%C3%B3s-ter%C3%ADamos-de-fazer-uma-constituinte%E2%80%9D.htm) A quem interessa a paz dos cemitérios, em meio a conflitos graves abafados pela governança sádica de imprensa e desgoverno, de um povo sendo levado ao cadafalso pela desinformação e mesmerização lupina da G.Lobo.Empeledecordeiro.Con? Não estamos falando de revolução armada nem de guerra civil ou de radicalização irresponsável à esquerda, pois a da direita no poder tem mostrado o horror da ausência de limite na imposição selvagem de suas prerrogativas. Mas do inescapável enfrentamento das raízes dos sucessivos golpes e da hegemonia oligárquica sob a forma atual do canibalismo rentista que (se) alimenta (da) ditadura do pensamento conservador.

    Nassif comemorou sinais vitais em FHC semanas atrás; pois essa mesma raposa tucana tem fortalecido, através de mentoria especializada com selo “sociólogo da USP”, testas de ferro de seu partido de fachada, como Doria e o incrível Suck, ops, Huck: conciliar com quem?

    O esforço de conciliação entre lideranças responsáveis e representativas dos campos em disputa, em que FHC certamente não se encaixa, deve ser empreendido por todos os interessados, não apenas pela esquerda, mas muitos de todos os lados parecem participar de um concurso de inventores solitários onde a aglutinação em torno de questões cruciais (é a essa conciliação a que se refere Nassif, suponho) é desfavorecida por interesses eleitorais e pela erosão do senso de coletividade e comunidade que é marca desses tempos atomizados. Essa é a real disputa, a meu ver: qual o limite da tolerância com o golpe e seu legado e projeto, quem são os atores políticos e sociais que apresentam os discursos e as propostas mais consistentes de recuperação do país, e quais as linhas de força que, mesmo variando em grau, direção e intensidade, devem nortear o novo caminho da democracia progressista, mais corajoso e combativo.

    Bonita biblioteca ao fundo. O polêmico Monteiro Lobato disse que um “país se faz com homens” (sic, biodiversidade humana e natural se ajusta melhor a estes dias) “e livros”. Por essa perspectiva, quando o símbolo de “intelectual que faz política e chegou ao poder” tem esse tipo de decadência e continua a ser considerado por parcela significativa da sociedade um interlocutor relevante, podemos decretar falência como país? Nossa sorte é que as pessoas que não lêem nem escrevem livros, teses e sentenças mas são versadas na “leitura do mundo” freireana não têm medo de polarização (não uso essa palavra pra estupidez militante inflexível que se veste de direita e esquerda), o que nos dá a esperança de que a recuperação possa vir da oportunidade de que seu povo, o cidadão comum, seja bem informado e chamado a escolher seu próprio rumo, coletiva e diretamente.

    Autoria: Cristiane N. Vieira 

     

    SP, 09/05/2017 – 19:01 (envio original às 14:50 desta data, não identificado por desatenção para mudança de layout, cuja identificação é automática, via de regra)

     

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