A cidade de São Paulo e um novo olhar sobre a paternidade

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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“Tornar-se Pai”

Ana Estela Haddad

Paulo de Tarso Puccini

José de Filippi Junior

No ano passado, num artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, no Dia das Mães, dizíamos que a família contemporânea tem se modificado, mas mantem-se como primeiro referencial de troca afetiva. E também que as oportunidades para a garantia e qualificação da vida nos seus primórdios, dependem de um ambiente facilitador para o bom desenvolvimento infantil, o cuidado e a produção de vínculos afetivos saudáveis.

Hoje é Dia dos Pais, e decorrido quase um ano da instituição do programa São Paulo Carinhosa, gostaríamos de compartilhar uma experiência na área da saúde que nos entusiasma bastante, que tem colhido resultados muito interessantes, no apoio sensível à paternidade, por iniciativa da Secretaria Municipal da Saúde e de profissionais de saúde engajados e comprometidos com sua missão social maior.

O pai paulistano agora também faz o pré-natal. A iniciativa começou na Coordenadoria de Saúde Leste da cidade, em Ermelino Matarazzo, e procura trazer o homem para mais perto da gestação, nascimento e cuidados com o bebê.  O esboço do programa surgiu em 2009, para estimular os homens a vir à Unidade de Saúde, para os testes de sorologia já quando ele recebia, junto com a mulher, a notícia da gravidez.

A medida teve inicialmente um foco específico, o de prevenir e tratar doenças sexualmente transmissíveis e prevenir seqüelas para o bebê, como as que decorrem da sífilis congênita. Ao estimular essa busca e atração do público masculino, os profissionais da saúde descobriram que, aos poucos, o homem passou a freqüentar mais a Unidade de Saúde. . E, além de se envolver mais nos cuidados com seu bebê, foi sendo estimulado a para cuidar melhor de sua própria saúde e de sua família.

A próxima região a ganhar o programa será a Brasilândia e outras supervisões de saúde estão planejando fazer o mesmo.

Considera-se que, por motivos culturais, os homens têm mais resistência a procurar cuidados médicos e terem atitudes preventivas com à sua saúde. Pesquisas comprovam que a forma como os homens são socializados trazem conseqüências diretas sobre sua saúde, a propensão ao uso de drogas, o envolvimento com a violência e comportamentos sexuais de risco.

Além da sua própria saúde, o pré natal do homem contribui para a formação precoce do vínculo afetivo entre pai e filho e para a relação do casal, e há estudos indicando que isso reduz inclusive a incidência de violência doméstica.

Recentemente convidamos um jurista, militante pelos direitos da infância para um seminário sobre o tema, e nos chamou a atenção o motivo pelo qual ele declinou o convite..Estava priorizando os cuidados com os dois filhos, recém-adotados, o mais velho de dois anos e o caçula, na época um bebê de três meses.  Estava exercendo a “paternagem”, fortalecendo seu vínculo afetivo de pai.

Um motorista da prefeitura, pai de uma menina de quase um mês, nos contou que fez questão de trocar o turno de trabalho, para ficar mais perto da filha, já que ao trabalhar no vespertino e noturno, não conseguia encontrar sua bebê muito tempo acordada. Ao entrar bem cedo e sair por volta das 15hs, passou a poder dar banho, levá-la para tomar sol, estimulá-la nas brincadeiras. Ele também está buscando ajustar suas atividades profissionais para exercer a “paternagem”.

Se é verdade que a maternidade é desejada muitas vezes como constituinte da feminilidade, já a paternidade é uma das possibilidades, entre outras, que pode ou não ser incorporada à afirmação de masculinidade.

A relação mãe-bebê está no contexto das relações humanas de cuidado. Para Winnicott, o pai precisa sustentar o estado materno de preocupação com o bebê. A figura paterna é fundante da personalidade da criança. Um recente estudo sobre a função materna e a função paterna identifica que frente às inúmeras demandas do mundo atual, é mais presente a “co-parentalidade”, distinguindo-se de uma época anterior, em que os papéis eram mais rigidamente definidos.

Há benefícios de diversas ordens para o homem que exerce o cuidado infantil. Ao contrário da maternidade que se define desde o início por mudanças no corpo, a paternidade se concretiza depois que o bebê nasce. É importante promover, apoiar e ampliar a aceitação do cuidado desempenhado pelo pai, expandindo seu papel junto aos filhos. 

Ana Estela Haddad – Primeira Dama do Município de São Paulo

Paulo de Tarso Puccini – Secretário Municipal Adjunto de Saúde de São Paulo

José de Filippi Junior – Secretário Municipal de Saúde de São Paulo

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. Sendo repetitiva: ai que orgulho de ser petista!

    Programa excelente, que traz benefícios para todos, nao só para o bebê mas também para a mae e talvez principalmente o próprio pai. 

  2. pai é ótimo

    Tive um pai muito presente, que me levava na escola, dava café de manha, era ótimo! Recomendo! 

    Tenho ótimas lembranças de meu pai.Muito bom!

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