A derrota do impeachment e os erros do PT, por Aldo Fornazieri

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Embora ainda existam golpistas de plantão, o impeachment de Dilma, a rigor, já foi derrotado. A proposta, que não conseguiu se viabilizar institucionalmente, já perdeu as ruas, como mostram as últimas manifestações, que minguaram drasticamente. Apenas grupos que pedem intervenção militar conseguem mobilizar algumas centenas de pessoas.

Uma proposta tão drástica como a de um impeachment só se viabiliza mediante a presença de algumas condições necessárias: um fundamento jurídico sólido que a legitime; a combinação da ação institucional com a ação de rua; forças politicas organizadas comandando as ações de rua; a completa erosão das forças de sustentação do governante.

De modo geral, nenhuma dessas condições estava plenamente assentada para levar a cabo o impeachment da presidente Dilma. Nunca surgiu um fato jurídico sólido que pudesse fundamentar a sua legitimidade. A operação Lava Jato não apontou nenhum envolvimento direto da presidente em ato delituoso. As pedalas fiscais, embora ocorridas, mas no mandato anterior, mesmo que levem o Congresso a não aprovar as contas, não legitimam o impeachment juridicamente. Quanto à ação do PSDB no TSE, embora a questão ainda não tenha sido resolvida, fica evidente que se tratou de uma tentativa de golpe judicial. Não que não haja problemas. Mas eles existem tanto nas contas de Dilma quanto nas de Aécio Neves.


O impeachment, de fato, ganhou as ruas com força impressionante e com apoio da opinião pública, como mostraram as pesquisas. Mas, seja porque faltava base jurídica à proposta, seja pelo jogo ambíguo de Eduardo Cunha, que era aliado da oposição, mas que precisa tentar salvar seu mandato parlamentar, a proposta não conseguiu alcançar consequência institucional. Desta forma, as ruas perderam a perspectiva de vitória e as manifestações foram caindo no vazio.

As manifestações se esvaíram também por conta de dois outros problemas: 1) a principal aposta das ruas e da oposição parlamentar para viabilizar o impeachment foi Eduardo Cunha. As graves acusações que recaíram sobre ele, com provas materiais, retiraram a sua legitimidade para encaminhar o processo na Câmara. Isto se tornou também um inconveniente para a oposição, pois se Cunha encaminhasse o processo, a sua conotação de golpe ficaria mais evidente; 2) As manifestações não tinham nem comando político nem comando organizacional sólido. Convocadas por alguns grupos sem reconhecimento social e sem solidez organizativa, elas foram, no fundamental, espontâneas. Manifestações espontâneas tendem ao esvaziamento. Chegam a um apogeu e definham.

O PSDB e os demais partidos de oposição não tinham legitimidade para comandar manifestações de rua. O fenômeno da deslegitimação que atinge o governo e o PT, atinge também a oposição e o Congresso Nacional. Se é verdade que o PT perdeu muito, as pesquisas mostram que o PSDB e os principais líderes da oposição não ganharam quase nada nessa crise toda. Ademais, na medida em que a crise política, em grande medida artificial, foi agravando a crise econômica, setores empresariais e financeiros começaram a pressionar o sistema político para pôr um fim à instabilidade política.

O governo e a presidente Dilma, de fato, viram o apoio popular erodir e chagar à marca dos 10% e enfrentaram enormes dificuldades no Congresso. Mas, mesmo assim, forças sociais e políticas consideráveis eram e são contra o impeachment, mesmo forças que não apoiam o governo. Desta forma, é plausível supor que se o impeachment fosse encaminhado haveria resistência nas ruas, circunstância que teria um desfecho imprevisível. Fica evidente que o impeachment, além de sua inconsistência, é uma aventura.

Depois de meses de perplexidade e defensiva, as forças progressistas, que não apoiam necessariamente o governo, mas são contra o impeachment, começam a mostrar capacidade de mobilização e reação. Essas forças são impulsionadas principalmente pelos movimentos sociais. Pelo MTST, que conseguiu organizar a Frente “Povo Sem Medo”, convocando várias manifestações; pelos movimentos feministas e LGBTs, que se mobilizaram nas ruas contra as pautas conservadoras do Congresso; pela retomada do movimento sindical; pelo movimento estudantil secundarista em São Paulo; pelos movimentos dos professores etc. Esses movimentos pressionaram o governo e o Congresso e estão conseguindo barrar o completo desmanche das conquistas sociais e de direitos. O impulso que essas mobilizações conseguem ter começa a viabilizar uma nova agenda das lutas sociais e populares.

Já passou da hora de o PSDB anunciar que desembarca do impeachment. De agora em diante, na medida em que a tentativa do impeachment vai se tornando cada vez mais uma coisa do passado, mais cresce a derrota política do PSDB. E mais ficará caracterizada na história que o PSDB tentou emplacar um golpe institucional ante o inconformismo de sua derrota. Ressalve-se, no entanto, que líderes tucanos como o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, demarcaram seu posicionamento contrário ao impeachment. O enterro definitivo dessa proposta agora depende quase que exclusivamente do governo e da presidente Dilma. Precisam restabelecer a capacidade de governar com base em uma agenda para o país.

O PT Continua Errando

Enquanto o governo Dilma precisava desesperadamente de um mínimo de estabilidade, na medida em que estava na lona pelos seus próprios erros, por incapacidade de reagir e pelos fortes ataques da oposição e de setores da mídia, o PT e o ex-presidente Lula também apostaram na sua desestabilização. Entre outras, a principal aposta consistiu na tentativa de remover Joaquim Levy do Ministério da Fazenda.

Levy é o fiador de uma aposta no governo Dilma junto aos mercados. Não foi ele quem desorganizou as contas públicas, levando à necessidade de um ajuste fiscal. Ele está lá para reorganizar as contas públicas sem o que o crescimento não será retomado, a inflação continuará subindo e o emprego continuará caindo. A questão toda é quem paga a conta do ajuste. Não é Levy quem define isto, mas o governo e o Congresso. Levy precisa propor ajustes dentro da estreita margem que a realidade fiscal lhe permite. É legítimo que os movimentos sociais se mobilizem para não pagar o ajuste. A distribuição do custo do mesmo é definida pelo sistema político e não pelo ministro da Fazenda. Propor a substituição de Levy por Henrique Meirelles não passa de oportunismo político.

Na semana passada, ao dar respaldo a Eduardo Cunha na Comissão de Ética, contribuindo para impedir que o relatório que pedia abertura de processo fosse lido, o PT deu mais um salto para longe do PT do passado. Um salto a mais rumo à sua degradação e à indiferenciação em relação aos demais partidos tradicionais do país. O PT capitulou a Cunha justamente no momento em que este está mais enfraquecido e em que a tese do impeachment está moribunda. Capitulou a Cunha justamente no momento em que este enfrenta oposição crescente nas ruas e em que sua saída é exigida pelos movimentos sociais. Coragem e dignidade política são virtudes difíceis de serem percebidas nas condutas do PT.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

29 Comentários

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      1. Com todo o respeito; apostou

        Com todo o respeito; apostou todas as fichas no impeachment e se arrebentou. O jogo era alto demais pra ele… Arrogância de principiante….

    1. Sou assinante do Diário de

      Sou assinante do Diário de Pernambuco e sinto em sua redação uma certa mudança em relação àquela postura raivosa de  um mês atrás; passa a impressão de que busca um norte condizente com a política local.  Conheço o Rands e sei onde êle quer chegar.  

  1. Eu não diria que o PT

    Eu não diria que o PT capitulou em relação ao Cunha. O PT está respeitando a decisão do PSDB, de parte do PMDB e de outros partidos, que elegeram Cunha já sabendo quem ele era. Seus métodos e modos são conhecidos desde os tempos de parceria com PC Farias, depois com Garotinho. A justiça sabe e a mídia mais ainda. Tanto é que o apoiou também. Ao PT, que teve seu candidato preterido à presidência da câmara, cabe respeitar a decisão do PSDB e dessas forças éticas que o ajudaram a se eleger. Quem pariu Mateus que o embale. E é claro que vão embalá-lo. Em voto secreto…

  2. O Partido dos Trabalhadores

    O Partido dos Trabalhadores quando não apanha, dão nele. Talvez já psicologicamente afetado por isso também se tornou um masoquista atinado: à falta de quem lhe meta o relho, se posiciona para certos temas ou situações sabendo de antemão que sua imagem e conceito, que já anda mais por baixo que peito de peba, declinarão ainda mais.

    Nenhum “gênio” da “Ciência” Política me convencerá que o PT atuar a favor de Eduardo Cunha depois do desnudamento moral desse sujeito é justificável.  O atual presidente da Câmara é um zumbi político. Mais dias, menos dias responderá a processos dados os indícios fortes de que cometeu ilicitudes. Por que insistir em segurar a alça do caixão? 

    Óbvio que opino como leigo nos meandros das safadezas, digo, sutilezas do jogo político rasteiro, mesquinho. Nesse sentido, sou um moralista, merce de ser um crítico de todo moralista. Bem, acima de tudo sou um ser humano não totalmente infenso à contradições. 

    Claro que oposição depois de ter “parido” Eduardo Cunha com o único intuito de derrubar a presidente agora, espertamente, o abandona. O interessante é que nessa fase de lua-de-mel entre ambos, o PT se apresentava como crítico do antes vendedor de carne enlatada para a África. Logo que as denúncias de mal-feitos o transformaram num anão com pernas de barro o que faz o PT? Estufa o peito e diz ser “Eduardo Cunha” desde criancinha!

    Ressuscitem, já, Freud para explicar essa marmota. Se é que conseguiria. 

    1. Estufas …

      Estufar o peito?

      Você está confundindo a fiança da sustentação do Governo com as faixas dos coxinhas nas manifesstações golpistas.

      Para um moralista confesso, só sobra isso?

      Na Filosofia do Direito do Hegel, há um capítulo interessante sobre a Moralidade Objetiva.

    2. A idéia “genial” foi do

      A idéia “genial” foi do articulador Lula. Às favas com moral, ética e coerência ! É o pragmatismo, stupid ! Dilma compketamente enfraquecida, teve que aceitar o jogo espúrio.  O PT Cada vez mais não se diferencia dos outros partidos.

  3. Ainda, sem opção

    Uma proposta tão drástica como a de um impeachment só se viabiliza mediante a presença de algumas condições necessárias: um fundamento jurídico sólido que a legitime; a combinação da ação institucional com a ação de rua; forças politicas organizadas comandando as ações de rua; a completa erosão das forças de sustentação do governante.

    Ainda, aos raivosos pro-impeachment faltou uma alternativa decente de poder. Qual, o Aecim?

  4. Sobre erros e acertos

    A análise do Fornaziere dá conta do processo da derrota do impichman, apesar de ignorar que desde o início das mobilizações dos golpistas, os movimentos sociais foram para as ruas fazer o contraponto, que a mídia minimizou e a polícia do Alckmin e o datafalha referendaram. O Fornaziere não prestou atenção às manifestações de março dos movimentos sociais (em são Paulo, sob chuva torrencial). Ele fala de movimentos sociais e sindicais e não fala da CUT, como se a maior força social com articulação nacional com capacidade de mobilização fosse apenas mais um movimento.

    Quanto à postura do Fernando Henrique sobre o impichman, ela  é típica do tucanismo histórico: MURO; pende pra lá e pra cá ao sabor do vento. O Fornaziere não se deu conta até agora. 

    Ao abordar a questão dos erros do PT, o Fornaziere revela o lugar político de onde fala: a perspectiva neoliberal do controle fiscal. A lógica do repasse da capacidade de realização orçamentária aos usurários do Tesouro Nacional: 15% ao ano de juros,  o fundamento do aprofundamento da crise, em meio a uma crise maior que é internacional. Dá pra avalizar um ministro desse naipe? O Beluzzo tem analisado os efeitos nefastos das políticas Levyanas; e ele não é petista. E o PT, construtor do Programa apresentado no processo eleitoral, não pode silenciar perante sua desfiguração.

    Sobre a sustentação do Cunha: um partido avalista de um governo ´pode tomar medidas de desmonte de sua frágil base parlamentar? O Fornaziere não percebeu que a maioria da bancada do PT apoiou o pedido de equadramento ético do Cunha, mas essa maioria não quis se assumir enquanto bancada para não desmontar a costura com o resto do PMDB na base de sustentação do Governo.

    Para o Fornaziere, o PT erra quando defende suas propostas históricas, criticando as políticas Levyanas e erra quando traindo seu ideário histórico de combate à corrupção, e não detona o Cunha, desmontando a sustentação do Governo.

    A complexidade da situação é maior, muito maior do que o principismo do Fornaziere consegue enxergar. A fragmentação do campo político no cenário brasileiro e internacional, acirrou as contradições de maneira extrema, que não nos permite aventuras simplificantes. Maquiavel faltou de novo no arcabouço da análise.

    Como cantava Elis, na música do Sérgio Natureza e do Tunai: “as aparências enganam aos que odeiam, aos que amam …” 

  5. A “Capitulação” do PT à Eduardo Cunha

    Com todo o respeito que merece o professor Aldo Fornazieri, discordo veementemente de que a posição adotada pelo PT seja de capitulação à Eduardo Cunha! Pode até não ser o caso, mas seu posicionamento mais parece o raciocínio de um desses grupos de extrema esquerda, sempre muito mais preocupados em “dar respostas”, digamos, “dialéticas” à sua militância do que propriamente entender e explicar o momento político. Quero daqui de meu subúrbio parabenizar a direção do PT e quem mais foi o responsável pela elaboração da atual política, que evitou o confronto com o moribundo presidente da Câmara neste momento, e nos momentos imediatamente anteirores, deixando que a “lei da gravidade” agisse por conta própria.  O confronto do PT com Eduardo Cunha apenas satisfaria as alas mais  a esquerda da sociedade e do PT, nenhum benefício trazendo à luta pela desmobilização do impeachment, que, segundo o próprio articulista, perdeu força e espera apenas o tiro de misericóridia. No memento certo, espero, o PT poderá demonstrar seu posicionamento e baixar a espada de Dâmocles sobre o pescoço do de Eduardo Cunha… Enquanto isto, que ele se esvaia em la sangre em praça pública!

  6. O PIOR É  QUE AQUELES QUE

    O PIOR É  QUE AQUELES QUE PROPÕEM O IMPEACHMENT,SÃO MAIS SUJOS Q PAU DE GALINHEIRO

    SEM MORAL NENHUMA,E A MAIORIA DA MÍDIA SABE, E APÓIA,IS PURA HIPOCRISIA ,ISSO ME ENOJA

    OS “DELES” PODEM TUDO,SÃO “BONZINHOS” JÁ OS OUTROS SÃO “MAL” E QUANDO Ñ SÃO,ROTULAM!!

    O POVO ESTÁ ENXERGANDO TUDO QUE ACONTECE,TUDO ISSO FOI BOM PARA TODOS ACORDARMOS!!!

  7. pedaladas fiscais

    As pedaladas fiscais são, sim, motivo para impeachment da presidenta. Com relação à solicitação dp PSDB ao TSE sobre as doações de campamha para Dilma são motivo de impeachment sim.

    1. As “pedaladas fiscais” não

      As “pedaladas fiscais” não são motivo de impeachment por não ser crime de responsabilidade.

      Quando se trata de crimes, a lei brasileira é clara: crime tem que ser devidamente tipificado, de forma precisa, por lei anterior à prática do crime. Não pode ser usada analogia, extrapolação, ou qualquer outro recurso similar para expandir a definição de um crime. Assim, como não existe uma lei específica dizendo que pedalada fiscal é crime, pedalada fiscal não pode ser utilizada para justificar o impeachment.

      Além disso as pedaladas fiscais específicas apontadas pelo TCU acontecem desde a época do FHC — foi no governo dele que a norma autorizando essas pedaladas foi publicada — sem nunca terem sido questionadas pelo TCU anteriormente. Ou seja, há mais de uma década os tribunais brasileiros, incluindo aí o TCU, vinham avalizando a prática. Em uma situação dessas, na ausência de uma mudança normativa, dificilmente a mudança de entendimento do TCU terá qualquer efeito além de uma advertência.

      (E, é claro, o relator que pediu a rejeição das contas de 2014 está sendo oficialmente investigado pela Zelotes, acusado de cobrar milhões para ajudar a anular multas e reduzir os impostos devidos por empresas.)

      No TSE a situação é mais complexa, mas ainda assim dificilmente a Dilma seria cassada (cassada, e não impedida, porque TSE não julga impeachment). Para que uma cassação por conta das doações contestadas possa acontecer seria necessário provar que a Dilma sabia da ilicitude dessas doações e mesmo assim permitiu que elas fossem feitas, o que é demasiado difícil; todos os outros assuntos referentes às contas da Dilma já foram julgados anteriormente pelo TSE, quando este aprovou por unanimidade as contas da Dilma, então não podem ser revistos pelo mesmo tribunal.

  8. Combinando com a imprensa, fazendo tabelinha

    Atrás dos índios do PSDB existem muitos caciques. Um deles (não vi nenhum comentário aqui no blog nem mesmo no fora de pauta) o ex–tudo Nelson Jobim, participando de um comício da oposição no Senado sob um guarda–chuvas chamado audiência pública, faz um mês mais ou menos, em explanação, disse com todas as letras para uma platéia que ia do Tasso ao Agripino que o momento não era do impeachment, pois não haveria possibilidade (embora o meninão Aero Neves ainda forçasse a barra) da Dilma ser afastada sem levar junto o Temer.

     Isso, segundo ele, forçaria uma nova eleição em que a oposição poderia ganhar, MAS, conseguindo, perderia em 2018, ocupando o mandato tampão.

    E ele prosseguiu perguntando: “o que seria melhor para a oposição, preservar a DILMA sem correr um risco de uma “vitimização” da Presidenta que chegaria em 2017 ladeira abaixo e aí, segundo ele, qualquer que seja o candidato da oposição ganharia.

    Observei que muitos dos “caciques” presentes ao ato saiu com várias pulgas atrás da orelha, e observando os movimentos, principalmente “aecistas” nesse último mês o conselho do velho cacique Jobim está sendo seguido.

    Falta combinar com os russos, isto é, os golpistas do TSE/STF.

      

  9. Ajuste e Eduardo Cunha

    Registro minhas concordâncias e discordâncias do artigo.

    Concordâncias: a análise do esvaziamento do impeachment; a crítica à atitude ambígua do PT em relação a Eduardo Cunha. No primeiro caso, nada a acrescentar. No último, em vista de alguns discordantes, registro a necessidade de o PT adquirir postura sólida no tocante à ética e ao combate aos defensores do retrocesso social. Sem fazer isso, ficará difícil recuperar uma autoridade junto à sociedade que a mídia, os grupos fascistoides e os partidos oposicionistas vieram desconstruindo este tempo todo. Maquiavelismos agora só pioram a situação do partido, reforçando a visão de “tudo farinha do mesmo saco”. E o preço disso aparece no isolamento do partido e, finalmente, nas eleições.

    Discordância: quanto ao ajuste. Meu amigo Fornazieri, a quem respeito muito: economia não é jogo de montar peças. “Eu faço o ajuste, você decide quem paga” – isso, me desculpe, não tem lógica. A natureza do ajuste é que informa quem o pagará, a decisão não vem “depois”. Senão, é fácil: eu, Ministro, faço as contas e digo “faltam X bilhões, agora vocês do Congresso decidem quem perde serviços e quem paga mais tributos”. Não funciona assim em nenhum lugar do mundo. Se decido cortar despesas sociais, já estou direcionando o pagamento. Se poupo o rentismo financeiro, deixo mais claro quem NÃO pagará o ajuste. Se não altero a base tributária (é possível fazê-lo com legislação infraconstitucional,  ao menos em, parte – por ex., instituindo dez alíquotas de IRPF, em lugar do absurdo de três atuais; além de propor a regulamentação do Impsto Sobre Grandes Fortunas e fortalecer as determinações sobre progressividade nos demais impostos), então também estou dizendo que o andar de cima será preservado. O único ponto em que concordo é a reimplantação da CPMF, que penalizará as grandes movimentações e não as pequenas, ou seja, terá efeito progressivo sobre a renda. Mas a maneira de divulgar isso foi tão canhestra que propiciou aos oportunistas de sempre (como o inefável presidente da Fiesp) bancar os “defensores da sociedade contra o Governo esfolador”. Tirando isso,  não consigo ver nada de positivo nesse ajuste. Todos os economistas progressistas o condenam, de Bresser Pereira a Belluzzo, Márcio Piochman e muitos outros. A receita não difere muito daquela da “troika” na Europa: aprofunda a recessão e com ela a queda da arrecadação, logo o déficit público, presenvando o superávit primário e mantendo alta a taxa de juros. Ou seja, perdem-se empregos e fecham-se empregos, reduzem-se ou pioram os serviços públicos e o Governo sorve mais recursos da sociedade para nutrir o rentismo que mata o País. Tudo ao contrário do que deveria ser feito por um governo progressista. Recomendo a leitura do documento Por um Brasil Justo e Democrático. Iniciativa das entidades Brasil Debate, Centro Internacional Internacional Celso Furtado de Políticas Para o Desenvolvimento, Fundação Perseu Abramo (FPA), Fórum 21, Le Monde Diplomatique Brasil, Plataforma Política Social e Rede Desenvolvimentista, ele contrapõe o discurso liberal largamente difundido de que políticas de austeridade focadas no curto prazo – como o ajuste fiscal levado a cabo atualmente – seriam o caminho para que o país volte a crescer.

  10. FHC é contra o impichiment,

    FHC é contra o impichiment, PT capitulou com Cunha, o ajuste Levy não tem culpa nenhuma no atual quadro economico e o PT deveria dar total apoio ao Levy, mesmo quando ele se propoe a defender a proposta Serra de crise economica eterna em nome da imagem do Brasil frente aos investidores estrangeiros.

    Sinceramente, este texto do Fornazieri (mais um!!!!) é uma porcaria sem tamanho!!!!

  11. Tudo se resume ao retorno do

    Tudo se resume ao retorno do Lula em 2018 com a clara possibilidade de vitória com um Congresso forte ao seu lado. 

  12. Impressionante

    O pessoal não cansa de demonizar a Dilma e o PT, nem mesmo num momento em que arrefecem-se os ânimos golpistas. Momento propício para estender algum pacto social brasileiro que nos permitisse, entre outras pautas, o enfrentamento do ataque que todos os países vêm sofrendo das forças conservadoras relacionadas aos bancos. E não me venham dizer que a responsabilidade por tal pacto é exclusivamente de Dilma que aí fica com cara de que nós não participamos da vida política, que nós, o povo, não temos e nem queremos ter importância. (Aliás a visão de que o cidadão pode pouco e que Política é desimportante é tudo o que desejam os que pretendem infiltrar interesse privado na coisa pública.)

    Ao desapoiarmos o governo estamos desperdiçando o caráter trabalhista do PT, a única forma de conseguirmos não apenas que o país fique mais rico mas também mais próspero e que diminua as desigualdades. Com apoio popular massivo o governo talvez conseguisse até emplacar projetos de descentralização dos poderes econômico e político, democratização dos meios de comunicação de massa, por exemplo.

    Agora dizer que Fernando Henrique não apoiou o impeachment fica com cara de ingenuidade seletiva. “Percebo a malícia dos outros mas FHC é tão puro..” Lógico que FHC nunca declarou apoio à tal aventura mas calou em momentos bem delicados. Se bem que, pensando bem, que importância tem FHC agora, com o PSDB totalmente transformado num DEM, numa UDN, com um presidente imaturo, inconsequente e golpista como Aécio Neves da Cunha? Ou Aloysio “Quero ver Dilma sangrar” Nunes Ferreira.

    Precisa por a mão na consciência: se já somos um país rico com tanta desigualdade imagina só o que seremos quando os que hoje ainda estão excluídos forem incluídos? Quando diminuirem as desigualdades? Por mais defeitos que tenha, hoje infelizmente não vejo outro partido disposto a isso exceto o PT.

  13. FHC diz que governo é “ilegítimo”…

    http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/governo-e-ilegitimo-e-dilma-deveria-renunciar-diz-fhc-7713.html

     

    Ressalve-se, no entanto, que líderes tucanos como o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, demarcaram seu posicionamento contrário ao impeachment.

    FHC quer derrubar o governo mas não quer o ônus dessa ação. Acovarda-se empoleirado em cima do muro…

  14. Impressionante, não concordo

    Impressionante, não concordo com quase nada do que este senhor disse.

    Parece a casa grande falando, apenas sem histeria e canalhice.

    Deixou de raciocionar em termos de “as forças ocultas” que sempre assobram este país.

    E a defesa de alkcmin e FHC chega a ser tocante!

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