Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
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A implosão do sistema político e os três partidos, por Aldo Fornazieri

A implosão do sistema político e os três partidos, por Aldo Fornazieri

O sistema político brasileiro implodiu. O governo legitimamente eleito em 2014 não conseguia governar e foi afastado por um golpe jurídico-parlamentar. O governo ilegítimo de Temer, fruto do golpe, não consegue governar. Se, eventualmente, o governo legítimo de Dilma fosse restabelecido pelo fracasso do impeachment, não conseguiria governar. A aparente saída para a crise consistiria em promover uma nova eleição presidencial. Ocorre que um governo que emergisse das urnas também ficaria prisioneiro de um Congresso corrupto, fisiológico e que perdeu a representatividade junto à sociedade. Embora seja um Congresso legal, é um Congresso imoral. Esse Congresso imoral não tem a grandeza para abrir mão dos mandatos dos atuais deputados para convocar eleições gerais, com o objetivo de relegitimar o sistema político-representativo. E mesmo que fossem realizadas eleições gerais é duvidoso que a crise se equacione, pois o que entrou em colapso é o sistema político-partidário, o sistema de representação, provocando aquilo que Gramsci chamaria de crise de hegemonia.

Nas crises de hegemonia, diz Gramsci, os grupos sociais se afastam dos partidos tradicionais, dos líderes tradicionais. Durante a vigência do governo Dilma, os líderes petistas eram hostilizados nas ruas, nos restaurantes e nos aeroportos. Os próprios líderes golpistas eram hostilizados na Avenida Paulista durante as manifestações em favor do impeachment e contra a corrupção. Agora, na vigência da interinidade de Temer, os líderes e políticos identificados com o governo são escorraçados e chamados de golpistas em aeroportos, nos restaurantes, nas praias e nas festas. Não conseguem falar para o público diretamente. Nas lutas contra o golpe são partidos e movimentos sociais críticos do governo petista que mais radicalizam a luta contra o governo ilegítimo.

Isto quer dizer que o PSDB, o PMDB e o PT que eram os partidos que estabeleciam a coordenação do sistema de hegemonia vigente perderam o consentimento dos diversos grupos sociais. Poder-se-ia contestar a ideia de que o PT compõe a elite dirigente. O PT, de fato, passou a integrar a elite política dirigente nos últimos 14 anos ao adquirir a confiança de vários grupos empresariais e ao articular uma série de interesses de grupos dominantes e subalternos, permitindo que houvesse um equilíbrio de forças e uma certa paz social. A crise é grave, pois nenhum outro partido conseguiu se legitimar ao ponto de firmar-se como alternativa ao atual sistema em colapso. Nessas circunstâncias, indica o próprio Gramsci, de crise orgânica do sistema vigente e de falta de alternativa confiável, a situação é perigosa, pois “abre-se o campo às soluções de força, à atividade de poderes ocultos, representados pelos homens providenciais ou carismáticos”.

Gramsci nota que nas crises de hegemonia os processos são diferentes em cada país, mas o conteúdo é o mesmo. As crises de hegemonia ocorrem porque os grupos políticos dirigentes faliram, seja porque faliu um determinado projeto, seja porque as demandas sociais não são mais atendidas ou seja porque há uma crise do Estado em seu conjunto. A rigor, na atual crise, estão presentes elementos dessas três causas ou determinações. PSDB, PMDB e PT são variações e vieses diferentes de um mesmo partido, de uma mesma visão geral do Estado, da sociedade e da economia, com inflexões nuançadas, uns mais para o mercado e o PT mais para o social e estatal. Este projeto de país faliu e o PT, que o elevou ao seu ponto mais alto por buscar um maior equilíbrio distributivo sofreu uma crise de solução de continuidade por não ter sido capaz de renovar-se e criar um outro projeto. Os escândalos de corrupção, envolvendo as cúpulas dos principais partidos, também constituíram um fator que contribuiu para erodir a confiança da sociedade nos partidos e nos políticos.

A falência do projeto representou também um represamento das demandas sociais, seja por serviços urbanos de qualidade (2013), seja por consumo e, agora, por serviços públicos e direitos e por emprego. A crise do Estado no seu conjunto se manifesta nas crises fiscais da União, dos Estados e dos municípios, entes que perderam a capacidade de garantir serviços satisfatórios e de investir. Esses vários aspectos da crise são causas e consequências da crise econômica. Nas crises de hegemonia massas que eram politicamente passivas se colocam em movimento, sem que os partidos principais as dirijam. Isto foi perceptível tanto nas manifestações contra o governo Dilma, quanto nas manifestações contra o golpe. Aliás, o PT está ausente nas manifestações das últimas semanas.

A luta entre os três partidos

A análise de Gramsci é didática, pois ela indica também que nos momentos de crise de hegemonia, o campo parlamentar e político se enfraquecem reforçando as posições relativas de poder da burocracia civil e militar e de instituições sociais como a igreja, entre outras instituições que se apresentam com independentes. Ora, no Brasil, no atual momento vemos o fortalecimento de setores da burocracia que constituem carreiras típicas de Estado, como a Polícia Federal, o Ministério Público e o judiciário. As Forças Armadas também ganham em confiabilidade, mas por circunstâncias históricas elas não desempenham protagonismo na presente crise. A crise tem um aspecto de rebelião do estamento burocrático contra a classe política. O estamento querer reformas do Estado e a reforma política, demandas que o sistema político não é capaz e se nega a oferecer.

Com a crise de hegemonia é como se o sistema partidário tradicional se dissolvesse e a luta política se reconfigurasse em torno de três partidos: o partido da ordem, organizado em torno do golpe e do  governo interino; o partido do estamento, que quer uma limpeza política e a reforma do Estado; e o partido do povo, que se desenvolve nas lutas sociais e nas lutas contra o golpe. O PT está com um pé no partido da ordem e com outro no partido do povo e setores do partido namoram com o parto do estamento.

Na medida em que o estamento rebelado não tem os mecanismos legais e os meios suficientes para resolver a crise, que tem uma natureza política, o seu protagonismo e a sua força dependem da radicalização da própria luta contra a classe política dirigente através da Lava Jato e de outros escândalos de corrupção. O partido do estamento vencerá esta luta se conseguir derrubar as cúpulas dos principais partidos e se conseguir inviabilizar o governo Temer, tal como contribuiu para derrubar o governo Dilma. Neste momento, o Supremo Tribunal Federal, que vem jogando de forma ambígua na crise, compondo-se ora com o estamento e ora com o golpismo, pretende exercer um papel moderador. Enquanto o partido do estamento, através do juiz Moro, proferiu mais de 100 condenações, o STF não proferiu nenhuma.

Em sendo tanto Dilma quanto Temer não soluções para a crise, qualquer um que prevalecerá se arrastará penosamente até 2018 com a possibilidade de graves incidentes de percurso. Se ocorrerem eleições, a tendência é que vença um candidato de fora do atual sistema partidário em crise, alguém que se apresente como uma liderança providencial, messiânica até, ou um líder carismático. Dilma, Lula e o PT não foram capazes de oferecer uma saída para a crise ao longo de 2015 e no início de 2016. Com a presidente afastada, continuam não indicando uma saída ante a possibilidade de retorno se o golpe fracassar, fator que fortalece a própria persistência do golpe.

Se o golpe vencer a batalha final no Senado, a única possibilidade do governo Temer se equilibrar no poder, salvo as imponderabilidades da Lava Jato, é através da repressão. Os movimentos sociais e a as esquerdas irão lhe interpor uma dura oposição. Governos fracos e sem legitimidade recorrem invariavelmente à repressão. Assim, Temer tentará recompor o partido da ordem através de três movimentos: usando a repressão contra os movimentos sociais e a oposição; recrutando quadros técnicos preparados para que construam um novo programa político; implementando medidas duras para recuperar a capacidade do Estado. Temer terá, também, três grandes forças desafiadoras: 1) a imponderabilidade da Lava Jato e a disposição e ambição do partido do estamento de promover uma limpeza política; 2) a divisão e as ambições no interior do próprio partido da ordem (centrão, PSDB etc.); 3) a resistência dos movimentos sociais e das esquerdas que lutarão para construir um novo partido do povo. A crise ainda não teve uma inflexão definitiva para um lado ou para outro. As forças do povo se ressentem de uma bandeira unificadora para enfrentar a crise. Mas ao mesmo tempo em que lutam, se reorganizam. A desorientação e a apatia do PT favorece a vitória do golpe. Mas ainda há chão para combater.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. 

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

21 Comentários

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  1. Ingovernabilidade

     Os intelectuais cumprem um papel muito importante não somente neste momento, mas no cotidiano da políca brasileira e de forma geral. Portanto observo um distanciamento entre a vontade Popular e as analises aqui e em praticamente todos os Portais de Internet. Sou um cidadão laico, o mesmo que foi junto aos 54 milhôes de brasileiros elegerem a Sra Presidenta da República. 

    Existe ainda uma parte dos próprios eleitores que criticam o desempenho da Presidenta, mas frente ao caos que o ” interino” está instalando em nosso País, muitos já estabelecem comparações entre os Programas de Governo que são absurdamente distintos. Portanto, fomentar novas eleições, ou difundir “ingovernabilidade” não passa de um mero discurso acadêmico.

    Quanto a Câmara conservadora e reacionária a sitiuação de seus componentes está assemelhada ” entre a cruz e a espada”. Dilma retornando, com sabedoria, abertura de diálogo, e o mais importante mantendo a sociedade informada dos acontecimentos internos, com certeza ela voltará com condições de reassumir seu posto. 

    A sociedade já está muito dividida pra ser insulflada com mais esta leitura de ingovernabilidade. Gostaria de menos masturbação mental e mais envolvimento para que o Brasil retome seu caminho. Sei que terá políticos, empresários nacionais e internacionais tentando esta ingovernabilidade, por isto que devemos primar pela soberania Popular.

    1. Sonho

      Ivan, ao longo de 6 anos, durante os quais houve inúmeras oportunidades de diálogo, a Dilma NUNCA demonstrou estar aberta para essas oportunidades, salvo quando pressionada pelas circunstâncias. Mesmo nesses casos, assim que a pressão diminuía ela esquecia todas as promessas e voltava para o estilo anterior.

      Devido a esse comportamento, ela se queimou com todo mundo, tanto do próprio partido quanto dos outros. Por mais que ela tenha o direito de voltar a sentar na cadeira da presidência, ela não terá a menor condição de governar.

      Achar que ela vai mudar e de repente demonstrar uma capacidade de articulação ímpar, que nunca demonstrou antes, em meio a condições infinitamente mais difíceis, é ilusório.

       

    2. Sobre o apoio popular, uma

      Sobre o apoio popular, uma parcela das pessoas que embarcaram nas distorções e mentiras com que a imprensa hegemônica envenenou a população que se considera informada, já está desembarcando. Essa parcela começa a ver que o medo e o ódio ao PT, e sua associação à ideia de “o partido mais corrupto do Brasil” se desfazem ante os fatos a que tem acesso, não apenas pela transparência institucional – agora em risco por conta de que todo golpe depende de censura – mas também pelo acesso a blogs via Internet. Blogs que, a propósito, agora também estão ameaçados de restrições e censura. Nem a hegemonia dessa mídia sem vergonha e nem o advento da Internet Antonio Gramsci poderia prever. Mas são vetores importantes na equação do apoio popular.

      Do outro lado, o apoio ao golpe tanto pelo poder legislativo quanto pelo judiciário, instâncias totalmente dissociadas da opinião pública – vide a derrota de Aécio Neves da Cunha em Minas Gerais, a rejeição a Cássio Cunha Lima em Campina Grande ou o grito geral pela volta de Dilma Rousseff – apenas refletem o que essas instâncias já vivem faz tempo: gana por poder a qualquer custo, muito acima do desejo de convergir em algum tipo de pacto nacional pela prosperidade do país.

      Dilma até tentou um pacto, por exemplo, convidando Levy para a Fazenda – o que não funcionou – ou Katia Abreu para a Agricultura – que teve sucesso -, mas esqueceu-se do principal: o apoio popular. Ouviu pouco as ruas, não soube catalizar as reivindicações das organizações civis. Pode-se dizer que esse apoio existe, pelo volume das manifestações pela sua volta, mas é preciso dar um desconto: muitos dos que hoje protestam querem, acima da volta de Dilma, o restabelecimento da democracia republicana, ainda que apenas representativa.

      Não sou futurólogo mas creio que a saída dessa crise está se encaminhando através da aproximação da sociedade civil do poder político. Ainda muito distante de algo que se aproxime de democracia direta mas creio que daqui por diante qualquer solução terá que passar por aí. E nesse aspecto, mais um ponto para Dilma: é preciso educação para a democracia. Pátria Educadora.

      1. Isso não explica nada. Precisa dizer muito mais.

        Você leu  os documentos publicados no wikileaks, confirmando que michel temer era informante da embaixada e consulado dos EUA, desde 2006? Acompanhou o farsesco e midiático julgamento da AP-470, que condenou injustamente e SEM PROVAS, alguns líderes do PT, como José Dirceu e José Genoíno? Observou o que aconteceu no Brasil, depois que a Petrobrás divulgou o volume das reservas do Pré-Sal, sobretudo a partir de meados de 2013? Sabe quem é sérgio moro, quem o treinou e doutrinou e onde e com quem ele faz cursos de aprimoramento e preparação de ‘líderes’?

        Se você tem conhecimento mediano sobre os fatos acima, deve saber que michel temer não foi uma escolha do PT, da Dilma, do Lula, mas uma imposição, certo? Um pouco de Sociologia, História e Ciência Política se faz necessário, para que a visão não se restrinja à superfície.

  2. Também já me cansou o

    Também já me cansou o argumento que o único culpado pelo golpe é o PT ( !!). E também não confirmo ( porque eu estava lá, o autor, não sei ) que o PT estava ausente das manifestações ( !!!). Naquelas que compareci ( quase todas ) o PT sempre esteve representado, inclusive com a Presidenta e hoje com Lula.

    A afirmação que o PT, o PMDB e o PSDB têm a mesma visão geral do Estado, que o PT foi escorraçado ( por uns gatos pingados tanto nos aeroportos quanto em restauraantes ou livrarias ) quanto os golpistas ( por multidões, seja em aeroportos quanto em eventos, festividades, apresentações)..Impossível não perceber a incontrolável vontade de culpabilizar apenas o PT  ( que não merece absolvição, mas não a culpabilidade total e exclusiva).

    O sistema partidário no Brasil é imperfeito há muito . Antes, predominavam também 3 partidos  ( PTB, PSD e UDN ) . PSD, pendular, ora se aliva a um ou outro dos demais. E deu em 64.

      Mas o sistema bipartidário e o capitalismo,  “já deram ” .

      Alternativas, soluções ? Radicalismo, composições ? 

       COmplexidades que nem os acadêmicos formulam com clareza.

  3. Considerando que vocês têm

    Considerando que vocês têm sérias dificuldades para ver o óbvio (como foi inclusive provado em outras ocasiões) eu vou fazer um resumo direto da situação do seu país:

    – Nenhum dos seus partidos irá conseguir governar o país porquê o seu congresso virou (ou sempre foi) um balcão de negócios indiferente à realidade. Não há como um governo governar com um congresso que só funciona na base do suborno, da propina e da ameaça, aonde qualquer deputado que eu converse vota o que eu quiser (por mais absurdo que seja para a ideologia que ele diz representar) desde que eu pague o suficiente.

    – O seu STF também funciona na base do suborno, propina e ameaça, e com o sério agravante dos integrantes deste STF terem poder demais sem terem que prestar contas para ninguém. A sua constituição neste ponto é horrivelmente ingênua dando poder demais assumindo que um juíz seria “um exemplo de integridade” ao invés de um criminoso como Gilmar Mendes.

    – Vocês também dão poder demais para a sua mídia sem nenhuma obrigação com a verdade, eu fico impressionado como a sua rede de TV Globo pode mentir a vontade sem sofrer consequências.

    Logo, vocês são presas fáceis para os cabeças-brancas do meu país (indivíduos cuja mentalidade ainda está na Guerra Fria) que só conseguem enxergar o seu país como uma grande fazenda exportadora de produtos primários e que deve ser controlada com mão de ferro. É ridiculamente fácil controlar o seu país para qualquer um que tenha a vontade para tanto e o dinheiro, os seus políticos se vendem para qualquer um que pagar o preço certo enquanto as suas instituições que deveriam impedir isso só estão preocupadas com os próprios privilégios.

     

    1. Lá vem de novo o gringo pretendendo nos dar liçoes

      Cara, vai falar do Patrioct Act, e outras “coisinhas mais” do seu país, deixe de arrogância. Dos nossos males nós mesmos somos perfeitamente capazes de falar.

    2. Dificil é controlar o seu

      Dificil é controlar o seu país que vai escolher entre uma candidata que cometeu um erro  que levou a morte do embaixador da Líbia e  usou e-mail pessoal para passar e obter informações secretas de Estado e um empresário fascista.  O seu “império” é que está ruindo por dentro, afinal os EUA são o país onde “tude se compra e tudo se vende” (Charles Bokowsky). Vai ser muito fácil nos livramos de voces quando os trabalhadores daqui se unirem aos de lá….

    3. Não sei qual é o seu país,

      Não sei qual é o seu país, somebody, mas… o Congresso, balcão de negócios? Conheço países em que dar dinheiro a parlamentar, comprar seu voto, é prática corriqueira assumida sob o nome de lobby. No Judiciário, fazer acordo entre réu e promotor é, da mesma forma, dependente apenas de quanto dinheiro tem o réu e não o espirito das leis, sua missão e mister civilizatórios. Aliás conheço país em que o processo civilizatório é quase inexistente, suas instituições, apesar da forma asséptica, trazem vícios que mantém seu mundo num estado de barbárie e primitivismo tais que as tornam surdas e cegas a qualquer coisa que não seja dinheiro. Ou seja, sua inaptidão para a grandeza do humano é doença auto-imune. São vazios. Talvez por isso mesmo precisem ser arrogantes e beligerantes.

  4. Somos tremendamente idiotas!

    A análise é boa e na minha opinião,  daqui  de longe, escrevendo para um computador ( o qual levará  minhas anotações via internet até aí) e sem conhecer pessoalmente o autor, a não ser aqui “na internet”, parece-me que  se trata de um analista/intelectual   sério e responsável.  Portanto, sua análise merece atenção.

    E é por isso mesmo que vou discordar desta análise rápida e diretamente. Vejamos.

     

    Não creio que estamos observando a implosão do “sistema político”. Pra mim o que implodiu, ou está em “estado de implosão” é o próprio Estado mentiroso de direito, travestido em “estado democrático de direito”.

    Penso que estamos assistindo (a)  essa implosão. 

    O que vamos fazer e o que vai acontecer só um profeta poderá antecipar, prever, supor ou mais precisamente ( na minha opinião) chutar etc.

    Se este “estado moderno” do tipo modelão europeu, estiver em ruínas – o que penso que está -, e para tentar dar uma interpretação otimista, penso que seria uma excelente hora para implementarmos as “REFORMAS” do uso do PODER.

    Não se trata de “reforma agrária” naqueles moldes antigos por exemplo.  Seria uma “reforma do poder agrário” .

    Não se trata mais  de uma reforma tributária anacrônica, mas sim, de uma reforma do poder tributário e por ai vai. ( essa é minha tese)

    Portanto, notem que a reforma do  “poder” está contido nas “reformas”.

    Nada adiantaria “pactos políticos disso e mais daquilo se as formas de uso e de abuso do poder continuarem seguindo a cartilha do estado democrático de direito falido.

    Isso porque:( resumindo muito)

    -Montesquieu já morreu.

    -Rousseau já morreu.

    -E mais uma cambada de “pensadores”… kant, derrida, gramsci, marx ( e hegel , rsrs) , Smith, Menger etc, etc etc… Hitler…

    -Freud já morreu.

    -Keynes já morreu.

    -Check and balance já era. 

    -Sufrágio universal é coisa para OTÁRIOS que “venderam” sem saber sua “soberania individual”.

    -Logo, não há golpe vez que o “golpe” é o próprio “estado material e formalmente. A “força”,  de uma forma ou de outra,  sobrepoe -se aos  pilares do estado mentiroso de direito interpretado ao gosto do fregués,   tornando-o um “ente” que só serve para mascarar o uso e o abuso do poder. E, vale dizer: dentro desse ‘estado mentiroso de direito, encontra-se o monstro do lago ness, mais conhecido como monstro sagrado do “mercado” que , diferente daquele, vive em algum lugar e em todos os lugares; trata-se – alguns especulam- do verdadeiro  “deus” , criador do universo sideral e do homem racional.

    -É imbecil pensar que um presidente da república consegue fazer alguma coisa diante de um estado em estado de putrefação.

    -Não é possível( ou nunca foi realmente possível )  o tal Presidencialismo de coalizão vez que até urubus , diante de um corpo em decomposição, vão brigar pela carniça negando qualquer tipo de coalizão.

     

    E você, que é povo bobo avante a…  ( eu me incluo) não passa de um boboca “familiar” amarrado em direitos e deveres para bobocas , que eventualmente, acretida no “princípio da subisidiariedade  que, por sua vez,  afasta o estado de suas “decisões” mas que , curiosamente, o mantém nas decisões de certas outras famílias”…

    Conclusão final e provisória:

    É , de fato, incrível como somos tremendamente idiotas.

     

    Francamente

     

     

     

     

     

  5. Mais do mesmo e crítica aos alvos errados.

    Prezados leitores,

    Aldo Fornazieri se tornou cansativo, repetitivo e desagradável. Obeservem o derrotismo e conformismo da sentença “Se, eventualmente, o governo legítimo de Dilma fosse restabelecido pelo fracasso do impeachment, não conseguiria governar”. Como assim, Sr. Aldo Fornazieri? Bastam 4 ou 6 votos no senado, para que o golpeachment seja arquivado. Portanto o Sr., covardemente, usou o tempo verbal inadequado.

    Todo o artigo é repleto de ressentimentos e críticas aos partidos políticos, notadamente o PT. O articulista mente, ao dizer que o PT está ausente das manifestações contra o golpe. De quantas manifestações ele participou, para chegar a essa conclusão?

    Aldo Fornazieri prefere se colocar na cômoda posição de a todos da política criticar, o que garante a ele livre acesso aos veículos de mídia que promoveram o golpe. Essa manjada estratégia não engana mais ninguém; eu a resumo no uso da técnica “uma no cravo outra na ferradura”, que tem sido a tônica de quase todos os artigos escritos por Fornazieri e Wanderley Guilherme dos Santos.

    Aldo se esquiva de nominar os agentes da repressão nomeados pelo governo golpista, o general Sérgio Etchegoyen e Alexandre de Moraes, nomeado para o ministério da Justiça. Por que o sociólogo não identuificou e centrou as críticas nesses dois ‘ministros’? Onde está a coragem de Aldo? Criticar os agentes políticos e os partidos é moleza.

    A crítica à burocracia estatal (o estamento que representa as corporações, portanto a oligarquia plutocrata que desde 1500 detém o poder de fato no Barsil) é lateral. Ante as diversas ilegalidades criminosas cometidas pela força-tarefa da Lava a Jato (policias federasi da SR/DPF/PR, procuradores do MPF, juiz sérgio moro e juízes/ministros do STF), Aldo não faz nenhuma crítica direta e contundente a esses agentes do Estado que são atores do golpe e propmovem a crise política e econômica que assola o Brasil

    Aldo não escreveu uma só palavra sobre a operação Mani Pulite, em que o despreparado e mal intencionado sérgio moro afirma ter se inspirado, para levar adiante a coação e tortura psicológica de presos não julgados, para obter ‘delações premiadas’. Qual foi o resultado da Mani Pulite para o sistema político italiano? A corrupção diminuiu por lá? Quais as conseqüências econômicas para esse país europeu? Masi ainda: Aldo Fornazieri nada comentou sobre a seletividade dos vazamentos, das delações até agora divulgadas e da relação promíscua entre os veículos de mídia e a burocracia estatal (PF, MPF e Judiciário). Por fim, em NENHUM momento aldo Fornazieri citou o alto coamndo internacional do golpe, que sabemos muito bem onde fica: nos EUA. Pepe Escobar, numa entrevista a um repórter francês, mostra isso de forma clara e didática. Eugênio Aragão, sub-procurador  da república e ex-ministro da Justiça, em recente fala, fez o mesmo; Aragão retomou a farsa do mensalão e mostrou quando e onde a trama golpista foi urdida.

  6. Brasil só precisaria de no

    Brasil só precisaria de no máixmo 6 legendas que representariam todas as matizes ideológicas e favoreceria a formação de coalizão tanto no plano federal quanto estadual, haja vista que há um número excessivo de legendas no país e muitas delas acabam se coligando para concorrer a cargos nas esleições majoritárias.

  7. “O sistema político

    “O sistema político brasileiro implodiu. O governo legitimamente eleito em 2014 não conseguia governar e foi afastado por um golpe jurídico-parlamentar.” 

    Aldo, quando você se refere a hegemonia deve estar falando sobre empréstimos ao governo brasileiro pela divisão de poderes entre o dinheiro físico, criado pelos EUA para representar (para si) o Produto Interno Bruto, e o dinheiro digital dos bancos, para gerar o movimento interno da economia? Em ambos estão investidos a posição de um padrão da expressão final do pais totalmente submisso, e sem a personalidade própria da presidência com o povo.

    O dinheiro constituiu-se na dimensão da existência humana.

    “A aparente saída para a crise consistiria em promover uma nova eleição presidencial.”

    Isso vai mudar a crise do sistema político sem se resolver o lado obscuro da economia? Ou sua posição é completamente leal ao poder hegemônico de sacrifícios dos objetos da sociedade pelo dinheiro de aparência do PIB que encerra o descaso da tomada sinistra de toda nação?

    Precisamos ir mais longe do que um congresso de aventuras pessoais, e de tribunais de textos escolhidos pelo mercado, em que ainda está para eles toda mídia, testando seus limites.

    Temos que entender o pressuposto inicial do dinheiro que se impôs como forma de governo para retomarmos o conjunto das politicas que acompanham o percusso da liberdade, para se apreender os valores sobre a relação pública que nos deixa na ignorância; ou seja: que o dinheiro é uma porta de entrada para representar o sistema democrático; porém o seu volume humano está sendo usado como uma grande libertinagem de engendrar globalmente o mundo.

    Nenhum país ou sistema pode profanar o quanto vale a humanidade pelo dinheiro de aparência de reservas do PIB no lugar das pessoas; porque a razão reflexiva é universal, e a apresentação do seu trabalho é pela verdade da realidade nela inserida no mundo, e quanto ao público é visado num modelo de juízo que se articula a sua produção em si mesmo.

  8. Eleições livres com as urnas da CIA/Gilmar? Conta outra!

    “E mesmo que fossem realizadas eleições gerais é duvidoso que a crise se equacione, pois o que entrou em colapso é o sistema político-partidário, o sistema de representação, provocando aquilo que Gramsci chamaria de crise de hegemonia.”

    Com tudo isso e mais o apoio americano decisivo à Lava Jato e ao golpe demonstrado aqui no blog, quem confia em eleições livres com essas urnas eletrônicas cujo software e hardware é totalmente americano?

    Eles não nos permitem construir aviões com seus equipamentos, controlam nossas empresas cotadas na bolsa de NY, grampeiam as comunicações da presidência da República. Alguém acha que não podem controlar remotamente as caixas pretas do Gilmar???????????????
     

  9. boa análise, mas da

    boa análise, mas da constatação de que o sistema político

    implodiu resulta outra conclusão:

    quem implodiui e criou  o estado de eceção – o insoilúvel

    impasse –  foram os verdadeiros golpístas, portanto…

    incluindo aí evidentemente os partidos que perseguiram o pt,

    o governo popular eos movimentos sociais desde sempre,

    para assim abocanharem o poder sem necessidade de eleições….

  10. Falta ainda muita coisa

    Não foram ainda colocadas todas as cartas e definidas as força reias que deverão estar no tabuleiro das opções e definições do que fazer.

    Que a crise é do capitalismo e do sistema representativo brasileiro todos nós estamo cansados de saber, porem o problema é como o mudar isto em um momento de crise, que levará  certamente soluções “arrumadas”, em função dos participantes das definições e seus interesses pessoais. 

    Quais são as forças atuais que podem “mudar as regras do jogo”?

    Congresso, judiciário, forças armadas, partidos políticos, grupos de representação popular (CUT, MST, MST) terão condições de trazer uma proposta de qualidade que nos permita ter uma proposta de país melhor do que agora? Nenhum deles possuem legitimividade ou  tambem a capacidade de formarem um grupo homogênico, com uma proposta que a população aceite. Destas pedras não sairá nenhum leite! 

    A constituinte que nos legou a presente Carta Magma, foi moldada em grande parte pelo poder militar e seus  asseclas, criados para os suportarem (Arena e MDB). Então temos um sistema presidencialista com poderes submisso (´e esta a verdade – submisso) ao congresso.

    Cunha descobriu que controlando o congresso (câmara e senado) teria o controle do governo. Para tanto foi financiado por grupos interessados e saquear o Brasil,  obtendo um enorme subssidio de dinheiro ( há que fale em US$ 500 milhões),  para comprar madatos, via financiamento de campanha e promessa de vantagens, de deputados e senadores e consequentemente vários governadores, e  assim comandando  o país.

    Somente que isto ficou muito visível pela arrogância do Cunha, onde ele queria ditar ou ditava publicamente ,  ordens ao judiciário, PF, funcionários em cargos chaves, etc.  (em troca de aumento de salário),  como a deputados e senadores (através de cargos no governo).

    Apenas é que não havia “tantas boquinhas” para tamanho grupo de corruptos vorazes e assim a maioneze desandou! A pressa na disputa pelo butim tambem criou alertas na população instruida,  que impediram a progressão do golpe!

    Caso o golpe fosse melhor “operado”, com uma menor gula e mais cuidado,  acredito que estaríamos fritos.

    Como as forças que poderiam propor a mudança  são estas,  que estão em vigor com limitaçoes cristalínas, para mudar tudo ~sómente com uma revolução armada que eliminassem os “inimigos” da nossa democracia!

    Não vejo isto como possível, AINDA!

     

  11. A melhor análise de Aldo ao

    A melhor análise de Aldo ao meu ver!

    Aliás, Aldo tem um bolsa de estudo aí na

    Escola de Sociologia e Política de SP?

    Se tiver tô dentro,vaaaleu!!!

  12. Boa análise.
    Quanto a
    Boa análise.
    Quanto a repressão sabemos que o ideal neoliberal depende do controle dos movimentos reivindicativos. Não tardará a recrudescer com o apoio da mídia golpista
    Me parece que a direita consegue uma maior organização para a hegemonia, e lhe serve tanto um líder místico, como um aparelho repressor.

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