A miragem do grau de investimento, por Motta Araújo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

A miragem do grau de investimento, por Motta Araújo

O Plano Levy tem como sua grande e fundamental meta MANTER O INVESTMENT GRADE do Brasil, ou seja a atual nota na tangente nas três agências de rating, a qual se baixar mais um degrau deixa o Brasil sem investment grade.

Para manter esse GRAU DE INVESTIMENTO o País vai ser lançado numa senhora recessão. Vale a pena?

DEFINITIVAMENTE NÃO, o grau de investimento é uma MIRAGEM, não tem esse valor. Porque?

Desde a crise de 2008 o PESO dos ratings de agências CAIU muito em importência. O grosso dos fundos de investimentos americanos ou que se ligam ao sistema americano de fundos NÃO tem qualquer restrição para investir em países sem grau de investimento. Os fundos que AINDA têm restrições estatutárias para investir em Países sem grau de investimento são os FUNDODE DE PENSÃO DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS mas esses fundos não investiram quase nada no Brasil  durante os quase dez anos nos quais o Brasil teve INVESTMENT GRADE. Os fundos de pensão desse tipo, semi-estatais tal qual a Previ, não investem quase nada fora dos EUA, não é da pratica deles.

Os mega fundos de investimento americanos são hoje altamente especulativos, TÊM DEPARTAMENTOS PRÓPRIOS DE ANÁLISE que não seguem agências ou bancos, aliás muitos perderam bom dinheiro em 2008 seguindo agências e bancos e hoje querem distância de Wall Street, preferem seguir seus próprios analistas internos. A razão é que perderam em 2008 MUITO DINHEIRO seguindo recomendação de agências e dos Goldman Sachs da vida, que venderam títulos podres (os sub-primes) e depois apostaram contra os próprios títulos que venderam.

Fui consultor há quatro anos de um dos maiores fundos canadenses de pensão de funcionários públicos, queriam investir em etanol no Brasil, rodei com eles em em duas viagens de equipes diferentes de analistas PRÓPRIOS,  nem queriam ouvir falar de agências, fizeram um excelente trabalho de campo, tiraram centenas de fotos, fomos ao Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo, que os deixou encantados, com estatísticas de safras de açúcar de mais de um século, cidade por cidade, disseram que no Canadá não existem estatísticas tão perfeitas.

Esse é hoje o espírito dos fundos de investimentos, nas empresas industriais então  NENHUMA importância do GRAU DE INVESTIMENTO,  comprovada pelo presença de grandes investidores industriais e bancos no Brasil por mais de um século e meio nos quais o Brasil não teve GRAU DE INVESTIMENTO. O primeiro banco em Manaus foi o Bank of London & South America em 1910, o Brasil obteve empréstimo externo do Banco Rothschild em 1823, um ano após a independência, a taxa boa e sem ter GRAU DE INVESTIMENTO, esse é um golpe barato que financistas gostam de aplicar em bisonhos, anunciam esse GRAU como se fosse algo mágico, um tesouro no fim do arco íris e para conseguir essa loteria o País precisa vender a alma ao diabo, o valor de GRAU hojé é pouco e nada mas vendem como ouro puro, é um VERDADEIRO CONTO DA CINDERELA.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

15 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O AA só esqueceu uma coisa

    No dia seguinte à perda do grau de investimento, todo o Pais, até aqueles que não entendem nadica de nada de economia, passaria a ser especialista em investment grade. O facebook seria inudado com essas duas palavras. Pessoas fugiriam para as colinas crentes de que tudo estava acabado, e passariam a estocar víveres. 

  2. Com este governo fraco e medroso? Esquece.

    O problema é que para os tais crentes de Chicago, o grau de investimento é um dogma em suas religiões economicistas. E os comentaristas da mídia velha lambem as botas diariamente dos tais crentes.

    Como a Dilma amarelou quando ousou enfrentar o tal mercado, iremos para o buraco para salvar o “speculation grade”, ou seja, salvar o retorno dos especuladores.

     

  3. Peitar o mercado.

    É preciso além de coragem bom suporte político para nao se render aos institutos do “ratings” como fez Cristina kirchner. Araujo tem razão, o sucesso econômico ficaria melhor e o custo menor.

  4. Vá dizer isto para a grande
    Vá dizer isto para a grande mídia e como ela trataria o assunto caso o Brasil fosse rebaixado, com todo o impacto disso sobre o humor e o pessimismo fabricado. Simbolismo e subjetividade dão a tônica à esta questão.

  5. Por coincidência, assisti

    Por coincidência, assisti ontem um bom documentário acerca da Crise de 1929. Intitulado “1929-The Crash” e dirigido por Willam Karel, explana de forma bastante didática a gênese, o desenvolvimento, o final e as consequências de um evento que também contribuiu para a eclosão da II Guerra Mundial. 

    E foi uma crise engendrada não pelo setor produtivo, mas pela então nascente financeirização da economia americana que entrara na década de 20 de forma exuberante. O estopim da tragédia foi a especulação com papéis(ações) nas bolsas. Por trás, como sempre, os bancos e as corretoras que lucravam de forma astronômica com o frenesi especulativo. 

    Da mesma maneira, em 2008 foi o setor financeiro o responsável por uma crise que levou preocupação a boa parte do mundo. A diferença é que seus efeitos deletérios na economia “real” não foram tão fortes como a de 1929. 

    Essas agências de risco, nisso concordo com o texto, só servem mesmo é de cão de guarda para especuladores. Esses “investimentos” na realidade são só movimentos do capital financeiro sem pátria atrás das melhores remunerações. Não aplicam um derréis num pé de soja ou na construção de uma padaria.  

    O Brasil já possui uma economia “real” forte e uma moeda estável. Temos reservas suficientes para suportar uma eventual retração na entrada desse tipo de divisas mais para “aves de arribação”.

  6. Ganancia e parasitismo

    O jentinho brasileiro foi a forma criativa que o cidadão criou para sobreviver diante da sanha avassaladora do poder publico, que desde os primordios da colonização, somente existiu para expoliar quem produzia alguma coisa.

    A elite parasitaria foi a inspiradora do jentinho brasileiro de sobreviviencia, só que o exemplo dado, proveniente de cima geralmente é mais nocivo para o bem estar da nação, do que resolvedor de problemas.

    Este tal ministro tem a cara dos conhecidos exploradores da força produtiva deste povo batalhador, no mais das vezes jogam a sujeira, que a bem da verddade criada por eles mesmos, para debaixo do tapete e invariavelmente são eximios criadores de factoides politicos e administrativos com o unico intuito de revirar o lodo para confudir em beneficio proprio. Os politicos demagogicos e suas leis oportunistas, estão ai para corroborar com a ideia, sujeitos como o famigerado kassab que tem a mesma cara deste ministro, saiu da prefeitura de s.paulo, detentor do titulo de pior prefeito e mal avaliado que a cidade ja teve. Suas canetadas criadoras de factoides não beneficou ninguem , nem a cidade, muito pelo contrario, detonou com areas inteiras de produtividade, extinguindo com empregos como a criação da vergonhosa controlar.

    A controlar serviu unicamente para favorecer grupos de interesses em enriquecer sem esforço algum de produtividade e por outro lado prejudicou e extinguiu com milhares de oficinas e os empregos daqueles espcialistas em carros de combustão carburados e na esteira da irresponsabilidade milhares de lojas que vendiam auto peças. Quantos empregos deixaram de existir? A bem de quem?????

    Só pra ficar em dois exemplos lembramos a famigerada lei da cidade limpa outro facctoide, criado unicamente para deixar o famigerado em evidencia midiatica. MILHARES DE PEQUENAS E MEDIAS EMPRESAS, do ramo de propaganda e impressão digital e os empregos, foram extinguindos numa canetada. 

    A coisa vai por ai e o que ja se prejudicou com as iniciativas e o esforço de quem pretendeu produzir neste pais estatistica alguma se propos identificar, os oportunistas parasitas se locupletam irresponsavelmente desde sempre e o pais continua travado na disposição de crescimento e prosperidade.

    Nação forte é povo forte, cidadão prospero, que a ganancia impede de existir.

    Enquanto não se der condições favoraveis para o fortalecimento do mercado interno com a propsperidade dos pequenos se estabelecer e propeperar, assim como vem acontecendo com a a agricultura familiar no campo, as crises e os factoides que somente beneficiam politicos e elite oportunistas não deixarão de existir.

    1. É bom lembrar que o banco é

      É bom lembrar que o banco é uma atividade “meio”, a sua produtividade depende de quanto repassa para o ciclo econômico real, não de quanto dele retira sob forma de lucro e aplicações financeiras. 

      O reajuste financeiro é vital, não o reajuste fiscal proposto, compreensível este último mais por razões de equilíbrios políticos do que por razões econômicas.

      Os bancos e outros intermediários financeiros demoraram pouco para aprender a drenar o aumento da capacidade de compra do andar de baixo da economia, esterilizando em grande parte o processo redistributivo e a dinâmica de crescimento.

      E para os bancos e outros intermediários, é mais simples ganhar com a dívida do que fomentar a economia buscando bons projetos produtivos, o que exige identificar clientes, analisar e seguir as linhas de crédito, ou seja, fazer a lição de casa. Os fortes lucros gerados na intermediação financeira terminam contaminando o conjunto dos agentes econômicos.

      . O acumulo de capitais, hoje, atingem sifras fantasticas, alijando as periferias qualquer possibilidade de ao menos conseguir melhor qualidade de vida. O sorvedouro da acumulação chegou a niveis surreais.

      E a miseria e o fundamentalismo crescem na esteira desta cruel irresponsabilidade e ganancia.

  7. Bom saber…

    Se o artigo reflete a realidade, estamos agindo sem questionar a validade das nossas premissas. Vamos sacrificar anos de crescimento econômico para obter um carimbo que não vale mais nada…

  8. Para mim, isso é uma batalha

    Para mim, isso é uma batalha simbólica. Concordo com André Araújo que essa chancela chamada grau de investimento pouco ou nada agrega ao país depois que os chanceladores em questão perderam toda a sua credibilidade com a crise de 2008. Corre o risco de até mantermos o tal grau mas ninguém quere investir aqui porque o lado real da economia que é o que realmente importa para os investimentos que o governo quer fazer, vive um momento de depressão, justamente por conta da busca incessante do tal grau. Mas a questão é mais profunda. Abrir mão do grau de investimento como chancela quer dizer em bom português um confronto direto com os mercados de capitais. É como um grito de independência que diz em alto e bom som que a elite finaceira não está mais no comando e que as prioridades agora são outras e que o pensamento econômico vigente é outro. Em última análise, seria romper com o neoliberalismo que, mesmo que muitos não percebam, sobrevive firme e forte pois em última análise é o setor financeiro quem governa o país com seus ditames e ideologia dominante. Tomar uma atitude dessas não quer dizer que os mercados de capitais vão necessariamente reagir mal a ela. O mercado financeiro é muito mais pragmático do que leitores de Veja e afins, mas quer dizer que vai haver embate político na sequência (o que diga-se de passagem já haveria de qualquer maneira, não há como fugir disso). E essa para mim é a grande falha do PT nos seus 12 anos de governo. Eles tentam desesperadamente fugir de uma situação a qual eles vão ter que enfrentar mas agem como se fosse possível contorná-la, postergar indefinidamente ou mesmo fingir que não existe. E o momento oferece alternativas de financiamento além dos mercados de capitais desregulados. A China poderia entrar de sola com o financiamento do programa de concessões de infraestrutura que o governo quer fazer, da mesma maneira que já estão fazendo com a Petrobras. Tivesse a união européia uma unidade, coesão e comando firmes e além de visão (na década de 50 eles tinham), poderia ser outro ponto de apoio, mas creio que no momento estão completamente perdidos e não dá para contar com estes. Mas infelizmente, os governos do PT já se mostrarm covardes o suficiente para evitarem confrontos muito mais leves que este e para mim está claro que vão evitar a todo custo um confronto direto com a elite financeira. Seria como refundar a república e eles não estão dispostos a isso.

  9. Lenmbrando que de 2002 a 2008

    Lenmbrando que de 2002 a 2008 o Páis não tinha grau de investimento e a bolsa subiu muito. Depois, de 2008 até agora, ela só vem andando de lado, em 7 anos, e em todo esse tempo o País tem o grau de investimento. 

    1. Muito bem lembrado Daniel, o

      Muito bem lembrado Daniel, o grau de investimento me  lembra aquelos titulos de COMENDADOR que no passado os comerciantes portugueses tanto prezavam, ai vinham os bajuladores e os cercavam, eles pensavam que era pelo titulo

      de Comendador, na realidade era só por causa do dinheiro deles, ninguem ligava para o titulo.

      Se o Brasil oferecer boas oportunidades de investimento e retorno em um ciclo de prosperidade, vem todo mundo correndo para cá, ninguem vai perguntar se o Brasil tem grau de investimento.

  10. Santa ingenuidade.

    Desde quando uma chantagem precisa ser baseada na verdade?…

    Com a retração da economia que poderá piorar, ficará comprometida a capacidade do governo em gerar superávit. E naturalmente seria muito complicado explicar que as medidas em última análise servem para garantir a parte gorda do leão nessa fase de vacas magras.

  11. Amnésia ?

    Como assim, senhor Motta Araújo ?

    Esqueceu de tudo o que já escreveu sobre as agências ou segui-las não estão mais te dando lucros e o negócio agora é desmoralizá-las, algo que vc condenava veementemente ?

    Por Motta Araujo

    Quando as MESMAS agências deram grau de investimento ao Brasil foram elogiadíssima pelo Governo brasileiro. Elas tentam acertar, erram às vezes, como tambem juízes, parlamentares, governantes, etc. Elas cumprem um PAPEL há cem anos, já não são tão importantes porque grandes fundos como BlackRock tem seus próprios departamentos de analíse de risco e não precisam delas MAS ainda são seguidas por muitos investidores, tanto que quem emite bônus PAGA para elas darem nota, inclusive nossos bancos e empresas estatais.

    Portanto ELAS SÃO UM DADO DA REALIDADE, não adianta reclamar, ainda são referências fundamentais dos mercados de capitais, assim como auditorias, que também erram, mas continuam sendo essenciais para as empresas de capital aberto, muitos fundos de investimento e de pensões pelo mundo tem regras que os impedem de investir em países sem grau de investimento.

    Os bancos e investidores estrangeiros não tem nenhum interesse na piora do risco Brasil, eles tem aqui dentro quase um trilhão de dólares aplicados e a baixa da nota SÓ OS PREJUDICA porque desvaloriza seus ativos em papéis brasileiros.

    A rebaixa do rating era esperada porque houve sensível piora dos indicadores macroeconômicos, não adianta reclamar, é realidade que independe de rating, todos os empresários percebem mesmo se a S & P não existisse.

    O ambiente de negócios piorou muito, a política externa mostra alinhamentos péssimos, há deficits em varias contas importantes, há muita maquiagem de estatísticas, muitos escândalos de corrupção, um certo ar de hostilidade e desprezo do governo em relação à economia de mercado, tudo somado e misturado dá uma curva para baixo que qualquer um vê.

    https://jornalggn.com.br/noticia/quem-da-credibilidade-as-agencias-de-risco

    https://jornalggn.com.br/noticia/as-agencias-de-rating-e-o-rebaixamento-da-nota-do-brasil

    https://jornalggn.com.br/fora-pauta/as-3-agencias-de-classificacao-de-risco

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador