A troca de farpas entre ANA e Sabesp na crise hídrica

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Crise da água é tema nesta matéria do Estadão. O central, aqui, é a saída da ANA (Agência Nacional de Águas) do comitê anticrise do Sistema Cantareira e a troca de acusações entre Sabesp, do governo do estado de SP, e a agência federal. Leia a seguir.

Do Estadão

ANA eleva tom contra gestão do Cantareira

FABIO LEITE – O ESTADO DE S. PAULO

Agência revelou e-mail no qual São Paulo reduziria captação; Estado diz que se tratava de avaliação

Quatro dias após o rompimento no comitê anticrise do Sistema Cantareira, os governos federal e paulista trocaram acusações públicas sobre o enfrentamento da seca nos reservatórios.

Em evento na capital, o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, disse que a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) precisa ter “mais coragem” para mostrar à população a “gravidade da situação” no manancial e divulgou cópia de um e-mail no qual o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, apresenta um cronograma de redução de retirada de água do sistema que ele depois negou haver acordo. Arce rebateu dizendo que a ANA cortou menos água para o Rio e criticou o que classificou como “vazamento seletivo” de informações.

No e-mail, enviado por um assessor da secretaria no dia 25 de agosto e assinado por Arce, o secretário afirma haver “entendimentos” para uma redução de 1,6 mil litros por segundo a partir do dia 30 deste mês, chegando a uma retirada de 18,1 mil litros por segundo, e de mais mil litros por segundo a partir de 31 de outubro, atingindo a captação de 17,1 mil litros por segundo. Atualmente, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) retira cerca de 19 mil litros por segundo do sistema, que opera com 7,8% da capacidade, a mais baixa da história.

Andreu divulgou o e-mail após Arce ter negado reiteradamente que houvesse acordo para as reduções. Por causa do impasse, o presidente da ANA, que é um dos órgãos reguladores do Cantareira, anunciou a saída do comitê anticrise criado em fevereiro com o governo Ackmin (PSDB) para monitorar o sistema e a crise hídrica. Segundo Andreu, o governo Alckmin “não aponta a gravidade da situação concretamente para a população”. “Nós não temos ainda em mãos, apesar de termos insistido muito, um plano de contingências por parte da empresa de saneamento, que possibilite dialogar com a população sobre quais são as consequências de eventuais cenários”, disse.

De acordo com o presidente da ANA, a Sabesp tem apresentado “sistematicamente um plano de operação, sempre buscando mais água do volume morto do Sistema Cantareira”. Em maio, a Sabesp iniciou a captação de 182,5 bilhões de litros da reserva profunda das represas e quer ampliar a cota em mais 106 bilhões de litros. “E, se não chover o esperado até março, como será em abril? Eles não respondem”, afirmou Andreu.

“Um plano de contingências tem de ter o seguinte: e se essa água não tiver, quais são as alternativas. Tem de dizer isso com clareza à população”, disse o diretor da ANA, que é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, do governo Dilma Rousseff.

Resposta. Arce disse que o governo Alckmin “não está escondendo nada de ninguém”. “Acho que as pessoas estão informadas. A não ser que não leem o que vocês (jornalistas) escrevem, que não ouvem o que a gente fala. Nunca um assunto foi tão debatido quanto este”, disse o secretário, que criticou a ANA por “não dar esse tratamento ao Rio de Janeiro”, que teve uma redução menor na captação do Rio Paraíba do Sul, apesar de a crise de estiagem também ser histórica na região.

“Não estamos escondendo nada de ninguém. Não preciso decretar uma (…) Olha, tem racionamento, está na cara que existe problema. As informações são dadas”, afirmou Arce.

A assessoria de Arce ainda, em nota, lamentou “que um órgão federal recorra ao vazamento seletivo de uma comunicação interna, que refletia apenas um dos cenários em avaliação”. A pasta disse que mantém a disposição ao diálogo e espera que a ANA volte ao comitê.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Que diferença de abordagem

    Enquanto o presidente da ANA sutilmente (ou covardemente?)cobra da mídia:

    “Segundo Andreu, o governo Alckmin “não aponta a gravidade da situação concretamente para a população”

    O secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce,  coloca a mídia no corner  e assopra:

    “o governo Alckmin “não está escondendo nada de ninguém”. “Acho que as pessoas estão informadas. A não ser que não leem o que vocês (jornalistas) escrevem, que não ouvem o que a gente fala.”

  2. Pode até ganhar esta eleição,

    Pode até ganhar esta eleição, mas se não se resolver a questão do abastecimento de água e se provarem verídicas as questões do desabastecimento da água, o psdb MORRE EM SÃO PAULO!

    1. Não tenho certeza disso. Já

      Não tenho certeza disso. Já passaram do ponto de retorno há muito tempo, os tucanos e e seu eleitorado cativo. Agem como fanáticos. Temo pelo pior.

  3. Água de beber….

    A “campanha Cantareira” do Sr. Gegenê não pegou, Alckmin ainda se elege  em primeiro turno e José Serra juntos com seus pares vai formar o novo Senado em 2015.

    A nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra, Minas Gerais,  secou. Agora podem culpar o Aécio e botem o Alckmim junto.

    — É a primeira vez que isso acontece. A Cachoeira Casca D’Anta, que fica a 10 quilômetros, recebe água de outros tributários, mas está com apenas um fio d’água. Isso é emblemático, pois o São Francisco é o rio mais importante do Brasil. A Serra da Canastra tem centenas de nascentes, perenes e intermitentes, e a maioria já secou — diz Faria.
     

    http://oglobo.globo.com/brasil/nascente-do-rio-sao-francisco-secou-diz-funcionario-do-parque-nacional-da-serra-da-canastra-14022926

  4. O pior é assistir na TV o

    O pior é assistir na TV o pouco que se noticia sobre o tema, só que ninguem cita os nomes: sabesp, Alkmin, psdb… Parece proibido, falam de forma genérica, sem dar nome aos bois.

    Ta na hora de alguem aproveitar um “ao vivo” de descer a lenha, jogar a batata quente para a mídia e dar nome aos bois.

     

    1. Concordo inteiramente!!

      Urge como você diz, de descer a lenha  e dar nome aos bois. Se bobearem, jogarão a culpa no governo Federal. É fato que estamos num período de grande seca, mas os paulistas têm que tomar conhecimento das VERDADEIRAS causas do caos que se vislumbra para todos eles. Claro está que não estão cientes  ( a mídia esconde )  , que o verdadeiro culpado é o governador que veneram.

  5. guarda chuva

    Por duas maneiras se manifesta o apoio à Alkimim por parte de seu partido PIG (o maior partido de oposição contemporâneo).

    1º Esconde o governador. O governador de São Paulo é um ser etéreo no PIG. O consenso pigal em torno do chuchu convenceu até os petralhas! (muitos). Padilha PT com 5% de intenção de voto num estado mais seco que o Sahara?

    2º Os pecados de São Paulo são todos de autoria da presidência da República. Seja segurança pública falta de água guerra do Pinheirinho, greve na USP, etc

    em última análise: -O que é bom a gente fatura o que é ruim é culpa do ….LULA !

  6. a grande mídia é tão


    a grande mídia é tão alquimista

    que o próprio alquimista reclamou que o pig não ouve o que ele fala.

    pode isso?

    nem rindo!

     

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