Alexandre de Moraes, um homem público polêmico

Curioso esse Alexandre de Moraes, Secretário de Segurança do governo Alckmin. Estave no primeiro governo Alckmin, bandeou-se para o DEM de Gilberto Kassab e, depois voltou para o PSDB de Alckmin.

Tive um contato breve com ele naqueles dias atrozes que precederam as chacinas de maio. Havia um embate feroz entre a Secretaria de Segurança, de Saulo de Castro, e a de Administração Penitenciária, de Nagashi. Moraes era da Secretaria de Justiça. Apesar de crítico das maluquices de Saulo, não se manifestou publicamente. Escondeu-se.

Depois, na gestão Gilberto Kassab, na Prefeitura, foi mencionado como um futuro candidatável. Na época, ele era do DEM. Depois, assumiu cargo no governo Alckmin e está cotado como candidato do PSDB para as próximas eleições.

Quais suas virtudes? Jurista, professor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, reeditando parcerias esquecidas do PSDB com o mundo intelectual liberal da Constituinte.

Empossado como Secretário de Segurança, rapidamente sua imagem foi se esfumaçando. Numa ponta, no endosso às violências da Polícia Militar, com uma sucessão de declarações de causar inveja a um Gama e Silva e outras mentes autoritários do Largo São Francisco. Na outra, pela incapacidade de administrar os conflitos entre Polícia Militar e Civil ou em reduzir os assassinatos perpetrados por policiais militares.

Sofre acusações de manipular estatísticas. Passou a picotar as estatísticas, divulgando apenas aquelas mais positivas. Em setembro, por exemplo, divulgou as estatísticas de homicídios apenas na capital, escondendo os dados de vítimas na Grande São Paulo.

Do lado positivo, acumula indícios de seriedade no trato com o dinheiro público.

Na gestão Gilberto Kassab, na prefeitura, Moraes tornou-se um super-secretário. Além de administrar R$ 5 bilhões em contratos, acumulava os cargos de Secretários dos Transportes, de Serviços, presidente da CET, da SPTrans e do Serviço Funerário.

Teve coragem de reduzir em 20% o valor dos contratos de lixo. Mas não conseguiu contornar o boicote das empresas prestadoras de serviço. Foi afastado nas vésperas de uma licitação de ônibus e de vans. E alvo de uma campanha de desgaste nos jornais, acusando-o de não ter implementado no prazo uma mera motofaixa na rua Vergueiro. Para quem conhece o jogo de fontes, foi uma clara tentativa de escandalizar um fato banal. A típica anti-notícia que esconde a verdadeira notícia: quem estava por trás da notícia?

Recentemente, insurgiu-se contra o sistema Detecta, adquirido pela Prodesp da Microsoft – e sendo uma das promessas de campanha de Geraldo Alckmin ao governo do Estado.

Moraes não fechou contrato com a Prodesp. Foi acusado de inoperância, mas quem lia nas entrelinhas das reportagens percebia outra coisa.

A Prodesp talvez seja a companhia pública menos transparente de São Paulo. E é fartamente conhecido o lobby da Microsoft sobre ela. Devido à dificuldade de precificar sistemas e serviços de informática, é o campo preferido para contratos obscuros.

A Secretaria já possuía o sistema Radar, desenvolvido pela área técnica da Polícia Militar, sem custos e em operação em várias cidades. Ele identifica placas de veículos e registra movimentos suspeitos – como pessoas caminhando nas vias, motos paradas ao lado de veículos presos no trânsito e veículos estacionados no acostamento.

Mesmo com o Radar em funcionamento, a Prodesp adquiriu o sistema da Microsoft por R$ 10 milhões. Ele supostamente oferecia uma gama maior de identificação de situações de risco e um sistema de reconhecimento facial, nada que não pudesse ser incluído nos sistemas da PM.

Quando o repórter lhe mostrou a minuta de um contrato preparado pela Prodesp, a reação de Moraes foi direta: “É um lixo!”.

Não houve interesse em aprofundar a razão da ira de Moraes contra a Prodesp.

Luis Nassif

10 Comentários

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  1. Pergunta: onde anda o (ex)
    Pergunta: onde anda o (ex) braço direito do alquimista, Júlio Semeghini? Ele não ia resolver o problema dos celulare dos presídios? Não era da Prodesp?

    1. Para resolver o problema de

      Para resolver o problema de celulares é só pedir para a policia parar de vender celular para presidiários.

      Não precisa de tecnologia só de  honestidade..

  2. Não conheço. 
    A julgar pela

    Não conheço. 

    A julgar pela defesa que ele fez da PM/SP apesar da brutalidade da mesma no trato com os secundaristas não quero conhecê-lo.

    Para mim ele não passa de mais um nóia autoritário que reforça o autoritarismo estatal para se tornar confiável à bestial direita paulista.

    Next….

  3. Superhomem

    Nunca entendi porque um jurista como Moraes, na prefeitura de Kassab acumulou função ligadas a áreas que não a dele.Como secretário de transportes, por exemplo. Sua gestão nesse campo e na SPTrans deixou muito a desejar, principalmente quando proibiu os ônibus fretados sem oferecer alternativas. Aliás, a gestão Kassab foi infeliz, mas o PT e Haddad silenciam devido a razões políticas. TRiste. Na pasta da segurança pública sob o governador Alckmin, a gestão Moraes também apresenta aspectos nada promisssores. Pelo visto, o superhomem da gestão Kassab perdeu fôlego. 

  4. Prodesp

    Nassif,

     

    A Prodesp é obscura não apenas nos contratos, mas também nas nomeações de cargos em comissão. Os salários são altos e não há divulgação das contratações no DOE ou portal transparência. 

    As Autarquias, Fundações e Empresas Públicas sobrevivêntes são, hoje, a principal forma de contratação dos comissionados no Estado. Não há publicação no DOE e divulgação dos salários no Portal Transparência, visto que não a lei desobriga a administração indireta destas formalidades. 

    A cada crise, surge um jogo de cena do Governador no sentido de enxugar a máquina, cortando cargos em comissão das Secretarias. A maior parte dos cortes são de cargos vagos! Acredito que a nomeação deles também é desenteressante, visto que há necessidade de publicação no DOE, dando publicidade as pessoas ligadas ao partido.

    O próximo passo no rumo de uma Administração Pública efetivamente transparente, é abrir essa caixa preta da Administração Indireta. Junto com o Judiciário e Legislativo. 

  5. Quer ser o Anastasia

    Quer ser o Anastasia paulista.

    Tem um livro de Direito Constitucional que, praticamente, traduz em linguagem acessível as lições do Prof. Cássio Juvenal. No início dos anos 2000, era umas das jovens estrelas do mainstrean jurídico devido à aceitação desse manual, que com o decorrer dos anos, surgimento de novas obras, defasagem pelas atividades múltiplas(?), perdeu espaço nas melhores faculdades. Deslumbrou-se com a caneta, vício que perdeu a muitos na área do direito.

  6. Alexandre Moraes é, talvez,

    Alexandre Moraes é, talvez, um daqueles tipos psicopatas que tanto serviram aos ditadores. Ele manda, a tropa cumpre tudo, independente de agredir violentamente crianças, estudantes com causas relevantes para as suas vidas. Depois, tal como faziam os ditadores-presidentes, Alkimin vem à imprensa para dizer que a polícia fez tudo que tinha pra fazer, sendo paciente (ora veja!), pedindo aos jovens que saiam das ruas (quando o pedido se deu e tem se dado à base de gás lacrimogênio tão forte que nem mesmo seus psicopatas estão suportando, podendo até dizerem que judiaram dos estudantes porque estavam perdidos de dor nos olhos, sem enxergar direito). 

    Por um lado, tô achando bom essa luta entre estudantes e governo. Com os estudantes estão seus familiares, amigos, e conhecidos, além dos anônimos, como eu, que também sente uma grande indignação em ver um governador, médico, não ter um mínimo de sensibilidade para, antes de partir para uma empreitada desse porte, não entender que esses jovens e suas famílias mereceriam ter tido primeiramente muito diálogo, até que se esgotassem todas as pautas. Geraldo Alkmin está sendo truculento, ofensivo, violento, e, quem sabe, também discriminador, enquanto quem está contra ele são pessoas humildes, simples. Isso lembra aquele episódio triste de Pinheirinhos, quando o povo, sem aviso, sofreu discriminação de todo tipo, sendo jogado pra fora de suas casas sem direito sequer a levar seus animais de estimação. Tata brutalidade serve a quem? Que sirva, digo eu, para amanhã esses ordinários, ditadores, se candidatarem e terem da população uma boa banana.

  7. Violento ponderado…

    Ele é um santo, mas é o sistema que é violento. Será o sistema Solar, o sistema internacional de pesos e medidas…? Desculpa aí, hein?

  8. … e tem ainda aquele outro
    … e tem ainda aquele outro coxinha na presidência da ALESP, o Capez…
    Quer saber mesmo quão curiosos são, Nassif? Basta perguntar quais livros leram que nao sejam esses de artigo, paragrafo, inciso, alinea…

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