Bens de Lula são “milhares de cartas do povo”, não uma “ferrari”, diz Okamotto

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula
 
 
Jornal GGN – Em audiência na Justiça Federal em Curitiba, na quarta-feira (4), Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, explicou ao juiz Sergio Moro e aos procuradores da Lava Jato como se deu o “apoio cultural” da OAS, então comandada por Leo Pinheiro, à manutenção do acervo do ex-presidente Lula.
 
Okamotto começou seu depoimento denotando que a Lava Jato e a grande mídia fazem parecer que Lula mantém guardado um veículo de luxo do tipo “ferrari”, quando, na verdade, a grande parte dos bens acumulados pelo petista no período em que esteve na Presidência da República é formada por “cartas do povo brasileiro”, agradecendo pelos programas criados no governo do PT, criticando outras ações e sugerindo ideias. “Isso não fez parte de nenhuma acerto [de propina entre PT e OAS]”, assegurou Okamotto. “Foi uma contribuição de uma empresa em apoio a Lula”, disse a Moro.
 
O dirigente afirmou que, por conta da repercussão negativa forjada em torno do acerco – que precisou de 11 caminhões para deixar a sede do governo em Brasília – Lula, às vezes, “brinca que aquilo lá são tralhas, mas não são”. Para Okamotto, os bens da presidência têm importância histórica e um dos papéis do Instituto Lula, criminalizado pela Lava Jato, é justamente cuidar para que todo o material seja conservado.
 
Okamotto explicou, então, que procurou a Granero em meados de 2011, para orçar o armazenamento do acervo. Quando apurou que ficaria em torno de R$ 25 mil, percebeu que precisaria procurar uma empresa para arcar com a despesa como “apoio cultural”. Ele disse que encontrou com Pinheiro em uma das visitas do ex-OAS ao recém criado Instituto Lula, e perguntou se a empreiteira não teria um “depósito” para guardar o acervo provisóriamente, enquanto um novo espaço não era locado.
 
Segundo Okamotto, Leo Pinheiro disse que não tinha um depósito, mas foi informado de que, àquela época, a Granero já havia sido contata para cuidar de parte do acervo em Brasília. O empresário, então, disse que poderia verificar o custeio dessa despesa porque a OAS já tinha negócios com a Granero. Foi quando o contrato foi feito diretamente entre as duas empresas, sem que os recursos – pouco mais de R$ 1 milhão, no total – tenham passado pelo caixa do Instituto Lula.
 
O presidente do Instituto ainda explicou que, em 2015, com a Lava Jato em voga, a Granero rescindiu unilateralmente o contrato e, aí, o acervo foi direcionado ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Era para isso ter ocorrido em 2012, porém, a sede do Sindicato não tinha espaço, àquela época, para abrigar o volume exorbitante de material acumulado por Lula. Com uma reforma concluída em 2015, a situação mudou.

“Acho importante e ficou claro que o apoio que o OAS deu foi eminentemente cultural e não teve troca de coisa nenhuma”, endossou Okamotto ao final de seu depoimento. 

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O Ministério Público Federal suspeita que a OAS pagou a manutenção do acervo presidencial de Lula como contrapartida a contratos que a construtora adquiriu junto à Petrobras. O principal documento utilizado para levantar suspeitas sobre essa parceria da OAS com o Instituto Lula é o contrato da Granero, que esconda a finalidade do serviço relacionada à armazenamento para o petista, e afirma que se tratava de material de escritório da OAS.

Sobre o contrato, um dos principais pontos da denúncia, Moro não fez nenhuma pergunta. Foi ao MPF que Okamotto disse que não saberia dar detalhes sobre o documento, pois foi fruto de compromisso da OAS com a Granero. 

Okamotto também contrariou informações prestadas por Leo Pinheiro a Moro. O ex-OAS disse que combinou com Okamotto e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, que o triplex no Guarujá seria reformado e entregue a Lula com recursos que a construtora deixaria de pagar ao partido como contrapartida aos contratos da Petrobras. Okamotto disse que nunca conversou com Pinheiro sobre qualquer assunto relacionado ao apartamento, apenas sobre o acervo presidencial e as palestras que a LILS fez a pedido da empresa.

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Em seu depoimento, Leo Pinheiro também afastou qualquer possibilidade de esquema corrupto em torno do acervo presidencial. Ele disse que, de fato, se tratou de apoio cultural, custeado com recursos lícitos da OAS, que estava interessada em ter sua imagem vinculada à do Instituto Lula, dado o prestígio internacional do ex-presidente. 

https://www.youtube.com/watch?v=SBs7Yi3tNYw]
 
https://www.youtube.com/watch?v=WNRbphbdKIE
 
[video:https://www.youtube.com/watch?v=NNEC_onxSOw
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Esses Juízes Legislabundos só são fortes com os fracos

    Juízes Legislabundos só são fortes com os fracos e só legislam para prejudicar pretos, pobres, putas e petistas. O acervo presidencial do Fernando Henrique é conservado da mesma forma que o acervo presidencial do Lula, entretanto, o MPF não investiga nem menos ainda denuncia o FHC. Se todos são iguais perante a lei, porque esse tratamento diferenciado a duas pessoas na mesma situação fática?

    O Ministro Roberto Barroso tem justificado que, diante da inércia do Poder Legislativo, cabe ao Judiciário legislar. Mas os Juízes jamais legislam, sob o pretexto de interpretar as leis, matérias que afetariam os poderosos. O art. 153,

    Art. 153, VII, da CF dispõe que compete à União instituir, entre outros, impostos sobre as grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

    A inércia do Poder Legislativo no que diz respeito à lei complementar para a taxação das grandes fortunas dura desde 1988. Diante dessa omissão parlamentar, porque o Barroso não legisla e taxa as grandes fortunas?

    Se fosse para taxar pretos, pobres, putas e petistas, o Barroso já teria feito essa lei complementar.

  2. Como algum procurador

    Como algum procurador acredita que manter o acervo presidencial com custo de 25 mi reais por mes é propina paga por contratos milionarios de empreiteiras?????

    Até a comissao de venda de um imovel é em torno de 6% …

  3. O que poderia fazer o Okamoto?

    Ao Instituto Lula não restaria outro caminho para honrar a obrigação de cuidar do ENTULHO da Presidencia. Mas, o Lula poderia ter declarado impossibilidade e devolvido ao Estado essa obrigação. Porque, afinal, foi o único Presidente da República que assumiu a Presidencia, foi reeleito, saiu com 87% de aprovação, após a conclusão do seu segundo mandato, reelegeu o seu projeto político para a continuidade da revolução sem armas que dirigiu e saiu POBRE do mesmo jeito que entrou no Palácio do Planalto.

    Esse é o seu grande pecado que ele pode esfregar na cara dos seus detratores.

    Se pertencesse, ou tivesse ingressado, no Clube da Cleptocracia, afinado com o partido do judiciário, na condição de convidado aceito com acesso apenas à cozinha, poderia ter feito um jantar oferecido a grandes empresários sonegadores no Palácio do Planalto, servido iguarias finas aos convidados, regadas a vinhos finos [francês Château Pavie, de Saint Émilion (US$ 150 a garrafa, nos restaurantes de Brasília)], tudo pago com dinheiro público, em pleno exercício do mandato presidencial, teria passado o chapéu para contribuições e arrecadado algus milhões de reais para construção de um Instituto com espaço e recursos suficientes para cuidar das bugigangas.

    “FHC passa o chapéu”

    http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR53647-6009,00.htm

     

     

     

     

     

  4. Paulo Okamoto tranquilo e coerente.

    Assisti ao interrogatório e fiquei impressionado com a segurança do Paulo Okamoto e com a precariedade das acusações chegando às raias do ridículo. Eu imagino como esses procuradores face á denúncias de fatos gravíssimos contra o presidente da república e os senadores tucanos  se comportarão.

    1. Eu sei como sera…

      “Eu imagino como esses procuradores face á denúncias de fatos gravíssimos contra o presidente da república e os senadores tucanos  se comportarão.”

      Eu sei como será…

      “E bota a mão no joelho 

      Dá uma abaixadinha

      Vai descendo gostoso

      Balançando a bundinha”

       

  5. Não é acusação é campanha difamatória

    Chegamos ao cúmulo de que um presidente de um Instituto de um ex-presidente da República, é obrigado a ir explicar para um grupo de senhores formados em direito, sendo um deles juiz, o que é um acervo presidencial.

    Obviamente este absurdo só pode ocorrer porque estes senhores acreditam na Globo, e vice-versa, e assim um acervo presidencial pode se transformar num bem roubado do palácio pelo ex-presidente. Mais do que isto a manutenção do acervo também foi criminalizada e transformada em propina. 

    Não creio que estes doutos senhores acreditem nisto. E neste caso só posso acreditar na má fé.  Porque nos obrigam a ficar duelando com quimeras. Porque temos que ficar aqui levando a sério uma covardia desta. Sim é uma covardia, pois os que fazem o que fazem, o fazem apenas porque tem poder.

    Isto tudo só demonstra que     não estão preocupados com a corrupção.

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