Brasil é líder no Índice de Progresso Social

Jornal GGN – Economista britânico Michel GGreen propõe uma nova forma de calcular o progresso social a partir de três dimensões: acesso as necessidades básicas de sobrevivência; acesso as coisas básicas para melhorar a vida; e acesso aos mecanismos para melhorar as chances de se atingir objetivos pessoais. A partir dessa estrutura, GGreen desenvolveu o Índice de Progresso Social (IPS), onde o Brasil se aproxima dos países mais desenvolvidos do mundo. 
Brasil 247 

Vídeo: TED – Ideas Worth Spreading

Tradução: Gustavo Rocha. Revisão: Romane Ferreira

O termo Produto Interno Bruto (PIB) normalmente é tratado como se tivesse sido “enviado por Deus em tábuas de pedra”. Mas esse conceito foi inventado por um economista na década de 1920. Nós precisamos de uma ferramenta de medida mais eficaz para satisfazer as necessidades do século 21, diz o economista Michael Green: o Índice de Progresso Social. Com simpatia e humor, ele mostra como essa ferramenta mede sociedades através das três dimensões que realmente importam. E revela a dramática reordenação das nações que surge quando ela é usada.
 
 
Tabela de países classificados segundo o seu IPS
 
Michael Green, economista especialista em progresso social, criou o Social Progress Index, um padrão de medida para classificar sociedades baseadas na preocupação de ir ao encontro das necessidades dos seus cidadãos.
 
Em seu livro Philanthrocapitalism (escrito em coautoria com o jornalista de negócios Matthew Bishop), Michael Green define um novo modelo para a mudança social construída a partir de parcerias entre o mundo dos altos negócios sadios, os governos e as organizações comunitárias. Logo após a publicação por sinal muito bem sucedida da obra, Bishop lançou a ideia de um “Índice de Competitividade Social”, baseado na premissa de que, algum dia, as nações irão competir umas contra as outras para se tornarem as mais avançadas socialmente, da mesma maneira como hoje competimos para sermos os mais ricos. Green adorou a proposta e decidiu converte-la em realidade.
 
Vídeo da palestra de Michael Green no TED:
 
 
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Tradução integral da palestra de Michael Green:
 
Em 4 de janeiro de 1934, um jovem entregou um relatório ao Congresso dos Estados Unidos que depois de 80 anos, ainda define as vidas de todos neste auditório, que ainda define as vidas de todos neste planeta.Esse jovem não era um político, Não era um empresário, um ativista de direitos humanos ou um líder religioso. Ele era o herói mais improvável, um economista. Seu nome era Simon Kuznets E o relatório que ele entregou se chamava “Renda Nacional, 1929-1932”.
 
Talvez vocês estejam pensando que esse relatório é seco e tedioso. E estão absolutamente certos. É completamente seco. Mas esse relatório é o alicerce de como avaliamos o sucesso dos países hoje: mais conhecido como Produto Interno Bruto, PIB.
 
O PIB definiu e moldou nossas vidas nos últimos 80 anos. E hoje eu gostaria de falar sobre um jeito diferente de medir o sucesso dos países, um jeito diferente de definir e moldar nossas vidas pelos próximos 80 anos.
 
Mas primeiro, nós temos que entender como o PIB chegou a dominar nossas vidas. O relatório de Kuznets foi entregue num momento de crise. A economia dos EUA estava despencando na Grande Depressão e os legisladores tinham dificuldades para responder. Dificuldades porque eles não sabiam o que estava acontecendo. Eles não tinham dados e estatísticas. O que o relatório de Kuznets ofereceu foram dados confiáveis sobre o que a economia americana estava produzindo, atualizado a cada ano. Munidos dessa informação, os legisladores conseguiram, enfim, encontrar uma solução para sair da crise. E porque a invenção de Kuznets revelou-se tão útil, ela se espalhou pelo mundo. Hoje em dia, todos os países produzem estatísticas de PIB.
 
Mas, no primeiro relatório, o próprio Kutznets incluiu uma advertência. Está no capítulo introdutório. Na página sete ele diz: “O bem-estar de uma nação pode, portanto, ser deduzido grosso modo a partir da medida da renda nacional como definido acima”. Não é a melhor frase de efeito do mundo, e está envolta na linguagem cautelosa do economista. Mas sua mensagem era clara: o PIB é uma ferramenta para nos ajudar a medir o desempenho econômico. Não é uma medida do nosso bem-estar. E não deveria ser referência para todas as decisões.
 
Mas nós ignoramos a advertência de Kuznets. Vivemos num mundo onde o PIB é a referência para o sucesso numa economia global. Nossos políticos vibram quando o PIB sobe. Os mercados movimentam-se e trilhões de dólares de recursos movimentam-se ao redor do mundo baseados em quais países estão subindo e quais países estão descendo, tudo medido com o PIB. Nossas sociedades se tornaram mecanismos para gerar mais PIB.
 
Mas nós sabemos que o PIB é falho. Ele ignora o ambiente. Considera bombas e prisões como progresso. Não consegue levar em conta a felicidade ou a comunidade. E não fala nada sobre equidade ou justiça. Será que é uma surpresa que nosso mundo, marchando à batida do PIB, está balançando à beira do desastre ambiental e cheio de ódio e conflitos?
 
Nós precisamos de um jeito melhor para medir nossas sociedades, uma medida baseada no que realmente importa às pessoas reais. Tenho o suficiente para comer? Sei ler e escrever? Estou seguro?Tenho direitos? Vivo numa sociedade onde não sou discriminado? Meu futuro e o futuro de meus filhos estão imunes à destruição ambiental? Essas são questões que o PIB não responde e não pode responder.
 
No passado houve, é claro, esforços, para deixarmos o PIB para trás. Mas acredito que estamos vivendo um momento em que estamos prontos para uma revolução das métricas. Estamos prontos porque já vimos na crise financeira de 2008, como nossa obsessão por crescimento econômico levou-nos pelo caminho errado. Nós vimos, na Primavera Árabe, como países como a Tunísia, teoricamente exemplos econômicos, eram sociedades fervilhando com descontentamento. Estamos prontos, porque hoje temos tecnologia para reunir a analisar os dados de maneiras inimagináveis a Kuznets.
 
Hoje eu gostaria de apresentar-lhes o Índice de Progresso Social. É uma medida do bem-estar da sociedade, completamente separado do PIB. É uma maneira totalmente nova de ver o mundo. O Índice de Progresso Social começa definindo o que significa ser uma boa sociedade baseado em três dimensões. A primeira, todos têm as necessidades básicas para a sobrevivência: comida, água, abrigo, segurança? Segundo, todos têm acesso às coisas básicas para melhorar suas vidas: educação, informação, saúde e um meio ambiente sustentável? E terceiro, todos os indivíduos têm acesso a uma chance de buscar seus objetivos, sonhos e ambições livres de obstáculos? Eles têm direitos, liberdade de escolha, liberdade da discriminação e acesso ao conhecimento mais avançado do mundo? Em conjunto, esses 12 componentes formam a estrutura do Progresso Social. E para cada um desses 12 componentes, temos indicadores para medir o desempenho dos países. Não indicadores de esforço ou de intenção, mas de conquistas reais. Nós não medimos quanto um país gasta em saúde, nós medimos a duração e a qualidade das vidas das pessoas. Não medimos se os governos aprovam leis contra a discriminação, nós medimos se as pessoas sofrem discriminação.
 
Mas o que vocês querem saber é quem está no topo, não é? (Risos) Eu sabia, sabia, sabia. Certo, já vou mostrar-lhes. Vou mostrar-lhes neste gráfico. Aqui estamos. Aqui eu coloquei o progresso social no eixo vertical. Quanto mais alto, melhor. E só para comparação, só por diversão, no eixo horizontal está o PIB per capita. Quanto mais à direita, maior. E o país no mundo com o maior progresso social, o país número um em progresso social é a Nova Zelândia. (Aplausos) Muito bem! Nunca fui; preciso ir. (Risos) O país com o menor progresso social, sinto muito dizer, é o Chade. Nunca fui; talvez ano que vem. (Risos) Ou talvez no próximo.
 
 
O Brasil está próximo aos países mais desenvolvidos, em termos de IPS
 
Sei o que estão pensando. Estão pensando: “Ah, mas a Nova Zelândia tem um PIB maior que o do Chade!” Bom argumento, muito bem. Mas deixem-me mostrar-lhes outros dois países. Aqui está os Estados Unidos; consideravelmente mais rico que a Nova Zelândia, mas com um nível mais baixo de progresso social. E aqui está o Senegal; tem um nível mais alto de progresso social que o Chade, mas o mesmo nível de PIB. O que está acontecendo? Bem, olhem. Deixem-me trazer o resto dos países do mundo, os 132 que conseguimos medir, cada um deles representado por um ponto. Aqui vamos. Muitos pontos. Obviamente não posso mostrar todos, então aí vão alguns destaques: O país do G7 com a melhor classificação é o Canadá. Meu país, o Reino Unido, está mediano, meio sem graça, mas quem se importa, pelo menos ganhamos dos franceses. (Risos) E olhando para as economias emergentes, o primeiro dos BRICS, anuncio com prazer, é o Brasil. (Aplausos) Vamos lá, mais forte! Vai, Brasil! À frente da África do Sul, depois Rússia, depois China e então a Índia. Escondido no lado direito, vocês veem o ponto de um país com muito PIB mas sem muito progresso social: é o Kuwait. Logo acima do Brasil está uma superpotência do progresso social: é a Costa Rica. Tem um nível de progresso social igual ao de alguns países do leste europeu, mas com um PIB muito menor.
 
Bem, meu slide está ficando um pouco tumultuado e eu gostaria de recuar um pouco. Vou remover esses países, e inserir a linha de regressão. E isso mostra a relação média entre o PIB e o progresso social. A primeira coisa que se nota, é que há muito ruído por volta da linha de tendência. E o que isso mostra, o que isso demonstra empiricamente, é que o PIB não é destino. Em cada nível de PIB per capita, há oportunidades para maior progresso social, e riscos para menos. A segunda coisa que se nota é que, para países pobres, a curva é bem inclinada. O que isso nos mostra é que se os países pobres conseguirem um pouquinho mais de PIB, e se reinvestirem em médicos, enfermeiras, fornecimento de água, saneamento, etc., há bastante potencial de progresso social para o seu acréscimo de PIB. E isso são notícias boas, e é isso que vimos nos últimos 20, 30 anos, com muita gente sendo tirada da pobreza pelo crescimento econômico e boas políticas nos países mais pobres.
 
Mas se subirmos um pouco mais na curva, E vemos que ela vai se nivelando. Cada dólar extra de PIB vale cada vez menos progresso social. Com uma parte cada vez maior da população mundial vivendo nessa parte da curva, quer dizer que o PIB está ficando cada vez menos útil como uma referência para o nosso desenvolvimento. Vou mostra-lhes um exemplo do Brasil.
 
Aqui está o Brasil: progresso social de cerca de 70 de um total de 100, PIB per capita de cerca de 14 mil dólares por ano. E olhem, o Brasil está acima da linha. O Brasil está fazendo um trabalho razoavelmente bom de conversão de PIB em progresso social. Mas para onde vai o Brasil depois? Digamos que o Brasil adote um plano econômico ousado de dobrar o PIB na próxima década. Mas essa é só metade do plano. É menos da metade do plano, Porque onde o Brasil quer chegar em progresso social? Brasil, é possível aumentar o crescimento, aumentar o PIB, e ao mesmo tempo estagnar ou recuar em progresso social. Não queremos que o Brasil se transforme na Rússia. Vocês realmente querem é que o Brasil se torne sempre mais eficiente em criar progresso social a partir de seu PIB, para que se pareça mais com a Nova Zelândia. E isso significa que o Brasil tem que priorizar o progresso social em seu plano de desenvolvimento e perceber que não se trata somente de crescimento, mas sim de crescimento com progresso social. E é isso que o Índice de Progresso Social faz: ele reformula a discussão sobre desenvolvimento, não somente sobre PIB, mas inclusive, crescimento sustentável que traga progresso real às vidas das pessoas. E não se trata somente de países.
 
No início deste ano, com amigos do Imazon, uma entidade brasileira sem fins lucrativos, nós lançamos o primeiro Índice de Progresso Social subnacional. Nós fizemos isso na região da Amazônia. Uma área do tamanho da Europa, 24 milhões de pessoas, uma das partes mais desfavorecidas do país. E aqui estão os resultados, e ele está detalhado em quase 800 municípios. E com essa informação detalhada sobre a verdadeira qualidade de vida nessa parte do país, o Imazon e outros parceiros governamentais, empresariais ou da sociedade civil podem cooperar para construir um plano de desenvolvimento que vá realmente ajudar a melhorar as vidas das pessoas, enquanto protegem o patrimônio global que é a Floresta Amazônica. E esse é só o começo, Podemos criar um Índice de Progresso Social para qualquer estado, região, cidade ou município Todos conhecemos e amamos o TEDx; este é o Progresso Social-x. É uma ferramenta para todos usarem.
 
Diferente de como às vezes falamos dele, o PIB não foi enviado por Deus em tábuas de Pedra. (Risos) É uma ferramenta de medida inventada no século 20 para abordar os desafios do século 20. No século 21, nós enfrentamos novos desafios: envelhecimento, obesidade, mudança climática, e assim por diante. Para encarar esses problemas, precisamos de novas ferramentas de medida, novas maneiras de valorizar o progresso.
 
Imaginem se pudéssemos medir o que as organizações sem fins lucrativos, caridades, voluntários, organizações da sociedade civil realmente contribuem para a sociedade. Imaginem se as empresas competissem não somente com base na sua contribuição econômica, mas em sua contribuição para o progresso social. Imaginem se pudéssemos responsabilizar os políticos por realmente melhorar as vidas das pessoas. Imaginem se pudéssemos trabalhar juntos, governos, empresas, a sociedade civil, eu, vocês, e fazer deste século o século do progresso social! Obrigado. (Aplausos)
Redação

6 Comentários

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  1. Não sou economista!

    Certa vez, li aqui, acho que num comentário do Assis: Não comemos PIB ! Frase mais do que certa e de alguma forma em acordo com o post.

    O mesmo penso sobre o famoso triplé econômico, a nós impingido pelo FMI e aceito com toda a alegria pelos ténicos do sr. FHC. Um dos pés é a famigerada economia p/ pagar os juros da dívida, motivo da baixaria exibida pelos nossos deputados e senadores na semana passada.

    Atualmente sou apenas uma aposentada, mas dona de casa.

  2. Os coxinhas odeiam isso!

    Os coxinhas odeiam isso! Nasceram para andar de joelhos para todo $ que aparece! Como minha mãe diz, se os petistas hovessem roubado o quanto roubaram esses tucanos, não existiria denúncia alguma, pois os dois balcões de negócios, mídia e justiça, só enchergam $. Bobos foram os petistas que resolveram investir no Brasil e no povo brasileiro, sabendo que não temos poderes leais ao país. Petista teêm que fazer vaquinha para conseguir alguma grana para pagar multas vindas da justiciaria, enquanto os tucanos querem os cofres da nação para poderem estar nos balcões de negócios,  como fizeram na era escabrosa, fhc. O país não recebeu nada além de dividas nessa época, mas os homenzinhos do psdb, tem ap até em Paris, se aposenta com 37 anos, pensa ser pai de filho de jornalista, mas nem isso consegue ser. FHC, é o babaca mór, o vira-lata mór desse país. O mais legal é que vai entrando para a história como o cahorrinho do clinton. A história sabe a verdade e, para esses oportunistas ai, ela é cruel, extamente por, no final, sobrar só a verdade. Os traidores, são traidores e a história não perdoa. Os larápios são larápios e a história assim os descreve. A corrupta mídia que tenta ser a história, o currículo desses anões, morre, mas a história real não. Ainda mais hoje, que o poder dessa máfia midiática e justiciaria começam a ser diluidos. Não esqueçamos, nós que votamos no PT, vencemos a máfia desde 2002. E eles, cada vez mais na merda, literalmente. O orgasmo múltiplo,  meus companheiros, é nosso!!!!! E a eles, restão os penicos como local de moradia morale histórica..

  3. OS FACTÓIDES E AS MALDITAS TENDÊNCIAS

    Número de brasileiros na extrema pobreza aumenta pela primeira vez em dez anos

    http://www.ebc.com.br/noticias/economia/2014/11/numero-de-brasileiros-na-extrema-pobreza-aumenta-pela-primeira-vez-em-dez

    “O Ipea define a linha de pobreza como o dobro da linha de extrema pobreza. Pelos parâmetros do Programa Brasil Sem Miséria, no entanto, a proporção de pobres subiu no ano passado, de 8,9% para 9%.

    Procurado pela Agência Brasil, o Ipea informou que não vai se manifestar sobre os dados. De acordo com o órgão, um pronunciamento depende da apresentação dos respectivos estudos sobre a renda das famílias brasileiras, que ainda não foram divulgados. Apenas as estatísticas foram lançadas na plataforma de dados.”

    NB: esta notícia saiu no site da EBC, não é do PIG

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