Com eufemismo, Lewandowski chama impeachment de Dilma de golpe

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski usou do eufemismo para classificar o impeachment de Dilma Rousseff como um golpe na democracia. Em um seminário registrado pela CartaCapital, o magistrado disse: “[Esse impeachment] encerra novamente um ciclo daqueles aos quais eu me referi [de participação popular em alta]. A cada 25, 30 anos, no Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia”, afirmou.

Lewandowski presidiu as sessões em que Dilma foi julgada no Senado por suposto crime de responsabilidade fiscal. A queda da presidente reeleita em 2014 levou ao poder Michel Temer que, neste mês, em passagem pelos Estados Unidos, disse que Dilma foi destituída porque não aceitou o programa de governo do PMDB, chamado de Ponte Para o Futuro. 

Na visão de Lewandowski, um dos fatores que derrubou Dilma foi a proliferação de partidos políticos que tornou o presidencialismo de coalizão uma tarefa indomável para a sucessora de Lula. “O presidencialismo de coalizão saiu disso [da falta de participação popular], com grande número de partidos políticos, até por erro do Supremo, que acabou com a cláusula de barreira, e deu no que deu”, afirmou.

Ao tratar da fala de Lewandowski, a Folha de S. Paulo escreveu que “ao fim do julgamento da petista, ele tomou a decisão de permitir o ‘fatiamento’ da votação. Assim, o Senado pôde manter os direitos políticos de Dilma, mesma retirando-a do governo. A decisão é contestada, no STF, por partidos políticos de oposição ao PT.”

Na verdade, Lewandowski apenas delegou ao Senado o poder de decidir se o julgamento deveria ser fatiado ou não. Inclusive, o ministro ressaltou que ao presidir o impeachment, não poderia dar sua opinião de juiz do Supremo sobre a possibilidade de desvincular a perda do mandato da inabilitação para cargos públicos.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

37 Comentários

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  1. Íntegro mas medroso

    Acho que Lewandowski sempre considerou golpe o que estava acontecendo.

    Não o considero uma pessoa mau-caráter. Pelo contrário, o considero uma pessoa íntegra.

    Mas não tenho a menor dúvida em afirmar que ele foi medroso, não usou o poder que tinha como presidente do STF para tentar barrar o golpe.  

    Quando percebeu que havia se formado uma clara maioria no Parlamento e no próprio STF de que Dilma deveria ser afastada, assim como toda a campanha de meios plutocráticos com o apoio decisivo da mídia oligárquica, ele não teve coragem de nadar contra a corrente de forma decidida e enfática.  

    Mesmo com toda a desproporcionalidade de um ato que machucou a Constituição. E com isso lavou as mãos para um golpe que colocou uma corja da pior espécie no poder, e permitiu a implantação de um clima de insegurança jurídica num país marcado por golpes de tempos em tempos. 

    Republiqueta de Bananas.

     

    1. Mas qual era o poder que ele
      Mas qual era o poder que ele detinha, de fato, como Presidente do STF, para impedir o golpe?

      Não é só uma provocação. É uma pergunta sincera. O que, de fato, ele poderia fazer?

      1. Poder apenas formal

        Pelo que entendi, ele podia apenas conduzir o processo quanto aos aspectos formais e tomar decisões exclusivamente a respeito do rito. Não tinha poder para interferir no mérito do julgamento, como dizer se houve ou não crime, se havia base legal para o impeachment, se deveria ou não haver fatiamento, etc.

        Isso é uma coisa que ele poderá vir a decidir (junto com os demais ministros) no julgamento de uma possível AÇÃO DE ANULAÇÃO no STF, onde aí sim ele tem poder de voto quanto ao mérito.

        1. É como eu sempre entendi o
          É como eu sempre entendi o espaço de atuação do STF nesse caso, por mais que deixe a gente pê da vida.

          Mas foi legal levantar essas questões por aqui. Bom debater com pessoas sensatas! (a todos que responderam nesse post).

      2. Muitas coisas

        No aspecto “formal”, ele poderia ter impugnado todo o processo quando senadores divulgaram antecipadamente seu voto; ter recusado a peça acusatória, já que nela constavam “crimes” que não eram objeto de julgamento (como o famoso “conunto da obra), entre outros erros formais;

        Poderia ter entrado na questão de mérito, já que FORMALMENTE o “crime” pelo qual a presidenta foi “julgada” não estava comprovado na peça de acusação. 

        Entre outras várais medidas e possibildiades. 

        Um covarde ou um golpista. Ou os dois, o que é mais provável, já que regateou aumento salarial durante o processo….

      3. Arregimentar forças

        Guga,

        O governo não provocou (entrou com representação) o STF a se posicionar claramente sobre o conteúdo do processo de impeachment porque sabia que era enorme a chance de o STF lavar as mãos para isso.

        Desde o começo, veiculava-se que o STF ficaria numa posição neutra, limitando-se a acompanhar os procedimentos formais do processo. E o governo não estava conseguindo mudar isso.

        Mas havia e há juristas de peso no país que sempre consideraram golpe o que estava acontecendo. Penso que Lewandowski, com o peso do cargo que tinha e com as várias relações que construiu no Judiciário durante toda a sua carreira, poderia ter se empenhado com mais determinação a arregimentar forças, dentro do Judiciário, e pressionar internamente pelo menos alguns dos juízes do STF, de forma a tentar fazer maioria lá dentro no sentido de analisar sim o conteúdo que que estava sendo discutido.

        Sei que não era fácil. Mas sinto que ele não se empenhou nisso, deu a questão como resolvida.

        Pelo menos é o que me pareceu.

         

      4. Guga tem certa razão. Lógico

        Guga tem certa razão. Lógico que Lewandowski poderia ter feito um pouco mais, tentado ter um pouco de postura mais ativa.

        Mas vamos e convenhamos com a “trupe” que Dilma e Lula escolheu para lhe fazer companhia no poder: JB, Carmem Lúcia, Totofolli, Rosa Weber, Fux, o que se poderia esperar do STF ??

        Pera que tem mais na escolha do PGR: Gurgel, Janot e…pasmem, Janot DE NOVO !

        Ai meu filho não tem santo que salve. Ser republicano com canalhas de toda estirpe como é o caso da mídia golpista e esperar que esse povo respeite o Estado Democrático de Direito só em uma fábula infantil.

  2. Com eufemismo…

    Muitos senadores tentaram manipular a presença do Min. Lewandowski, como um “aval” do STF, ao esconderem da opinião pública que este,  apenas,  cumpria legislação de 1950. Não existiam “crimes” da Presidente. Sempre achei que o Ministro NÃO SE PERMITIRIA entrar para a história como reles golpista. E não entrou. Alguém já imaginou a “sumidade” de Dourados, o “chefe dos capangas”, presidindo este julgamento? Certamente, estaríamos todos no “Estádio Nacional”…até os eleitores.

    Dos males o menor: temos uma Presidente com capilaridade internacional e DIREITOS POLÍTICOS, preservados, para DENUNCIAR UM GOLPE DE ESTADO.

    Democracia e Legalidade

  3. provas e não convicções

    1) Michel Iscariotes falou nos EUA que Dilma caiu por que  mesmo??? Nao ouvi pedaladas…

    2) E o presidencialismo de coalizazao do Iscariotes ja nao existe? Ou vira daqui a 30 anos novamente em mais um tropeço para tirar algum presidente de esquerda?

  4. “poder”

    Nassif;

    Prevaricação, no mínimo este é o crime deste “ministro”. Falta-lhe coragem é um covarde.Estava focado unica e exclusivamente nos 41%.

    Se ele tem consciência de que foi um tropeço e nada fez, o que adianta lamuriar agora? Não era ele que lá no início dizia que o stf iria se posicionar quanto ao MÉRITO do impichment???

    Não é a primeira vez que dá mostras de que a coragem passou longe dele. Lamentavelmente.

    Vou acrescentar mais um adjetivo ao “poder” judiciário do Brasil: Além de hipócrita, seletivo, vagabundo, corrupto, midiático, narcisista, perdulário, arrogante  e  lerdo, acrescento COVARDE.

    Basta!!!!

    A quem iremos nós???

    Genaro

     

  5. De eufemismos e hipérboles

    Se o ministro utilizou um eufemismo, eu utilizo uma hipérbole, como Marlon Brando em “Apocalypse Now” : the horror. 

  6. Tropeço ahha

    Pois é.  da TRAPAÇA do STF veio o TROPEÇO da DEMOCRACIA. Iremos esperar mais três gerações para ter um Brasil de 2012. Enquanto isso, tudo continua numa boa…

  7. Faca no pescoço

    Foi assim que o grande Lew se deixou apequenar, dando aval ao Golpe.

    Li outro dia que até o ministro MAM foi abatido pelos achaques da Lava Jato ou da PGR ou da Globo, que ao final das contas formam o mesmo bolo fecal, no esgoto fascista do Golpe.

  8. lewandowski, o homem que

    lewandowski, o homem que presidiu o stf golpista e também o tribunal de exceção encenado no senado para cassar mais de 54.500.000 votos e a democracia.

  9. Eufemismos…

    “A cada 25, 30 anos, no Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia”

    Não, meu senhor, não foi um tropeço.

     

    Foi um baita tombo que deixou fraturas expostas.

  10. Ele não teve grandeza de

    Ele não teve grandeza de caráter pra enfrentar os golpistas com o poder que detem como ministro do stf(minúsculo mesmo pra ficar condizente com a pequenez deste tribunal), e agora vem deitar falação sobre a destruição de nossa democracia. Hipócrita e covarde, que como disse Renan Calheiros estava apenas interessado em discutir aumento de salário dele e dos outros ministros do STF.

  11. O pior de tudo isso

    O pior é que não temos meios legais de retirar esses senhores de suas poltronas de couro.

    Ou melhor, temos, via Senado (que piada….)

     

    Nossa única sáida seria uma “Queda da Bastilha” no STF.

  12. De golpe em golpe…

    Muitos criticam Lewandowski pelo que faz pelo que não fez. Mas parece-me que ele tem feito sua parte, apesar das amarras que tem enquanto Ministro do STF. Não é todo mundo que quer dar uma de boquirroto sem compromisso com o cargo que ocupa, como o inenarravel Gilmar Mendes.

    Além do eufemismo para o golpe sobre Dilma, Lewandowski, em pleno Senado, cometou o lapso de chamar Aécio de Néscio. Ele disse que o todo mundo pensa do playboy mineiro. Menos o Janot, cumpadrão do aecim. E Gilmazim por respeito à seu patrão, FHC. 

    Parece que essas pequenas coisas não são nada, mas dizem muito do que passa na cabeça do Ministro, quiça de alguns de seus colegas também.

    1. “Mas parece-me que ele tem

      “Mas parece-me que ele tem feito sua parte, apesar das amarras que tem enquanto Ministro do STF.”

      Só se for a parte dele no golpe…

      Quem é o presidente ?? É a Dilma ??? Não ???? É o Temer ???? Mais como ??? e o presidente do supremo não fez a parte dele ???

  13. E ele participou

    E ele participou ativamente,

     

    estará nos livros de História: golpe parlamentar presidido pelo Sr. Lewandowski, quem anda com golpista, golpista é…..o resto é mimimi………..

    Mas será festejado pelo seus pares, incrementou muito seus subsidio com o vergonhoso auxilio moradia e inumeros retroativos……….

  14. VERGONHA: DEVIA SE APOSENTAR PARA LAVAR AS CUECAS SUJAS DE GOLPE

    VERGONHA: DEVIA SE APOSENTAR PARA LAVAR AS CUECAS SUJAS DE GOLPE

    Esse desgraçado foi um dos principais golpistas, a dar uma cama de gato na democracia. E tem a cara de pau de dizer uma coisa dessas, como se não tivesse nada a ver com o assunto.O inútil devia era calar a boca e se aposentar para lavar as cuecas sujas de golpe.

    1. Não dá ideia senão vai parar

      Não dá ideia senão vai parar no STF o Moro u Alexandre Moraes.

      PAra ele não fazer que nem aquela idiota da PGR que saiu para disponibilizar mais um lugar para gente pior que ela…

  15. Não estou entendendo a

    Não estou entendendo a postura do Ministro Ricardo Lewandowski do pós golpe a do pré golpe.Mea  culpa,arrependimento,remorso ou aponsetadoria a vista.Tingiu o golpe com as cores da legalidade,e agora aparece a falar coisas descontextualizadas.Por favor Ministro,por que não te calas?

  16. Temos a tecnologia das bananas.
    Estamos à deriva. E os intrumentos a bordo entraram em pane. Nada funciona. Estamos nas mãos de “especialistas” de ocasião cujo manual de instrução é de autoria própria. Os embarcados aplaudem enquanto a “nave” naufraga.
    Os que deveriam tomar o leme, de tão perplexos e dominados, cupam o mordomo.

  17. Agora ? 
    Seria melhor que

    Agora ? 

    Seria melhor que ficasse calado.

    O que os doutos fizeram para evitar o golpe ? Nada !

    O Teori poderia dá uma “dura” no Cunha e não fez nada, pelo contrário, deixou o Cunha agir livremente.

    Agora não adianta tirar o fiofó da reta( desculpa presidenta Dilma se a sra lê isso), vão passar para história como golpistas.

    E o Moro ? Ele está agindo  livremente, o que o srs, farão para para-lo ? Irão rasgar a constituição novamente ?

    Depois que o país convulsionar não adianta chorar.

    Bando de golpistas ! Estão todos no mesmo bolo.

     

  18. Eufemismos…

    Tropeço?!?!

    Na mesma linha da “ditabranda”?

    Vergonha alheia de um ministro do supremo (!!!!) que se utiliza de eufemismos para mascarar a realidade quando deveria estar agindo para fazer juz ao cargo que ocupa, de zelar para que a Constituição se mantenha de pé, seja respeitada.

    Não só permitiu que derrubassem a democracia como ainda permite que passem com o rolo compressor sobre ela.

     

  19. Aderiu à estratégia Joaquim

    Aderiu à estratégia Joaquim Barbosa. Permitiu que o STF fosse leniente no processo do impedimento e agora posa de bom moço. Vale a tentativa. Provavelmente até muitos vão acreditar.

  20. Caro senhor, o golpe já

    Caro senhor, o golpe já aconteceu, aliás com sua presença outorgando-lhe rótulo de legalidade. Se tenta redimir-se, por que não usa seu cérebro tardio para condenar as arbitrariedades e truculências da turminha da Lava-Jato?

     

  21. Ele é omisso. E trabalha

    Ele é omisso. E trabalha pouco. Quando vice, herdou os processos de Joaquim Barbosa e manteve em segredo de justiça os inquéritos secretos associados à AP 470. Não exerceu a liderança (política e intelectual) que se espera de um presidente do supremo, como Jobim fez em 2005 (essencial para Lula naquele período) e Gilmar em 2008-2009 (que exterminou a Satiagraha, Protogenes e Paulo Lacerda). Só o episódio do vazamento das conversas de Lula e Dilma já bastaria. Afinal, ele era o presidente do CNJ e poderia ter colocado ordem na casa naquele momento. Nada feito. Como Dilma, não teve a dimensão que a História esperaria, as pessoas erradas na hora errada.  

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