Comissão interna da Petrobras fará análise de toda documentação de Pasadena

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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De O Globo

Comissão da Petrobras vai fazer devassa em atas de reuniões e contratos ligados à refinaria de Pasadena

  • Comissão será formada por gerentes executivos da estatal, nomeados pela presidente Graça Foster
  • Executiva diz que Pasadena não está mais à venda e que está processando 100 mil barris por dia
  • Empresa vai apurar diferença nos valores informados pela compra de 50% da refinaria em 2006 e a contratação de ex-funcionários da estatal pela Astra

RAMONA ORDOÑEZ

BRUNO ROSA 

Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster Foto: Guito Moreto / O Globo/25-3-2014

Presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster Guito Moreto / O Globo/25-3-2014

RIO – A comissão de apuração interna criada pela Petrobras na última segunda-feira sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, já tem várias frentes de trabalho. A comissão, proposta pela própria presidente da estatal, Graça Foster, será de “alto nível”. Os nomes — compostos por gerentes executivos da Petrobras — serão escolhidos pela própria executiva. Serão levantadas informações das mais variadas, como atas antigas de reuniões do Conselho de Administração e seus resumos executivos, além de contratos e documentos relacionados ao processo de compra da refinaria, em 2006.

A criação da comissão foi noticiada nesta quarta-feira com exclusividade pelo GLOBO, revelada em entrevista exclusiva de Graça, que afirmou: “Não fica pedra sobre pedra, não fica”. Leia abaixo trechos inéditos da entrevista.

Afinal, qual foi o valor pago pelos 50% iniciais da refinaria de Pasadena? Foram US$ 360 milhões ou US$ 416 milhões?

Essa foi uma das motivações de se criar uma comissão. Eu sei o valor. Foi o valor apresentado à SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA), que foi de US$ 416 milhões. Esse é mais um dos motivos pelos quais não posso ficar sem uma comissão que rastreie as informações. Estamos dentro de um processo de apuração interna. Essa divergência de números me motivou a buscar essa comissão. Fatos mais recentes que a imprensa tem colocado me motivam a buscar essa comissão. Sou a presidente de uma empresa que realizou investimentos no ano passado de R$ 104 bilhões. O trabalho necessário que tem me tomado para conduzir esse processo todo é humanamente impossível. E preciso ter apoio de várias disciplinas e áreas da companhia.

Como será formada a comissão?

Eu designo a comissão. É de alto nível. Só inclui gerentes executivos e varre diversas áreas da companhia.

Lá atrás, uma gerência interna da diretoria a Área Internacional teria recomendado não comprar Pasadena, pois seria uma sucata.

Eu não tenho essa informação. A gente abriu, como disse, uma comissão de apuração que é extremamente importante para esse caso. E há que se valorizar essa comissão.

Pasadena ainda está à venda, como se falou até o ano passado?

Não. Pasadena não está na pauta de desinvestimentos. Estamos nos apoiando em um bom momento em Pasadena, com boas margens. A refinaria está produzindo a plena capacidade, de 100 mil barris por dia. Está com boas margens. A gente cuida dela para que a produção seja melhor. Tenho Pasadena dentro de um projeto de investir para ter uma complexidade maior, mas não é prioridade agora, pois tem a questão dotight oil (óleo não convencional) lá nos EUA.

E como está a situação de Nestor Cerveró (que era diretor da Petrobras no momento da compra da refinaria, em 2006, e que no dia 21 de março foi destituído do cargo de diretor Financeiro da BR Distribuidora)?

Ele perdeu a posição de diretor financeiro (na BR). E o Lima (José Lima de Andrade, presidente da subsidiária) vai dar um encaminhamento.

Ele pode ser demitido da empresa?

Ainda não há uma avaliação nessa altura. Não há maturidade nem tempo para fazer essa discussão. Ele está dentro da companhia e está sob a guarda e a gestão do Lima. Ele (Lima) é presidente da empresa e é quem tem o Cerveró em seus quadros.

Por que, depois dessa discussão em relação a Pasadena, Cerveró foi indicado para a diretoria da BR Distribuidora?

Quem levou o nome dele para a diretoria (da BR) foi o presidente da BR Distribuidora, que na época era o José Eduardo Dutra. O presidente da companhia é quem leva o nome dos diretores. Quando fui diretora de Gás e Energia, foi o Gabrielli (José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras) quem levou meu nome. Lá, o José Eduardo Dutra apresentou o nome do Cerveró. Ser diretor da holding da Petrobras é diferente em termos de amplitude de atuação em relação a ser diretor de uma subsidiária. É algo que não é no mesmo nível. Um presidente da BR Distribuidora tem o nível de um diretor da Petrobras.

E isso é indicação política?

Não entendo disso. Definitivamente, isso não é algo de que eu possa falar meia frase.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

11 Comentários

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  1. …competente e confiável…

    De todas as vezes que vejo entrevistas dessa senhora, Maria das Graças Foster, ela tem me passado a impressão de ser uma executiva muito competente e confiável, muito provavelmente um dos melhores presidentes que a Petrobrás teve nos últimos tempos.

  2. eu quero é mais……………….eu não, nós, o Brasil

    por enquanto só tem um em cana, por lavagem, e que integrava o comitê Pasadena & Proprietários

  3. Uma historia de vida,

    Uma historia de vida, competente e etc, pena que não sabe o que ocorre na empresa que administra o que, para uma gigante petroleira pode ser um tiro no pé! Desde que essa senhora extremamente capaz assumiu a Petrobras a companhia está em queda livre! Serão os conselhos (leia-se ordens) de Dilma? Competencia para gerir não se aprende em bancos escolares, tem que ter talento também!

    1. Queda livre

      João,

      Pertobras em queda livre, né? Já sei, esqueceu de tomar o remédio pela manhã ou depende do JN prá se informar.

      Pré-sal= incluindo Franco, já são reservas identificadas de quase 50 bilhões de barris, faça a conta e veja o quanto vale.

      Esta é a queda livre.

        1. Xisto nos USA

          Marcelo,

          Procure se informar corretamente sobre aquilo, o estrago incomensurável que causa ao meio ambiente e às pessoas que vivem em lugares próximos da extração que dizima o solo e oferece baixíssima relação $$ extração/ venda do shale gas, pouco mais de 1:1.

    2. Ao contrario…

      Caro, 

      Como funcionário dessa empresa tenho que discordar de você. Nos oito anos que estou nela, este é o período em que realmente vejo a empresa se preparar para o futuro. O que acontece hj é reflexo da administração Gabrille ainda.

      Hoje sim existe planejamento robusto com metas plausíveis.

      Basta acompanhar o plano de negocio e gestão 2014-2030.

      E basta ver as ações que foram tomadas pela nossa presidente (como ela prefere ser chamada) depois que assumiu esta grande empresa. A revisão das curvas S de todos os projetos não foi a toa…

      1. Isso!

        Pois é prezado Gustavo. Quem muito  late é porque não está lá dentro para saber o que realmente significa uma Petrobras. Primo meu, de Vitória, trabalha embarcado e é um dos entusiastas da empresa. A defende com coração e alma! Desde que percebi a magnitude e a complexidade que é a Petrobras, nem ouso opinar a respeito de qualquer coisa. Somente a defendo como patrimônio do povo brasileiro.

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