Doleiro teria comprado o silêncio do PSDB e de Renan Calheiros

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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De acordo com o mais novo delator da Lava Jato, o então líder do PSDB, Sérgio Guerra, recebeu R$ 10 milhões para “abafar” CPI da Petrobras de 2009, e o senador Renan Calheiros teria recebido R$ 2 milhões para “impedir” uma nova investigação no Congresso
 
 
Jornal GGN – O mais novo delator da Operação Lava Jato, Carlos Alexandre de Souza, conhecido como Ceará, que foi entregador de dinheiro para o doleiro Alberto Youssef, confirmou o pagamento de R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE) – morto em março de 2014 -, como propina para “abafar” a abertura de uma CPI da Petrobras, em 2009, vésperas de eleições presidenciais. 
 
A informação já havia sido divulgada em agosto de 2014, com os depoimentos de Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras e primeiro delator do esquema. A quantia teria saído da empreiteira Queiroz Galvão. Os dados foram confirmados, ainda no último ano, por Youssef. Agora, o blog de Fausto Macedo publica o trecho da delação de Ceará que reitera o caso. 
 
O que é omitido pelo jornal, contudo, é que a prática do doleiro Alberto Youssef de pagar pelo silêncio de parlamentares se repetiu após a CPI da Petrobras de 2009, quando em ano posterior, Youssef teria disponibilizado R$ 2 milhões ao presidente do Senado, Renan Calheiros, para que evitasse a instalação de CPI. A informação é do entregador de Youssef, que não soube dizer se a quantia foi efetivamente paga, mas que “sabe que a CPI não foi instalada”, afirma o documento do Ministério Público Federal.
 
 
Ainda no depoimento, em um dos episódios em que Ceará levou a quantia de R$ 1 milhão a Maceió, Alagoas, entre janeiro e fevereiro de 2014, questionou ao doleiro quem era o destinatário da propina. “Alberto Youssef respondeu ao declarante em alto e bom som: ‘O dinheiro era para Renan Calheiros'”, transcreve os autos.
 
 
Já a suposta prática de pagamento de propina para abafar a CPI da Petrobras, em 2009, teria ocorrido, de acordo com o delator, para o então líder do PSDB no Congresso, Sergio Guerra. Na ocasião, Youssef disse a Ceará que precisaria entregar R$ 10 milhões pelo silêncio. Na delação, Ceará admitiu que “sabe que foi feito o pagamento”, sem identificar os meios para a remessa.
 
De acordo com Ceará, após esse episódio, a “CPI da Petrobras foi encerrada sem maiores consequências, o que foi muito comemorado por Alberto Youssef e por José Janene [ex-deputado federal pelo PP], um dos grandes articuladores desse desfecho” e que Janene “falou claramente o seguinte: ‘A CPI terminou em pizza'”.
 
 
Os depoimentos de Carlos Alexandre de Souza foram realizados à Procuradoria-Geral da República, entre 29 de junho e 2 de julho de 2015. Até o momento, a única informação publicada sobre o conteúdo da delação era referente ao ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (leia aqui), e ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), que teria recebido R$ 300 mil por meio de um diretor da UTC Engenharia, no Rio de Janeiro, entre setembro e outubro de 2013 (leia aqui).
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

14 Comentários

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  1. Será que agora o Renan também

    Será que agora o Renan também vai querer afastar a presidenta que afirmou que quer toda a roubalheira apurada e não quer ver sobrar pedra sobre pedra?

  2. preso

    Como é que um juiz faz acordos de leniência seguidos com um “personagem” desses?

    Esse Youssef é o caixa da “cosa nostra” do Brasil.

    Pelo menos desde o Banestado o obscuro juiz do Paraná sabe disso.

    O que justifica essa tolerância?

    Deveriam ser presos os dois, o bandido e o juiz que lhe ouve. 

  3.  
    Mas que estoriazinha mal

     

    Mas que estoriazinha mal contada.

    Com apenas 3 senadores da oposição e 8 senadores governistas, numa CPI com 11 senadores, que tipo de “proteção” Sergio Guerra podia dar?

    Da série “me engana que eu gosto”.

     

  4. Fora do post.
    O GGN tem a

    Fora do post.

    O GGN tem a íntegra da sentença dada em MG ao ex senador Azeredo?

    Aecio e irmã socios de sicrana(não lembro o nome) que emprestou a conta, a pedidos, para receber valores. Tá lá. 

    Quem pediu? pra onde foi os valores?

  5. FHC era contra o CPI da Petrobrás, em 2014

    Gozado, FHC antes da instalação da crise toda, foi abertamente contra a CPI da Petrobrás, pois o momento eleitora, disse ele, em 20 de março de 2014, conforme informou o Estadão, não era apropriado.

    Ah, e agora é?

    Acho que,  depois do Delcídio e Ceará, o momento irá continuar inapropriado.

    Mas o impeachment pode.

    E como pode!

    Precisamos fechar a torneira.

    Está começando a vazar.

    Muitos podem morrer afogados.

     

  6. Não posso dizer que a pf tem

    Não posso dizer que a pf tem conivência proposital com a cúpula da fraude anímica que o mercado financeiro montou em cima das operações da Lava Jato, mas que diversos setores ainda faturam alto para desgraçar a atividade econômica, ninguém duvida.

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