Marina e sua verdadeira Rede

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Por Pedro Penido dos Anjos

Marina e sua verdadeira Rede

Do Centro de Memória das Lutas e Movimentos Sociais da Amazônia

No último dia 16 de fevereiro, Marina Silva anunciou o lançamento da Rede Sustentabilidade, seu partido em construção. Muitos questionamentos já têm sido feitos às propostas apresentadas nessa ocasião pela ex-senadora acriana, que vem defendendo uma “nova forma de fazer política”, um “novo tipo de partido”, assim como um “novo tipo de militância”. As críticas têm conseguido demonstrar que Marina abusa de conceitos vazios para elaborar um discurso que tenta agradar ao maior número de eleitores. Também já se destacou a presença, nessa rede, de empresários como Guilherme Leal e Maria Alice Setúbal, apoiadores da campanha eleitoral de Marina à presidência da república em 2010, e a integração de outros políticos, como Heloísa Helena, a esse movimento de “renovação ética”.

Mas a verdadeira rede de Marina é muito mais ampla e foi sendo construída ao longo de sua trajetória política. Alguns dos elementos centrais dessa trama não farão parte do seu novo partido, mas foram fundamentais para a construção do projeto político que dá sustentação à atuação pública de Marina Silva e à criação da Rede Sustentabilidade.


Nesse mapa de relações pessoais de Marina, Chico Mendes é a primeira pessoa que deve ser destacada. Afinal, foi a luta dos seringueiros, da qual Chico era uma das principais lideranças, que deu maior projeção à então professora de história e sindicalista, que havia feito parte do movimento estudantil na Universidade Federal do Acre. Ligada às Comunidades Eclesiais de Base que, assim como os movimentos sociais urbanos de Rio Branco, foram importantes para fortalecer a organização e a resistência dos seringueiros na floresta, Marina também participou da criação da CUT e do PT no Acre, ao lado de Chico Mendes e tantos outros.

A partir dessa relação com Chico, outras duas figuras centrais entraram na rede de Marina: a antropóloga Mary Allegretti, que colaborou com a criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, e Steve Schwartzman, antropólogo norte-americano, ligado à ONG Environmental Defense Fund (EDF). Eles foram os principais responsáveis pela projeção internacional da imagem de Chico Mendes (a partir de sua famosa viagem a Washington para denunciar os impactos das obras da BR 364 ao Banco Mundial) e pela tentativa de transformação de seu legado político radicalmente anticapitalista – com fundamentação teórica marxista – apenas em uma luta pela preservação da floresta. Em um extremo quase caricato, chegou-se a apresentá-lo como uma versão amazônica do “pacifismo” de Mahatma Gandhi.

Chico Mendes: um ambientalista? 
A promoção desta “metamorfose” ocorreu logo após o assassinato de Chico, momento em que esses atores que haviam se aproximado do movimento dos seringueiros, especialmente Mary Allegretti, intencionalmente buscaram dissociá-lo das lutas sindical e pela reforma agrária. A partir das relações que estabeleceu enquanto atuava como “apoiadora” dos povos da floresta nos anos 1980, a antropóloga construiu na década seguinte uma carreira como consultora de projetos para a Amazônia financiados por instituições e agências internacionais. Figura dos bastidores do movimento ambientalista, Allegretti foi elemento importante nas negociações para implantação do PPG7 (Programa Piloto do G7 para proteção das florestas tropicais do Brasil, gerido pelo Banco Mundial, que orientou várias políticas do Ministério do Meio Ambiente). Entre outras coisas, contribuiu para a articulação do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), um grupo de ONGs e movimentos da Amazônia que deveria acompanhar as discussões e negociações dos projetos do PPG7 (essa articulação de ONGs, criada em 1993, teve Fábio Vaz de Lima, marido de Marina Silva, como seu secretário-executivo entre 1996 e 1999).

Essa imagem de um Chico Mendes “ambientalista” também foi habilmente apropriada ao longo dos anos 1990 pela Frente Popular no Acre (PT e partidos aliados), assim como por Marina Silva. (Especialmente quando foi eleita para o Senado, ela assumiu nacionalmente a identidade de ecologista e “seringueira”, embora já vivesse há vinte anos na cidade de Rio Branco). Depois do assassinato de Chico, além de adotar o discurso da sustentabilidade, os grupos que então eram considerados as organizações de esquerda do Acre fizeram uma aliança fundamental para suas conquistas políticas posteriores: tornaram Jorge Viana, jovem herdeiro de uma tradição política familiar associada à ditadura militar, a principal liderança do PT no estado. Candidato a governador em 1990, quando levou a disputa ao segundo turno, foi eleito prefeito de Rio Branco em 1992. Nessa época era ainda comumente reconhecido como “filho do Wildy” (Wildy Vianna das Neves foi deputado estadual pela ARENA entre 1967 e 1979, e deputado federal entre 1979 e 1987. Seu cunhado, Joaquim Falcão Macedo, tio de Jorge, foi governador do estado entre 1979 e 1983, indicado pelo general Ernesto Geisel).

O desempenho eleitoral de Jorge Viana conseguiu ajudar a eleger Marina ao Senado em 1994, o que o faz figurar como um elemento de destaque em sua rede de relações políticas. Em pronunciamento de 1998, quando comemorava a chegada da Frente Popular ao governo do Acre (uma aliança entre 12 partidos, entre eles o PSDB), assim como a eleição de Tião Viana, irmão de Jorge, para o Senado, Marina demonstrou sua admiração pela capacidade de articulação do novo governador: “Carismático, convincente e seguro, ele foi capaz de buscar aliados e apoiadores até mesmo em setores historicamente hostis à esquerda e ao Partido dos Trabalhadores” (1).

Em 2001, o material de divulgação elaborado pelo gabinete da senadora comemorava as realizações dos primeiros anos de governo de Jorge Viana (no qual seu marido, Fábio Vaz, possuía cargo estratégico), destacando que: “Foi-se o tempo em que a ‘turma do Chico Mendes’ e empresários – principalmente madeireiros – eram como água e óleo. As coisas amadureceram nos últimos 15 anos, o mundo girou, o Acre está mudando, a ‘turma do Chico’ chegou ao poder e pôde concretizar suas ideias. Aplacaram-se radicalismos. Viu-se que é possível negociar diferentes interesses com ética e conhecimento técnico. (…) Por incrível que pareça, há madeireiros, pecuaristas e petistas sentados à mesma mesa.” (2). Com esse tipo de declaração, Marina Silva ajudou a legitimar – utilizando levianamente o nome de Chico Mendes – um governo que conseguiu agradar tanto parte da antiga esquerda quanto a direita acriana, não tendo representado nenhuma ruptura significativa com a ordem política anterior.

Ministério do Meio Ambiente 

Defendendo essa atuação da Frente Popular, Marina foi reeleita senadora em 2002 (quando Jorge Viana foi reeleito governador) e, em 2003, assumiu o Ministério do Meio Ambiente do governo Lula. Nesse período passam a se destacar em sua rede outros atores, que já vinham atuando no Acre e se relacionavam com Marina em seu mandato anterior no Senado. Assim, esse momento não marca o início, mas a consolidação de um projeto, o fortalecimento de uma proposta específica de desenvolvimento para a Amazônia, defendido por esses indivíduos e organizações desde o início da década de 1990.

O principal pressuposto dessa abordagem é o de que a floresta precisa ter um valor econômico para ser preservada e incentivos financeiros devem ser criados para que os indivíduos se abstenham de destrui-la. Propõe-se uma “economia verde”, em que as forças de mercado (com suas “falhas” devidamente corrigidas) proporcionem um uso sustentável dos recursos naturais. Trata-se de uma clara ofensiva do capitalismo neoliberal sobre a Amazônia. E essa é a lógica de fundo dos projetos do PPG7 (mencionado anteriormente), que definiram as principais políticas para a região nos últimos vinte anos, numa atuação integrada entre financiadores internacionais (Banco Mundial, USAID e agências europeias de “auxílio ao desenvolvimento”) e ONGs. Estes agentes trabalharam em “parceria” com o governo da Frente Popular no Acre (mas também em outros estados da Amazônia Legal) e com o Ministério do Meio Ambiente, antes mesmo da gestão de Marina Silva. Afinal, Mary Allegretti já era Secretária de Coordenação da Amazônia no MMA no governo FHC, durante a gestão de Sarney Filho.

Marina deu continuidade a esse trabalho, em conjunto com sua equipe. Nela destacam-se ao menos três pessoas, que ainda hoje possuem função estratégica na rede de Marina: os engenheiros florestais Carlos Antônio Vicente e Tasso Azevedo e o biólogo João Paulo Capobianco. O primeiro foi Secretário de Florestas e Extrativismo do estado do Acre, no governo de Jorge Viana, cargo que tinha importância central na proposta de desenvolvimento sustentável da Frente Popular: a promoção do manejo madeireiro nas florestas acrianas. No MMA foi, primeiramente, diretor do Programa Nacional de Florestas (cargo que depois veio a ser assumido por Tasso Azevedo) e passou a ser assessor direto da ministra. Quando Marina voltou ao Senado, Carlos Vicente a acompanhou como assessor parlamentar. Foi exonerado do cargo em 2010 para se dedicar à campanha eleitoral de Marina, pelo PV. Ao fim do mandato da senadora, foi destacado para trabalhar na criação do Instituto Marina Silva.

Tasso Azevedo, antes de entrar no MMA, era diretor executivo do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA), trabalhando com a atribuição de um “selo verde” (o FSC) aos produtos provenientes do manejo florestal. Como Diretor do Programa Nacional de Florestas, fez parte da equipe que conseguiu fazer com que o Congresso aprovasse, em poucos meses, a polêmica Lei de Gestão de Florestas Públicas, que autoriza a sua concessão para exploração pelo setor privado e cria o Serviço Florestal Brasileiro, do qual Tasso Azevedo foi o primeiro Diretor Geral (3). Tanto Carlos Vicente quanto Tasso Azevedo possuem relação com a ONG IMAZON (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), uma das principais promotoras do manejo madeireiro na Amazônia (incluindo o Acre), que defendeu a aprovação da referida lei.

O terceiro elemento importante na equipe de Marina no Ministério do Meio Ambiente é João Paulo Capobianco, que foi Secretário de Biodiversidade e Florestas e, ao final, Secretário Executivo do MMA. Capobianco é tido como um dos “mentores” da divisão do IBAMA, que levou à criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), órgão do qual ele foi o primeiro presidente. Servidores do IBAMA chegaram a acusar Marina e Capobianco de promoverem o sucateamento da fiscalização ambiental no Brasil. Quem acompanha a atuação do ICMBIO na Amazônia pode dar razão a essas denúncias.

Atualmente, Capobianco preside a ONG Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), da qual também fazem parte Marina, Maria Alice Setúbal, Guilherme Leal e Ricardo Young. Foi o coordenador da campanha de Marina à presidência em 2010. Faz parte do conselho consultivo do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e é membro do conselho de administração da Bolsa de Valores Sociais (Bovespa Social). É também pesquisador associado do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), uma das principais ONGs responsáveis pela defesa da criação de sistemas de venda de serviços ambientais na Amazônia (como exemplo, o mercado de créditos de carbono por desmatamento evitado, conhecido pela sigla REDD).

O vice-presidente do conselho deliberativo do IPAM é Steve Schwartzman, aquele que, junto com Mary Allegretti, levou Chico Mendes aos Estados Unidos. Schwartzman segue atuando no Environmental Defense Fund (EDF), onde trabalha com o tema das florestas tropicais “e incentivos econômicos para proteção florestal em larga escala”. E também Marina Silva, desde 2011, faz parte do Conselho Consultivo do IPAM. Essa ONG, contudo, já estava integrada à sua rede enquanto era ministra de Meio Ambiente, tendo ela participado de debates organizados pelo IPAM nas reuniões da ONU sobre o clima. A parceria com a organização é fundamental também para o estado do Acre, que aprovou em 2010 uma legislação pioneira para promover a venda de serviços ambientais, quando Binho Marques, amigo de Marina desde os tempos da faculdade de História, era governador. Ainda mais interessante é observar que, enquanto Marina participava dessas conferências da ONU como ministra, Binho participava como representante do Acre e era acompanhado por Fábio Vaz de Lima, coordenador da área de desenvolvimento sustentável do governo estadual depois de ter deixado o cargo de assessor parlamentar do senador Sibá Machado.

capitalismo verde
Nesse período o governo do Acre não só criou uma legislação extremamente avançada para a comercialização de “serviços ambientais”, como ainda estabeleceu um importante acordo para a venda de créditos de carbono com o governo da Califórnia, nos EUA. Neste processo, Fábio Vaz também é uma figura fundamental, do mesmo modo que Steve Schwartzman, já que sua ONG americana, o EDF, aparece nas negociações como “representante da sociedade civil”. Tendo permanecido no governo de Tião Viana como secretário adjunto da SEDENS (Secretaria de Estado, de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis), atualmente o marido de Marina é o principal responsável pela estruturação da agência criada para promover a venda de créditos de carbono no Acre. Observando a trajetória política de Fábio Vaz é possível perceber que sua atuação, realizada nos bastidores, sempre foi estratégica para o governo da Frente Popular do Acre, mesmo depois do afastamento de Marina Silva do PT.

Assim, embora a ex-senadora acriana possa buscar dissociar sua imagem da herança deixada ao Acre pelos governos de Jorge e Tião Viana e Binho Marques – especialmente em um momento no qual a Frente Popular e sua proposta de desenvolvimento sustentável passam por um grande desgaste –, a rede de relações que os aproxima demonstra a artificialidade dessa tentativa. É bastante estranho que Marina venha anunciar que seu partido em construção optará por um novo tipo de política quando laços tão fortes a unem à velha forma oligárquica de governar.

As críticas que Marina tem feito a Jorge Viana, pelo fato de este ter sido relator no Senado da proposta de alteração do Código Florestal e não ter atendido as solicitações dos ambientalistas, não parecem tão duras. E, se olharmos com calma, a “turma de Marina” acabou sendo beneficiada por alguns dos dispositivos da nova lei. Pouca gente percebeu a aprovação do que Gerson Teixeira, presidente da ABRA (Associação Brasileira de Reforma Agrária), chama de “armadilha fundiária e territorial contida no Novo Código Florestal”, resultado da articulação entre setores ambientalistas – esses da rede de Marina – e o capital financeiro, “com reverência da bancada ruralista” (4) .

Teixeira se refere ao regramento constituído pela lei para amparar e promover o mercado de pagamento por serviços ambientais (PSA), utilizando como principal moeda a chamada “Cota de Reserva Ambiental” (CRA), destinada a “compensar passivos” (áreas desmatadas irregularmente) até julho de 2008. Dito de outra forma, os proprietários de terras com “excedentes” de Reserva Legal estão autorizados a comercializá-los em Bolsa. E os que não possuem área de Reserva Legal suficiente podem recuperá-la através de plantio e regeneração ou adquirir as CRAs no mercado. Além desse esquema, o Código Florestal também prevê a possibilidade de remuneração dos proprietários pela manutenção das APPs (Áreas de Preservação Permanente), das áreas de Reserva Legal e as de uso restrito, que poderá ser feita pelo mercado nacional e internacional de redução de emissões de carbono. Como afirma Teixeira, essa nova legislação, além de ser “mais um golpe contra a reforma agrária no Brasil”, pode transformar o “patrimônio natural do país em alternativa especulativa para o capital financeiro”.

Pensando de forma distinta, os representantes do IPAM (ONG que tem Marina Silva como associada honorária), no documento que elaboraram com “contribuições para o debate” no Senado, intitulado “Reforma do Código Florestal: qual o caminho para o consenso?”, defendem a adoção desses mecanismos de incentivos econômicos como forma de “recompensar aqueles que buscam a conservação florestal”. E outros parceiros de Marina devem também ter ficado satisfeitos com a criação desses instrumentos de “incentivo positivo”. É o caso, por exemplo, do empresário Guilherme Leal (da Natura Cosméticos, seu vice na chapa da candidatura à presidência em 2010), que é membro do Conselho da Biofílica Investimentos Ambientais, a “primeira empresa brasileira focada na gestão e conservação de florestas na Amazônia a partir da comercialização dos serviços ambientais”. No mesmo Conselho encontram-se figuras como Haakon Lorentzen (presidente do Grupo Lorentzen, fundador da Aracruz Celulose, acionista controlador da Cia de Navegação Norsul, a maior empresa privada brasileira de transporte marítimo) e José Roberto Marinho (vice-presidente das Organizações Globo e presidente da Fundação Roberto Marinho). A Biofílica já trabalha (segundo seu site na internet) na área de compensação de reserva legal criada pelo Novo Código Florestal, realizando a “formatação e transação de instrumentos de compensação de modo a solucionar o passivo de proprietários rurais”.

Para fomentar o mercado de Cotas de Reserva Ambiental (CRAs), o país já conta com uma “bolsa de valores ambientais”. Criada em dezembro de 2012 para a negociação de contratos ligados ao meio ambiente, a BV Rio é uma ONG que tem em seu Conselho Consultivo a participação dos governos estadual e municipal do Rio de Janeiro. Em sua plataforma de negociação de ativos ambientais, a BVTrade, já estão sendo negociadas as “moedas verdes” do Código Florestal (as CRAs), através de contratos de desenvolvimento e entrega futura, tendo em vista o fato de que a lei ainda necessita de algumas regulamentações. Os criadores da BVRio, os irmão Maurício e Pedro Moura Costa, sócios da empresa E2 Sócio Ambiental, estimam que o “mercado de devedores ambientais pode gerar negócios de R$ 100 bilhões e R$ 500 bilhões, dependendo do custo médio das transações” (5).

Pedro Moura Costa, presidente executivo da BV Rio, tem em seu currículo o desenvolvimento do primeiro projeto de certificação de crédito de carbono do mundo, na Ásia. Em 1997 fundou sua antiga empresa, a EcoSecurities, que se tornou líder mundial na venda desses créditos e foi comprada pelo banco de investimentos JP Morgan em 2009. Além da BVRIO, a E2, nova empresa de Pedro Costa, está desenvolvendo um programa de pagamentos por serviços ambientais no município de Paragominas, no Pará, em parceria com o IMAZON (aquela ONG da qual fazem parte Carlos Vicente e Tasso Azevedo, como relatado anteriormente, e também o próprio Pedro Moura Costa).

A E2 ainda integra uma “plataforma de investimentos para a região amazônica” denominada Guardiãm, “fundada por um grupo de profissionais que incluem investidores, empresários, executivos e líderes na causa amazônica”, entre os quais se pode destacar Caio Túlio Costa (co-fundador do UOL, secretário de redação e ombudsman da Folha de São Paulo), Henri Philippe Reichstul (que foi presidente da Petrobrás) e dois dos principais integrantes da rede de Marina Silva: Tasso Azevedo e João Paulo Capobianco. Ao que tudo indica, as pessoas desse grupo não apenas conhecem como poucos o caminho para um lobby eficiente no Congresso Nacional e nas Assembléias Estaduais, conseguindo fazer aprovar legislações favoráveis a seus interesses. Eles parecem possuir também a capacidade “admirável” de aproveitar ao máximo as possibilidades criadas por essa estrutura jurídico-institucional que ajudaram a construir.

As possibilidades de negócios criadas pelos novos mercados de ativos ambientais também têm chamado a atenção do agronegócio, que identifica as vantagens financeiras de adotar essa “fachada verde” proporcionada por iniciativas como a da BVRio. É o que vem deixando claro a própria porta-voz dos ruralistas, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Outro “prócer” do agronegócio, o senador Blairo Maggi, já tinha aderido à defesa do mercado de carbono em 2009, quando ONGs que trabalham em conjunto com o IPAM na divulgação desse mecanismo na Amazônia lhe apresentaram as vantagens econômicas que ele poderia trazer aos latifundiários do Mato Grosso. Talvez um dos maiores expoentes do “agronegócio verde” no Brasil, em 2011 o Grupo Maggi fez sua primeira venda de “soja responsável” (um lote de 85 mil toneladas), com o “selo verde” atribuído pela WWF (num programa de “certificação ambiental” realizado em parceria com Bunge, Cargill, Monsanto, Nestlé, Shell, Syngenta, Unilever, etc) (6).

É possível que Marina Silva ainda não tenha integrado Kátia Abreu e Blairo Maggi diretamente a sua rede, mas a WWF, ONG certificadora de soja e cana-de-açúcar, está nela há bastante tempo. Em 2008, Marina recebeu do Príncipe Philip da Inglaterra (o marido da Rainha), a Medalha Duque de Edimburgo de Conservação, o prêmio mais importante concedido por essa organização internacional. Em 2012, foi a vez da ONG receber um certificado de reconhecimento do governo da Frente Popular do Acre, “entregue a personalidades e instituições que auxiliaram na construção da história local”, na data em que se celebrou o aniversário de 50 anos do estado (7).

A rede de Marina é mais complexa do que pode parecer à primeira vista. É menos sustentável do que quer fazer crer o “ambientalismo de mercado” promovido por seus integrantes. Está mais envolvida com as transações políticas tradicionais do que quer deixar transparecer a ex-senadora acriana, com seu discurso em defesa da ética e da novidade. A criação de seu partido, apresentada como a busca pela realização de novos sonhos, não pode apagar o fato de que a ascensão política de Marina e a projeção internacional de seu nome ocorreram à custa de sonhos e projetos de outras pessoas, os quais foram sendo destruídos nesse caminho. Essa profunda transfiguração faz com que Chico Mendes, aquele que apareceu no início dessa história, não tenha mais lugar na rede de Marina, a despeito das tentativas cínicas de associação de seu nome às “soluções” do capital para a crise ecológica, já que o líder seringueiro lutou contra esse sistema até o fim de sua vida. Marina encontrou outro rumo, outra “turma”, só não percebe quem não quer enxergar.

Notas

(1)Pronunciamento no Senado Federal, em 15/10/1998. Disponível em:
http://www.senado.gov.br/atividade/pronunciamento/detTexto.asp?t=232864

(2)Revista da Marina. Publicação do Gabinete da Senadora Marina Silva, 2001.

(3) No período em que o tema foi debatido no Congresso, Fábio Vaz de Lima, marido de Marina, era assessor parlamentar de Sibá Machado, suplente de Marina no Senado.

(4) “Novo código florestal na estrutura agrária brasileira”. Análise de Gerson Teixeira, jornal Brasil de Fato, edição de 28/09/2012. Disponível em: http://www.brasildefato.com.br/node/10733.

(5) “Eles negociam florestas”, reportagem da Revista Época, edição de 10 de dezembro de 2012, p. 102.

(6) “Grupo Maggi inicia venda de soja com selo verde”. Jornal Valor Econômico, 16/06/2011. Disponível em: 
http://www.grupoandremaggi.com.br/wp-content/uploads/2012/06/rtrs1.pdf

(7) Fábio Vaz Lima, marido de Marina, esclarece a importância da WWF para o Acre nesse vídeo, em que apresenta um projeto feito pela ONG em parceria com a SKY Reino Unido:http://www.youtube.com/watch?v=6qQZ0pdZHaQ (Visualização) .

Sítios eletrônicos das ONGs e outras instituições citadas:

IPAM (Instituto de Pesquisas da Amazônia) – www.ipam.org.br
Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) – www.imazon.org.br
IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade) – www.idsbrasil.net
EDF (Environmental Defense Fund) – www.edf.org
Biofílica Investimentos Ambientais – www.biofilica.com.br
Guardiãm – www.guardiam.com
BV RIO (Bolsa Verde do Rio de Janeiro) – www.bvrio.org

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

24 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O que me parece mais

    O que me parece mais interessante deste artigo é que toda a trajetória da Marina descrita com detalhes, e quase sempre partido da interpretação de que tudo o que a movia era a ânsia de poder, não apenas faz parte da trajetória do PT que está no poder hoje como também reproduz a própria trajetória do PT, de Lula e de Dilma, aliando-se aos representantes da ARENA e ao capital para chegar ao poder e governar. O artigo afirma que Chico Mendes, fundador do PT do Acre, é traído por Marina, que hoje não o representa. O que dizer do PT governista atual? Será que o representaria? Ou será que prefere renegar sua história? É uma ginástica curiosa que os favoráveis ao governo atual (que tem tantos méritos, aliás) procurem desacreditar a Marina atacando-a pela esquerda. Quase prevê que Kátia Abreu vá se aliar a ela, parecendo se esquecer que a dita está confortável na base governista. E o mais interessante de tudo é a interpretação à frase “a floresta precisa ter um valor econômico para ser preservada e incentivos financeiros devem ser criados para que os indivíduos se abstenham de destrui-la.” Pode-se obviamente discordar desta afirmação. O que nunca vi, em tempo algum, foi quem conseguisse apresentar uma alternativa a ela que não se resumisse a proibir o desmatamento e pronto, e efetivamente detivesse a devastação. Aliás, esta frase é exatamente o que o governo atual diz que tenta fazer – a diferença é que não faz. Entendo que há quem ache que o confronto resolve tudo, inclusive em política. Mas realmente, quando o autor de um artigo prefere colocar entre aspas o pacifismo de Mahatma Gandhi, acho que não sobra muito a dizer.

    1. Gão

        Então , se a marina é tão ruim quanto o PT, porque saiu do PT ? ou marina e o  PT não são a mesma coisa ? pelo menos o autor do texto se decidiu embora até se mostre crítico ao PT em vários momentos ao contrário do que pretende demonstrar esse comentário.

        O PT do acre já foi assunto muito debatido aqui, reduzir o governo federal e o PT nacional à uma situação local, com a qual o texto foi justo diga-se de passagem,  é forçar muito a barra, pra começar porque os Viana estão no topo do poder no estado o que não acontece com os consevadores agregados das alianças em nível nacional,  o comentarista perdeu uma ótima oportunidade de refutar os argumentos do texto , se é que discorda,  quanto a Gandhi é sempre bom falar, o homem que “conseguiu a independência da Índia”, depois de morto, talvez em espírito já que era um santo homem, um fenômeno e tanto, o comentário também me parece confuso com relação ao pacifismo e confronto, qual é melhor, quem buscou o confronto, Marina ou o PT ?

  2. Pra comecar, esses tais

    Pra comecar, esses tais “creditos de carbono” sao LITERALMENTE dinheiro feito da mais pura fumaca!

    Pra segundar, eu nem sabia que o ACRE esta tao enfiado assim esse “comercio”.  Nao eh surpresa nenhuma agora mas se eu tivesse sabido a tempo eu teria avisado que a populacao acreana estava prontinha pra um esquema de piramide -e quem nao sabe que o Acre foi uma das maiores vitimas do TelexFree?

    Pra terceirar…  Nao, cansei.

  3. Orra, belo artigo para

    Orra, belo artigo para discussão.

    Não fico nem um pouco impressionado se isto tudo for verdade, mas também não tenho subsídios para discutir a fundo. Seria bom se alguém tão bem informado sobre Marina também comentasse aqui.

    Só que, convenhamos, é uma mini-biografia não autorizada.

    Os que apóiam Chico Buarque na sua cruzada, acham ou não acham que este artigo deveria ser publicado?

  4. DISSIMULADA

    A ser verdadeiro o que foi narrado neste post, a Marina Silva é muito mais que dissimulada: é mentirosa, enganadora, traidorada do ideal de Chico Mendes. 

    Aliás, de quem tem um marido como o dela, metido até o pescoço nas maracutaias do marido da Roseana Sarney, nada se pode esperar de honesto. 

    A mulher está metida até com filhos do roberto marinho em negócios espúrios.

    Crédito carbono! Vigarismo puro.

  5. Marina veste o xale que convêm.

    Inclusive eu penso que até sua mudança para uma religião neo pentecostal deve ter algum motivo (eleitoral) escondido.

  6. Factóides

    Recrimina-se tanto, aqui no blog, a publicação de factoides por parte da grande imprensa, mas o texto acima não passa de um grande factoide. Primeiramente, não aponta exatamente onde e porque a Marina traiu o Chico Mendes. Dizer que um seringueiro como Chico Mendes tinha uma sólida formação teórica marxista e que sua luta era profundamente anticapitalista soa risível. Nunca soube que o propósito do Chico era organizar a classe trabalhadora e disseminar uma revolução para acabar com o sistema capitalista a partir da organização dos seringueiros do Acre. Pelo contrário, sua estratégia de “empate” era pacífica, nada revolucionária e restrita aos seringais e à floresta. Assim, o argumento de que a Marina “traiu” Chico Mendes me lembra o argumento usado por Dado Dolabela para desmoralizar João Gordo, de que este “traiu o movimento punk”, beira, portanto, a infantilidade. Não vi, sinceramente, no artigo, nenhum fato que desmereça a carreira política e a pessoa da Marina da Silva. Pode-se acusá-la de tudo, de ser intelectualmente fútil e vazia, de ser uma obscurantista por conta do seu apego religioso, de ser purista em relação ao meio ambiente e de ser politicamente ambiciosa, mas não de ser corrupta ou inescrupulosa. Pode-se admitir todas essas visões sobre Marina, mas pode-se contestá-las também. Uma questão que parece muito presente no atual desmonte ideológico de Marina é que está sendo cultivado contra ela o mesmo tipo de preconceito que muito foi usado contra o Lula pela elite pátria: o Lula não tem diploma de nível superior, logo, é analfabeto, logo, não serve para governar. No caso da Marina, ela é intelectualmente vazia, manipula conceitos vazios, logo, isso faz dela também uma incapacitada para governar. E sabemos que nem num caso nem noutro estas visões estão corretas. A Marina tem uma larga experiência como líder ambientalista, respira ambientalismo desde há décadas, sempre esteve muito bem assessorada nessa área e sempre lutou por esta causa. Para quem não vive a causa, não participa dos debates acadêmicos, não está em fóruns, palestras, seminários, não se informa mais sistematicamente e rigorosamente sobre o tema, de fato, o ambientalismo parece um assunto vazio e estranho. E, de fato, aqui no Brasil, o ambientalismo ainda é um assunto estranho e vazio para a maioria das pessoas. Mas o que a Marina propõe não é uma ilusão. Sua concepção ambientalista não é utópica, ela é bastante pragmática, viável, possível se a nossa sociedade se pensasse de modo mais civilizado. Aliás, todas as teorias e técnicas ambientalistas são viáveis aqui e no mundo, e em muitos lugares do mundo são estas teorias e técnicas que estão mudando o cenário de áreas, cidades e regiões degradadas pelas atividades antrópicas, além de garantir retornos sociais incalculáveis. A Marina está muito bem sintonizada com este debate e com as diversas experiências de sucesso. O problema é que nós nos acostumamos a nos pensar na dimensão da selvageria capitalista, não admitimos como viável outro sonho e projeto de sociedade que, mesmo viável empírica e historicamente, mude certas dinâmicas do nosso modelo econômico hiperpredatório social e ambientalmente. Por isso, o discurso vazio de que o que a Marina propõe é vazio. O discurso da Marina também faz sentido em termos culturais e antropológicos, dado o fato de ela ser filha de uma região onde o ambientalismo é quase uma herança genética. O ambientalismo, na Amazônia, está no espaço urbano e rural, está na cultura, no traço étnico do seu povo, nas tradições, nos mitos, nas lendas, na música, na religião, na vida cotidiana… Não se pode, pois, dizer que existe má fé na postura ambientalista de Marina: ela acredita nisso como um legítimo filho da Amazônia também acredita. É ótimo para o Brasil que do meio da floresta tenha surgido uma liderança ambiental, que se esforçou por desenvolver uma filosofia e um projeto de desenvolvimento e civilizatório para o seu país baseado em convicções e conhecimentos ambientais. Isso é uma contribuição para o país, para a sua sociedade, sua cultura e sua economia, e não o contrário. O projeto da Marina não pode ser, simplesmente, descartado, muitos dos seus postulados são, exatamente, aquilo de que o país está realmente precisando para seguir um rumo de desenvolvimento coeso, forte e consistente. Outrossim, dizer que Marina é politicamente ambiciosa é mero pleonasmo político, se me permitem a expressão. Todo líder político é politicamente ambicioso, aliás, isso é o que faz de um líder político um líder político e de qualquer líder um líder. Fato elementar da natureza humana, presente em toda pessoa, em doses mais ou menos elevadas, a ambição não é algo negativo quando não compactua com a inescrupulosidade deletéria. Pode-se chamar muitas das atitudes de Marina de pragmáticas, de tradicionais, mas não de inescrupulosas. Como qualquer liderança política, ela quer o poder, quer estar no poder e quer se manter no poder. Ela pode ter usado de estratégias tradicionais da política para se manter em evidência no jogo político pátrio, mas a novidade que ela apresenta são as ideias e o projeto que defende. Depois, o seu debate que ela trava é em torno das ideias que ela acredita, do projeto que ela com sua equipe desenvolveram para o país e este debate é sempre em clima de respeito contra seus adversários, mesmo contra o PT e a Dilma que hoje ela aponta como adversários. Normal que ela aponte erros do PT e de Dilma, é o que se espera de uma oposição responsável e programática. Em nenhum momento, ela ataca a capacidade de Dilma ou de Lula, não baixa o nível de suas entrevistas e debates (como o Serra, seus comparsas e semelhantes do PSDB, DEM e PPS), não parte para ofensas pessoais e não inventa dossiês para tirar proveitos políticos. Por tudo isso, a Marina é um avanço político para o Brasil, ela é o tipo de oposição que o Brasil precisa, neste momento, para se aperfeiçoar institucional, ideológica e politicamente. Mesmo que não votemos nela, precisamos tratá-la, no mínimo, de modo respeitoso, e dizer que ela é bem vinda, porque vem somar no jogo político nacional com propostas, ideias e valores civilizatórios que há muito não fazem parte do cardápio político dos partidos conservadores.

    1. Pragmática ?

          Interessante essa admissão repentina do pragmatismo, isso era tudo o que a Marina atacava, mas agora vale, vai entender! ou é só programático ? tá bom.

         O analfabetismo do lula é lembrado a toda hora pela própria marina, agora ela assumiu o velho discurso direitista contra o lula, fala a toda hora que foi estudar mas esquece que a adversária é  Dilma, que cursou economia(e se não me engano tem mestrado e doutorado), mais uma vez quem vem com esse papo é a marina , não seus opositores, e nada mais natural que querer desmascará-la já que ela usa isso somente para impressionar os impressionáveis com palavras “difíceis” mas conteúdo sim vazio, e de propósito, como ensina o mestre FHC na sua arte de encher linguiça com caviar, mas o lula com seu “populês” sem firulas fala bem mais que a Marina com a mesma quantidade de palavras.

           O Brasil é simplesmente o país com maior preocupação ambiental no planeta por parte de sua população, pesquisas sobre isso foram amplamente divulgadas, portanto o velho viralatismo que convém a turma da Marina não cola mais.

           O político que coloca ambições pessoais acima dos interesses coletivos não merece nenhum cargo público, bem fez o Lula ao não querer voltar à presidência, até políticos conhecidos por sua ambição como Ciro Gomes conseguem enteder que o principal é o rumo que se dá ao país e não quem está no leme, Marina Silva e Eduardo Campos simplesmente não conseguem explicar quais suas diferenças para com o governo federal, e pelo jeito seus seguidores muito menos.

          Por fim, Marina Silva incorporou o Serra na reta final das últimas eleições passando a repetir seu repertório contra Dilma nos debates sem o menor pudor, hoje acusa internautas de serem pagos pelo PT e fala em derrotar o chavismo, o mesmo discurso radical da direita.

  7. Cândido! Pois sim “VÁLBER”…

    Das três uma, ou duas, jamais as três! Ou senhor Váber não sabe ler (1), ou lê e não entende (2), ou lê e, entendendo bem, precisa confirmar suas “convicções” apelando para a “ingenuidade”…

    Essa história de créditos de carbono é uma enorme falcatrua, parece aquela história de quando se podia fumar em aviões, havia poltronas de fumantes e de não fumantes, como se o ambiente e o ar condicionado não fossem únicos. A mesma coisa as mesas para fumantes em restaurantes. Acabaram por proibir o fumo e pronto!

    Dá para imaginar os bons propósitos de uma iniciativa que propõe que os poluidores comprem $$$ o direito de continuar poluindo dos que, atrasados, não poluem tanto? Isso é piada e das de péssimo gosto.

    O MP deveria dar uma olhadinha nessa proliferação de ONG no país! Tem muito caroço nesse angu senhores promotores e procuradores federais!!!

     

  8. A causa ambiental não se coaduna com manipulações midiáticas.

    A WWF junta à Monsanto e à Bayer? Acabou-se a credibilidade de Organização Ambientalista. Como pode plantio de soja e cana-de-açúcar com certificação de ecologicamente corretos? São absolutamente incompatíveis: reduzem a biodiversidade, possivelmente há transgênicos(Monsanto), além dos “defensivos” que o plantio “necessita” e as empresas vendem. Todavia, em relação aos créditos de carbono compõem um nicho misterioso e muito limitado. Parece mais coisa pra inglês ver, jogada de marketing, puro midiatismo. Mas, se fosse verdadeiramente posto em prática, seria uma grande contribução para a causa ambiental. A qual não pode de forma alguma se escusar de enfrentar o problema do crescimento demográfico com ações concretas para reduzí-lo, bem como do consumismo desenfreado – redundância enfatizadora.

  9. Caramba, velho!!!
    Tem algo ou

    Caramba, velho!!!

    Tem algo ou tudo errado nessa história contada aí. 

    Parece aquele clima de maniqueismo que insurge nas prévias da tal luta pelo poder.

    O principal problema da análise é que não faz conexão sustentável entre os argumentos e os fatos, suficente para a conclusão de que Marina, com a sua formação pessoal, vínculos inquestionáveis com a formação do conceito de ambientalismo que aproximou gentes e a natureza, agora seja também progenitora do ambientalismo do lucro para gente que não sabe nada da natureza.

    Só faz sentido, dentro de uma lógica de guerra eleitoral (aliás a mesma que foi utilizada pelos coronéis do PT para escurraçar a Marina do partido (um erro histórico – e disso eu entendo desde 1983) que Marina tenha perdido o bom senso e se aliado ao PSB, à meia noite, longe e à revelia da esperança e vontade de tanta gente embaraçada na tal rede, e que até hoje essa gente não sabe o que aconteceu.

    Não pode ser verdade para quem tomou um coice do Maggi, o rei da soja, em plena Alta-Floresta, ainda quando ministra, sob risos da platéia que ouvia o tal rei dizer que ambientalismo é coisa de catadores de coquinhos, frente aos resultados econômicos da soja que trazia a redenção do superavit na balança comercial do País.

    Não pode ser verdade o que é dito sobre Schwartzmann e Azevedo, pois sou testemunho ocular durante 30 anos sobre o que significou a luta destes sujeitos pela defesa das florestas em terras indígenas e contra a grilagem praticada no por deputados, agropecuaristas e servidores públicos no Xingu e na Serra do Cachimbo, e a proposta de criar no Brasil as bases da certificação florestal do FSC nesta terra.

    Ou está todo mundo louco???

     

  10. Marina

    Obrigada, Pedro, pela bela costura de fats que já conheciamos dos bastidores, muitos dos quais a imprensa desconhece, mas que estavam ai, desde a morte do Chico. Hoje, ao ver a última foto dele, junto às obras do sindicato no seringal, lembro da sua capacidade de luta, honesidade, coragem, determinação. E de como ficou sozinho naquela derradeira volta pára casa após a viagem ao Rio. E logo essa imagem tão generosa é embaçada pela nuvem do obscurantismo e oportunismo que hoje ameaça as nossas vidas. Grata, vou guardar o texto para reler daqui uins anos.

  11. Marina Silva traiu a causa operária do sindicalista da floresta?

    Este artigo pretende que Marina Silva traiu a causa operária do sindicalista anticapitalista da floresta Chico Mendes????

    Ora, trata-se da luta pelo empoderamento dos povos que vivem do extrativismo e o reconhecimento de que a defesa desse modo de produção é a defesa de um modo de vida, de uma cultura em relação antes simbiótica com, do que predadora do, ambiente em que vive o seu dia a dia. Essa luta é mais que um mero sindicalismo, é também  um ambientalismo ou mesmo primeiramente um ambientalismo, pois o “sindicalista da floresta” depende da preservação da floresta para que seu modo de produção possa se perpetuar.
    Dizer que o regramento para a  presença do mercado na floresta é vender a floresta ao capital privado é tão descabido quanto pretender que as empreiteiras que estão em Altamira estão trazendo desenvolvimento e emprego para a Amazônia.

    P { margin-bottom: 0.21cm; }P.western { }A:link { }

    Cobrar um purismo ideológico de Marina Silva conforme o esteriótipo inventado por seus opositores é ser ingênuo em relação à luta de classes da qual emergiu como figura política.

    O que está em jogo é um modelo de desenvolvimento que não nega que o cotidiano de todos os brasileiros é direta ou diretamente influenciado pelo mercado. E que luta “anticapitalista” por reconhecimento é essa se o seringueiro, o castanheiro, etc.  quer estabelecer uma relação de troca justa com quem consome os produtos da floresta?

    Este artigo é mais uma dessas peças retoricas que buscam capitalizar ressentimento contra os “traidores da causa” petista…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador