Moro, a classe média tradicional e a Magistratura brasileira, por Alexandre Tambelli

Por Alexandre Tambelli

Sérgio Moro é filho da classe média tradicional.

A realidade brasileira do Judiciário esbarra na própria Educação que os magistrados receberam em casa e na escola e até no curso de Direito.

Como classe média tradicional paulistana sei que a minha Educação (da minha classe social, não da minha família em específico) é via ensino meritocrático, baseado o ensino na ideia do vestibular que gera a boa faculdade numa carreira rentável e que me vai levar ao sucesso profissional, o que me propiciará comprar coisas de valor e angariar status social; nenhuma valorização do social, do pensar coletivo somos levados a ter.

Neste mundinho reproduzido em larga escala no meu convívio social as pessoas sempre tiveram alguns hábitos ligados à informação sobre o cotidiano do Brasil e do Mundo: ler/assinar a Revista Veja, depois veio a mania da Folha por causa das enciclopédias, dicionários, CDs e etc. no domingão e assistir diariamente o Jornal Nacional.

A realidade da classe média tradicional é personalista e seu contato com o mundo externo é via velha mídia: Rede Globo, Veja, Folha e Estadão (“os quatrocentões”) + Globonews e CBN. Nunca um morador de classe média tradicional foi em Sapopemba ou no Itaim Paulista. Ele sabe de lá pelo noticiário que vai dizer de uma chacina ou de traficantes presos naqueles bairros. A visão de mundo da minha gente é a visão de mundo que a velha mídia forjou.

Os nossos neurônios, talvez, sejam pouco testados e ai é que mora o perigo.

Leitor da Veja e telespectador da Globonews e JN que recebe um Jornalismo mastigado, irreflexivo e sem contraditório não está preparado para ser Magistrado, mas é.

E é por quê?

Porque ele pode estudar somente, se alimentar adequadamente e comprar o material de estudo necessário para os estudos e que são caros, além, de fazer um Damásio da vida e ainda tem o detalhe de ser formado em uma boa faculdade de Direito. Vive a vida sem dificuldades.

Imaginemos todas as redes de relações idênticas, com pessoas forjadas na mesma visão de mundo da velha mídia adentrando na Magistratura. É uma loucura.

O filho da burguesia não precisa ser Juiz. É em peso o da classe média tradicional que adentra na seara da Magistratura.

PT/Dilma e Lula são uns demônios, certo?

Infelizmente, formamos Juízes individualistas, muitos deles alienados e conservadores e que tem a visão de sociedade da classe média tradicional: visão meritocrática, contrária a política de cotas, que enxerga o mundo da periferia como um mundo de vagabundagem, que prisão é solução para o problema da violência e que o trabalho lhe pode valer a sonhada posição social ensinada na escola se ele se encaixar na conduta diária que leva à fortuna.

Este Magistrado é o espelho do que aprende em casa, na escola e na velha mídia (sua referência para compreensão do Brasil e do Mundo no tempo livre).

Este Magistrado defenderá a classe social que a velha mídia defender, crê o sujeito, como minha amiga Dê falou com propriedade neste comentário aqui no GGN:http://www.jornalggn.com.br/comment/843068#comment-843068 e que deve ser lido e refletido, pertencer a este estrato social dos diferenciados (da sociedade) e reproduz o pensamento e a ação do 1% da sociedade que a velha mídia defende.

Vivemos esta realidade.

Formamos Juízes educados em escolas que não educam para a cidadania, informados em mídias que alienam e desinformam e não geram reflexão, capacidades de ideação (escola e lar não trazem este arcabouço essencial ao Juiz) e em famílias que olham apenas para o seu próprio umbigo.

Uma lembrança.

Hoje, a classe média tradicional é quase que totalmente, desvinculada até dos clássicos trabalhos filantrópicos: bazares, confecção de artesanatos, para vendas e arrecadação de fundos para doações de roupas, brinquedos e alimentos à orfanatos, asilos, etc., tão comuns às senhoras de classe média tradiconal nos tempos que elas eram apenas donas de casa.

Vejamos um caso concreto.

O Juiz Sérgio Moro e seu percurso de jovem de classe média tradicional até chegar à Magistratura.

Pertenceu Moro a classe média de Maringá. Foi aluno de colégio religioso e fez curso de idiomas na sua cidade Natal. (vi-me no espelho aqui).

Um dado relevante: com 24 anos Sérgio Moro se tornou Juiz.

Vejam detalhes nesta biografia do Juiz: Sérgio Moro, um ilustríssimo desconhecido – Gazeta do Povo.

http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/sergio-moro-um-ilustrissimo-desconhecido-de3447fcdify2ue6d0cs2cvuv

“(…) Os meninos estudaram em colégio religioso. Faziam aula no Instituto de Línguas de Maringá, única escola de idiomas da cidade. Não era vida de luxo – a típica situação da classe média no interior do Brasil, numa época de “milagre econômico” e de falta de liberdades individuais.

Sergio passou no vestibular e entrou no curso de Direito. (…)”

A figura de um Juiz como Sérgio Moro, não se encaixaria, talvez, neste Magistrado que foi forjado numa Educação com fulcro no individualismo, na meritocracia das escolas particulares tradicionais e com referências de Brasil e de Mundo formadas através da velha mídia?  

Relevando aqui um dado importante. Seu pai foi Professor de Geografia e sua mãe de Português. O que destoa do modelo clássico do pai trabalhador e da mãe dona de casa e, quase certo é, tinha um ambiente familiar propenso à leitura e discussões mais aprofundadas sobre a realidade do Brasil e do Mundo.

Estes dados acima permitem dizer que Moro é um legítimo reprodutor do modo de vida da classe média tradicional?

Uma indagação me veio:

O que teve de formação filosófico-moral e de noções de cidadania e de coletividade e solidariedade no seu caminhar até a Magistratura com apenas 24 anos?

Algo diferencia Sérgio Moro dos seus pares na Magistratura da classe média tradicional?  

Mundos iguais não tendem a formar personalidades iguais?

E os procuradores da Lava-Jato?

Não seriam eles, também, fruto de uma produção em série, fordista, de magistrados de classe média tradicional?

E não seria acaso, certo? Que a minha classe social seja a que mais se alinha em pensamento, em respeito e admiração ao Juiz Sérgio Moro e aos Procuradores da Lava-Jato. 

Não seríamos o espelho do que nos é colocado (via escola particular, velha mídia e convívio social) como referência de vencedor e de sucesso profissional?

Sérgio Moro é o mais acabado modelo de vencedor e de sucesso profissional para a/ e da classe média tradicional. 

Redação

48 Comentários

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  1. judiciário, um dos males, atualmente o maior

    Colegas meus e moscas brancas descortinam também na engenharia, no que pese a boa formação técnica uma monumental falta de cultura humanística.

    Quando incensamos a nulidade fhc como o máximo da sociologia estamos a entregar sem remorsos todos os nossos destinos para estes incultos para repasse aos tios sams. 

    1. Ugo!

      Certa vez, um amigo Engenheiro me disse:

      – O Lula fez certo em incentivar o consumo em plena crise de 2008, mas, não voto nele porque ele não pertence a minha classe social.

      A falta de noção da realidade é gritante. O FHC fez engenheiros trabalharem de PJS e trabalharem 6 meses e ficarem outros 6 meses em casa, quando a obra (raras) terminava. E era trabalho Full time, com o celular ligado para eventualidades de final de semana, trabalho noturno e tudo mais e com salário 5/6 vezes menores. 

      A velha mídia conseguiu fazer com que eles acreditem que a Vida hoje é pior do que FHC. Ai entra o problema essencial:

      Classe média parece ter memória curta; ou acredita que é de uma “casta superior”.

      Abraço,

      Alexandre!

  2. Roberto Lyra Filho

    Quando, como aluno estive presente a um Encontro Nacional de Estudantes de Direito, não me lembro com exatidão o locall mas foi em SP ou Curutiba, assisti a uma palestra do Roberto Lyra Filho, isso ainda na década de 80, quando ele nos falou da NAIR – Nova Escola Jurídica Brasileira, que teve algum avanço no RS. 

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Lyra_Filho

    Da outra ponta da linha temos juristas dogmáticos como Moro, creio que esse tipo de mentalidade vem do berço, com reforço na escola, também pudera, o pai de Moro fundou presidia a ARENA e teve relações fraternas com a ditadura militar,  depois fundou o PSDB em Maringa onde o filho Moro atuou como militante e estagiário do PSDB, trabalhando junto a prefeito que roubou o que pode dos cofres públicos

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/retrato-do-juiz-sergio-moro-quando-jovem-por-renan-antunes-de-oliveira/

    Um artigo de 2005 mas bem atual, de Mauro Santayana, que mostra o conservadorismo dos nossos bacharéis

    Os outros nomes da UDN

    http://cartamaior.com.br/?/Coluna/Os-outros-nomes-da-UDN/21590

     

    Alguns links que remetem a Lyra Filho

    http://www.arcos.org.br/artigos/humanismo-dialetico-a-filosofia-juridica-de-roberto-lyra-filho/

     

     

    1. Ótimos textos José Carlos.

      Valeu por compartilhar esses ótimos textos.

      A nossa formação é um referencial importante das nossas ações futuras.

      Abraço,

      Alexandre! 

       

       

  3. Precisamos de uma Nova Escola Jurídica

    Precisamos de uma Nova Escola Jurídica

    Para um Direito sem dogmas – Roberto Lyra Filho

    Por Marco Antonio Jeronimo 20/01/2009

    Bibliografia

    # LYRA FILHO, Roberto. Para um Direito sem Dogmas, Porto Alegre: S. A. Fabris, 1980.

    Para um Direito sem Dogmas pretende analisar os fundamentos duma cultura jurídica em decadência. 

    Neste estudo, ROBERTO LYRA FILHO busca as origens da chamada Ciência Dogmática do Direito, mostrando que representa a cristalização de posicionamentos conservadores, servindo à estrutura dominante através da ideologia que melhor convém. 

    A partir do conceito de dogma, tal como apareceu na Antiguidade, o autor demonstra que o processo de dogmatização é, sempre, um fenômeno paralisador, um obstáculo ao pensamento progressista. 

    São examinadas, com esse propósito, as escolas filosóficas e religiosas da Grécia antiga, os primeiros ensaios, em Roma, da dogmática jurídica e os sucessivos reaparecimentos dessa ideologia, segundo o impulso das infra-estruturas que a condicionam. 

    Um estimulante paralelo é estabelecido entre a teologia cristã e a teologia do jurista, que faz da lei o seu dogma. Nesse contexto, LYRA FILHO sugere que os rumos atuais do pensamento teológico, malgrado as reações tradicionalistas, evidenciam uma nítida rebeldia contra os dogmas. 

    Fica patente que, se a dogmática religiosa já não contém as teologias mais avançadas, tampouco a teologia dos juristas poderá domar o impulso crítico, manifestado no panorama das idéias. 

    Ele advém da conscientização da crise estrutural de sociedades cujas contradições ensejam o trabalho intelectual renovador. 

    Sustenta o autor que, constituído, no avanço das formações capitalistas e burguesas, como o instrumento ideológico assinalando a chegada ao poder duma classe, a Ciência Dogmática do Direito é, hoje, um entrave à reflexão que se vincula ao movimento histórico, rumo ao socialismo. 

    A esse propósito, aprofunda o exame dos próprios sistemas jurídicos, estabelecidos nos primeiros ensaios de criação duma sociedade socialista, indicando de que forma e por que razão eles mesmos tendem a abandonar o legalismo outrora prevalecente. Na doutrina ocidental, tanto quanto na oriental, há um degelo do positivismo e o próprio legalismo socialista vai sendo superado. 

    Ilustra essa verificação com exemplos, entre os quais o do grupo de Grenoble, em França, ou a produção dos mais inquietos e fecundos pensadores húngaros e poloneses. 

    O largo painel crítico, traçado com firme erudição histórica, sociológica e filosófica, situa Para um Direito sem Dogmas como um ensaio preliminar e autônomo, anunciando a trilogia que constituirá o arremate da obra científica e filosófica do autor: 

    * Humanismo Socialista e Direitos Humanos, sob o ângulo iurisfilosófico; 

    * Introdução à Criminologia Dialética, no aspecto criminológico, reapresentando, em forma atualizada e reelaborada, as propostas originais do autor, que já tiveram larga repercussão internacional; 

    * Direito Criminal Socialista, em que se dará o retorno à bibliografia fundamental da disciplina, após a longa excursão em que o autor se aparelhou para esse facho duma carreira de fecunda produção inovadora. 

    Para um Direito sem Dogmas é editado como parte das comemorações do trintênio de docência do prof. ROBERTO LYRA FILHO e introdução ao seu pensamento iurisfilosófico, assim como o recente estudo ? 

    Carta Aberta a um Jovem Criminólogo: Teoria, Práxis e Táticas Atuais ?, 

    a aparecer, brevemente, nas páginas da Revista de Direito Penal, introduz ao seu correlato pensamento criminológico. 

    O prof. ROBERTO LYRA FILHO define-se, hoje, como ?um professor que se afastou de antigos compromissos conservadores para engajar-se na linha do pensamento progressista?, em que, sem pertencer a qualquer grupo ou partido, se revela sensível ao clamor do mundo circundante, onde se desenrola o drama social. 

    São, teoria e prática, orientadas por um humanismo realista que não se quer tornar alienado e abstrato, mas decididamente tributário do que exigem o anseio dos desprotegidos e o projeto dos intelectuais de vanguarda, a serviço do povo e visando ao socialismo. 

    Na expressão de um dos seus discípulos, o prof. ROBERTO LYRA FILHO é, atualmente, no Brasil, o pioneiro do supralegalismo militante, no sentido daquela utopia realista, a que se refere ERNST BLOCH. 

    Ele convida a repensar o Direito, como práxis e como processo, histórico-social e sócio-político, e não como simples e infradialetizado produto, que se contém na camisa da força dum certo projeto de normação, imposta pelo Estado e de natureza classista. 

    Ao revés, o que aponta é o processo conflitivo, em que uma pluralidade de ordenamentos, oriundos da divisão de classes, explica a atual crise de legitimidade, ante legalidades míopes, truculentas e opostas à avolumada reivindicação de maiorias desamparadas e minorias oprimidas por só uma minoria prepotente. 

    Noutras palavras, é a renovação da visão do Direito, dentro do processo histórico e na direção do alargamento infra-estrutural, em que a luta pela sociedade reestruturada envolve, nesse processo, um ângulo jurídico também. 

    O Direito não nasce, nem se esgota, não se unifica, nem se detém, quando o voluntarismo do Estado classista pretende havê-lo transformado em norma formalizada, incontestável, e só ela jurídica. 

    nota: 

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    o Prof. Roberto Lyra Filho morreu no ano de 1986. 

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    … mas o pensamento ficou …. 

    e tem [ corrida de revezamento ] cultural em curso… 

    pegue o bastão e corra seu pedaço… 

    passe adiante…

    http://brasil.indymedia.org/pt/red/2009/01/438279.shtml 

     

     

    http://www.arcos.org.br/artigos/humanismo-dialetico-a-filosofia-juridica-de-roberto-lyra-filho/

  4. Antipetismo – sentimento de classe, hipocrisia e autoengano.

    A Operação Lava Jato tornou patente uma patologia das nossas classes-médias e alta – o ódio. Odeiam sinceramente a corrupção dos outros.

    sonegar não é crime 2

    “Sem o autoengano, a vida seria excessivamente dolorosa e desprovida de encanto. O problema é que as mentiras que nos contamos não trazem seu nome verdadeiro estampado na fronte. É preciso, por isso, analisar os caminhos que nos levam até elas”. Eduardo Giannetti.

    Em um comentário ao texto ”A República dos Hipócritas“, o colega Renato Kern aqui do blog do Nassif fez as seguintes observações em relação a Operação Lava-Jato:

    “Pela primeira vez na história deste país, a direita endinheirada do país está entrando em cana. E a esquerda está achando ruim? Então o que é bom, gente?”

    Muito pertinente.

    A esquerda, por óbvio, reclama de estar sendo responsabilizada. Seus líderes estão presos cumprindo pena por presunção de culpa. Seus símbolos, seus ídolos são enxovalhados em praça pública. Mas é a reação da direita, das nossas classes médias e alta que parece-me merecedora de um estudo específico – talvez no campo da psicologia social, talvez no campo da psiquiatria, pelo que tem de doentia.

    A Operação Lava Jato levou para a cadeia a fina flor da nossa plutocracia. Quando se verifica quem são os corruptos e os corruptores, o que se nota é que são homens brancos, adultos, com curso superior e com salários superiores a 20 salários mínimos. Muito superiores.

    Mais do que isso, são os diretores de grandes empresas nacionais e multinacionais, banqueiros, aqueles que são apresentados como exemplos de sucesso na revista Exame e no caderno Mercado da Folha de São Paulo. Dão entrevistas para o jornal Valor Econômico traçando as perspectivas para o Brasil futuro. São alvo de admiração por todo engenheiro trainee de suas empresas. São aqueles que são chamados de doutores nas reuniões de negócios.

    São os patrões, clientes ou patrocinadores de boa parte dos manifestantes antipetistas. Guardam com eles uma identificação de classe inescapável. Segundo o jornal Folha de São Paulo, descrevendo os defensores do impeachment da presidente Dilma:

    “a maior parte dos manifestantes que foi à Avenida Paulista no domingo (16/08/2015) é homem (61%), tem 51 anos ou mais (40%), cursou o ensino superior (76%), se declara branca (75%), não é ligada a nenhum partido (52%), embora, no segundo turno das eleições de 2014, tenha votado em Aécio Neves do PSDB (77%), tem renda familiar mensal entre R$ 7.881 e R$ 15.760 (25,17%), ou seja, entre 10 e 20 salários mínimos”.

    Ora, esses é o perfil dos que estão presos em Curitiba.

    Pois bem, nossas classes médias e altas deveriam estar se questionando como seus representantes maiores podem estar presos por corrupção. Questionando o quanto elas próprias são corruptas, o quanto a corrupção foi sempre aceita no seu meio.

    sonegar não é crime 3

    E, no entanto, estão na Avenida Paulista, em Copacabana ou na Praça dos Três Poderes atribuindo a corrupção ao PT ou, quando não, batendo panelas em suas varandas gourmet.

    Chega a ser patético perceber o mecanismo de negação, de autoengano contido no seu antipetismo odiento. E de hipocrisia, por que não? É o que lhes resta da ilusão da pretensa meritocracia que sempre cultivaram e com a qual buscaram justificar a nossa indecente desigualdade social.

    Bandido bom é bandido morto. Eis o impasse.

    Aqueles a quem admiram são réus confessos de desvios de milhões de dólares. Aparecem em rede nacional de televisão sendo conduzidos em camburões pela Polícia Federal. Então, recorrendo ao mecanismo de defesa conhecido como projeção, surge o “maldito PT”.

    Não conseguem se olhar no espelho, mas acusam o PT de ter traído sua classe.

    O PT que se propalava o defensor da ética na política é o responsável pelo maior escândalo de corrupção de todos os tempos na história da humanidade.

    Sim, o PT é o anjo caído, o operário-padrão que não soube qual era o seu lugar. Deixou-se corromper. Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza. Daí derivam todos os nossos males. E assim, as nossas classes-médias e alta lutam para sacrificar no altar de suas consciências esse bode expiatório.

    A nossas classes-médias e alta estão em crise de identidade. Não foram capazes da autocrítica. Sublimam a realidade que lhes joga na cara suas contradições. Nossas classes-médias e alta nada aprenderam.

    Odeiam sinceramente a corrupção dos outros.

    E esse é mais um motivo para se votar no PT nas próximas eleições. Manter as nossas classes-médias e alta engajadas na luta contra a corrupção. Neste instante, dada a sua confusão emocional, mantê-las afastadas do poder é uma ação prudencial.

    Nossas classes médias e alta necessitam de ajuda especializada. E, por que não, do auxílio luxuoso da poesia? Candeia:

    “Deixe-me ir, preciso andar. Vou por aí a procurar rir para não chorar. Se alguém por mim perguntar, diga que eu só vou voltar quando eu me encontrar”.

     

    PS: a Oficina de Concertos Gerais e Poesia apoia o Movimento Golpe Nunca Mais.

    golpe nunca mais1

    1. Excelente Sérgio!

      Antes, a gente comentava que a velha mídia escondia o ladrão de colarinho branco, até o Mensalão só se dava destaque, praticamente, aos políticos do PT.

      Dizíamos que quando se queria mostrar “coisas erradas” (roubo, corrupção) se buscava o sujeito não pertencente ao esteriótipo produzido como “sujeito ideal” para a Rede Globo. O Branco Europeu e de terno e gravata e em forma não era imagem na velha mídia. 

      Hoje com a Lava-Jato, o desespero da Direita é tanto, que eles colocam em evidência (a imagem) os seus próprios representantes como pessoas que fazem “coisas erradas”. 

      Perfeita a sua análise,

      Abraço,

      Alexandre!

      1. Algumas contradições

        È incrivel, como a percepção dos fatos muda.Quando Lula subiu ao poder, caçaram Dirceu, pensando que ele seria a unica cabeça. Afinal como um operário pode dirigir um país?  E agora no atual momento, com tantos empresários do mais alto escalão da república, o juiz vem a publico dizer  que tudo ocorre pela liderança absotula do Partido dos Trabalhadores.  Neste momento parece que os operários estão dirigindo os seus patrões. que pasmem não teriam capacidade para urdir um plano tão maquiavélico. Segundo Juizes e promotores, foram os operários os responsáveis pela maior organização criminosa de todos os tempos em todo o mundo.

        Isto me parece um pouco contraditório Não??????

  5. Aleandre, faltou um detalhe,

    Aleandre, faltou um detalhe, a mulher advoga para o tucanato. Moro é coinha e tucano de carteirinha, pior ainda do que voce falou. Megalômano com cabeça facista

  6. E estas pessoas originárias

    E estas pessoas originárias acabam ingressando na justiça por concurso e encontram uma constituição que lhes confere superpoderes. Assim a nobreza sem título, contanto com os serviços dos filhos da classe média, mantérm controle sobre o Brasil.

  7. Muito apropriado o post
    Muito apropriado o post.
    Leiam a intrevista que uma defensora deu ao jornal eletroenico El Pais (brasil) e o que ela fala os promotores estaduais de são paulo. É de arrepiar os cabelos!!!

    Se voce não pode confiar nos delegados, policias, promotores, juizes etc em quem vamos confiar?

    1. LeoK

      Seria possível dizer que se torna um Julgamento de classe social. 

      Colocando que a classe média tradicional se coloca como integrante de uma Elite a qual não pertence.

      Abraço,

      Alexandre!

    1. ele

      Joaquim Barbosa é uma pessoa que se formou dentro do Sistema reproduzindo-o, na visão da meritocracia e se assombrou com o Poder. 

      Hoje é mais lúcido do que quando se tornou o Presidente do STF. 

      Abraço,

      Alexandre!

  8. Ainda sobre Roberto Lyra Filho

    “Roberto Lyra Filho foi o fundador teórico da chamada Nova Escola Jurídica Brasileira (NAIR), núcleo embrionário do que hoje se denomina Direito Achado na Rua.”

    Uma ótima e recente tese de mestrado com base no pensamento e na ação de Roberto Lyra Filho

    O DIREITO COMO MODELO AVANÇADO DE LEGÍTIMA ORGANIZAÇÃO SOCIAL DA LIBERDADE

    A TEORIA DIALÉTICA DE ROBERTO LYRA FILHO

    http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17545/1/2014_PedroRezendeSantosFeitoza.pdf

    Como estamos num pais marcado pelo ódio de classe, como mostrou a Dê, vamos ver o que jorrou do esgoto….,…como ninguém chuta cachorro morto, em 2007 o Tio Rei, pitbull da Veja, foi destacado para atacar o falecido

    http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/os-discipulos-um-homem-chamado-nair-ou-estamos-na-sarjeta/

  9. Classe média?

    Pensei que o tal juiz fosse um magnata, um indefectível marajá togado. Com critérios particulares e obscuros de seleção e total falta de transparência em seus atos, o Judiciário decididamente não é para qualquer brasileiro “médio”. Mui raramente ascende à magistratura alguém que não é filho ou neto de juizes e procuradores, aliás a tradição familiar nessa área é tamanha que muitos consideram o Judiciário com justiça o mais nepotista dos poderes.

    1. Cristiano!

      Mesmo que se possa constatar em dados estatísticos sua afirmação o Judiciário será a reprodução do modo de vida de uma Classe Média e Média-alta, certo?

      O jovem que trabalha o dia todo e mora na periferia dificilmente será Juiz ou Promotor por uma questão de não ter igualdade de condições na disputa pelo ingresso na Magistratura.

      Desde o Edital ele já sai quilómetros atrás. 

      Enquanto o filho da classe média só estuda, faz curso preparatório, compra todo material necessário e caro para os estudos o filho da classe C e D está, primeiro, correndo atrás do seu sustento diário, fez  uma faculdade de Direito à noite e muitas das vezes deficitária e só se sobrar tempo estudará pro concurso. 

      Abraço,

      Alexandre!

  10. O progressismo mundo a fora (em especial, nos EUA).

    Concordo com a avaliação do Alexandre Tambelli. Nessa linha de raciocínio, podemos ir alem.

    Vivi minha 5 anos da minha adolescencia nos EUA. Carrego de lá uma bagagem cultural e politica que cultivo até hoje. Vi nascer quando tinha +/- 15 ano de idade, uma programa do canal Comedy Central chamada Daily Show, com o então host John Stewart. O show é uma paródia de um noticiario, comentando as noticias politicas e culturais com humor com nitida conotação “liberal”, ou progressista (a esquerda Americana). Esse programa existe até hoje. John Stewart se tornou uma celebredidade com enorme credibilidade. Em pesquisas, as pessoas acreditavam mais no programa dele do que no próprio noticiario. Do programa dele sairam outros na mesma linha: Stephan Colbert, atual host do Tonight Show,  John Oliver, host do Last Weekend Tonight da HBO. Além deles, outro pioneiro que é o mais “radical” liberal/progressista, o comediante Bill Maher, está a decadas no cenário com sua sátira politica e programa de debates na HBO chamado Real Time. Ele doou 1 mi para a campanha do Obama. Na midia dos EUA ha grande presença de progressistas. NBC, PBS, CBS, HBO são todos canais com conotação progressista (ou liberal). A Globo de lá é a FOX.

    Essa presença é refletida no equilibrio politico da população. Lá, ha um equilibrio favoravel aos Liberals entre a classe média e média alta. Conservadores são maiorias culturais nas areas rurais, e os bilionários, nos na maioria dos Sul. Tive uma amiga americana que veio ao Brasil para fazer um intercambio de direito, que possuia uma familia da alta sociedade americana. Ela votou e gostava muito do Obama (esquerda americana). Quando veio ao Brasil não entendeu muito bem como os sociais dos escritório dela e grande parte dos seus colegas de trabalho eram anti-Lula. Tive que lhe explicar as raízes do Brasil… É impressionante a quantidade de pessoas que possuem valores progresssistas mas não estão alinhadas politicamente com o que acreditam só por inércia, por família, ou pela narrativa do meio em que cresceu!

    Em uma conversa com essa amiga, tracei um paralelo e cheguei a uma conclusão: O Brasil é os EUA se o sul tivesse ganhado a guerra civil americana. Por sinal, eles possuiam até uma representante no STF, a Ellen Gracie Northfleet, descendente direta de um confederado (http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1564781-5605,00-DESCENDENTES+DE+CONFEDERADOS+CELEBRAM+EM+SP+O+FIM+DA+GUERRA+CIVIL+DOS+EUA.html)

    É urgente progressistas de diferentes matizes e setores se unirem, até financeiramente, para criar uma estratégia de inserção em todas as formas de comunicação. Não é possível que não ha ninguem progressistas com recursos financeiros que possa utilizar os meio tradicionais ou novos para criar algo diferente das mesmas coisas que estão disponíveis. É financeiramente lucrativo…

    Uma sugestão: O futuro da comunicação são programas On demand. Ninguem vai alinhar a rotina com a grade de uma TV pra se informar… Pq não fazem um canal de youtube ou NetFlix com boa e moderna produção (semelhante ao Democracy Now, tambem dos EUA)  de noticias on demand via Youtube e Netflix? E claro,  investistir em divulgação e marketing, não adianta fazer e não divulgar, como a TV Brasil…

    1. Marcello!

      Excelentes considerações!

      Por que não fazem? Boa pergunta.

      No início da Era Lula a resposta deu José Dirceu: – temos um canal de televisão nosso, a Rede Globo!

      A palavra que seu texto me remeteu e que aqui no Brasil não existe é:

      PLURALIDADE. 

      Abraço,

      Alexandre!

  11. É uma aberração

    Para mim é uma aberração um cara sair do quarto do pai e sentar na cadeira de juiz ou promotor, não tem uma justificativa valida para isso. Teriam que ter no minimo 10 anos de OAB. Já discuti isso com vários juristas, juizes inclusive, nenhum conseguiu me dar um motivo, que dá a uma pessoa que sai do quarto do pai e de cara fica com um poder deste sobre a vida dos outros.

    Judiciário Brasileiro é uma ABERRAÇÃO.

    1. Perfeito, Inforo

      A  justiça exige uma sabedoria que só vem com uma vivência em sociedade. Conheci um garoto de boa indole e  família tradicional e conservadora. Estudioso, aos 19 ou 18 entrou na largo Sao Francisco , indo de casa para a Universidade  da Universidade para casa. Tinha um certo receio do mundo, mas não dos livros. Ouvia ao seu redor, coisas como : o Brasil não vai para frente porque tem muito preto. O brasil não vai para  frente porque tem muito, ignorante. E cuidado ao passar por aquele bairro, porque todos lá são bandidos.  Ao mesmo tempo ia às missas  e fazia caridade. Aprendeu que se ele se esforçasse  o mundo lhe sorriria. E de fato lhe sorriu , e de fato ele se esforçou bastante , trabalhou bastante e até então jamais oprimiu ninguém.  Dois anos apos formado, através de concurso, se tornou juiz.

        Perdi o contacto, mas nunca me conformei, pois aquele menino desconhecia o mundo  e seus semelhantes.  Ele era ignorante  completo e total sobre a vida, sobre a sociedade, sobre seus semelhantes. Os quatro anos de Universidade o prepararam muito pouco para a sua função. O francês tem o termo “Idiot Savant” , para aqueles que sabem tudo sobre um nada, e nada sobre o todo.

  12. Paraty House…Helicóptero Augusta…não vem ao caso!

    Conclusão, com esta formação sócio-cultural mediana, materialista e egocentrista, jamais o intócável Moro irá se preocupar em investigar os crimes praticados pelos reais proprietários da Paraty House, tampouco as ligações de Aécio com a Lista de Furnas, ou o uso de dinheiro das empreiteiras para financiar a compra da reeleição por FHC. De fato, tudo isto não vem ao caso.

  13. Isso aí Alexandre.  Ocorre

    Isso aí Alexandre.  Ocorre que a classe média não perdoa essa “aproximação” com os mais pobres pois, na realidade, a classe média não sabe o que é ser rico.  Ela se identificava com os ricos pois viajava, conhecia o exterior, como os ricos, podia se alimentar em alguns restaurantes de ricos, algumas vezes ao mês, comprar umas roupinhas com griffe ou pelo menos comprar as falsificadas, comprar um segundo imóvel na praia, tudo que os identificava com os mais ricos.  Com a inclusão, os pobres puderam viajar de avião tanto é que já teve até coluna da Danuza se lamentando disso.  Essa aproximação com os mais pobres foi o balde d’água na classe média. Foi a peça que faltava no tabuleiro… o sonho acabou!!  Perceberam que fazer parte do 1% não existe, é um grupo fechado onde se entra pelo nascimento ou casamento (casamento bem difícil pois até para se casarem fazem entre si) mas pelo mínimo que foi feito, viram uma classe baixa de aproximarem deles bem mais que conseguiram se aproximar dos ricos.   Essa é a realidade concreta.  Com 70 reais do BF, a roda girou e muitos tiveram acesso e esse acesso que antes os separava da miséria, da pobreza, hoje escancara de forma bem clara, o quão distante estão dos ricos.  

    1. Dê!

      A nossa velha e clássica discussão: a classe média não é boa de Matemática. 

      Lembro de 1989 e a vizinhança falando que se o LULA ganhasse iriam dividir a minha casa. 

      Esqueciam de dizer que até chegar na minha casa de classe média teriam que desalojar milhares de mansões e latifúndios. 

      Podemos chamar este processo como a perda da DISTINÇÃO.

      É um fato relevante para a nossa classe social. 

      Nós não podemos fazer as coisas dos ricos e os pobres podem fazer as coisas que a gente faz.

      Aquela viagem para Paris, na pousadinha X; tem menos glamour que um pacote da CVC num hotel de luxo. 

      Abraço,

      Alexandre!

  14. Descrição familiar;

    .Posso tarduzir meu ambiente familiar como perfeitamente caracterizado pelo seu texto. Meus irmãos cursaram faculdade de direito, sem auxílio do Damasio passaram em concursos  públicos e tiveram carreiras exitosas. Reconheço neles valores conservadores, apesar de terem suas vidas acadêmicas ligadas a diretorias de centros acadêmicos de orientação esquerdista. Seus demônios são os petistas. Por discordar virei um ET.

  15. acrescento a estre ótimo

    acrescento a estre ótimo artigo uma ideia ue pintou agora.

    sérgio moro pode ser um legado proveniente de entulhos autoritários

    remanescentes na sociedade brasileira….

    1. era falaz!

      Moro foi aluno de Colégio de freiras (12 anos) do meio para o final da Ditadura Militar e numa cidade do interior. 

      Eu, também, fui. Só que de cidade grande. 

      Imaginemos a rigidez dos costumes numa cidade do interior e o que pode ser um colégio de freiras. 

      A gente fazia fila para entrar na sala de aula, tinha que aprender a cantar as canções que a Ditadura Militar gostava.

      Tenho até hoje o livro: Hinos e Canções. 

      Desfile de 7 de setembro nas ruas do bairro. 

      Aula de Geografia só a partir da oitava série.

      Nenhuma referência à Ditadura em sala de aula, mas a gente decorava o nome de todos os ministros que caía na prova.

      E assim por diante.

      Todo dia ouvíamos esta canção:

      “Crianças somos do Brasil, vivemos sob um céu anil. Pinguinho de gente, de gente valente. Na escola vamos estudar e aprender a trabalhar, respeitando nossos mestres nossos pais vamos honrar.”

      Vivemos sob um céu anil – em plena Ditadura Militar. 

      Abraço,

      Alexandre!

  16. O judiciário e o ministério

    O judiciário e o ministério público brasileiros são historicamente aristocráticos, e o conservadorismo é o traço hegemônico das duas instituições. Sobreviveram aos regimes exceção aceitando os expurgos de seus quadros que foram críticos aos ditadores como algo necessário e até mesmo desejável.

    Uma das características do ensino jurídico contemporâneo é a prevalência da perspectiva tecnicista e dogmática, em detrimento de formação que dialogue com com outros campos do conhecimento, como as humanidades, por exemplo. Na verdade se trata de uma perspectiva cínica, caracterizadora da formação jurídica “para o mercado”: alegam que a formação deva ser técnica e não ideológica, elemento que o reducionismo conservador normalmente localiza na filosofia, na sociologia e na teoria do direito, especialmente por serem Campos nos quais atuam pensadores alinhados ao pensamento crítico no direito. Assim, fica estabelecida a falsa dualidade entre o ensino dogmático técnico e “asséptico” e o ensino ideológico, que, segundo a estúpida compreensão, permeia a formação humanizadora, por assim dizer.

    O pensamento hegemônico é conservador, vende livros e tem espaço midiático, instaurado no senso comum como o normal e o ordinário no mundo jurídico, nos alfazeres do direito . O que dele destoa é tido como ideológico é político, de modo pejorativo. Assim, qualquer ator que apresente ao mundo jurídico argumentos inovadores mas destoantes das teses que permeiam o estamento é rotulado como apologista de partido, defensor de ideologia… Como exemplo um juiz que no RS pediu para a análise de um pedido de reintegração de posse que o proprietário do imóvel rural comprovasse que sua propriedade era produtiva, conforme preceitua a ordem constitucional. O juiz foi alvo de pesadas e injustas críticas da dobradinha mídia patronal  e de seus pares, além do MP. Ficou estigmatizado por pretender observar a CF, porque agiu em desconformidade com o pensamento hegemônico entre seus pares e seus aliados midiáticos.

    Nao surpreende que pessoas como Alexandre de Moraes, Capez e Nalini ( autor de livros sobre ética e defensr descarado dos caprichos do estamento) ocupem cargos em governos tucanos, sem que a mídia e boa parte dos midiatização identifiquem as atitudes  as ações como expressão prática de seus pensamentos jurídicos. Na mesma linha, ultraconservadores como Ives Gandra tem espaço para exibir sua “técnica” em tv católica, normalmente contra as minorias e os subalternos. Outros quadros do conservadorismo que vendem muitos livros podem ser citados, como Pedro Lenza e, claro, o inacreditável é insuperável ministro Gilmar.

    Eis o cenário, que foi incrementado com a mercantilização do ensino jurídico e a França expansão das teses mais conservadoras em seu bojo, cultivando-se a reducionista cultura do “estudar-direito-para-ocupar-cargo-público”, por concursos ou simples afinidades. Os aprendizes do poder estão aí, a reverenciar os donos do poder.

  17. Comentava em 25.04.2015

    Parabéns Alexandre Tambelli por este excelente post.

    Em 25.04.2015 eu comentei aqui no blog a respeito de juízes produzidos em concursos públicos :

    https://jornalggn.com.br/noticia/associacao-de-juizes-recua-e-agora-defende-prisao-apos-decisao-de-2%C2%AA-instancia

    Relembrando:

    Certa vez

    Parabenizei-o, dever de ofício, pelo fato, contudo, teci comentários sobre minha visão idealizada de um Juiz.

    Nela, um Juiz deveria ser proclamado coroando-se toda uma trajetória no Judiciário, bem como de vida, de tal forma que em tal ocasião haveria o encontro do Cidadão com toda uma bagagem de vida consolidada com o Técnico amadurecido nas diversas raias do Judiciário. Seria o coroamento do processo. Sim, uma Corte de Juízes maduros, não necessariamente pessoas velhas.

    Tal Juiz jamais seria um moço imberbe e perito concurseiro como temos visto diuturnamente no Brasil.

    Após estas considerações nossa amizade ficou estremecida, mas paciência era o que penso à respeito de juízes produzidos em massa neste País.”

     

  18. Eu gostaria que alguém me

    Eu gostaria que alguém me expusesse de maneira direta- sem chavões retóricos de qualquer espécie-quais atos do Sérgio Moro indicam uma reprodução de pensamenro comservador/ alienado. Inclusive me parece bem frágil sustentar que a prisão de algumas das pessoas mais poderosas do Brasil-com destaque pro Marcelo Odebrechet- é fruto de um meio social elitista. O argumento que me parece sempre subjacente é quea lava-jato, ao expor as mazelas de corrupção vivenciadas durante os governos do pt, estaria prejudicando o projeto petista do pt e, por extensão, dentro dessa perspectiva, comprometendo seu alegado ideal de inclusão social.

    Não se chega a acusá-lo de mentir, mas apenas de expor verdades inconvenientes em face do bem maior a ser alcançado pelo lulipetismo. Se alguém pudesse indicar se essa minha interpretação é adequada ficaria grato.

     

    1. Chavões e retórica…

      Esse post é educativo. Um ataque explícito e pessoal a Sérgio Moro, descaracterizando-o como legítimo representante do Judiciário através de preconceitos e ataques também à classe média paulista. Reduzem o pensamento dosujeito a esses pré-conceitos, e não julgam os atos, mas uma interpretação do qeu consideram um pensamento conservador de classe. Chega a ser vergonhosa a argumentação. O texto acima é apenas uma enumeração de todos os chavões usados atualmente para defender o projeto petista, que a meu ver continua injustificável, autoritário e populista. Pode ser que eu tenha extrapolado na caricatura, mas decrevo abaixo as bases desses ataque a Moro, que imagino virem de uma visão deturpada da democracia:

      “Certamente Sérgio Moro não conhece  nada sobre a luta de classes e a necessidade de se igualar esse jogo desigual através de políticas públicas. Nesse contexto, a tentativa de Moro de criminalizar e condenar os integrantes do Petrolão, Diretores de Empreiteiras, Políticos, Lobistas, não leva em conta os objetivos implícitos nas ações desses criminosos e de seus facilitadores no Governo – que é de viabilizar um projeto social para o país. Assim, as leis não deveriam ser aplicadas a esse atores, mas sim interpretadas dentro desses contexto de luta de classes. Claro, fica assim explicada a descaracterização de Moro como legítimo representante do povo no Sistema Judiciário.

      Sua formação, sua tenra idade deturparam e embotaram sua visão. É bem provável que ele seja realmente um leitor de Veja e do Estadão. É certo que a leitura desses veículos molda uma visão pouco afeita a interpretações necessárias aqui. Ninguém que lê esses veículos pode tirar conclusões próprias e críticas a respeito de nossa sociedade. Não se pode dialogar com alguém com essa formação e “background”. Assim, o resultado é uma interpretação cega das leis. E as leis devem ter uma função social. Devem existir pessoas acima da leitura fria dessas leis, do método jurídico explícito. A interpretação específica e a impunidade (em alguns casos) deveriam ser defendidas como aliadas de um projeto social maior para o país. Um grande exemplo desse projeto progressista é o que ocorre com a nossa vizinha Venezuela, país no qual  meios de comunicação como Veja e o Estadão, jornais eletrônicos como Globo News, Jornal Nacional, sequer teriam direito de existir. E onde juízes não alinhados com o Governo são sumariamente substituídos. Não seria o caso aqui? O Estado provedor, centralizador, é a resposta a esse excesso de liberdade deturpada. 
       

      E torna-se óbvio  que a classe média precisa ser domesticada. O controle do conteúdo da mídia seriam assim os verdadeiros cabrestos necessários para doutrinar, reeducar essa visão excessivamente individualista, alijada da realidade marginal dos grandes centros. O “mérito” – reinvindicado pela classe média em seus rituais burgueses serve apenas para a manutenção do status  e não para a mudança necessária da Sociedade. Esse status quo só será quebrado com a invasáo sistemática desses nichos burgueses e elitistas pela classe trabalhadora e pelas minorias excluídas. A demolição desses modelos elitistas se fará pela desconstrução de dentro da prova, com a inclusão de valores advindos da periferia, minorias e excluídos. A demolição dos pilares da elite burguesa permitirá enfim a ascenção de uma classe totalmente alinhada com o projeto socialista. Assim, a política de cotas, não teria apenas a função inclusiva, mas também revolucionária. 

      A visão crítica, a interpretação de textos, o respeito cego às leis e à Constituição são na verdade venenosos e desgastantes devios de um objetivo mais amplo. Visão crítica, mas caso seja diferente do modelo progressista proposto, deve ser extirpada. Como bem colocada pela intelectual – Marilena Chauí – a classe média deveria ser mandada para o paredão. Essa classe, resquício da ditadura,  não merece voz na sociedade. Só podemos dialogar com pessoas que pensem como nós. Que pensem no bem do povo. Não é o caso do Petrolão? Os desvios não seriam apenas para viabilizar esse projeto? A corrupção não foi inventada hoje. 

      Essa sim seria a verdadeira democracia!!”

  19. Quanto a origem social de

    Quanto a origem social de Moro não é preciso dizer muita coisa, basta relembrar o que Marilena Chauí já disse sobre a classe média brasileira: violenta, autoritária, egoísta e ignorante.

  20. Magistrados muito jovens

    Chama a atenção alguém poder tornar-se juiz com apenas 24 anos. Qual a experiência que uma pessoa dessa idade, em geral, pode ter para julgar casos mutos vezes complexos? Ainda que seja um juiz/a em uma pequena cidade, ainda sim, com pouco mais de vinte anos, o jovem esta saindo da adolescência e formando seu carater. Causa espécie que no Brasil não haja uma idade minima moderada para se adentrar a magistratura.

    Um trecho de um artigo que trata exatamente sobre esse assunto, do Conjur:

    “Para Marina Paula Goulart de Mendonça, mestre em psicologia, “o período de moratória psicossocial, que tradicionalmente caracterizava a adolescência prolonga-se, justificando, em certa medida, o surgimento de um novo período desenvolvimental, com características particulares – a adultez emergente. Segundo Arnett, o adiamento dos papeis de adulto liberta os jovens de uma série de responsabilidades que, junto com um menor controlo parental, fazem com que esta seja uma das etapas mais voláteis do desenvolvimento humano.”[i]

    É a chamada Geração Y que “desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Os pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, encheram-nos de presentes, atenções e atividades, fomentando a autoestima de seus filhos. Eles cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Acostumados a conseguirem o que querem, não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e lutam por salários ambiciosos desde cedo.”[ii]

    No entanto, a entrada na magistratura continua quase a mesma de 100 anos atrás, ligeiramente alterada pela exigência de três anos de atividade jurídica. Ligeiramente, sim, porque os três anos, para alguém que se forma com 22 ou 23, é pouco, quase nada. Nos três anos pós-formatura, o candidato se dedica aos estudos nos enormes programas de concurso.

    Experientes advogados não se candidatam. Não têm tempo de estudar, envolvidos com a atividade profissional e a família. Portanto, salvo honrosas exceções, os concursos da magistratura passaram a ser para jovens de classe média ou alta, que podem aguardar a passagem do tempo estudando.

    A afirmativa sempre suscita a lembrança de alguém que entrou jovem e é exemplar. Concordo e poderia citar alguns. Mas normas não existem para exceções.

    O que se nota hoje é que muitos jovens, pela pouca maturidade, não compreendem exatamente o alcance político e social de suas funções, conhecem pouco da vida, muitos não sabem o que é um ônibus, poucos sabem as necessidades dos pobres e não raramente têm dificuldades no relacionamento, criando atritos inúteis e sofrimento.”

    http://www.conjur.com.br/2011-fev-27/segunda-leitura-idade-minima-juiz-reflexo-decisoes

  21.  A crítica em si é válida e
     A crítica em si é válida e eu mesmo, como advogado e professor, venho ao longo dos anos criticando, inclusive, a forma de escolha dos magistrados no país, que além de muito jovens e despreparados para a vida ( não estou julgando o preparo técnico aferido no concurso) são, de fatos, elitistas e distantes da realidade do povo, pouco se interessando pelo que, de fato, ocorre além dos gabinetes. Essa insensibilidade generalizada é uma marca do Poder Judiciário ( é sempre bom reiterar que há muitas e variadas exceções, portanto, não estou generalizando ) e algo há de ser feito nesse sentido, algum dia, todavia, o artigo em si, esconde uma hipocrisia muito bem urdida, qual seja, a de querer demonstrar que juízes como Sérgio Moro, sobre o qual não pesa qualquer impedimento moral, intelectual, ou mesmo, na atualidade, a questão da experiência, seriam “insensíveis” às lideranças políticas que conduzem a sociedade brasileira rumo a uma visão social da política. É por essas e outras razões que abandonei, há muito tempo, a visão esquerdista de mundo, embora eu concorde com muitas das coisas que essa visão de mundo defende. O que  o autor pretende ( e basta ler os comentários para ver que ele consegue, pelo menos, entre os seus ) é desqualificar a magistratura nacional ( que tem sim, os seus defeitos ), bem como o MPF ( idem ) como se o trabalho que hoje fazem fosse, não o exercício de um dever, mas, uma perseguição aos “heróis da pátria”, que agora se transformaram, na verdade, em inimigos dela. Os heróis da esquerda venderam sua alma para a elite burguesa e agora tentam se proteger sob o manto da ideologia. A esquerda já foi melhor nisso, mas, hoje em dia, pouca gente, a não ser os seus próprios “iluminados” creem nesses dogmas autoprofessados, mas, muito pouco praticados, quando no poder. A esquerda teve a chance histórica de, de fato, mudar a cara desse país e escorregou na própria ambição e, quem diria, foi fisgada pela farra do consumo capitalista. De jatinhos, coberturas, Land Rovers e sítios dos “amigos” Lula e seus amigos do PT, refestelaram-se às custas dos mesmos empreiteiros que eles antes combatiam, depois se aliaram e agora juram que sequer conheciam. A mídia tradicional, é fato, joga a favor do interesse da elites, mas, por incrível que pareça, durante oito anos, enamorou-se por Lula e encobriu todas as suas safadezas e o descalabro com o dinheiro público, agora, virou novamente inimiga do PT e o que o autor??? Transformar a mídia ?? Criar o controle social sobre ela ?? Mas, que espécie de controle social?? Um daqueles típicos de países socialistas?? ou seja, deixaremos de ser manipulados por uns e passaremos a ser manipulados por outros. Cadeia para quem precisa de cadeia, a lei é dura, mas é a lei e ideologia não livra ninguém de ter que assumir as responsabilidades por seus atos, aliás, se hipocrisia e falsidade fossem crimes, a esquerda brasileira estaria unanimemente condenada, a Marilena Chaui, seria a primeira. . rsrsr, nunca vi, uma figura tão perfeitamente hipócrita quanto aquela. 

    1. Você começou bem e depois

      Você começou bem e depois descambou para a repetição, pura e simples, do que fala a oposição, olhe que não falei direita, que pensa como direita. Você imitou a oposição. Generaliza para a esquerda a corrupção. Se der olhar atento verá que quem aparece em bem maior número não é o pessoal da esquerda. O que confirma o que afirmo: A corrupção tem que ser individualizada e na política é sempre recorrente. Oposição, qualquer oposição recorre ao tema, pois sabe que entre humanos a corrupção estará presente, basta ser investigado. O que não pode acontecer é jogar tudo para um lado só.

      -É elitista sim a formação de juizes. Bastou o STF, imitando a Câmara e Senado, criar a TV Justiça, para os “pavões” aparecerem esquecendo o básico da Justiça que é se ater somente a lei e aos autos do processo, e se tornarem agentes. Não posso aceitar uma justiça desta.

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