Natura deixa de apoiar Marina na política

Presidente da empresa ainda defende preservação do governo Temer e suas reformas até as eleições de 2018

 
Jornal GGN – Em entrevista à Folha, o empresário e um dos donos da Natura, Pedro Luiz Passos, afirmou que a ex-senadora Marina Silva “perdeu espaço”, e que ela ainda permanecia como um recurso “ético e moral”, entretanto, depois das eleições “se acomodou”. A empresa de cosméticos foi uma das principais incentivadoras da candidatura de Marina à presidência, em 2014. Nessa entrevista, Passos defendeu a manutenção do governo Temer e reformas apresentadas pelo seu governo até 2018, caso contrário acredita que a crise política será ainda mais aprofundada. 
 
Folha de S.Paulo
 
‘Brasil ganhará se for possível manter governo até 2018’, diz sócio da Natura
 
RAQUEL LANDIM
De São Paulo
 
Pedro Luiz Passos, um dos donos da empresa de cosméticos Natura e colunista da Folha, acredita que é preciso preservar o governo Temer e as reformas que vêm sendo implementadas até a eleição de 2018. “Temos de cumprir a lei. Mas, se for legalmente possível preservar a agenda, o país sairá ganhando. Mexer nisso agora seria muito doloroso.”
 
O empresário tem medo de que a descrença na política provocada pela delação da Odebrecht favoreça o surgimento de “outsiders”. “Temos que tomar cuidado com gestores ou xerifes”, afirmou.
 
*
 
Folha – As delações da Odebrecht foram devastadoras para os políticos. Qual é o impacto para o Brasil?
 
Pedro Luiz Passos – Estamos no meio do furacão, mas o sentimento geral é de uma revisão de cabo a rabo, que não vem poupando a classe política ou os empresários. Foram expostos erros de gerações. É complicado porque pode dar a sensação de que todos os políticos têm o mesmo padrão de comportamento.
 
Os executivos da Odebrecht relatam caixa dois para a campanha de todos os cinco ex-presidentes vivos. Não são todos iguais?
 
Sem dúvida uma grande parte da classe política está contaminada, mas vamos sair mais fortalecidos desse processo. Novas lideranças estão surgindo, embora ainda não a nível nacional.
 
Pagaremos uma conta dura, porque tem impacto no desenvolvimento e na economia por anos, mas vejo sinais de que o eleitor está em busca de novas lideranças.
 
Que sinais são esses?
 
A população parece mais consciente de que não é com jeitinho que vamos corrigir o país. As discussões sobre as reformas são conturbadas, mas trazem informação para a população. O eleitor amadureceu e aprendeu com a crise que o Estado não pode prover tudo. Coincidentemente estamos no fim de um ciclo recessivo. A melhora vai ser lenta, mas pode ser consistente.
 
Duas questões ainda me preocupam: o risco de as investigações tornarem o país disfuncional e o governo não conseguir implementar as reformas mínimas.
 
Para manter as instituições funcionando, é preciso preservar o governo Michel Temer mesmo depois das denúncias que atingiram seus principais auxiliares?
 
Em primeiro lugar, temos de cumprir a lei. Não dá para preservar ninguém se a lei disser ao contrário, mas, para o país, seria difícil enfrentar mais uma transição de curto prazo.
 
É complicado perder o governo atual, que tem todas essas fragilidades de ter sido atingido por denúncias, mas, por outro lado, conta com uma boa equipe econômica. Uma equipe que diz de maneira clara a agenda que o país precisar enfrentar.
 
Se legalmente for possível preservar essa agenda até 2018, o país sairá ganhando. Mexer nisso agora seria muito doloroso.
 
Já foram feitas muitas mudanças na reforma da Previdência. Continua valendo a pena?
 
Acho que ainda vale a pena porque toca em pontos que eram tabu no Brasil.
 
Estamos colocando uma idade mínima para aposentadoria, apesar das exceções, e uniformizando um pouco as privadas e públicas.
 
Talvez não seja a reforma definitiva. Pode ser que daqui a dez anos vamos precisar de uma nova rodada, mas vai na direção correta.
 
Há um ano, as expectativas eram muito ruins, com risco-país altíssimo, dólar a R$ 4 e preços represados. Começo a ver sinais de melhora em vários setores, até na indústria.
 
Nas eleições municipais, saiu fortalecida a figura do gestor, em vez do político. O que senhor acha disso?
 
Não vamos fazer política com os antipolíticos, mas com os bons políticos. Tenho impressão de que essa mensagem de não sou político, mas gestor, é mais comunicação do que essência.
 
Precisamos de gente que entenda o que é a democracia, um partido político, o funcionamento dos três Poderes. E isso é a vivência que dá. Temos que tomar cuidado com gestores ou xerifes. “Outsiders” não têm funcionado na política brasileira.
 
O prefeito João Doria aparece como alternativa para 2018. Qual é a sua opinião sobre ele?
 
É um sujeito inteligentíssimo, dedicado e competente na sua vida empresarial, mas precisa ainda transitar pela política. Ele necessita dessa vivência antes de dar novos passos na área pública.
 
Especular com nomes agora para 2018 é prematuro porque estamos no meio do furacão. O que sinto é que o eleitor está buscando valores como ética e competência.
 
Há possibilidade de uma figura polêmica, como Jair Bolsonaro, ganhar as eleições?
 
Quando fizemos a redemocratização, tínhamos muitas alternativas importantes, como Ulysses Guimarães. Mas foi uma eleição que revelou Fernando Collor. Logo essas alternativas podem se tornar competitivas. Espero que, para o bem do país, elejamos nomes com consistência. Qualquer atalho pode dar confusão.
 
Marina Silva é uma das poucas lideranças que não aparecem na “lista do Fachin”, mas sumiu do debate político. Qual é a sua avaliação sobre ela?
 
Infelizmente Marina perdeu espaço. Ela é um recurso ético e moral do país, mas depois da eleição se acomodou e perdeu visibilidade e liderança.
 
Sem necessariamente concordar com suas ideias, acho que ela poderia estar ajudando nessa discussão que vivemos hoje. Mas não sei se é possível ela voltar a ter voz ativa.
 
Qual é a responsabilidade dos empresários nessa crise?
 
Total. Foi um casamento de interesses entre corrupto e corruptor, que tomou enorme proporções.
 
Se tivéssemos um Estado menor e mais transparente, muita coisa teria sido evitada. À medida que agigantamos o Estado nos setores financeiro, industrial, na infraestrutura, agravamos um sistema que já vinha corrompido.
 
Por enquanto a investigação sobre os corruptores está praticamente restrita às empreiteiras. Outros setores também corromperam políticos?
 
Não tenho informações precisas, mas, se outros setores buscaram esse tipo de solução, tem que ser apurado. Se aparecem indícios de negociações pouco republicanas em outros setores, temos de investigar.
 
Redação

16 Comentários

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  1. Marina é um completo

    Marina é um completo equivoco, só na cabeça de iludidos poderia semelhante criatura ser uma opção para a Presidencia de um pais da importancia do Brasil, cara de coitada não é sinonimo de capital politico e sabedoria para a complexidade de um Pais

    das dimensões do Brasil.

    1. Acho que a Marina nunca foi

      Acho que a Marina nunca foi uma opção para a Presidência da República por parte daqueles que a “criaram”. Serviu apenas para tumultuar a eleição em 2010 e em 2014, levando a disputa para o segundo turno. No momento, com a situação já sob domínio, os seus patrocinadores tornam pública a dispensa. E a alegação de que ela se acomodou é balela. Ela sempre se omitiu de discussões importantes e somente surgia às vesperas da campanha eleitoral. Sequer se empenhou para criar a sua rede para a disputa de 2014, optando, estranhamente, por integrar a campanha do Eduardo Campos, herdando a pole position com a morte do candidato.

    2. Não há como discordar desta colocação

      Quais interesses (seriam de marketing) um empresário estaria esperando de tão publicamente apoiar, ao ponto de não guardar o seu nome mas apenas lembrar que “a natura apoiou a Marina”?

      Falam eles que a crise é política, mas ao que consta ninguém corrompe os outros com dinheiro de caixa 1 da empresa. Tão ou mais importante, quisessem mesmo lutar contra a corrupção, seria a operação Zelotes e não Lava jato. A mãe de todas as corrupções é a SONEGAÇÃO. Nisto, a cultura popular e empresarial brasileira, nos tornam craques.

    3. Não se iluda, o objetivo

      Não se iluda, o objetivo nunca foi eleger a fadinha da floresta mas sim roubar votos no campo da esquerda e arrancar um segundo turno, ficara guardada no armário para se tiver viabilidade e quando e se for necessária cumprir novamente a mesma função.

    4. E veja que teve um

      E veja que teve um ilustríssimo comentarista daqui que escreveu a pérola “quem não se informa sempre se surpreende” em defesa da Marina nas eleições de 2014 – isso um dia antes de ela, como de costume, voltar atrás do apoio á união civil de pessoas do mesmo sexo por pressão do Silas Malafaia.

      Tal recuo rendeu a retirada do festejado apoio do ator norte-americano Mark Rufallo á sua candidatura. Marina ainda tentou pateticamente recuperar o ilustre apoio, mas foi ignorada.

      Tal comentarista sumiu daqui depois desse momento, aparecendo aqui esporádicas vezes.

  2. Delator desprezível

    A opinião desse senhor é tão ou menos importante do que a minha ou a sua.

    A menos que ele receba um prêmio para delatar o que sabe.

    Se tem uma coisa absolutamente desprezível neste momento, é opinião de empresário… quanto menos falarem, melhor!

  3. Marina responde
    Resposta de Marina Silva ao presidente da Natura que prefere Temer:

    Bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla bla.
    Portanto, bla bla bla bla bla bla bla bla bla.

  4. É inacreditável que tudo pareça tão óbvio..

    a) O homem do Itaú apóia a Marina com o intuito de impedir a ida do PT para o segundo turno

    b) Criou-se o partido Rede :

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    c) Não conseguindo impedir a ida de Dilma (PT) para o segundo turno, obrigou-se a Marina apoiar o tucano Aecio Neves :

    Resultado de imagem para marina silva aecio neves

    d) Com a vitória de Dilma (PT), mirou-se no incentivo aos protestos para atravancar e invibializar o governo Dilma :

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    e) Surrupiando o voto popular, entregou-se a nação para novos donos :

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    f) Abre-se a exploração do Pre-Sal para petrolíferas internacionais :

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    g) Um dos dos grandes apoiadores da conspiração e golpe em 2016 assume uma das cadeiras do Conselho de Administração da Royal Dutch (SHELL Mundial), em outubro de 2016 .

  5. Perdeu serventia

    Marina foi útil para dividir e tirar votos do PT

    Hoje, com Bolsonaro batizado no Rio Jordan e Doria acenando com o setor evangélico, Marina, pelo contrário, serviria para dividir e tirar votos da direita. Naturalmente, NATURA sai do jogo.

  6. No fringir dos ovos, não

    No fringir dos ovos, não compro mais nada da Natura faz tempo.

    Aliás, boicoto empresas (ou seus donos e/ou executivos) que patrocinaram o golpe:

    – Natura

    – Habibs

    – Riachuelo

    – Mabel

    entre outras locais em minha cidade onde sei que os donos são coxinhas ou extremistas de direita.

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