Aldo Fornazieri
Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.
[email protected]

O salvamento de Dilma e a bestialização do povo, por Aldo Fornazieri

As duas últimas semanas foram marcadas por operações de salvamento do naufragado governo Dilma. As operações, ao que tudo indica, foram desencadeadas sem uma articulação central única, mas por conta de uma percepção geral de que é preciso colocar um ponto final ao processo de agravamento da crise, sob a ameaça de perda de controle do processo político e econômico. O setor empresarial e financeiro entrou em alerta ao perceber os riscos das pautas-bomba de Eduardo Cunha e os riscos de desestabilização institucional e de confrontos políticos caso o processo de impeachment fosse encaminhado.

A desvalorização das empresas na Bolsa, a estagnação econômica, a perspectiva de alargamento da recessão e a inflação alta fizeram os dirigentes da Fiesp e da Firjan emitirem notas pedindo estabilidade institucional. A entrevista à Folha de S. Paulo do presidente do Bradesco, Luis Trabuco, que foi no mesmo sentido, o editorial de O Globo, que atacou Eduardo Cunha e pediu moderação aos políticos e o apelo por unidade do vice-presidente da República, Michel Temer, foram um aviso de que a brincadeira do agravamento da crise precisava acabar. Todos esses movimentos foram, também, âncoras para  tentar tirar Dilma de submersão definitiva.

Na sequência veio a Agenda Levy-Renan, que lançou as bases de um novo relacionamento do presidente do Senado com o Planalto, a costura de Lula com caciques do PMDB, as pontes de Temer com políticos e empresários e as pontes de Levy com empresários e financistas. Depois da marcha das Margaridas veio o apoio das centrais sindicais à presidente, ato marcado pela desastrada declaração do presidente da CUT, Wagner Freitas, que pôs quase tudo a perder. Até a rede Globo se esforçou para amenizar o desastre da declaração. Mais dois fatos positivos para Dilma ainda estavam por vir: a decisão do ministro Barroso de que as contas do governo serão julgadas pelo Congresso e não mais apenas pela Câmara e, no TSE, o julgamento da ação do PSDB pela cassação da chapa Dilma-Temer foi adiado por conta de um pedido de vista do processo, apresentado por Luis Fux.

Dilma agirá para se salvar?

Mesmo com as significativas manifestações de domingo, embora menores do que aquelas ocorridas em março e abril, a semana começa para o governo com a sensação de que o pior já passou. É verdade que muitos atores políticos e empresariais perceberam que o risco do impeachment é maior do que manter Dilma no poder. Mas a sensação de alivio pode ser enganosa e provocar novamente a arrogância no governo e a acomodação da inação política.

Convém lembrar que para Dilma o galo já cantou três vezes e nas três vezes ela fez ouvidos moucos. A primeira foi em 2013, logo após as manifestações de junho. Dilma teve aí a oportunidade de mudar sua equipe e de dar um novo rumo ao seu governo. A sua popularidade ruiu e ela se arrastou com dificuldades até as eleições de 2014 sem que nada de significativo fosse feito. No início de seu segundo mandato, teve a oportunidade de reconhecer os erros do primeiro e de refundar o seu governo, com uma nova perspectiva para o país. Nada fez. Depois da deterioração da crise, teve novo respiro após as manifestações de março e abril. Novamente nada aconteceu, o que fez com que a tese do impeachment voltasse novamente à tona. Dilma, sem força política, ficou isolada até mesmo do PT e de Lula. A bancada petista passou a apoiar algumas pautas-bomba no Congresso, para perplexidade geral.

Agora o galo cantou pela quarta vez. Dilma aproveitará esta oportunidade? Fará uma reforma ministerial? Apresentará um plano de reformas de longo prazo? Apresentará uma agenda para a retomada do crescimento? Sinalizará que está empenhada com o saneamento das contas públicas apresentando um corte consistente de gastos e a redução do número de ministérios? Mostrará que está comprometida com a justiça social, fazendo com que o ajuste fiscal, necessário, recaia com mais peso sobre os mais ricos? Dilma irá efetivamente dialogar com os movimentos sociais, com os sindicatos, com os empresários e com os partidos? Sinalizará a construção de uma agenda para o futuro com a oposição ao invés de ter que ajoelhar-se para pedir ajuda na hora do aperto? Ninguém sabe.

O fato é que há limite para tudo e talvez uma nova oportunidade não se ofereça. Tudo indica que se o governo não deslanchar, uma nova estratégia de setores da oposição e até mesmo da base governista será posta em movimento: a proposta do impeachment será substituída pela pressão pela renúncia. A fraqueza política e o isolamento de Dilma tornaram-na prisioneira de seus próprios salvadores. Deve muito a Temer, a Levy e a Lula. Deve à Fiesp, à Firjan, ao Bradesco, às Organizações Globo e  a Renan Calheiros. Este terá o poder de colocar em votação as contas do governo passado e de estancar ou não as pautas-bomba. Será cobrada a pagar a fatura, a sair do isolamento, a constituir-se politicamente. Caso contrário, será abandonada.

No plano político, o salvamento de Dilma produz alguns derrotados e  preserva outros. Os principais derrotados são Aécio Neves e Eduardo Cunha. Os principais preservados são Renan Calheiros e Geraldo Alckmin, que quer Dilma até 2018. Temer emergiu como a figura garantidora da estabilidade do país.

A bestialização do povo

Em memorável artigo de 15 de novembro de 1889, Aristides Lobo relatou desta forma a passeata militar que proclamou a República: “o povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava”. No Brasil, a história se repete… Dilma não está com o povo e o povo não está com Dilma. O povo continua bestializado. A concertação, como sempre, veio pelo alto: Sarney, Renan, Lula, Fiesp, Fijan, Rede Globo, Juízes dos altos tribunais etc.

Parte do povo foi prá rua, é verdade. Mas com uma profusão de palavras de ordem, sem foco e com a aposta errada no impeachment. Convocadas pelas redes sociais, dominadas pelo espontaneismo, sem direção e sem organização, o destino dessas manifestações é o de se esvaírem na insubsistência. Outra parte do povo ficou em casa, atônita, perplexa, desencantada da vida, sentindo-se traída por Dilma e pelo PT.

As duas partes do povo já experimentam um sentimento comum: desencanto e desilusão com os políticos. Na noite da política brasiliense, todos os gatos são pardos. Assentada a poeira da crise, o convívio dos gabinetes, dos palácios, dos hotéis e dos restaurantes, deverá fazer com que as partes em contenda voltem ao modo civilizado de ser.

O que não estará em modo civilizado será a inflação, o desemprego, a saúde pública, a segurança, os salários, a habitação, a educação, o transporte público etc. Os partidos encontrarão novas formas para depender mais do Estado e do financiamento privado e menos da militância e do povo. Novas formas de corrupção serão inventadas. Em Brasília tudo se disporá para que as coisas girem para o advento normal de 2018. Então, o povo, bestializado, será convidado, mais uma vez, a votar. A desalentadora política brasileira seguirá adiante, arrastando atrás de si várias tragédias cotidianas naturalizadas e as violências recorrentes. A democracia continuará sendo de poucos e a República, uma grande ausente.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

 

 

Aldo Fornazieri

Cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política.

21 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. “Os partidos encontrarão

    “Os partidos encontrarão novas formas para depender mais do Estado e do financiamento privado e menos da militância e do povo. Novas formas de corrupção serão inventadas. Em Brasília tudo se disporá para que as coisas girem para o advento normal de 2018. Então, o povo, bestializado, será convidado, mais uma vez, a votar. A desalentadora política brasileira seguirá adiante, arrastando atrás de si várias tragédias cotidianas naturalizadas e as violências recorrentes. A democracia continuará sendo de poucos e a República, uma grande ausente.”

    Caso nada mude, como parece que irá acontecer, ficaremos para sempre dando voltas no círculo acima.

  2. “Mesmo quando tudo parece

    “Mesmo quando tudo parece desabar,

       cabe a mim decidir

       entre rir e chorar,

        ir ou ficar,

     desistir ou lutar;

     porque descobri,

     no caminho incerto da vida,

     que o mais importante 

     é o decidir.”

                     Cora Coralina

     

    Acho que Cora Coralina escreveu a poesia para Dilma.

    Decidir como sinônimo de tomada de atitude, é realmente o que parece estar faltando à nossa Presidente.

     

  3. A mesma conversa enrolada dos

    A mesma conversa enrolada dos analistas. Falam dos contornos, mas não do que é central? O que está acontecendo no mundo inteiro e que determina “a mudança de comportameto” de governantes e governados. Quem manda mesmo? Por que Lula foi o mais capitalista dos governantes? Por que Dilma “mudou” após as eleições e chamou um Levy e a pauta do “Consenso de Washington”. Por que? Em que lugar do mundo há outra proposta em execução?

  4. Fico impressionado com o

    Fico impressionado com o amontoado de tolices que alguns pretensos intelectuais escrevem em seus artigos de opinião, sempre ancorados naquela pseudo-neutralidade, mais falsa do nota de três reais. Observem os leitores que a retórica usada é sempre a mesma: “uma no cravo, outra na ferradura”. Agindo assim, esses acadêmicos e intelectuais pensam conseguir a simpatia dos mais esclarecidos, tanto à direita, como à esquerda. Aldo Fornazieri, Wanderley Guilherme dos Santos e outros são reincidentes nessa prática.

    Faço parte do povo e da maioria que elegeu e reelegeu Dilma Rousseff. Não tenho nenhuma ilusão ou idolatria com o PT ou algum dos seus líderes. Sei muito bem que a corrupção no setor público (em todos os poderes, inclusive no Judiciário, no Ministério Público, na Polícia Federal e nas outras polícias, em todo o aparato do Estado) sempre existiu; a esse propósito reitero a sugestão do PHA, para que os “ilustres” intelectuais e acdêmicos leiam os sermões do Padre Vieira, especialmente um que versa sobre a corrupção (salvo engano esse sermão foi proferido em São Luís do Maranhão em 1654).

    O articulista deve saber que a covardia não é um atributo da presidente Dilma Rousseff, que já disse com todas as letras que não vai renunciar. Esse apelo a parábolas bíblicas e à retórica profética quer transmitir um verniz de ‘sabedoria superior’, mas a mim e aos mais atentos e esclarecidos não sensibliza e, muito menos, convence. E o povo não esteve na rua em nenhuma das datas mencionadas (15 de março,12 de abril e 16 de agosto de 2015); ou o articulista pensa nos convencer de que a elite econômica das grandes cidades, que faz muito barulho e desfila em avenidas e orlas das grandes cidades brasileiras, representa amioria do povo brasileiro?

    Sobre as “jornadas de junho de 2013”, sugiro aos leitores a crítica que escrevi sobre o artigo de Luís Nassif, postado neste domingo, 16 de agosto de 2015. Aliás, essa crítica guarda relação com o que acabo de escrever sobre o artigo de Aldo Fornazieri.

    1. Elite não é povo.

      A suposta “elite” (leia-se todos que não são petistas e simpatizantes) cabe apenas pagar imposto.

      E depoois é a oposição que divide o país.

      Quando um pobre articulista notoriamente de esquerda escreve algo mais moderado, ele é malhado impiedosamente pela… esquerda!

       

       

      1. Nada disso, Homer.
        Qualquer

        Nada disso, Homer.

        Qualquer um, seja de esquerda ou de direita, pode escrever artigos moderados ou críticos contra governantes ou figuras públicas, sejam estes de esquerda ou de direita. O que tenho criticado é a incoerência cometida por esses articulistas, num mesmo texto. Essa “dosimetria”, do tipo “morde a assopra”, tira a credibilidade; essa falsa neutralidade é que combato diàriamente. É muito mais honesto e sensato que o articulista escreva um artigo crítico deixando isso claro já no título. E, ao longo texto, o autor deve desenvolver de forma coerente o raciocínio; se o artigo é crítico, não é necessário que se façam ponderações e elogios calculados; se o artigo é favorável, não é preciso falsamente interpor parágrafos críticos. Por que digo isso? Artigo é texto curto, deve possuir coerência e objetividade, coesão, unidade. Uma obra mais extensa, como um ensaio ou livro, admite a divisão em seções e capítulos; nestes, sim podemos ter alguns capítulos ou seções contendo críticas e outros com abordagem favorável ao que (a quem) é objeto da análise.

        Observe que não é questão de discordância ou concordância. Eu posso discordar de um texto crítico coerente. Mas quando é esse o caso, expresso minha discordância de outra maneira.

  5. Dilma sabe o que faz, ela

    Dilma sabe o que faz, ela percebeu que governa sem oposição, seus inimigos são frágeis, beirando ao ridículo, ela sabe que não vai cair, a grande questão dela é a falha na comunicação, ela não conversa consoco, o povo.

  6. Quer queiramos ou não, a

    Quer queiramos ou não, a classe média cronicamente alienada e egoista que foi às ruas ontem também é parte do povo. E é uma parte barulhenta, que pode sim pressionar para a capitulação de Dilma. O texto do Sr. Fornazieri é merecedor de elogios. O que vocês queriam? Que ele dissesse verdades acacianas para afagar os ouvidos e o combalido ego daqueles que se autodenominam pró governo ou de esquerda? Tem que dar uma no cravo e outra  na ferradura sim. Afinal, que a oposição é composta por uma massa infame de gente canalha é bastante óbvio. No entanto, que Dilma raramente acerta também é muito claro, desde o seu primeiro mandato. 

    E não adianta esperar que nossos políticos mudem se a sociedade brasileiira inteira continua a mesma coisa. Para quebrar o melancólico ciclo vicioso explicado no final do post, temos que começar mudando nossas próprias vidas e nossa maneira de interagir com os outros. Na labuta do dia a dia, o Brasil é majoritariamente feito de (e por) cunhas, renans, aécios, gilmar mendes, moros, dilmas (no tocante à ingenuidade e à incompetência) e outras sumidades do gênero. 

  7. Domingo, no final da

    Domingo, no final da manifestação conclamada pelo Aécio Neves, vi um idoso de cerca de uns 65 anos acompanhado de uma idosa, ambos vestidos de verde amarelo, entrarem num café no shoppinzinho da Redenção, em Porto Alegre, e meterem a mão numa das cumbucas de um buffet de sorvete. Sacaram um punhado de balas com as próprias mãos e levaram à boca, apesar de parecerem bem alimentado. O idoso meteu novamente a mão na cumbuca e pegou mais um punhado. Ambos sorriam trazendo dentro de si um sentimento de prepotência. É isso que você quer dizer com um jeito civilizado de ser?

  8. 600000 pessoas na rua taxadas
    600000 pessoas na rua taxadas de bestas irracionais. Mais de 90% de desaprovação do governo. Abram os olhooos!

  9. Não nos esquecemos: o

    Não nos esquecemos: o problema continua parlamentar, enquanto a Dilma não afrouxar as torneiras das verbas das emendas pessoais e a grana que abastece as ongs da vida. Se ela não fizer jorrar a grana pública, os abutres (agora com asas) voltarão ao ataque, capitaneados, desde sempre pelos acunhadores de plantão: o jogo é (e sempre foi: lembremo-nos do que disse o Lula ao Mujica) sujo ao extremo. O Brasil não tem, salvo as exceções de sempre, parlamentares, tem achacadores…

  10.  
    [FORA DE PAUTA(?!)]Tem

     

    [FORA DE PAUTA(?!)]

    Tem início “a mais importante (sic), peremptória e terminal (!) fase anunciada da ‘Operação Golpe Lava Jato'”!
    Porém, para a direitona eterna oPÓsição ao Brasil e ao honesto povo trabalhador brasileiro os saldos dos estragos cevaram-lhe os putrefatos estômagos de corvos!
    E de agora em diante, teremos a erupção de uma enxurrada de outras ilegalidades surreais a desmoralizar completamente os nazifascistas, terroristas, antinacionalistas, corruptos até a enésima geração, golpistas de meia tigela IMUNDA!
    [RESCALDO: a presidente Dilma Rousseff “vergou, mas não quebrou”!
    E a energia da distensão da Magnífica ‘Coração Valente’ impulsionará o governo para alturas inefáveis!
    Perderam – mais uma vez -, os [eternos] inimigos da pátria!
    Viram, sacripantas desalmados?!…]

    ENTENDA a patifaria tão previsível quanto o nascer do dia!

    ######################################

    STF VAI JULGAR VALIDADE DAS DELAÇÕES DE YOUSSEF

    A decisão de remeter o julgamento ao plenário foi proferida pelo ministro Dias Toffoli, relator do pedido, a pedido da defesa de Erton Medeiros, executivo da Galvão Engenharia, que cumpre prisão domiciliar; a defesa de Medeiros alega que o acordo de delação premiada deve ser anulado, porque Youssef quebrou um termo de colaboração na investigação do Caso Banestado; “Não era lícito o Estado celebrar, pela segunda vez, um acordo de colaboração com Alberto Youssef, assim igualmente não poderia liberar, em seu benefício, bens adquiridos com os proveitos da infração. Evidentemente, a homologação do acordo ofendeu o princípio constitucional do devido processo legal e produziu ilícita”, alega a defesa

    17 DE AGOSTO DE 2015 ÀS 20:00

    Da Agência Brasil

    (…)

    FONTE: http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/193298/STF-vai-julgar-validade-das-dela%C3%A7%C3%B5es-de-Youssef.htm

  11. E’ meua amigos, ta todo 

    E’ meua amigos, ta todo  mundo desorientado, tentando desesperadamente fazer uma analise ”perfeita” da situacao. Isso me lembra um bacanal que participei quando tinha 20 anos, la em Petropolis. No meio da sacanagem faltou energia. No escuro total o mais importante nao era comer alguem e sim nao ser comido. Boa noite.

  12. Engenheiros de Obras Prontas …

    Eu gostaria  enormemente de saber  o que a Dilma, que fazia um excelente governo até junho de 2013 (ou não ? não havia avaliação positiva de 70 % ? não havia uma forte baixa dos juros e da Selic ?)  poderia ou deveria fazer hoje. 

    Sem uma base organizada na Sociedade, onde a CUT e o PT foram submergidos por uma onda de ódio, sem maioria no Parlamento, com uma dívida interna cobrando um pagamento mensal de juros aos aplicadores maior que 10 orçamentos de bolsas-família, com ameaça constante de inflação, com um povo despolitizado e precariamente educado, com uma imprensa totalmente controlada pela oligarquia, com o dilema valorização cambial x desindustrialização , com a chantagem constante do “mercado”, boletim Focus e agências de “rating” que tornam possível a qualquer momento o pesadelo da fuga de capitais, com a economia internacional em crise, com o preço das commodities desabando, com o preço de petróleo lá em baixo, o que ameaça a financiabilidade da grande Petrobras, o que essa senhora deveria ou poderia fazer ? 

     

    Me diz, por favor, Fornazieri !!!  

  13. O fator “povão”.

    Considerei muito boa a análise.

    Porém, o articulista não relevou a atuação do setor mais importante e numeroso da sociedade: o povão. Este povão que teve vez nos governos petistas. O povão, que saiu da condição de um limbo social entre a escravidão e a cidadania; e cujo cotidiano era viver se esgueirando pelos cantos da sociedade feita para um elite inculta, reacionária e corrupta. Um povão que, na visão desta elite inculta, reacionária e corrupta deve ficar mesmo varrendo o chão dos aeroportos, escritórios e universidades.

    Este povão, mesmo bombardeado diuturnamente pela desinformação de uma mídia tão inculta, reacionária e corrupta como a elite da qual é porta-voz, percebeu que a cidadania que conquistou nos governos petistas faria parte do passado caso os golpistas fossem vitoriosos. Por isso, o povão não compareceu ao show de horrores encenado por uma camada média que mesmo sendo abominada pela elite econômica é “curral” político necessário para a manutenção dos seus privilégios.

    Atitudes do governo petista no sentido de aprofundar as políticas distributivistas podem trazer o povão de volta às ruas para apoiar a legalidade democrática e defender a cidadania conquistada. Mesmo um governo covarde como o de Dilma seria forçado a agradar o povão, caso não tivesse outra alternativa. Este risco foi a verdadeira motivação de setores desta elite para clamar pela “governabilidade”.

    O governo não deve ter ilusões em relação ao recuo tático da elite econômica. Reforçar a agenda social fará com que mesmo o mais tresloucado “coxinha” recue diante do temor de que o “morro desça”. Uma coisa é uma manifestação de alguns milhares de “papagaios de telejornal” na orla de Copacabana. Outra coisa seria a Rocinha, o Alto do Zé do Pinho ou Heliópolis “descerem” em direção aos centros de Poder exigindo o que lhes cabe do “bolo” econômico. Povão na rua é força da natureza. Ninguém poderia segurar!

  14. Sei lá, mas as vezes tenho

    Sei lá, mas as vezes tenho vergonha de ter como patrícios gente tão inacreditavelmente estúpida. Pior. Gente estúpida que se acha “instruída” só porque lê a Veja e assiste a GloboNews.

  15. Presidente da cut,o que?

    Que papo é este de abafar a declaração do presidente da CUT ? em tempos de internet e redes sociais ? faz me rir. Ao contrario do que pensa o articulista, a permanencia de Dilma se da por varios motivos e um deles so foi simplesmente exposto por uma pessoa que é mais ouvida,pois o que ele declarou até as paredes estão sabendo,pois em comentários,blogs,nas redes sociais esta “ameaça” ja era feita por muitos.O Nassif mesmo expos aqui o que seria “o dia seguinte” a um impedimento ou prisão do Lula.Ao contrario,a declaração do presidente da CUT so veio reforçar um dos temores da turma da bufunfa e de parte esclarecida da classe politica.E sim Dilma por enquanto esta refem dest agenda de governabilidade,mas ela so sai se a sociedade civil organizada deixar de apoia-la,não por gostar,até porque ela não conversa,tem um ministério fraco e adotou uma agenda  economica neo liberal que como sempre joga a conta primeiro nas costas do trabalhador,mas a apoiam a democracia e um governo ruim,mas que é muito melhor do que a turma de urubus que esperam para assumir.Ela continua,ou refem do PMDB,ou passa ao ataque com uma reforma ministerial,e se voltando as bases,ouvindo,mais do que falar.Esta ultima é uma esperança,infelizmente.

  16. Artigo muito bem articulado,

    Artigo muito bem articulado, como todos do Aldo. “Desalentadora política brasileira”, república ausente, democracia de poucos, grandes verdades. Quem vai mudar isto? Não o Congresso Nacional, não o povo bestializado das ruas. Acredito numa revolução democrática (minha utopia). O povo nas ruas, mas com organização, eixos, propostas para um novo contrato social. Reforma nos três poderes, mais controles, fim de privilégios e altos salários. Uma revolução democrática e republicana. É hora de instalarmos a República no Brasil. 

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador