Para alemães, comunismo é boa ideia

Jornal GGN – Um estudo realizado por um instituto de pesquisas alemão a pedido da Universidade Livre de Berlim apontou que para 60% dos cidadãos não há uma democracia verdadeira no país. Além disso, uma em cada três pessoas entrevistada acredita que o capitalismo leva à pobreza e à fome.

Tem mais. 37% dos residentes do lado ocidental da Alemanha, e 59% do lado oriental, acham que o comunismo e socialismo é uma boa ideia, mas que até agora foi mal executada.

Enviado por Assis Ribeiro

Para 60%, não há democracia verdadeira na Alemanha

Da Deutsche Welle

Estudo mostra que um em cada quatro cidadãos acredita que o país está no caminho de uma nova ditadura. Para um terço dos entrevistados, capitalismo inevitavelmente leva à pobreza e à fome.

Cartazes da propaganda eleitoral na Alemanha

Mais de 60% dos alemães consideram que não há uma democracia verdadeira na Alemanha. A culpa seria da influência da economia, que teria mais força do que os eleitores. Esse é o resultado de uma pesquisa de opinião realizada pelo instituto Infratest Dimap, a pedido da Universidade Livre de Berlim, e publicada nesta terça-feira (24/02).

Segundo o relatório, uma a cada três pessoas está convencida de que o capitalismo inevitavelmente leva à pobreza e à fome. Além disso, 37% dos residentes do lado ocidental da Alemanha e 59% do lado oriental classificam o comunismo e o socialismo como uma boa ideia, mas que, até agora, foi mal executada.

Um quinto da população alemã pede por uma revolução, sob o argumento de que as reformas políticas não melhoraram as condições de vida. Devido ao aumento da vigilância dos cidadãos, a Alemanha estaria no caminho de uma nova ditadura, responderam 27% dos entrevistados.

No entanto, de acordo com os autores do estudo, o resultado mais surpreendente é que apenas 46% dos entrevistados são favoráveis à manutenção do “monopólio de violência” – que reserva ao Estado o uso ou a concessão do emprego da força.

Além disso, o estudo chegou à conclusão de que 14% dos alemães no lado ocidental e 28% dos do lado oriental mantêm uma postura de esquerda radical ou esquerda extremista, somando um total de 17% da população do país.

Avaliados como extremista pelos pesquisadores são aqueles que desejam instaurar comunismo ou “democracia real” em detrimento do pluralismo e da democracia parlamentar. Aproximadamente 1.400 pessoas participaram da pesquisa. O estudo completo foi impresso em um livro.

Redação

11 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Entrevista dada por Trotsky

    Entrevista dada por Trotsky para um jornalista polonês nos anos 1930, revelador e atemporal.

     

    Pergunta:

    “O agrupamento de ditaduras pode ser considerado um embrião do reagrupamento de povos ou isso é só uma fase passageira?”

    Resposta de Trotsky:

    “Não acho que o agrupamento de países acontecerá, por um lado, sob o signo da ditadura e por outro, da democracia.

    “Com a exceção de uma pequena parte de políticos profissionais, nações, povos e classes não vivem da política. Formas de estado são só um meio diante de determinadas tarefas, especialmente as econômicas. Obviamente uma certa similitude entre regimes de Estado predispõe à aproximação e torna isso mais fácil. Mas em última instância são as considerações materiais que decidem: interesses econômicos e cálculos militares.

    “Se eu considero o grupo de ditaduras fascistas (Itália, Alemanha) e as quase-bonapartistas (Polônia, Iugoslávia, Áustria) episódicas e temporárias? Por desgraça, eu não posso fazer uma previsão tão otimista. O fascismo não é provocado por uma psicose ou “histeria” (é assim que se consolam os teóricos de salão como o conde Sforza), mas por uma crise econômica e social profunda que devora o corpo da Europa sem piedade. A atual crise cíclica só fez mais agudos os processos orgânicos mórbidos. A crise cíclica irá inevitavelmente ceder seu lugar a uma reanimação conjuntural, apesar de que será em um grau menor do que o esperado. Mas a situação geral da Europa não ficará muito melhor. Após cada crise, as empresas pequenas e fracas ficarão ainda mais fracas ou irão morrer completamente. As empresas fortes irão ficar ainda mais fortes. Perto do gigante econômico dos Estados Unidos, a Europa rota em pedaços representa uma combinação de pequenas empresas hostis umas às outras. A situação atual da América é muito difícil: o próprio dólar está de joelhos. No entanto, após a crise atual as relações de forças irão mudar a favor da América e em detrimento da Europa.

    “O fato que o velho continente como um todo está perdendo a situação privilegiada que teve no passado leva a uma excessiva exacerbação de antagonismos entre os Estados europeus e entre as classes dentro dos Estados. Naturalmente, nos diferentes países estes processos levam a um diferente nível de tensão. Mas eu falo de uma tendência histórica geral. O crescimento de contradições sociais e nacionais explica, no meu ponto de vista, a origem e a relativa estabilidade das ditaduras.

    “Para explicar meu pensamento permita que me refira ao que tive ocasião de dizer anos atrás sobre esta questão: por que democracias dão lugar a ditaduras e isso dura tanto? Vou lhe dar uma citação literal do artigo escrito em 25 de fevereiro de 1929:

    “Costuma-se dizer neste caso que estamos lidando com nações retrógradas ou imaturas. Esta explicação se aplica apenas à Itália. Mas mesmo nos casos em que esta explicação é correta, isto não esclarece nada. No século 19 era quase uma lei que países atrasados alcançassem a democracia. Por que então o século 20 os empurra no caminho da ditadura? As instituições democráticas mostram que não suportam a pressão das contradições contemporâneas, ora externas, ora internas, mas mais frequentemente ambas ao mesmo tempo. Isto é bom? Isto é ruim? Em todo caso, é um fato.

    “Por analogia com a eletricidade, a democracia pode ser definida como um sistema de interruptores e isolantes contra correntes muito fortes da luta nacional ou social. Nenhuma era na história humana foi tão saturada de antagonismos como a nossa. Um excesso de corrente é crescentemente sentido em diferentes pontos da rede européia. Sob uma grande pressão de contradições de classe e internacionais os interruptores da democracia vão derreter ou explodir. São os curto-circuitos das ditaduras. Os interruptores mais fracos são obviamente os primeiros a falhar.

    “Quando escrevi estas linhas, a Alemanha ainda tinha um social-democrata no comando do governo. Está claro que a subsequente marcha de acontecimentos na Alemanha – um país que ninguém pode considerar atrasado – não foi capaz de modificar minha apreciação da situação.

    “É verdade que durante este tempo o movimento revolucionário na Espanha varreu não só a ditadura de Primo de Rivera, mas também a monarquia. Correntes contrárias deste tipo são inevitáveis no processo histórico. Mas o equilíbrio interno está longe de acontecer na Península mais além dos Pirineus. O novo regime espanhol ainda não demonstrou sua estabilidade.”

    1. Até parece profecias de Nostradamus.

      Desculpe-me Samuel, mas esta entrevista de Trostky mais parece as profecias de Nostradamus, conforme é feita a interpretação ela explica qualquer coisa.

  2. “acham que o comunismo e

    “acham que o comunismo e socialismo é uma boa ideia, mas que até agora foi mal executada”

    E lá vamos nós de novo.

    Daqui a 30 anos, quando estiver faltando comida e os dissidentes forem assasinados, vão dizer de novo que “deturparam Marx”.

    ah, essa humanidade… 

  3. Eles não estavam brincando

    Eles não estavam brincando quando elegeram o Nacional-Socialismo como salvação da pátria, e marcaram os judeus, sempre associados com o capitalismo, como os inimigos a serem destruídos. Está bem além dos discursos inflamados de Hitler e da propaganda brilhantemente conduzida por Goebbels. Na Europa, exceto a Holanda e a Inglaterra, ninguém tem perfil completo de democracia.

    1. Não identifique um povo inteiro com o nazismo, por favor!

      Caro José, os nazistas nunca tiveram maioria eleitoral na Alemanha; sua votação nunca passou de um terço do eleitorado. Hitler foi nomeado chanceler pelo presidente alemão em uma situação de crise parlamentar. No sistema alemão de então na impossibilidade de uma composição para maioria parlamentar o presidente poderia nomear o primeiro ministro (o chaceller). Depois de nomeado que Hitler foi tomando medidas de exceção, muitas delas a partir de casos fabricados para ganhar apoio popular. Os alemães em sua maioria nunca votaram na ditadura nazista, nem apoiaram um ‘golpe’, não foi isso que ocorreu. Em segundo lugar, muitos alemães não judeus sairam da Alemanha – o caso mais famoso é o da atriz Marlene Dietrich –  e houve resistencia ao nazismo na Alemanha. A resistência era clandestina, fragmentada, muitas vezes individual ou meramente simbólica; por exemplo se recusar a fazer a saudação nazista, o que não era pouco pois dependendo do humor de alguém se poderia pagar com a vida por isso. Os registros obviamente são poucos mas há alguns relatos. Um bom exemplo é o grupo rosa branca, retratado no filme Sophie Scholl.  Identificar nazistas com os todos os alemães além de uma atitude mal informada me parece pouco produtiva, pois incentiva o ódio entre povos.

  4. A manchete diz uma coisa  ,e

    A manchete diz uma coisa  ,e ao se  ler o artigo ,diz o contrário ,pois afirma que só 17 por cento da popuçaão aceita uma idéia esquerdista.Ah  ,como é fácil distorcer a verdade.

    1. O Comunismo.

      O Comunismo é a mais solidária forma de mentira solida … onde o pobre sempre será pobre e escravo … e quanto mais ignorante o povo melhor a forma de dominio pela repressão e exemplo publico. O lucro na democracia esta na oportunidade que o pobre tem de ser rico se tiver principalmente o dom do comercio.

  5. “A” democracia ou o processo de democratização?

    Os gregos tinham uma democracia na qual os escravos, metecos(estrangeiros) e mulheres não tinham direito de ir a Ágora e participar das decisões da cidade. Até meados do século XIX na democracia parlamentar da maioria dos países as mulheres não podiam votar e o voto era censitário, isto é, o peso do voto valia pelo nivel de renda; trabalhadores pobres não podiam votar. No ‘farol’ da democracia parlamentar e do ‘anticomunismo’ do século XX, os EUA, os negros não podiam votar até 1966 (história relatada no belissimo filme Selma). A história mostra um longo processo de democratização, a cada momento enfrentando os seus limites. Congelar a democracia em uma único momento, e justamente no que ela na forma como existe tem se mostrado incapaz de solucionar a maior concentração de renda já existente na era moderna, como sendo o ‘fim da história’ é matar o processo de democratização da sociedade. Talvez no Brasil isso soe estranho, mas não para um europeu. No avanço desse processo de democratização estiveram as associações e cooperativas comunistas do século XIX que praticavam a democracia no cotidiano do trabalho e da organização politica; o nome comunista vem daí e não da ditadura stalinista e nem mesmo de Marx que só procurou dar sentido teórico para o fenômeno, não criou a ‘fórmula do comunismo’.

    Infelizmente, ao longo do século XX o stalinismo que adotou para si o monopólio do termo comunismo contribuiu e muito para estancar o avanço desse processo de democratização. Foi uma autora comunista alemã, Rosa Luxemburg, a primeira a apontar que na Revolução russa o processo de democratização foi assassinado logo no começo quando o partido bolchevique não convocou a eleição de uma Assembléia Constituinte; dizia ela sobre o rumo que a revolução russa então tomava:”liberdade somente para os partidários do governo, para os membros de um partido, por numerosos que sejam, não é liberdade.”O único caminho é a própria escola da vida pública, a democracia mais ampla e ilimitada, a opinião pública. É justamente o terror que desmoraliza.” E arremata de forma quase profética sob o que aconteceria sem a democracia mais ampla e ilimitada: “Algumas dezenas de chefes de uma energia infatigável e de um idealismo sem limites dirigem o governo e, entre eles, os que governam de fato são uma dezena de cabeças eminentes, enquanto que uma elite da classe operária é convocada de tempos em tempos para reuniões com o fim de aplaudir os discursos dos chefes e de votar unanimemente as resoluções que lhe são apresentadas. É, pois, no fundo, um governo de grupo, uma ditadura de verdade, não apenas do proletariado, mas a de um punhado de figurões, isto é, uma ditadura no sentido burguês, no sentido da dominação jacobina” O stalinismo que se congelou exatamente nessa fórmula, e que adotou para si o monopólio do termo comunismo nunca foi democracia real, pelo menos no entendimento da fundadora do partido comunista alemão. Talvez seja a isso que os alemães da pesquisa se referem quando dizem que o comunismo é uma boa ideia  que foi mal aplicada.

    Essa rica tradição está sendo retomada fora do Brasil, sem o peso do stalinismo cujos remanescentes na europa são declaradamente nacionalistas, algo que lá é imediatamente identificado com a extrema direita. No Brasil criou-se uma histeria “anticomunista” veiculada por representantes da alta aristocracia encastelados nas redes sociais, na Veja e no Globo, com seus olavetes e afiliados dos Institutos Milennium e Von Mises Brasil. A desfaçatez dessa retórica anticomunista no Brasil é tão grande que até a normalidade da democracia parlamentar com a eleição de uma presidente que enceta um ajuste fiscal ao gosto dos mercados e que foi negado na eleição, é propagado como o exemplo acabado da ‘ditadura comunista’. Fora do Brasil tivemos eleição do Syriza(que já teve a simpatia delcarada da Fundação Rosa Luxermburg), com a possibilidade do Podemos chegar ao governo na Espanha. Todos eles utilizando os recursos do pluralismo e da democracia parlamentar e com um projeto de democratização da União Européia, impossiveis de serem acusados de ‘ditadores comunistas’ frente aos europeus que conheceram a desgraça do stalinismo não pela propaganda, mas pela história vivida. Temos indícios de renascimento do movimento social nos EUA (é só observar os discursos no OScar, até estrelas de Hollywood sentem os ventos de mudança soprando) onde comunismo é palavra maldita. Nesse contexto parece que o Brasil foi escolhido para ser o farol da reação, precisamente pela sua importancia no mundo. E simplificar o ‘comunismo’ tornando-o um chavão identificado com a ‘ditadura jacobina’ do stalinismo é a fórmula perfeita para uma propaganda histérica e irracional que impede o debate bem informado.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador