Pesquisa mostra que cafeína afeta saúde óssea de mulheres

Enviado por Iara G

Devido ao enorme problema nos EUA (grande consumidor de refrigerantes) de crianças já estarem cada vez mais com osteoporose ou fraqueza nos ossos, já haviam indicações por lá. Aqui, a Unicamp, através de sua Faculdade de Odontologia em Piracicaba/SP estudou e coloca:
 
Do G1
 
 
Pesquisa feita em Piracicaba usou café, Coca-Cola e Guaraná Antárctica. Fabricantes das marcas comentaram sobre a pesquisa feita só em ratos.
 
O consumo frequente de bebidas com cafeína promove alterações ósseas que aumentam o risco de fraturas em mamíferos do sexo feminino, segundo revela pesquisa feita na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), campus da Universidade de Campinas (Unicamp) em Piracicaba (SP). O mesmo não ocorre com representantes do sexo masculino. Conforme dados do estudo, realizado apenas em ratos, os hormônios femininos interagem com a cafeína e criam células que prejudicam o tecido ósseo.

A pesquisa, elaborada para a tese de doutorado do cirurgião dentista Amaro Ilídio Vespasiano Silva, utilizou doses de café e de duas marcas de refrigerantes (Coca-Cola e Guaraná Antárctica) para a avaliação dos resultados. Embora a pesquisa tenha sido feita apenas com ratos, segundo o autor, os resultados podem ser aplicados para os seres humanos. As empresas fabricantes dos refrigerantes comentaram a pesquisa (leia os posicionamentos abaixo).

A ingestão do refrigerante de guaraná, segundo o estudo, causa igualmente alterações na estrutura óssea, mas os resultados não foram determinantes a ponto de reduzir a resistência do osso, assim como ocorreu com o café e a bebida à base de cola.

“Estudos anteriores apresentaram controvérsias a respeito de como a cafeína interfere na qualidade do osso. O fato de as bebidas serem amplamente consumidas no Brasil, inclusive por crianças e adolescentes, foi determinante para a escolha do tema. E a conclusão mais importante foi a de que as fêmeas são as mais afetadas pela ingestão frequente da substância”, disse Silva.

“No caso dos seres humanos, a mulher possui um ciclo hormonal que influencia diretamente sobre o metabolismo do osso. Ocorre que a cafeína interfere sobre esse ciclo, o que faz com que haja maior desmineralização do tecido ósseo”, relatou o pesquisador.

Ele afirmou ainda que atualmente não há um “limite seguro” para a ingestão de cafeína sem danos à saúde dos ossos. “A menor concentração de cafeína, consumida no menor intervalo de tempo, já é capaz de produzir efeitos adversos sobre o metabolismo ósseo.”

Realização da pesquisa
A pesquisa para a tese de doutorado selecionou 80 ratos adultos (40 machos e 40 fêmeas) com 90 dias de vida. Os animais foram mantidos em gaiolas em local com temperatura e umidade controladas, com ciclos alternados de 12 horas em ambientes claro e escuro. A alimentação contou com fornecimento de ração balanceada e água à vontade para todos os animais, além de dieta à base de café e refrigerantes de cola e guaraná para os grupos experimentais.

O volume diário consumido foi tabulado e todos os ratos eram pesados semanalmente. Decorridos 48 dias das dietas à base de café e refrigerantes, os mamíferos foram sacrificados, conforme protocolo estabelecido pela Comissão de Ética no Uso de Animais.

Em seguida, o fêmur da perna direita de todos os ratos foi dissecado e armazenado em recipiente de vidro com formol. Após os procedimentos, os tecidos ósseos tiveram a estrutura e a resistência testados com o auxílio de equipamentos específicos.

Prêmios e Capes
A tese, desenvolvida durante três anos e meio, foi defendida no programa de Pós-Graduação em Radiologia Odontológica da FOP sob orientação dos professores Lourenço Correr Sobrinho e Francisco Haiter Neto. Silva teve bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para realizar o estudo, que foi premiado na 30ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica e no 9º Congresso Nacional de Radiologia Odontológica, segundo a assessoria de imprensa da Unicamp.

Resposta da Coca-Cola
A Coca-Cola Brasil se posicionou sobre o resultado da pesquisa. Leia na íntegra:

“Inúmeras pesquisas científicas demonstram que os comportamentos mais importantes para a saúde óssea são o consumo de uma dieta nutricionalmente completa, incluindo cálcio e vitamina D, e atividades físicas regulares. Segundo a International Osteoporosis Foundation (IOF), a ingestão moderada de cafeína não causa efeitos prejudiciais à saúde óssea, desde que a ingestão de cálcio seja adequada.

Além disso, mais de 140 agências regulatórias do mundo, incluindo a Food and Drug Administration (US FDA) e a European Food Safety Authority (EFSA), consideram que o uso apropriado de cafeína em alimentos é seguro.

Além disso, é necessário avaliar com muita cautela os resultados obtidos em modelo animal quando se pretende produzir correlações com a vida humana. Diferenças em anatomia, fisiologia, desenvolvimento e fenômenos biológicos devem ser levados em consideração quando são analisados os resultados de qualquer pesquisa em ratos.”

Resposta da Ambev
Questionada pelo G1, a Ambev, que produz o Guaraná Antárctica no Brasil, respondeu o seguinte, na íntegra:

“A Ambev não comenta os resultados da referida pesquisa pois desconhece o seu conteúdo, seus critérios e a metodologia utilizada. A companhia reafirma seu compromisso com a qualidade e a segurança de todos os seus produtos”.

 

Redação

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