Por que TSE arrasta julgamento das contas de campanha Dilma/Temer, por Janio de Freitas

“O plano é simples e seus riscos de embaraço são poucos. Consumado, deixa Dilma Rousseff condenada por irregularidade na campanha eleitoral e absolve seu companheiro de chapa”

 
Jornal GGN – O julgamento sobre as possíveis irregularidades nas contas da campanha eleitoral da chapa Dilma/Temer se arrasta há dois anos. No artigo à seguir Janio de Freitas levanta a tese de vários interesses por trás desse adiamento, sobretudo de Michel Temer que estaria aguardando a troca de cadeiras no Tribunal Superior Eleitoral. 
 
Nos próximos meses, dois ministros encerram sua participação e a discussão para novos substitutos, completando votos pró-Temer, já estaria em andamento. Lembrando que, hoje, Gilmar Mendes ocupa a presidência e Luiz Fux a vice-presidente do TSE. 
 
Folha de S.Paulo
 
Adiar ainda mais julgamento de Dilma e Temer no TSE é a chave do plano
 
Janio de Freitas
 
O plano é simples e seus riscos de embaraço são poucos. Consumado, deixa Dilma Rousseff condenada por irregularidade na campanha eleitoral e absolve seu companheiro de chapa, o que livra Michel Temer da destituição como beneficiário da mesma irregularidade. Não há, porém, como apressar a execução do plano, que está condicionado a certo calendário do Tribunal Superior Eleitoral. E esse é o seu risco.
 
O exame das contas de Dilma/Temer espicha-se há dois anos. O ministro Herman Benjamin desabafou há pouco, em um despacho, contra diligências que pretenderiam protelar o caso “ao infinito, sem possibilidades concretas de conclusão”. O lado de Dilma Rousseff tem experiências que justificam o receio do julgamento. O de Michel Temer está inseguro quanto a votos que não se prenunciam.
 
Protelar o julgamento ainda mais é a primeira chave do plano. Em mais dois meses, a 16 de abril, o ministro Henrique Neves encerra sua participação no TSE. Meio mês depois, em 5 de maio, dá-se o mesmo com a ministra Luciana Lóssio. Daí decorre a segunda etapa: a designação de novos ministros afinados, por antecipação, com a separação de responsabilidades dos candidatos igualmente beneficiados. E, como decorrência, voltados para a condenação da presidente eleita e a absolvição do seu vice.
 
Estariam assegurados os quatro votos pró-Temer: além dos dois recém-nomeados, Gilmar Mendes e Luiz Fux, presidente e vice do TSE, não suscitam dúvidas. Os três que completam o plenário de sete não importariam mais. A condenação de Dilma nem seria indispensável, servindo só como lucro político excedente. Nessa operação, o risco que o plano corre é o de um imprevisto, no TSE, capaz de dificultar a protelação do julgamento por mais dois meses e meio. Consta já haver sondagens, ou indicações originárias do TSE, de alguns nomes possíveis.
 
Para mais informações: Gilmar Mendes, no TSE ou no STF, e Michel Temer, no Planalto ou no Jaburu (recados com Marcela).
 
A atividade em Brasília faz o verão das conspiratas. As do Congresso duram dois ou três dias, porque lá os sigilos começam por uma confidência a jornalistas. A manobra desanda, para começar outra, todas procedentes dos estoques inesgotáveis de Romero Jucá e Renan Calheiros. Nos tribunais superiores são mais compenetradas. A repórter Marina Dias revelou uma que em breve teria desdobramento com reflexos radiais. É provável que não mais o tenha, em razão da quebra do sigilo.
 
A informação de que, na segunda turma do Supremo Tribunal Federal, havia conversas contra a continuada prisão de Eduardo Cunha (Folha, 17/2, pág. A7), é de humor irresistível. Quer dizer que a mania de perseguidos do juiz e de procuradores da Lava Jato, atribuindo ao Congresso as conspirações para esmagá-los, acontece com real perigo é na catedral da própria Lava Jato? Mas nem o que haja de patético nessa inversão enfraquece a enormidade do relatado a Teori Zavascki: mais do que conversas sobre pretendida libertação de Eduardo Cunha, por ele inadmitida, estava formada, em princípio, a maioria de três votos para derrotá-lo –seriam Gilmar Mendes, Dias Toffoli e, quase com certeza, Celso de Mello. O voto final, de Ricardo Lewandowski, em nada influiria.
 
O argumento a que foi atribuída a formação da maioria é o que mais pode ter utilidades hoje em dia: é preciso e urgente restaurar a ordem institucional, que não resistirá ao agravamento de sua desmoralização caso Eduardo Cunha, derrotado nos seus pedidos de habeas corpus, adote uma demolidora delação premiada para recuperar a liberdade. O desarrazoado voto do ministro Celso de Mello, com a concessão de foro privilegiado a Moreira Franco, encaixa-se naquele argumento fértil.
 
O Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral entram de corpo inteiro na crise. Deveriam dirimi-la, vêm agravá-la
Redação

8 Comentários

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  1. A Irracional duração do processo é uma garantia constitucional

    Dispõe a Carta Magna (imagina não fosse mínima) que a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

    Devagar também se chega. Prá que tanta pressa de chegar, se eles sabem o jeito e o lugar? O apressado come cru. O Temer rouba mais descansado. Ele empodera os juízes que julgarão seus mal-feitos. Alguém tem dúvida da improcedência da ação, no que respeita aos seus mal-feitos?

  2. STF de muletas.

      Não há mais que perdermos tempo com a Justiça. Os descaminhos que levam a nomeação dos seus componentes , ficou ,felizmente , bem evidenciado na nomeação do Alexandre Moraes. Não se enganem ,de que os seus outros componentes ,tiveram caminhos retos e plenos de louvor. Na última decisão ,o caso Angorá,Deus para esclarecimento dos desavisados e mal intencionados ,colocou a Justiça ,na figura do Min. Celso de Mello de muletas. Entenderam coxinhas?

    1. Enquanto isto…..

      Todos os processos relativos ao PT, caiam, invariavelmente, nas mãos do Gilmar. Este nosso (?) STF sempre cheirou mal, não só pela grande quantidade de traíras, mas e principalmente por sua participação em negociatas.

      Tá tudo dominado !

  3. Depois de tudo isso vem os

    Depois de tudo isso vem os ignorantes politicos, entre eles o politico mor da ignorncia bob freire, falarem em aparelhamento do pt. que estupidos.

  4. O Eduardo Cunha entrou com HC

    O Eduardo Cunha entrou com HC perante o STF???

    ( não tenho conhecimento que tenha ocorrido.). Ele entrou no TRF4 e recurso do STJ que foi julgado liminarmente como HC pelo Fischer, que eu saiba.

    Quando sai o acordão do STF, da Reclamação e não, HC? 

    Vai virar jurisprudencia este julgamento?

  5. A justificação pelo processo

    Um amigo meu chama esse procedimento de “justificação pelo processo”: primeiro se escolhe o resultado e depois se monta o processo pra justificar esse resultado…

  6. O joo politico do STF e TSE

    Gilmar Mendes manipula os titeres para que façam examente aquilo que Ele deseja. A justiça para essa topo é apenas um tabuleiro de xadrez onde jogam conforme as peças.

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