
“Salvar o mundo que hoje se chama Gaza”, conclama Claudia Sheinbaum
No dia 12 de janeiro de 2009, o jornal mexicano La Jornada publicou a foto de uma mobilização do povo espanhol em Madri contra a Operação Chumbo Derretido, iniciada pelo exército israelense em 27 de dezembro de 2008 e encerrada em 8 de janeiro de 2009 com a morte de 1.400 palestinos. No verso da página os leitores encontraram uma carta enviada por Claudia Sheinbaum Pardo, então coordenadora das Comissões de Defesa da Quarta Transformação – nome dado pelo Movimento de Regeneração Nacional (Morena), do presidente Andrés Manuel López Obrador (2018-2024), repudiando a chacina.
Na época, a cientista da Universidade Nacional Autônoma do México, que posteriormente viria a ser prefeita da capital, já despontava como figura profundamente comprometida com a justiça social e a Humanidade.
Diante da atualidade da denúncia do terrorismo de Estado praticado por Israel, vários jornais mexicanos reproduziram recentemente o texto de 15 anos atrás. Denúncia que ganha maior transcendência pelo fato de tratar-se de um texto com a assinatura da presidente recém-eleita do México, que segue firme nos seus ideais, reiterando convicções.
Três anos após a publicação daquela carta, frente a uma nova agressão, Claudia reiterou as palavras de então: “Ainda penso a mesma coisa”.
Salvar o mundo que hoje se chama Gaza
“Venho de uma família judia e tenho orgulho dos meus avós e dos meus pais. A minha avó materna, exilada da Lituânia por razões económicas e raciais, chegou ao México com parte da sua família na segunda década do século XX. Meu avô paterno chegou ao México na mesma época, também exilado da Lituânia, por motivos políticos e raciais: era comunista e judeu.
Meus avós maternos vieram para o México fugindo da perseguição nazista. Eles foram salvos por um milagre. Muitos dos meus parentes daquela geração foram exterminados em campos de concentração. Ambas as famílias decidiram fazer do México sua terra natal. Fui criada como mexicana. Amando sua história e seu povo. Sou mexicana e é por isso que luto pela minha pátria. Não posso e não quero negar a minha história; fazer isso seria, como diz León Gieco, negar a alma da vida. Mas também sou um cidadão do mundo, pela minha história e porque é assim que penso que deve ser.
Refiro-me, claro, a homens e mulheres libertários, humanistas, não racistas, que lutam pela paz… (Imagine) como compôs John Lennon. Portanto, devido à minha origem judaica, devido ao meu amor pelo México e porque me sinto uma cidadã do mundo, compartilho com milhões o desejo de justiça, igualdade, fraternidade e paz e, portanto, só posso ver com horror as imagens dos bombardeios do Estado de Israel a Gaza… Nenhuma razão justifica o assassinato de civis palestinos…
Nada, nada, nada pode justificar o assassinato de uma criança. Por esta razão, me somo ao clamor de milhões de pessoas em todo o mundo que apelam a um cessar-fogo e à retirada imediata das tropas israelenses do território palestino. Como disse Alberto Szpunberg, poeta argentino, numa carta recente: é disso que se trata: salvar um mundo, este único e angustiado mundo que todos habitamos, que pertence a todos e que hoje se chama Gaza”.
CLAUDIA SHEINBAUM PARDO
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Salvar Gaza?
E Tijuana? Ciudad Juárez?
Países que ostentam mais de 30 mil mortos por PAF/ano se arbitrando de “salvadores”?.
O genocídio palestino e o war on drugs copiado por Brasil e México têm a mesma origem, que é o capitalismo bélico e agem da mesma forma, criminalizando a pobreza e militarizado conflitos políticos e sociais.
Como diria Frida Kahlo:”me cago en la hóstia”.