Limites da onda conservadora, por Gunter Zibell

As eleições e posses ocorrem nos mais variados meses, então as posições apresentadas são as de final de janeiro de cada ano. Em alguns países as eleições são mais proforma do que não, pelo que não há perspectivas concretas de alternância.

Limites da onda conservadora, por Gunter Zibell

A tabela apresenta uma visão aproximada de como partidos ultranacionalistas (cinza), conservadores (azul), centristas (lilás) e social-democratas (rosa) alternam o exercício de poder em 17 importantes economias liberais e eleitorais. (São os países do G-20 exceto Rússia, Índia, China e Arábia, mais Espanha e Colômbia. Os 12 maiores PIBs da OCDE estão listados.)

Isso envolve algumas arbitrariedades. Os Democratas dos EUA são um partido conservador em economia, mas aparecem como centro para contrastar com os Republicanos. Para a Alemanha as coligações que incluem SPD e CDU são apresentadas como “centro”. Para a Ásia em geral é difícil imaginar um partido realmente social-democrata vencer eleições, e todos são conservadores em valores, então a alternância é sempre entre azul e lilás.

Para países presidencialistas aponta-se pelo partido da pessoa eleita presidente, mesmo que sem maioria congressual. Para parlamentaristas pelo partido do/a primeiro-ministro/a que conseguiu formar governo. Para os EUA são apresentados também os partidos que comandam as duas casas do Congresso.

As eleições e posses ocorrem nos mais variados meses, então as posições apresentadas são as de final de janeiro de cada ano. Em alguns países as eleições são mais proforma do que não, pelo que não há perspectivas concretas de alternância.

Em 2022 haverá eleições em 5 (formalmente democráticos) desses 17 países. Para 3 deles os partidos de tendência social-democrata estão no momento considerados como favoritos.

Mas descontados todos esses senões, o que é interessante observar é que o mundo, ao contrário do que o senso comum diria, está ficando mais rosa, não mais cinza.

Em 2001 o ano começou com 5 (em 17) governos autodeclaradamente social-democratas. Em 2012 foram apenas 4, reduzidos a 3 em 2018 (já com Trump e Erdogan continuando o fechamento dos discursos políticos.)

Mas em 2018 também foram eleitos AMLO e o retorno de maioria Democrata na Câmara dos EUA. Sánchez iniciou seu governo tampão.

Em 2018 também aconteceram as duas últimas eleições “endireitadoras” do grupo, no Brasil e Colômbia.

Em 2019, 2020 e 2021 nenhum desses países todos ficou eleitoralmente mais conservador do que começou. Só no Reino Unido houve uma eleição, em 2019, que confirmou a continuidade.

Mas, se forem confirmados os prognósticos para 2022, o ano de 2023 iniciará com um recorde de 9 governos de orientação social-democrata para esse grupo de 17 nações. E apenas 4 com governos explicitamente conservadores.

Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN

Redação

2 Comentários

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  1. As classificações dadas para os governos é uma verdadeira piada, a Colômbia que as milícias matam dezenas de pessoas por mês é um país levemente de direita, a indonésia em que partidos de esquerda são proibidos é centrista, dessa forma o governo Bolsonaro deveria ser dado como de centro.
    Que baita palhaçada.

  2. Talvez seja melhor reler assim, com base no que os governos efetivamente são em vez de o que apenas dizem ser (um pouco de offset à direita): cinza é extrema direita, azul é direita, lilás é centro-direita e rosa centro-esquerda. Entendo contudo o esforço do Gunter em fazer um gráfico aproximado, com foco na big picture, que para não perder o objetivo precisava ser simples; afinal, toda classificação política unidimensional é questionável, reducionista.

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