A direita na vanguarda
por Ricardo Cappelli
Na pesquisa divulgada pelo jornal Le Figaro, 77% dos franceses dizem que votarão em candidatos anti-sistema. O fenômeno é global. O sistema está sendo atropelado pelas radicais transformações do mundo capitalista.
Como fazer a máquina girar com o maior nível de concentração de renda e exclusão da história? Como aquecer economias sem consumidores? O que fazer com o desemprego estrutural e a formação de um exército de “inimpregáveis”?
A crise é tão profunda que levou para o divã até insuspeitos liberais. O economista André Lara Resende, um dos pais do Plano Real, aderiu à heterodoxia e passou a defender uma nova teoria monetária. Armínio Fraga virou defensor do combate às desigualdades sociais.
Por enquanto, a direita tem surfado melhor na crise. Por incrível que pareça, assumiu a vanguarda com muito mais sagacidade que a esquerda.
Paradoxalmente, a direita brasileira virou sinônimo de destruição do establishment e ousadia.
Quem bate na Globo como ninguém nunca bateu? Bolsonaro. Quem diz que o Brasil é um país comandando por cinco banqueiros e duzentos milhões de idiotas? Paulo Guedes.
Se a vida piorou, os serviços públicos continuam precários e o Estado é incapaz de apresentar soluções, que tal destruí-lo peitando as instituições ineficientes e corruptas que lhe dão sustentação?
Na política, o resultado, cedo ou tarde, cobra seu preço. Na história, grandes transformações são movidas por utopias. Quando o concreto se impõe à ilusão, os muitos passos já dados impedem um retorno ao ponto de partida. A roda da história só gira para frente.
A esquerda governou o país por 13 anos. São incontestáveis os avanços sociais neste período. Entretanto, que mudanças estruturais foram feitas? Mudamos a lógica tributária altamente regressiva? Enfrentamos a concentração do mercado de capitais? Taxamos dividendos e grandes fortunas? Revertemos nossa desindustrialização? Reduzimos a jornada de trabalho?
Apesar dos enormes avanços, alteramos estruturalmente nosso dramático déficit educacional? E o subfinanciamento do SUS? Acabaram as filas e macas nos corredores dos hospitais?
Dois anos de queda do PIB solaparam boa parte das conquistas. Na última pesquisa XP, 50% dos entrevistados consideram que a culpa pela crise atual é de Lula (31%) e de Dilma (19%).
A maioria das respostas apresentadas pela esquerda até aqui parecem vindas diretamente do túnel do tempo. Na economia, são as mesmas propostas da década de 80. Por que não fizemos? Nunca fomos governo? O mundo continua o mesmo?
No debate sobre a reforma administrativa, por exemplo, enquanto o governo propõe demolir o estado “ineficiente e atrapalhador do empreendedorismo”, a oposição parece continuar agarrada às corporações. Nenhuma proposta nova? Manter o modelo atual é suficiente?
Com o mundo do trabalho em xeque e a sociedade em acelerada transformação, parece inútil tentar consertar o carro velho. É necessário pensar fora da caixinha, propor novos paradigmas.
O rumo da direita é uma ideologização travestida de pragmatismo que nos conduzirá à catástrofe. Uma esquerda conservadora estruturalmente – por mais paradoxal que possa parecer – e “modernosa” no campo comportamental, será mera expectadora do precipício.
Curiosamente, diante de um presidente que chuta o sistema todos os dias prometendo o restabelecimento da ordem e da segurança, ser de esquerda passou a ser sinônimo de defesa do sistema, de volta ao passado recente e “culpado”.
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Muito lúcido o artigo, concordo com tudo. O PT tambem perdeu para a direita a bandeira da ética na política. Se mantém arrogante e não admite os erros da governabilidade do dinheiro. Não se posiciona contra os privilégios, não apresentou uma Reforma da Previdência igualitária e não encaminha, por exemplo o debate sobre o o teto salarial. Não fez, no poder, a Reforma Administrativa e alocou raposas consagradas para cuidar dos nossos galinheiros estatais. Mas infelizmente somos minoria neste debate.
É impressionante como parece que tem gente que ainda não entendeu. O PT só perdeu a bandeira da ética para quem emprenhou com a lava jato e a Globo. A vaza jato já mostrou que nada do que a lava jato tenha feito é confiável, todos os processos deveriam ser revistos. Se tinha corrupto na Petrobras ou em qualquer outra empresa pública não é responsabilidade do PT. A associação entre os esquemas de corrupção e o PT quem fez foi a lava jato, não o PT. Se gente como temer rouba há 40 anos, como diz a lava jato, a responsabilidade é da polícia, do MP e do judiciário. O sistema judicial só decidiu interferir no esquema que ele conhecia há anos quando foi para derrubar o PT. Pessoas inocentes foram condenadas nesses processos e é uma vergonha que o país aceite isso como prova de combate à corrupção. A máquina da propaganda foi eficientissima e durará muitos anos, mas vai custar não apenas a honra do PT, vai custar a aposentadoria do povo, a saúde pública, a barriga cheia.
Não sou admirador dos escritos de Ricardo Cappelli. Nada a ver com sua conduta política pessoal. Mas desta vez ele veio para me deixar calado e só não fico por necessidade de dizer que este artigo merece muito mais estrelas do que todas as que o PT tem.
Quanta asneira! O autor confunde mentiras populistas da direita com propostas de verdade. Bozo tá batendo na Globo?? Tá mesmo?? E prá quê ? Prá encher o rabo da Record – dez mil vezes mais reacionária – de dinheiro! Assumiu vanguarda de que?? Do modelo de capitalização da previdência de 1970 já falido no Chile! E a direita de Paulo Lemman e do Veio da Havan está indo contra quais corporações? E reforma administrativa é propor a mentira do empreendedorismo?? Quanta bobagem sem nenhuma conexão com a realidade!
Sem falar no banqueiro Paulo Guedes criticando banqueiros. Me poupe! Só falta dizer que a gente tem que se pautar por Bolsonaro. Falou muita besteira o cidadão.
Como diziam antigamente, tem gente que come gibi pra cagar estorinha………
E qual a proposta desses banqueiros miseráveis para distribuir renda? Qual a proposta do abutre narigudo televiso Nenhuma!!!!
É só estorinha pra comer a vovozinha, tenham dó……
Confesso que não nutro simpatia pelos escritos de Ricardo Capelli, mas dessa vez ele se superou em análise de conjuntura ruim. Chamar de vanguarda o que vai fazer o país regredir só se for a vanguarda do atraso.
Além disso, achar que Bolsonaro e seus micos de auditório são anti-stablishment, é acreditar maior fake news ver.