A história da guerrilheira que lutou ao lado de Che Guevara até o fim

Com um pai comunista e uma mãe judia, a menina nasceu na Argentina e conheceu Che na Alemanha Oriental em 1960

Por Pamela Malva

Em Aventuras na História

Tamara Bunke, a guerrilheira comunista que lutou ao lado de Che Guevara até o fim

A adrenalina na vida de Tamara Bunke começou logo quando ela era pequena. Seus pais, comunistas e judeus, tiveram que fugir da Alemanha quando os nazistas ascenderam e, em 1933, chegaram à Argentina, onde a menina nasceu, em 1937.

No país sul-americano, seus pais, Erich e Nadia se uniram ao Partido Comunista Argentino. Quando cresceu, Tamara passou a estudar ciências políticas na Universidade Humboldt, em Berlim Oriental e se juntou ao Partido da Unidade Socialista da organização juvenil conhecida como Juventude Alemã Livre (FGY).

Então, aos 23 anos, sua vida mudou de rumo novamente e ela conheceu Che Guevara, enquanto ele visitava a Alemanha Oriental em 1960. Inspirada pela Revolução Cubana, Tamara passou a morar em Cuba, após encontrar o símbolo marxista.

De volta à América, Bunke trabalhou com voluntariado ensinando em escolas e construindo casas. Por demonstrar, nessa época, disciplina e força de trabalho, a mulher participou de brigadas de trabalho, milícias e Campanha de Alfabetização de Cuba.

Depois de um tempo, ela foi selecionada para o treinamento da Operação Fantasma, uma expedição de guerrilha de Che à Bolívia. O objetivo era desencadear uma revolta em todo o continente e desafiar o imperialismo americano. Foi nesse momento que Tamara adotou Tania como seu nome de guerra.

Logo, Tania mostrou ter lealdade e muita valia para o governo cubano e viajou para a Bolívia sob o nome de Laura Gutiérrez Bauer, em outubro de 1964. Seu papel era como agente secreto da última campanha de Guevara, durante a Insurgência boliviana.

A primeira missão que Tania recebeu em campo foi reunir informações sobre a elite política e das forças armadas da Bolívia. Sob o disfarce de estudiosa do folclore da Argentina, a espiã conquistou a confiança do presidente boliviano René Barrientos e até saiu de férias com ele no Peru.

Com astúcia, Tania chegou até mesmo a passar informações para os guerrilheiros de Guevara em campo, se passando por uma narradora de rádio. Ela dava conselhos codificados sobre relacionamento a casais apaixonados e fictícios. O programa era chamado Conselho para as Mulheres.

Todavia, durante uma de suas viagens para seu acampamento rural em Ñancahuazú, seu disfarce foi descoberto, em 1966. Tania logo teve que deixar seu posto e participar da guerrilha armada de Guevara, em campo. Já na nova função, a mulher ficou encarregada de racionar alimentos e monitorar as transmissões de rádio.

O problema foi que, sem Tania como o contato da guerrilha com o mundo exterior, os guerrilheiros se viram isolados e sem informações. Pouco tempo depois, a mulher ficou doente e teve que, de novo, abandonar seu posto, junto de outros 16 combatentes.

No meio da trajetória escolhida para a fuga, seu grupo caiu em uma emboscada ao atravessar o Rio Grande em Vado del Yeso, no dia 31 de agosto de 1967. Tania estava atravessando o rio, com a água na altura da cintura e seu rifle acima da cabeça, quando foi baleada no braço e no pulmão, morrendo em seguida.

Seu corpo inconsciente foi carregado pela água rio abaixo e só foi recuperado pelo exército boliviano dias depois, em 6 de setembro. Como era guerrilheira, deveria ter sido enterrada em uma cova não identificada, mas, por ser mulher, as camponesas de Barrientos pediram que ela recebesse um enterro cristão.

Em 1998, os restos de Bunke foram encontrados em uma cova na periferia da base militar de Vallegrande. Tanto os ossos dela, quanto os de Che guevara — encontrados em 1997 — foram levados ao Mausoléu Che Guevara, na cidade de Santa Clara, em Cuba.

Rumores sobre a guerrilheira dizem que ela chegou a trabalhar para a KGB e para a Alemanha Oriental. Entretanto, a mãe de Tania, já com 85 anos, viajou a Moscou e conseguiu uma declaração da KGB declarando que a filha nunca trabalhou para eles. Além disso, o governo alemão, que detém os arquivos da Stasi, também não tem registros sobre ela.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador