A missão da esquerda não é ser gestora de um sistema destrutivo diz Massimo D’Alema
por Arnaldo Cardoso
O reconhecimento de que vivemos uma crise sistêmica e estrutural do capitalismo – agravada pela atual pandemia do coronavírus – já encontrava elementos suficientes na crise financeira de 2007-8 para assim caracterizá-la e o fato de que, decorrida mais de uma década, não tenhamos saído dela tem reforçado o diagnóstico de que a mesma se tornou permanente.
Também não faltam elementos e autores respeitados que sustentam a avaliação de que, na verdade, essa crise remonta a 1973, quando foi rompido o movimento cíclico de expansão-crise do capital, dando lugar a uma destruição permanente – destacadamente da natureza e da força de trabalho – como condição para alguma expansão.
Na última década a destruição em massa de postos de trabalho estável em países como Itália, Espanha e Grécia concomitantemente à escalada de precarização do trabalho impôs severas consequências sobre todas as esferas da vida pessoal e social dos trabalhadores. Entre os aspectos dramáticos dessa realidade está a formação de uma legião de jovens com mão de obra qualificada, graduados e pós-graduados, bilíngues, desempregados e sem perspectivas. Essa geração que sequer conheceu o welfare state, tem buscado formas de existência em meio aos escombros de um tempo sem esperança, sem crenças na política e no futuro. Certamente ainda mais dramática é a situação de jovens pobres, imigrantes, sem qualificação, que aceitam qualquer sobra das reduzidas ofertas de trabalho precarizado.
Em meio a esse cenário a acumulação de riqueza se processa de forma cada mais concentrada por megacorporações globais que que moldam os processos e propagam seus mantras sobre modernização permanente, empreendedorismo e prosperidade em um mundo cada vez mais tecnológico e excludente.
Junto com a crise econômica avançou a crise política erodindo formas de solidariedade social. As insatisfações populares e a incapacidade do sistema de representação da democracia liberal em atender demandas crescentes pôs em xeque os partidos políticos tradicionais, especialmente os de esquerda, que historicamente se projetaram na defesa de direitos da classe trabalhadora e das lutas por igualdade e justiça social.
As mudanças nas formas da produção capitalista e a correspondente precarização do trabalho encontrou nos parlamentos nacionais representantes da classe dominante aprovando reformas para o desmonte de sistemas de proteção social, ao mesmo tempo em que se processava o esfacelamento das relações entre trabalhadores, sindicatos e partidos políticos de base popular. É necessário aqui lembrar que muitos desses processos se deram com a cooptação de centrais sindicais e partidos políticos de esquerda e centro-esquerda.
Tudo isso acentuado pelas transformações tecnológicas produziu uma nova morfologia do trabalho e da classe trabalhadora, constituída cada vez mais por trabalhadores informais e precarizados, agudizando a crise de representação.
E é nesse mesmo contexto que, na última década veio se reconfigurando e conquistando força eleitoral os partidos e movimentos da extrema direita e da direita radical que deslocaram-se das franjas do sistema político e se firmaram como atores centrais em países como Hungria, Polônia, Turquia, Itália, Estados Unidos, Brasil, entre outros.
Perplexos, diferentes atores das chamadas “forças progressistas” como intelectuais, organizações não-governamentais e partidos políticos tem se lançado a reelaborações teóricas (como os estudiosos do populismo na universidade inglesa de Essex, que o entendem como estratégia política na disputa de narrativas e recuperação de vínculos com a base popular das sociedades) convocações de manifestações (inviabilizadas no contexto da pandemia), protestos e abaixo-assinados, militância digital e exercícios de auto-crítica, especialmente de partidos de esquerda que se indagam a respeito de seu papel como reparadores e gestores de um sistema destrutivo ou como organizadores das lutas sociais para a transformação radical do sistema, com claro sentido anticapitalista.
No último dia 30 de outubro, vésperas da eleição norte-americana cujo resultado pôs fim ao distópico governo de Donald Trump, emblemático dos tempos que vivemos, o ex-Primeiro Ministro italiano Massimo D’Alema concedeu uma entrevista para o jornal italiano Artícolo Uno na qual refletiu sobre o mundo no contexto da pandemia e as razões que fizeram do Ocidente o epicentro da crise. Tratou também dos erros e do futuro da esquerda, as causas do fracasso do Partido Democrático italiano, de centro-esquerda, e a necessidade de reconstruir um partido “começando com uma discussão séria sobre a identidade de uma força de esquerda democrática hoje”.
Antes de reproduzirmos alguns dos principais trechos da oportuna entrevista, cujas questões discutidas sobre a realidade italiana e mundial se mostram muito pertinentes ao particular momento político e social do Brasil em que os resultados do primeiro turno de eleições municipais em todo o país ainda estão sendo interpretados e, da qual um dos fatos políticos mais significativos foi a chegada ao segundo turno na maior cidade do país do candidato do partido Socialismo e Liberdade (PSOL) Guilherme Boulos, cabe recordar alguns dos registros principais da biografia do entrevistado.
Massimo D’Alema e sua militância na esquerda italiana
Massimo d’Alema nasceu em Roma, em 1949. Estudou Filosofia na Universidade de Pisa e atuou como jornalista profissional. Em 1963 ingressou na Federação Italiana de Jovens Comunistas (FGCI) e em 1975 foi eleito Secretário-Geral da organização, cargo exercido até 1980. Militou durante toda a sua juventude no Partido Comunista Italiano.
Em 1987 foi eleito membro do Parlamento italiano (Câmara dos Deputados). A partir de 1989 participou ativamente do processo que transformou o Partido Comunista Italiano (PCI) no Partido Democrático de Esquerda (PDS), hoje PD. Nos anos que seguiram foi eleito e reeleito deputado pelo PDS, sendo também seu Secretário Geral. Em outubro de 1998, D’Alema tornou-se primeiro-ministro da Itália, cargo exercido até 2000. Em 2004, tornou-se membro do Parlamento Europeu. Em maio de 2006, foi nomeado Vice-Primeiro-Ministro e Ministro de Relações Exteriores do governo de Romano Prodi, líder também de esquerda que governou o país em dois momentos, 1996-98 e 2006-8.
De junho de 2010 a junho de 2017, D’Alema foi Presidente da Foundation for European Progressive Studies (FEPS). Atualmente é presidente da Fondazione Italianieuropei.
Saúde e liberdade são antitéticas?
A entrevista que ocorreu em meio a uma segunda onda da pandemia do coronavírus na Itália, na qual parte da população tem se revoltado diante das seguidas medidas restritivas impostas pelo governo, foi iniciada com a seguinte problemática: “uma esquerda que assumiu responsabilidades de governo pode aceitar que saúde e liberdade são antitéticas e reduzir a explosão do mal-estar social a um problema de ordem pública?”. A resposta de D’Alema se estruturou a partir do argumento de que “neste momento, a defesa da vida humana é a prioridade acima de tudo, mesmo que isso implique uma dolorosa aceitação de uma série de limitações” e destacou que “apenas 25% [da população] consideram as restrições muito severas. Complementou a resposta com uma defesa da importância das instituições em momentos como o presente “quando as pessoas têm medo, as instituições devem oferecer segurança”.
A falta de coragem política para as mudanças necessárias
Ainda diante do problema lançado na primeira pergunta D’Alema comparou a crise provocada pela atual pandemia com a financeira de 2008 e criticou o fato do não aproveitamento da oportunidade para a realização de mudanças necessárias. Criticando a falta de coragem política em 2008 revelada pelas respostas dadas à crise, D’Alema avalia que “Havia uma capacidade de resistência, uma teimosia do modelo neoliberal que conseguiu ir além de sua própria insustentabilidade manifesta. Hoje isso parece em muitos aspectos ainda mais evidente, no sentido de que uma sociedade de indivíduos, em que todas as redes de solidariedade e coesão falham, é uma sociedade mais frágil […] O modelo individualista que prevaleceu nas sociedades ocidentais as tornou mais frágeis.”
Como foi posto pelo entrevistador, as sociedades vivem um momento de medo, raiva e incerteza sobre um futuro cada vez mais angustiante. Tem sido recorrente a avaliação de que a atual crise provocada pela pandemia, mais que uma questão de ordem pública deve ser tratada como uma crise política.
A necessidade de alguma esperança
Em alguns trechos da entrevista é possível identificar um otimismo de D’Alema em relação ao pós-pandemia, como quando prospecta que “O novo crescimento que deverá orientar o mundo será um crescimento em que alguns fatores, a começar pela saúde, terão um peso enorme, serão o motor do crescimento, no sentido de que a pesquisa e a indústria terão de se orientar para responder às necessidades humanas coletivas. […] Valores e ideias que pertenciam à época de ouro da esquerda europeia, a do bem-estar, do estado de bem-estar, estão voltando ao primeiro plano. Não creio que possamos voltar aos anos 1950-60 do século passado, no entanto, duas questões surgem: como uma presença pública na economia é reorganizada e como grandes bens comuns são novamente considerados não despesas, mas fatores impulsionadores da economia. Em segundo lugar, a pandemia deu um salto qualitativo na sensibilidade generalizada às necessidades de sustentabilidade ambiental”.
Uma visão marcada pela experiência social-democrata mesclada por idealizações de um país central, europeu, é perceptível quando D’Alema tenta sustentar suas avaliações com exemplos a partir de amostras não muito representativas da realidade mundial, como no seguinte trecho “a propensão ao produto natural, orgânico tem tido um crescimento exponencial, e isso porque para grande parte da opinião pública existe, justamente, uma ligação entre o vírus, a poluição ambiental e a destruição do meio ambiente. Por outro lado, as decisões da Comissão Europeia também tornam irreversível a necessidade de uma mudança para a economia verde.”
Diante de uma pergunta sobre a existência de um pensamento e organização de esquerda capazes de enfrentar desafios como o da degradação ambiental resultante de um modelo econômico predador da natureza, D’Alema afirma que há um “pensamento de esquerda” que articula crescimento econômico, democracia, igualdade e proteção do meio ambiente, para uma “reforma do capitalismo global”. E em seguida complementa “na prática, a crise do modelo neoliberal encontrou mais resposta no campo populista, nacionalista, do que na esquerda democrática”. Avalia também que a direita foi mais eficiente na resposta para “recuperar a soberania sobre o domínio do mercado”. E complementou abordando a crise do multilateralismo, do qual o bloco europeu foi uma experiência regional que nos últimos anos vem enfrentando uma reação estimulada pela extrema-direita anti-europeísta. O ex-Ministro das Relações Exteriores da Itália avalia que “a esquerda democrática e, expandindo o horizonte, as forças liberais, não conseguiram levar a política ao nível do processo econômico global por meio do desenvolvimento de instituições internacionais.”
Entre as armadilhas do populismo e da tecnocracia
Sobre o populismo, D’Alema usa o termo no sentido pejorativo, como demagogia e não na visão de estudiosos como os da Universidade de Essex que, convergentes com as formulações teóricas de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe, entendem o populismo como estratégia política de revitalização da dimensão popular, participativa de sociedades democráticas.
Vale aqui recuperar resumidamente os termos desse debate que, particularmente na Itália tem correspondido ao que ocorre no campo da ação política.
Nas obras “Hegemonia e estratégia socialista” (LACLAU & MOUFFE, 1985) “A razão populista” (LACLAU, 2005) e o mais recente “Por um populismo de esquerda” (MOUFFE, 2018) os autores dedicam-se a uma releitura do populismo expondo sua racionalidade específica e buscam através de uma análise das narrativas e valores do “discurso populista” o que de produtivo ou nocivo há no fenômeno.
Em “Hegemonia e estratégia socialista”, Chantal Mouffe analisou criticamente, por uma abordagem pós-estruturalista, um “essencialismo de classe” que distanciou os partidos de esquerda de suas bases populares, em função de uma moldura teórico conceitual que não deu conta das mudanças na morfologia do trabalho e dos trabalhadores.
Em “Por um populismo de esquerda” Mouffe reconhece um “momento populista” que sinaliza para a crise aguda da hegemonia neoliberal, cujo eixo central do conflito está entre o populismo de direita e de esquerda, numa nova fronteira entre “o povo” e “a oligarquia”.
Essa releitura do populismo, acredita que a construção de uma vontade coletiva, através de discurso mobilizador de afetos comuns em torno da igualdade e da justiça social, pode disputar com vantagem o voto dos cidadãos já cansados dos discursos do ódio promovidos pelo populismo de direita.
Na entrevista em tela, Massimo D’Alema mostrando clara preferência pela vitória do democrata Joe Biden, observa que “Quando você pensa nos Estados Unidos, você pensa em Nova York, na Califórnia, esta é a parte que votará amplamente em Joe Biden, mas pode não ser suficiente se Trump puder trazer de volta uma América profunda, na qual até mesmo o apelo racista, a primazia da América branca pode mobilizar uma parte do eleitorado”.
Racismo, xenofobia e exaltação fascista na Itália
Se D’Alema demonstra uma boa compreensão dessa realidade dos Estados Unidos, faltou trazer para a discussão o significado das crescentes manifestações de racismo, xenofobia e até mesmo exaltações fascistas, como a que reuniu 1200 pessoas em abril passado, em Milão, para uma saudação fascista em memória de Sergio Ramelli.
Estimulados por lideranças populistas de extrema direita como Matteo Salvini do Partido Liga e Giorgia Meloni do Partido Irmãos da Itália (de clara orientação neofascista) nos últimos anos cresceram as manifestações públicas de intolerância e ódio por minorias raciais, étnicas, religiosas e de gênero, que no contexto da atual pandemia ganharam novos contornos negacionistas em oposição às medidas de proteção sanitária como o uso de máscara e as pesquisas para desenvolvimento de vacinas.
A falta de perspectiva para uma geração de jovens italianos
Sobre a economia, tendo como pano de fundo seu país mergulhado numa grave crise com pesado endividamento público, estagnação do PIB, perda de produtividade e competividade de seus produtos industriais, emigração constante de jovens italianos com mão-de-obra qualificada em busca de emprego em outras capitais europeias, como Londres e Berlim, e outras regiões do mundo, D’Alema abordou a importância das negociações para adoção do 5G, ponto crucial nas relações entre China e Estados Unidos, e os respectivos aliados.
Expondo uma percepção sobre o estado de tensão das relações internacionais do Ocidente com o Oriente demonstra preocupação “[…] sanções contra a Rússia, sanções contra o Irã e um conflito crescente com a Turquia, o que significa que o Ocidente está em conflito com os dois mundos islâmicos, xiita e sunita. Estamos praticamente em conflito com o mundo inteiro agora […] o desafio é reconstruir um tecido de relações, de relações humanas. Não é por acaso, em minha opinião, que este é o tema abordado na última Encíclica do Papa Francisco, que representa um ponto de vista esclarecedor. Encíclica que foi recebida com muita frieza no mundo ocidental, mas que creio lançar uma luz na direção certa”.
O destino da esquerda e do “progressismo italiano”
Para adentrar em temas candentes da política italiana, o entrevistador perguntou a D’Alema sobre o “destino da esquerda ocidental e europeia e do ‘progressismo italiano”, particularmente, do Partido Democrático:“treze anos depois do nascimento do PD, que balanço você faz dessa experiência da qual foi um dos arquitetos?”
Abordando a atual aliança entre o PD e o Movimento 5 Estrelas (M5S) – partido que em 2018 se aliou ao Partido Liga, de extrema direita liderado por Matteo Salvini, o experiente político avaliou que “a escolha feita pelo grupo dirigente do Partido Democrático de dar vida a este governo foi uma escolha certa, corajosa e inevitável, eu diria. Era necessário iniciar uma colaboração com o 5 Estrelas, não só porque uma parte significativa do nosso eleitorado tinha ido para lá, mas também porque era necessário evitar uma nova ligação entre o populismo de direita e o do 5 Estrelas”.
Sobre a recente reforma eleitoral aprovada por meio de referendo na Itália, que dividiu a opinião da esquerda e resultou no corte de um terço das cadeiras do Parlamento, D’Alema faz a seguinte avaliação “optar pelo sistema proporcional alemão significa abrir as perspectivas para um sistema político baseado principalmente em partidos; a taxa de presidencialismo é reduzida, hoje muito presente no quadro político eleitoral italiano porque as coalizões se formam principalmente em torno do líder. Isso determina a necessidade de reconstruir um grande partido de esquerda que não existe hoje. A do Partido Democrata hoje parece ser uma experiência malsucedida, assim como outras tentativas de construir experiências políticas externas ou contrárias ao Partido Democrata.”
É necessária uma resposta ideológica
Sobre o que considera um fracasso do Partido Democrático, D’Alema destaca que “a ideia de um partido programático pós-ideológico era uma ideia errada. É bem evidente que a crise de hoje tem um conteúdo tão profundo, não só econômico, mas que atinge o destino do homem, das pessoas, por isso é necessária uma resposta ideológica. A direita voltou a ser forte porque gerou uma resposta ideológica: nacionalismo, etnocentrismo, choque de civilizações com outros mundos. A ideia de um partido programático pós-ideológico não funciona porque não é adequada para a profundidade da crise que vivemos. Um partido deve ter uma visão de mundo, uma ideia de futuro. Este é o sentido que atribuo à palavra ideologia, neste sentido indispensável. […] É preciso reconstruir um partido a partir dos valores, das ideias, do núcleo ideológico que caracteriza a esquerda reformista.”
Indagado pelo entrevistador se é concebível hoje um tal partido D’Alema respondeu: “Quando eu estava no comando do PCI, uma das tarefas mais importantes que tive em minha vida, o partido tinha quase 2 milhões de membros, hoje soma 100 mil, 150 mil […] precisamos reconstruir um partido começando com uma discussão séria sobre a identidade de uma força de esquerda democrática. Na intuição do Partido Democrata, há uma coisa que deve ser absolutamente mantida e que é mais significativa hoje do que nunca: a unidade das tradições socialista e católica. Na verdade, hoje em alguns aspectos, a crítica ao capitalismo contemporâneo que se expressa em uma parte do mundo católico é muito mais corajosa e avançada do que a da esquerda tradicional. Não consigo imaginar uma nova esquerda que não tome como sua a ideia de solidariedade humana e de fraternidade proposta na última encíclica do Papa Francisco. Devemos lidar com os efeitos que a longa hegemonia da antipolítica teve”.
Arnaldo Cardoso, cientista político
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É por isso que eu torço para o Boulos perder em Sampa e torcia para o Sanders não ser eleito nos EUA. Eles iriam apenas levar a culpa pela incompetência do capitalismo.
Tu, porventura, não vês, Boulos, que toda essa engrenagem já sente a ferrugem lhe comer?
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