A revolução política é instauração estética, defende Vladimir Safatle

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Acesse o curso de pós-graduação no Departamento de Filosofia da USP na íntegra 
 

Reprodução
 
Jornal GGN – “O conceito político de revolução tal como o entendemos atualmente é, sobretudo, o resultado de um contágio entre política e estética. Nossa ideia de revolução, esta ideia que aparece como tão decisiva para nossas concepções de transformação social e política é, antes de tudo, uma ideia estética”, defendeu Vladimir Safatle, em sua aula de pós-graduação no Departamento de Filosofia da USP, ministrada no segundo semestre deste ano.
 
O pesquisador e professor livre-docente da USP analisa, no curso que foi disponibilizado na íntegra em artigo publicado, que isso não significa, diretamente, que a revolução é um conceito puramente estético, mas que sim vai além da “mudança no governo ou na forma de governar”. 
 
“Não se trata de simplesmente descrever a modificação nas figuras que ocupam o poder, mas na própria definição do que ‘poder’ realmente significa”, acrescenta. Neste contexto, o conceito de “povo” deve ser central.
 
Ao concluir, o pesquisar recupera conceitos de Lenin para definir as percepções de Estado e do papel de um representante no poder: 
 
“Seguindo de fato a posição de Marx, Lenin dirá que o proletariado precisa de um estado, mas de um estado em vias de extinção, que comece imediatamente a se apagar. Não há desacordo com os anarquistas a respeito da destruição do estado como objetivo. Mas o proletariado precisa de um estado devido a necessidade de uma organização centralizada de sua força a fim de reprimir a resistência dos antigos exploradores e dirigir as massas na consolidação da economia socialista.”
 
Assim, “a tomada do poder não é resultado de uma nova forma de produção econômica. Ela é fruta da sedição da classe criada pela despossessão econômica inerente ao desenvolvimento do capitalismo”, completa. 
 
“Do ponto de vista político, esta decomposição gradual do Estado passa, para Lenin, por medidas que recuperam certos procedimentos da democracia primitiva.  Não é possível passar do capitalismo ao socialismo sem um retorno à democracia  primitiva. (…) Isto implica eliminar as funções de comando próprias aos funcionários públicos por funções de vigilância e contabilidade. Essas funções serão simplificadas a ponto de poderem ser exercidas por todos”, conclui.
 
Leia a íntegra do Curso Integral “Revolução política, instauração estética (2018)
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Revolução num Estado

    Revolução num Estado construído sem povo como o Brasil? A ação de um protagonista ausente do palco não pode ser considerada estética. Talvez ela fosse épica… mas nós, os brasileiros de carne e osso, somos rasos. Nós não temos profundidade dramática para agir. Nós rimos de tudo (e inclusive e principalmente de nossas desgraças), porque aprendemos que a revolução é uma impossibilidade histórica ou uma proposta histérica daqueles que não querem correr riscos (porque conseguiram o que desejavam, inclusão nos privilégios distribuídos pelo Estado). Esse papo do Safatle cheira a falsificação.

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