Agências de checagem: os censores da ditadura agora são pós-modernos, por Mauro Lopes

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Mauro Lopes

No Brasil 247

Vamos ser claros: as tais “agências de checagem”, com poder de polícia que lhes foi concedido pelo Facebook (e que poderá se ampliado para outras redes sociais e áreas da comunicação) são os censores do tempo da ditadura pós-modernizados.

O Estado autoritário não precisa mais se preocupar com censura. O Ministério da Justiça não precisa reativar a carreira de censor (sim, ela existiu); as redações dos jornais (eles estão deixando de existir), dos portais, dos canais não precisam separar mesas para que aos censores sejam submetidos os textos antes da publicação. Nem o jornalista que agora trabalha em casa precisa de um banquinho para o censor ao seu lado.

Nada disso é preciso na censura pós-moderna.

O grande capital banca a formação dessas agências, seus cães de guarda, e elas começam a latir para o Facebook e outros, usando os mecanismos da eletrônica para passar sua caneta sobre o que é proibido (as “pilot” do tempo da ditadura).

Escrevi uma reportagem ontem sobre o verdadeiro submundo dessas agências (“O submundo das ‘agências de checagem’: dinheiro dos bancos e conflito de interesses” – aqui). É tenebroso. Nela como que uma dessas agências é patrocinado pelo 9º maior bilionário do país, banqueiro e minerador, com fortuna na cada dos R$ 13 bilhões que, no entanto, é apresentado candidamente no site da empresa de censura como “documentarista”. 

Essa história de “fake news” é a mesma conversa mole da “corrupção” no golpe. O objetivo é derrotar e calar a esquerda, nada mais nada menos.

Não é à toa que no primeiro episódio deste novo esquema “agências de checagem” (de censura) + Facebook os alvos foram o 247, a Forum e o DCM.

Notícia falsa é o que a mídia conservadora planta cotidianamente na cara do país. Notícia falsa é a matéria prima do Jornal Nacional, da Folha, do UOL, do Estadão, do Globo….

É igual à corrupção. Ela sempre foi, e continua sendo, matéria prima do PSDB, do MDB, do DEM, dos bancos, das grandes empresas.

Mas no tempo da “pós-verdade”, das “fake news”, da “ética”, tudo foi empacotado e reconfigurado para cassar a Dilma, prender o Lula e calar a mídia independente.

Tem gente até na esquerda que acredita nessa conversa mole. Eles confiam que somos trouxas.

Criar um conselho de comunicação público, com representantes dos veículos, dos trabalhadores e da sociedade para exercer o controle social sobre a indústria da informação eles não querem, aí é “censura” -ah, tá.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Lupa(nar)

    Agencia de checagem que pertence a uma revista? E está hospedada em um site de um jornal? Tá mais para lupanar. 

     

  2. Lupa(nar)

    Agencia de checagem que pertence a uma revista? E está hospedada em um site de um jornal? Tá mais para lupanar. 

     

  3. bom post.

    Plenamente de acordo, Mauro!.

    Desde o inicio esse assunto me cheiro a mal (melhor dizendo a peixe podre embrulhado em jornal do PIG).

    Mas uma coisa devo reconhecer, os neoliberais são coerentes.

    Censura privatizada é muito mais eficiente do que censura governamental.

    Mais cheirosa, não chama a atenção e lucrativa).

    Logo logo essas agencias poderão a solicitar uma IPO na bolsa (parece absurda mas não é!!!). 

    È só pensar nas suas primas mais ricas, as empresas de avaliação de dividas…

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