Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Boeing e Brumadinho, a financeirização da morte, por André Motta Araújo

Ao final o lucro da financeirização vem de mortes de centenas de pessoas, é o apogeu de um sistema doente conhecido como neoliberalismo.

Boeing e Brumadinho, a financeirização da morte

Por André Motta Araujo

A obsessão com redução de custos é a infantaria da financeirização empresarial. Reduzir custos até o osso, vira fanatismo, como na Ambev e seus satélites.

A centenária BOEING, de tantas inovações, entrou na rota da financeirização saindo do antigo selo de qualidade. A Boeing de Seattle que era a Boeing industrial, deu lugar à Boeing de Chicago, a Boeing financeira, mudou a cultura da empresa, onde havia produto passou a se ver tesouraria.

O desastre do avião 737 MAX 8 é o resultado final da obsessão com corte de custos, do pouco treinamento de tripulações, do excesso absurdo de computação a bordo que já causou tantos acidentes.  Mas porque se usa tanta tecnologia digital embarcada? Porque com isso se poupa treinamento de pilotos, invés de veteranos comandantes com 5.000 horas de voo pode-se usar jovens sem muita experiência porque o computador faz tudo. É a receita do desastre! Na hora da crise e do imprevisto o novato não tem a capacidade de reação em segundos porque lhe falta experiência. A economia custa caro!

Na VALE a mesma lógica do fanatismo pelo corte de custos, em uma empresa ultra lucrativa. Descuidaram de mínimas cautelas com as barragens assumindo riscos (mal) calculados para gastar menos. Essa obsessão vira uma religião burra porque, ao final, vai se gastar muito mais pelo risco mal calculado, mas que é filho da seita dos “mãos de tesoura” que hoje dominam as empresas. Executivos que vêm da área de finanças e não do produto passam a governar as empresas e são aplaudidos pelo “mercado” porque eles são a garantia dessa visão ‘curto-prazista’ exclusiva de números.

A doença atinge também os bancos brasileiros, o uso agressivo de tecnologia para demitir funcionários e transferir as horas para operar os sistemas aos clientes. Os bancos economizam mão de obra mas obrigam os clientes a perder muito mais tempo para fazer coisas simples. O BRADESCO inventou um infernal sistema de reconhecimento digital pelos quatro dedos, perde-se muito tempo porque o sistema é complicado demais. o Brasil, como todo país copiador de costumes, usa muito mal a tecnologia bancaria. Nos EUA há sempre a opção pelo atendimento pessoal, não se empurra o cliente para o digital, que é mais difícil para pessoas de idade. O Brasil copia os defeitos, mas não as virtudes, da digitalização.

Mas o curioso é que a tecnologia deveria se refletir em redução de custos para o cliente quando, na realidade, é o banco que se apropria de toda a economia da digitalização. É o uso vicioso de inovações que se espalha por todo o sistema, a tecnologia a serviço exclusivo do capital e não do consumidor.

A história do BOEING 737 MAX 8 é uma trajetória de quebra galhos para cortar custos, tanto para o fabricante como para as linhas aéreas, chegam à beira do abismo para cumprir esse ritual. A VALE chegou ao fundo do abismo e nele caiu na sua loucura de economizar em uma empresa super lucrativa.

Ao final o lucro da financeirização vem de mortes de centenas de pessoas, é o apogeu de um sistema doente conhecido como neoliberalismo.

AA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

9 Comentários

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    1. Comprou não!! Noticiaram que é uma parceria. E novamente na Terra da Inocência, acreditaram. Não suportando a concorrência de Russos e Chineses, que não podem comprar ou sabotar, então se livram da concorrência da EMBRAER, cuja Nação é como lidar com uma criança. Acredita em tudo. Empresa Brasileira que já levava à falência a concorrente canadense Bombardier. E que poderia se catapultar no Mercado Internacional com os seguidos fiascos da BOEING com a Linha DreamLiner e o mega fiasco e mega prejuízo 737MAX. Do outro lado a AIRBUS amarga seu próprio e monumental fiasco com o A 380. A Aeronave que ninguém quer. Fará parceria com o rejeitado, suspeito e duvidoso da Boeing. Nós nos associaremos a isto e permitiremos que nos empurrem fora do Mercado. Não nos faltam nem as penas. Somos Geniais. abs.

  1. Excelente. Todos vamos pagar muito caro por esse descalabro. E essas empresas e seus funcionarios também. Já os acionistas…

  2. O Caso da Vale é o seguinte.

    Os chineses e os compradores, manipulam o preço mundial do minério, para baixo. E obrigam as mineradoras e explorarem o país, seguindo preço de mercado, da oferta e da procura.

    Na Vale, vale tudo. Explorar de forma selvagem os recursos disponíveis, pagar o mínimo possível, empregar o mínimo possível, não pagar indenizações e multas, pagar impostos o mínimo possível, contratar bons advogados, meter o pé na porta, e rasgar a ética, já que o Poder Público é corrupto. Então é a questão do VALE TUDO.

    Voltando sobre os preços de mercado onde é negociado as compras internacionais, os políticos, o poder legislativo do país deveria aprimorar as leis, para essas situações. Todo produto esgotável e não renovável, como o Petróleo e o minérios, deveriam ter um preço mínimo de exploração. Passou daquele preço, cessa-se a exploração. Deixa descansar suas reservas, como estratégicas e vão explorar outra coisa mais renovável, como o etanol.

    O que estamos vendo é uma pilhagem absurda de nossas reservas minerais. A uma velocidade muito grande, e a preços mais baixos e a custo mínimo. Tudo para distribuir para acionistas e pilhar os recursos
    não renováveis.

    Isso não interessa para o Brasil. A exploração através de subempregos de classe média baixa, uns impostos mal acabados para as prefeituras que dependem e humilham-se por essas quantias irrisórias. E a exploração total de nossas riquezas.

    Infelizmente não temos a consciência e a inteligência de um governo necessário para um olhar mais cuidadoso sobre esse tema. Seria necessário criar um marco regulatório no país sobre a exploração mineral, entre outras áreas entregue a empresas internacionais, e como a distribuição financeira equitativa e justa disso deveria ser feito para evitar essa superexploração e essa absurda pilhagem.

    Uns dos marcos é não seguir a lógica do mercado: Menos custo, mais exploração, mais lucro, menos ética, menos preocupação com o meio ambiente, menos preocupação com a distribuição do dinheiro para
    a população. Para essas empresas, o custo mínimo e o lucro máximo, não seria o objetivo principal.

    O objetivo principal seria a exploração inteligente desses recursos, em momento certo e propício de mercado, com preços atraentes, e com qualidade de custos, primando pela distribuição na economia desses gastos de exploração, com cuidado com a segurança, e com respeito às pessoas e ao meio-ambiente, e
    voltando, com excelente distribuição de renda para dentro do país. PARA DENTRO DO BRASIL, entre os brasileiros. E não como tudo ao contrário estão fazendo.

  3. Betinas, Empiricus – as “gerações futuras” dos pais do Plano Real em plena ação

    Nada mais sintomático desses tempos do rentismo multimilionário e dos 13 milhões de desempregados do que altivez prepotente das betinas e empiricus da atualidade. São as “gerações futuras” do Plano Real mostrando as garras. Infinitamente mais prepotente do que os país e os avós.

  4. A pergunta que não quer calar. Onde estão 40 anos de Redemocracia? A Vale do Rio Doce, assim como a EMBRAER foram entregues ao Governo Civil, sendo 100% Nacionais. Depois das últimas tragédias, a Vale divulga LUCRO LÍQUIDO de mais de 25 bilhões (25.000.000.000,00). Onde está esta hecatombe de dinheiro que não enxergamos em lugar algum deste país, nem mesmo nos Estados ou Municípios onde a Empresa está situada. A privatização da EMBRAER, diziam, seria par alavancar e aumentar os Investimentos dentro da Empresa Nacional. Empregos, Tecnologia, Royalties, Licenças, Projetos, Salários compatíveis com mercado de extraordinária área. Transformamos tudo isto numa FILIAL da Empresa NorteAmericana Boeing. Como as milhares de filiais de Multinacionais Estrangeiras só nos sobrará o restolho e o atraso. Ou existe algo diferente nas Empresas Estrangeiras que atuam no Brasil? Parceria?! Pelo Amor de Deus, é escárnio !!!! Mas o pior disto tudo que lutamos e cremos nas promessas de Palanques por Diretas Já. Onde estão os 40 anos Redemocráticos e seus Personagens a nos oferecer uma Nação? Era isto?

  5. “… a tecnologia a serviço exclusivo do capital e não do consumidor”. Brilhante, André !
    A Ciência – patrimônio da humanidade – usurpada pelos lordes da opulência.
    O assassinato de pobres tem por objetivo a eliminação de mão-de-obra dispensável.

  6. Péssima matéria no que se refere aos produtos da Boeing! Na Boeing, a segurança sempre veio em primeiro lugar, no Boeing 737-max8 por exemplo, não há nem um quinto da automação do seu concorrente direto, o airbus A320neo! Acreditem se quiser! Ninguem deve confiar nessa mídia que vive do “achismo” e quer simplesmente manchar o histórico de uma empresa que é líder no seguimento! Erros acontecem, mas a culpa não foi 100% da Boeing e do 737max! Lembre-se que o avião que caiu na Indonésia não poderia nem ter decolado, pois o mesmo estava com um defeito no sensor que avia sido identificado no voo anterior ao desastre. Os pilotos reagiram e desligaram o sistema(se não querem acreditar é só pesquisar), no dia seguinte, o mesmo avião decola com o mesmo defeito sem nenhum conserto da companhia aérea! Um acidente aéreo é um sucessão de fatos que levam a uma catástrofe, e o sistema MCAS pode ter ajudado, mas não é fator único! Então jornalista, pare de ser burro! Você é jornalista e não um membro de algum órgão que investiga acidentes aéreos! É por causa de matérias como a sua que as pessoas tem medo de voar!
    A todos que leram meus agradecimentos! Isso demonstra que vocês buscam a verdade!
    Tudo que eu falei tem como base depoimento de pilotos, mecânicos e engenheiros do ramo aeronáutico!

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