Casamento Gay: aplausos para a Suprema Corte do Militarismo norte-americano

Por Fábio de Oliveira Ribeiro

A decisão tomada pela Suprema Corte dos EUA em relação ao casamento gay está sendo intensamente comemorada pela esquerda brasileira. Não tenho receio de dizer que sou indiferente à questão.

Os “moralismos politizados”, que aqui mesmo no GGN chamei de “fashionismos”, não representam necessariamente uma evolução da esquerda  https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/reflexoes-sobre-as-intolerancias-dos-%E2%80%9Cfashionismos%E2%80%9D-de-esquerda . Muito pelo contrário, talvez estejam sendo a causa da sua destruição. Isto explica porque são incentivados pela extrema direita, cuja união é baseada em nascimento, dinheiro e posição social.

Mesmo assim, sou capaz de bater palmas para a Suprema Corte dos EUA. A cúpula do judiciário norte-americano é extremamente hábil. Conseguiu agradar a esquerda “fashionista” e se tornar uma referência humanitária mesmo se recusando a conferir direitos humanos aos prisioneiros de Guantanamo. O “respeitável público gay” pode agora deixar de exigir o impensável: que os “outros” seres humanos, aqueles que são torturados pelos EUA ou que serão despedaçados nas novas guerras norte-americanos sejam considerados titulares das garantias inscritas na Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Julian Assange (prisioneiro sem condenação por causa dos segredos diplomáticos e militares dos EUA que despejou na internet e escancarou nos jornais), Edward Snowden (exilado em virtude de ter comprovado e comprometido o programa de vigilância massiva norte-americano) e Bradley Manning (condenado a 35 anos de prisão por causa de um CD contendo algo mais perigoso do que músicas da Lady Gaga) já podem comemorar o casamento gay. Será que eles não tem coisas mais importantes com que se preocupar?

A decisão da Suprema Corte dos EUA merece ser aplaudida. É fácil fazer política com a toga. Difícil mesmo é reverter o desumano militarismo norte-americano quando este é desejado, ignorado ou escamoteado pela cúpula judiciária dos EUA.

Fábio de Oliveira Ribeiro

18 Comentários

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  1. Nada é de graça!

    Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não se deve confundir o Estado americano com a sociedade americana.

    A comunidade LGBT conseguiu seus direitos e pronto. No entanto, depois do obaoba virá a conta, isto é, com o mesmo número de contribuintes, ou seja, não aumentará a arrecadação, serão dadas mais pensões por morte. Quem paga a conta?

    O que ocorrerá é que o governo, em especial no Brasil, irá restringir ,ainda mais, para todos, as possiblidades de se conseguir aposentar. Ou conseguir pensão por morte. Nada é de graça!

    1. A sociedade sustenta o Estado
      A sociedade sustenta o Estado com impostos. Além disto na Declaração Universal dos Direitos do Homem não há exceção: todos, inclusive as vítimas do Estado e da sociedade norte-americana, tem direitos. Mas a Suprema Corte dos EUA não reconhece a validade desta norma internacional.

    2. Nada é essa desgraça…

      Deixe ver se entendi direito: não deveríamos reconhecer o direito de pessoas que assim desejam casarem e viverem suas vidas dentro das garantias legais a todos deferidas porque isso vai gerar despesas para a previdência com novas pensões por morte? O direito dessas pessoas deveria custar zero para serem reconhecidos? Eles não existem – reconhecidos ou não – independentemente de qualquer outra coisa senão o fato delas existirem, e, portanto, precededem e independem de qualquer estrutura ou serviço do Estado?

      Há, em todas essas questões sobre orçamento público uma enorme falácia: isto ou aquilo não são financiáveis, custam demais, causam subdesenvolvimento. Santa baboseira! A Escandinávia foi apontada, durante décadas, como modelo de sociedades afluentes, com tanta riqueza que, quando era adolescente, corria o mito de que os suecos eram recordistas de suicídio por puro tédio de viver sem medo do futuro e sem necessidades. Qual era a carga tributária desses países? Inacreditavelmente, mais de 60% do PIB. Os ricos pagavam impostos, e muito! E os países não ficaram pobres, subdesenvolvidos, miseráveis, muito pelo contrário.

      Se vai ser preciso pagar mais pensões por morte, façamos o seguinte: todo sujeito que tiver mais do que, digamos, US$ 100mi passa a contribuir com a merreca de 5% desse patrimônio para a Previdência, todo ano. Garanto duas coisas: o sujeito vai correr atrás de fazer seu patrimônio render, e ao invés de ficar comprando apartamento de luxo em Miami, vai por a grana onde ela cresce e se reproduz, e vai sobrar dinheiro para pagar as pensões dos talvez, se tanto, um milhão de velhinhos e velhinhas LGBTS que a requererão dentro de alguns anos…

      Claro que talvez isso seja só mais uma heresia dessa gente que teima em achar que todos têm o direito de ser felizes e que o corpo pertence ao cidadão, e ele o usa como quiser.

  2. Palmas para a Suprema Corte americana. Mas é bom lembrar que aqui já vale há quatro anos

    26 de junho de 2015 | 22:37 Autor: Fernando Brito

    pride

    Merece os mais efusivos aplausos a decisão da Suprema Corte dos EUA afirmando que nenhuma lei estadual poderá impedir a união entre pessoas do mesmo sexo.

    É monstruoso negar direitos – porque impedir de viver, ninguém impede – que duas pessoas que vivam juntas não tenham a mesma proteção que outras, se forem do mesmo sexo.

    Mas é  curioso que nossa mídia não tenha “comemorado” tanto o fato de que no Brasil, há quatro anos, em votação unânime (e não pelos apertados 5 a 4 da Corte americana), derrotou, no dia 5 de maio de 2011, um pedido de um membro do Ministério Público para que se derrubasse uma decisão da Justiça Estadual que permitia a adoção de uma criança por um casal homossexual.

    O então advogado que defendeu o direito ao reconhecimento da união homoafetiva ao par do casamento ou da união heterossexual foi o hoje Ministro Luiz Roberto Barroso, que atuou em defesa da constitucionalidade que reconhecia, na previdência estadual do Rio de Janeiro, os direitos dos companheiros/companheiras do mesmo  aos benefícios dados aos cônjuges heterossexuais, caso que foi anexado ao da adoção no Paraná.

    Toda esta onda dos fundamentalistas aqui, portanto, é esperneio e propaganda.

    E, por isso, a decisão americana, aqui, só tem mesmo um impacto: como eles acham tudo lindo por lá, fica esta turma sem um argumento, embora ele não precisem bem de argumentos, tantas são as “verdades” que dizem carregar.

    Tem que ficar claro, para as pessoas, que este debate – o do direito dos homossexuais de formarem suas famílias – não é algo a ser conquistado, aqui, mas a ser cumprido e respeitado, o que deve ser, pois já tem, e faz tempo, força de lei.

    O resto é nosso “complexo de vira-latas”, pois temos, neste campo, legislação muito mais avançada, desde a Constituição de 1988 que, na prática, torna iguais o casamento e a união estável e, portanto, segundo a decisão de 2011 do Supremo, a união homoafetiva.

    Nos Estados Unidos, a decisão foi muito menos abrangente, embora seja apresentada como uma “formalização” do “casamento gay” – outra expressão sem qualquer sentido.

    Usou-se, aliás, como base a Emenda 14 da Constituição dos EUA, de 1868, que diz que nenhum Estado da Federação (americana) deve “privar qualquer pessoa da vida, liberdade ou propriedade, sem o devido processo legal.” Esta emenda, feita três anos após o fim da Guerra Civil naquele país foi, editada para que os estados do Sul, ex-confederados, legislassem vingativamente.

    Como todo avanço das liberdades, individuais ou coletivas, a decisão de hoje deve ser saudada.

    Mas sem esquecer o quanto é reacionário o âmago do pensamento norte-americano e o quanto é parco seu reconhecimento da igualdade humana, tanto que agem como agem em muitas – ou quase todas – partes do mundo e dentro de seu próprio país com muitos imigrantes, como se os não-americanos (americanos são eles só, né?) não fossem tão humanos quanto eles.

    E, também, lembrando que, aqui no Brasil, não faz muito tempo, já vivemos um ambiente de tolerância e respeito aos direitos de todos – independente se sua orientação sexual, ideológica, sua origem étnica ou credo religioso – que, infelizmente regrediu à barbárie, pelo empoderamento de fundamentalistas religiosos, pela ação histérica de parte do Judiciário e pela ação da mídia, que se diz democrata, mas promove, apóia e insufla os autoritários.

    Esses são os ultravioletas e os infravermelhos que não aparecem aqui no espectro do arco-íris que o esperto Mark Zuckerberg, farejando sempre oportunidades, espalhou pelos  facebooks.

    Sempre é bom festejar o que é bom.

    O problema é esquecer o quanto se caminhou aqui, porque isso faz parecer que estivemos andando na direção errada antes.

    Não estávamos, a direção errada é coisa que nos foi imposta nos últimos tempos.

    E pela onda conservadora que ocupa, neles, todos os espaços.

    fonte: http://tijolaco.com.br/blog/?p=27841

     

  3. Lamentável

    Repito o comentário que fiz em outro post onde se comemora o fato da Chefe de Estado brasileira estar reverenciando uma decisão da Suprema Corte de outra nação, como que reconhecendo seu poder imperial nos destinos de toda humanidade

    É a suprema demonstração de um(a) colono(a), de um(a) colono(a) cultural. Parece que o povo brasileiro perdeu a vergonha na cara que lhe restava.

    Não há, no mundo, podem procurar, outro Chefe de Estado se submetendo a isso, a imitar o perfil do Imperador Obama I.

    1. O oposicionismo doentio que não para de cair no ridículo

      1) A SUA presidenta foi a única no mundo a tomar uma atitude de fato, ao rejeitar o infame episódio da espionagem onipresente do grande irmão e seu chefe “de Estado” (sim, aqui como lá e em outros países livres, o chefe de “governo” não manda como um ditador, que muitos gostariam ou estão acostumados).

      2) O Brasil reconheceu a união homoafetiva antes dos EUA, que apenas segue dezenas de outras nações mais “atrasadas” (e ainda assim, mais “adiantadas”). 

      3) Só a cegueira ou homofobia pode se incomodar com a comemoração de uma decisão tão humanamente relevante como essa, no país que (ainda) se propõe a ser o dono do mundo, não deixando de sê-lo (ainda) sob muitos aspectos. Na verdade, o “imperador” (quá,quá, um refém do “pudêr”) Obama está apenas comemorando também.

      4) O Brasil tem sim muitos “colonos” fiéis (e seus ridículos apoiadores…), que embora sejam minoria quantitativa, tem um poder histórico que nós mantém ridiculamente atrasados há séculos. Um país com asas de condor, albatroz, águia, falcão, beija-flor …mas com as patas amarradas por esta zelite meRdíocre, que não nos permite realmente vôos maiores que os de uma galinha.

      Coloque na sua cabecinha o seguinte, sr. comentarista:

      Não basta aparecerem Getulios, JKs e Lulas (note como são sistematicamente desconstruídos), cada um ao seu jeito, que nos façam alçar belos vôos, nem com o grande esforço de um albatroz!

      É preciso conseguir cortar as cordas que nos amarram… soltá-las de quem as segura… carregar seu peso no vôo…

      Ou outras opções que não desejaria.

      Pois tenho certeza que (vivo ou morto) chegaremos lá!

    2. Você está entre aqueles que
      Você está entre aqueles que atacam Dilma Rousseff com a mesma ferocidade que usam para defender José Serra e a entrega do Pré-Sal aos norte-americanos?

      1. Sim

        Ataco ou defendo DIlma Roussef assim como ataco ou defendo José Serra, com a mesma ferocidade.

        Analiso fatos e atitudes e critico ou elogio conforme minha consciência.

        Não sou bitolado, binário e nem maniqueísta como o senhor.

        Se há uma coisa que aprendi nesta vida é que, ninguém é a encarnação do bem nem do mal.

        1. Não o vi atacar José Serra
          Não o vi atacar José Serra por causa da entrega do Pré -Sal aos norte-americanos. Apresente prova, por favor.

          1. Óbvio que não

            Onde você está vendo ele entregar o pré-sal ?

            Aliás, como seria feito isso ? Vendendo o mar territorial ??

            Na Noruega a Statoil tem que disputar com qualquer empresa petroleira do mundo para extrair petróleo norueguês. Como disse seu presidente quando esteve recentemente no Brasil, se a empresa que ele comanda não for tão eficiente quanto as concorrentes, tem mais e que fechar, e não transferir o ônus de sua ineficiência para o povo norueguês.

            Há 60 anos o povo brasileiro paga pela ineficiência e pela corrupção da Petrobrás devido ao seu monopólio, que agora tenta-se reeditar através dessa obrigatoriedade idiota e burra dela participar em toda extração do pré-sal.

            O petróleo é brasileiro, quem vai extrair é detalhe.

            Aliás, Dilma está neste instante nos Estados Unidos tentando entrega aos ameicanos o direito de ir e vir dos brasileiros, seja pela concessão de nossas estradas, de nossas ferrovias ou de nossos portos e aeroportos.

            Aparentemente, pagar a um americano para poder se mover para qualquer lugar dentro do seu próprio país, não lhe incomoda tanto.

          2. Putz

            Essa não dá nem prá comentar. O que você vai dizer pa´r um sujeito que não sabe o que são royalties ?

  4. Militarismo americano?
      Pra

    Militarismo americano?

      Pra quem foi colônia da Inglaterra e a venceu no campo de batalha, é um fato e tanto , não?

      E nós? Ficamos a mercê de um estrangeiro até quando ele quis,

         Nota alguma diferença?

  5. Não devemos esquecer que o

    Não devemos esquecer que o resultado só foi conquistado na disputa dos penaltis pelos goleiros, depois do tempo normal, prorrogação, e depois de todos os jogadores terem batido.

    5 x 4.

  6. Concordo com o autor, mas, independente de toda a hipocrisia

    americana, vamos ser sinceros: é triste e patético casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda ser proibido em muitos lugares. Direitos iguais para cidadãos que são cobrados de mesma maneira é o minimo que se espera. Chega dessa perseguição aos homossexuais, vida afeitva e sexo consensual entre adultos deveria ser tratado como problema privado, que só diz respeito aos envolvidos, e não como questão de estado.

  7. parece saudades de Stalin…

    Nunca li nada mais confuso que isso, sinal dos tempos. “Muito pelo contrário, talvez estejam sendo a causa da sua destruição. Isto explica porque são incentivados pela extrema direita” A extrema direita incentiva o casamento gay, o aborto, o feminismo e a luta contra o racismo???? isso não é falta de conhecimento é pura má-fe para esconder o preconceito. E no final cita como herois apoiadores de Ron Paul – ou seja o pessoal do Instituo Von Mises, de extrema direita – Julian Assange e Edward Snowdem. E porque a comunidade gay e lésbica que agora pode casar vai deixar de lutar pelo direito dos outros??? Realmente o que está destruindo a esquerda é incapacidade de se renovar e ficar sonhando com  a volta da guerra fria e do papai Stalin….

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