Doria, o Berlusconi da Lava Jato?, por Jeferson Miola

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Dória, o Berlusconi da Lava Jato?

por Jeferson Miola

O prefeito paulistano João Dória é uma das apostas da classe dominante caso a Lava Jato fracasse na condenação arbitrária do Lula e não consiga impedir sua candidatura. Estariam reservando a Dória, o “João trabalhador” do marketing eleitoral, o mesmo papel que o fascista Sílvio Berlusconi desempenhou na Itália pós-Operação Mãos Limpas?

O PIB da Itália em 1992, então a quinta economia do planeta, era de U$$ 1,28 trilhões. Em 1994, no auge das apurações da Mãos Limpas, o PIB desabou 17%, para US$ 1,06 trilhões, significando o derretimento de US$ 221 bilhões da economia do país em decorrência do fechamento de empresas e de prisões e suicídios de empresários.

Atualmente a economia da Itália, que nunca mais recuperou o patamar pré-Mãos Limpas, ocupa a décima posição na classificação do PIB dentre todos os países do mundo. E o padrão atual de corrupção não difere em nada do anterior: mudaram os procedimentos, não o volume.

No sistema político e partidário, os efeitos não foram menos devastadores. Políticos, líderes e governantes foram presos, exilados ou se suicidaram. Os partidos tradicionais que formavam a coalizão de governo foram extintos: a Democracia Cristã e os Partidos Socialista, Social-Democrata e Liberal.

Depois da devastação da economia e do sistema político italiano, ao contrário do que apregoam os bíblicos de Curitiba, não sobreveio a prosperidade, a civilidade, a pureza e o fortalecimento da república e da democracia; mas sim o desalento, a desesperança, a descrença e o niilismo da sociedade italiana em relação à política, à república e à democracia.

O sentimento de terra arrasada foi capturado pelo então outsider Sílvio Berlusconi, um milionário do setor midiático acusado de corrupção e de ligações com a máfia que, com a mesma peculiar astúcia e populismo do Dória, soube se projetar como uma alternativa por fora do sistema político e partidário tradicional.

Berlusconi foi um fenômeno arrebatador; ele impôs derrotas inclusive aos partidos não investigados. Este político cínico e enganador conseguiu permanecer no centro da política italiana por quase 20 anos, até 2011, tendo sido eleito primeiro-ministro em três ocasiões.

Ele se beneficiou do descrédito geral da política para ganhar projeção. Eleito, soube converter a instabilidade política e o enfraquecimento institucional causados pelas Mãos Limpas em fontes para o exercício autoritário e corrupto do poder. Contou, para isso, com a manipulação e alienação do seu império de comunicação, equivalente ao poder da Rede Globo no Brasil.

Os efeitos trágicos na desorganização da economia e da política, assim como na degeneração da cultura italiana, são sentidos ainda hoje, 5 anos depois do fim das gestões “berlusconianas”.

João Dória segue uma trajetória semelhante ao Berlusconi e num contexto político parecido com aquele da Itália no pós-Mãos Limpas, que consagrou o Mussolini contemporâneo: crise econômica, fragilidade institucional, instabilidade política e conflito social agudo.

Dória não apresenta um projeto para a reconstrução econômica, para a reversão dos retrocessos e para a restauração democrática do Brasil devastado pelo golpe de 2016. Com sua visão de mundo formada no eixo São Paulo-Miami, é perda de tempo esperar do Dória uma idéia ou um conceito elementar sobre nação, desenvolvimento e soberania.

No seu pensamento mais profundo e complexo, o Berlusconi brasileiro no máximo consegue igualar o Brasil a um auditório de frivolidades, onde ele executa suas performances ridículas sob os aplausos de uma mídia escrota.

Dória é um embuste. Ele se afirma midiaticamente fazendo a manipulação demagógica que só os mais nefastos políticos, os mais “berlusconianos”, são capazes de fazer. Ele faz a política fascista por inteiro: dizendo-se um anti-política, um anti-sistema, um anti-corrupção, ele faz da negação da política e do combate hipócrita à corrupção instrumentos para a conquista fanática do poder.

A viabilização do Dória dispensaria a oligarquia ter de aprofundar o golpe e endurecer o regime de exceção com medidas temerárias como: [1] arbítrios do Moro para condenar Lula ilegalmente, com base em “convicções”; e [2] o cancelamento da eleição de 2018.

Encontrar quem encarne o odioso sentimento anti-Lula é a prioridade da oligarquia golpista. Encontrar quem possa duelar eleitoralmente com Lula é uma urgência para os golpistas, que assim ficariam livres de uma deslegitimação definitiva acarretada pela condenação ou a prisão do Lula, o mito vivo do povo brasileiro; ou devido ao cancelamento da eleição de 2018.

Na eventualidade improvável do Lula fora da primeira eleição depois do golpe, o que é de duvidosa concretização pela revolta popular que geraria, vai se eleger o candidato que defender a anistia política, a reabilitação jurídica do Lula e o julgamento dos fascistas de toga e de farda que instrumentalizam o cargo de funcionários públicos para a prática fascista de perseguir e liquidar adversários.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

16 Comentários

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  1. Nem uma coisa, nem

    Nem uma coisa, nem outra. 

    Este histérico não emplaca fora do eleitorado sumpaulóide.

    E, obviamente, não haverá eleição em 2018. Nem próximo disso…

  2. Berlusconi continua mais firme que nunca

    2017. Berlusconi continua firmemente no poder. Ministros da Saude, da Defesa, do Interior, parlamenatres, secretarios, sindicos e governadores são ligados diretamente a ele. O PD não é nada. Mas não é somente isso, Berlusconi domina a grande midia falada, escrita e televisiva além de manter gente sua dentro da RAI que é estatal. Sua filha é proprietaria da Mondadori e possue mais da metade do mercado editorial italiano. Umberto Eco deixou de publicar com a Mondadori por esse motivo.

  3. o menino moro sabe ler e interpretar a língua de Dante?

    Mani Pulite, 25 anni dopo: Di Pietro, il malaffare si è evoluto

    ‘C’è ancora ma si è ingegnerizzato per garantirsi più impunità’

    “Da una parte rimane l’amarezza nel constatare che nonostante tutto quel che ha scoperchiato Mani Pulite, il sistema della corruzione e del malaffare nella pubblica amministrazione è rimasto ma non come prima: si è ‘ingegnerizzato’ per garantirsi maggiore impunità. Dall’altra parte bisogna sottolineare, come dimostrano le inchieste quotidiane, che la magistratura, nella lotta alla corruzione, non ha abbassato la guardia”.

    A 25 anni di distanza dall’avvio dell’inchiesta Mani Pulite è la “riflessione a due facce” di Antonio Di Pietro, ex pm e tra i protagonisti, accanto a Piercamillo Davigo, Gherardo Colombo e all’allora Procuratore della Repubblica di Milano Francesco Saverio Borrelli, di quella stagione cominciata il 17 febbraio 1992 con l’arresto di Mario Chiesa. Le parole di Di Pietro non sono inedite. Le va ripetendo da tempo e spesso in occasioni pubbliche. L’ultima una decina di giorni fa al Palagiustizia milanese dove l’incontro per celebrare il venticinquesimo anniversario dalla nascita dell’indagine, la quale ha comunque ridisegnato la geografia dei partiti italiani, è andato semi deserto. In quell’occasione, davanti a una platea risicata, e a fianco di Davigo, ora presidente del’Anm, aveva affermato: “Tangentopoli è ancora qui” mentre “Mani Pulite è finita” e da allora ad oggi l’unica cosa che è cambiata è che adesso “c’è desolazione da parte dell’opinione pubblica perché non crede più che possa cambiare qualcosa”. E la dimostrazione è “quest’aula che vedo vuota”.

    Ancora oggi, sentito al telefono, Di Pietro ha ricordato che “Mani Pulite non aveva scopi politici ed è stata solo una inchiesta giudiziaria che ha preso ‘con le mani nella marmellata’ anche i politici. Non è stata colpa della magistratura – ha aggiunto – se a rubare erano politici, uomini delle istituzioni e funzionari pubblici”. Tutt’altra cosa Tangentopoli: “Era il sistema del malaffare. C’era allora e c’è adesso”, solo che adesso si è in sostanza riprogrammato in modo più sofisticato per garantirsi sempre più l’impunità. Un sistema che non è stato intaccato visto che nella classifica mondiale dell’Indice di percezione della corruzione (Cpi) elaborata da Transparency International, l’Italia è al sessantesimo posto ed è terzultima in Europa, seguita da Grecia e Bulgaria. Qualcosa ha fallito? “Ha fallito chi doveva attivarsi affinché ci fossero leggi, mezzi e prevenzione… E non voglio aggiungere altro”.

  4. Essa praga pega

    O que tenho ouvido de gente babando pelo Dória é incrível. Comentários dessa espécie: “Ele está revolucionando a saúde”.

    “Tinha que ter um cara desses por aqui”, e assim por diante.

    Ao meu contraponto de que essas ações são isoladas e são puro marketing, vem a resposta padrão: “É, mas pelo menos ele faz alguma coisa, os outros nem isso.”

    Detalhe: isso distante 2 mil km de São Paulo.

    Ou seja, é o “rouba mas faz” da pós-verdade. A batalha, senão a guerra, da comunicação realmente foi perdida pelas esquerdas.

  5. Por isso a capa de Aécio na

    Por isso a capa de Aécio na Veja e as notas na mesma revista sobre o enriquecimento ilícito de Serra. É uma forma daqueles que mandam hojer avisar aos tucanos que não pratiquem o esporte em que os tucanos são craques – fogo amigo (vide os boicotes que Aéciio, Alkimin e Serra impuseram um ao outro nas campanhas políticas ganhas por Lula e Dilma). Os civita já devem ter mostrado as várias possbilidades de capas a Alkimin se ele impedir Dória de disputar em 18. 

    Enfim, Dória = Clone de Berluscone [rsss] 

  6. Destroem ñ só economia como a institucionalidade/lei. Sobra o q?

    >>O PIB da Itália em 1992, então a quinta economia do planeta, era de U$$ 1,28 trilhões. Em 1994, no auge das apurações da Mãos Limpas, o PIB desabou 17%, para US$ 1,06 trilhões, significando o derretimento de US$ 221 bilhões da economia do país em decorrência do fechamento de empresas e de prisões e suicídios de empresários.

    >>Atualmente a economia da Itália, que nunca mais recuperou o patamar pré-Mãos Limpas, ocupa a décima posição na classificação do PIB dentre todos os países do mundo. E o padrão atual de corrupção não difere em nada do anterior: mudaram os procedimentos, não o volume.

    Estamos – assumidamente, até com paper publicado pelo próprio autor da demolição! – indo pelo mesmo caminho:


    http://www.romulusbr.com/2017/03/dilemas-da-vida-real-nao-sao-binarios.html

    1. Basicamente, a medotologia da

      Basicamente, a medotologia da Mani Pulite foi de caças às bruxas e de uma cadeia paulatina de delações que se seguiram em prisões. Nesse ponto, LJ e Mani Pulite são idênticas.

      A diferença da MP para a Lava Jato é que esta última encerra o componente ideológico e a motivação político-partidária.

      Esse fator, da escolha deliberada e motivada por partidarismo, de quem será o próximo investigado e do próximo delator, seguiu um fio da meada cujo início foi bem desenhado bem lá atrás. O ponto de start, de onde se originou todo o resto, foi identificar as figuras a serem alvejadas e o fio condutor foi traçado. Temos aí o delimitador das invetigações da Petrobrás: apenas de 2002 em diante. Assim, cá entre nós: nesse momemto inicial definiram quem os caras queriam atingir com as investigações, e o nome desse alvo é bem claro: o PT.

      Todo o efeito colateral das invetigações recaiu em gente ligada ao partido de alguma forma. A luneta dos procuradores e de Moro foi apontada para uma direção e nem sequer cogitaram em mirar para outros pontos.

      Daí você tem o seguinte cenário: mídia, judiciário (Moro) e MPF em uníssono. Opinião pública massificada e imbecilizada.

      O “rule of law” parece justificar e embasar o estado policialesco e a perseguição desenfreada fundamentada na noção infantil do Dallagnol dos inimigos do Estado (mas que a cegueira e o cinicmo não o permite ver todos, apenas os que o convém) e no lastro ideológico que pretextam as ações de procuradores e do Savonarola dos Pinhais.

      O “rule of law” deixou se ser um princípio para se tornar um mecanismo de exercício de arbítrio.

      Saudações.

      1. Isso mesmo.
        Assino

        Isso mesmo.

        Assino embaixo.

        Peço, encarecidamente, que copie e cole esse comentario la na seçao de comentarios do meu artigo.

        Grande abraço

  7. “Os efeitos trágicos na

    “Os efeitos trágicos na desorganização da economia e da política, assim como na degeneração da cultura italiana, são sentidos ainda hoje, 5 anos depois do fim das gestões “berlusconianas”.”

    “João Dória segue uma trajetória semelhante ao Berlusconi e num contexto político parecido com aquele da Itália no pós-Mãos Limpas, que consagrou o Mussolini contemporâneo: crise econômica, fragilidade institucional, instabilidade política e conflito social agudo.”

    Não existe a menor  duvida que a operação mãos limpas tenha causado  efeitos trágicos na Itália em todos os sentidos, em primeiro lugar na economia. A operação foi um verdadeiro golpe com interferência estrangeira e com o objetivo político de destruir o maior e mais inteligente partido da historia italiana a Democracia Cristiana e eliminar o nacionalista líder do PSI Craxi.   A corrupção foi só um pretexto: o promotor Di Pietro revelou se uma figura bastante  mesquinha e intelectualmente limitada,  e  como todos os moralistas acabou posteriormente envolvido em vários escândalos financeiros. A degeneração causada pelos aventureiros que tomaram conta do pais tive sem duvidas conseqüências enormes.

    No Brasil trilhos e desdobramentos  apresentam  varias semelhanças com o caso Italiano e a única incerteza fica ainda  com a duvida se os moralistas privilegiados conseguem impor um Mussolini local e ferrar mais o povão  ou se o PT vai conseguir reagir a catalisar a grande  maioria dos votos.   

     

  8. Consensos do lançamento Dória

    Já concordamos com algumas coisas:

    – Dória se tornou o candidato da aliança golpista

    – A viabilização eleitoral de Dória é a única chance de haver eleições em 2018

    O problema é que o Brasil de 2017 tem um grande bloco (Volta Lula), um bloco renitente (Marina Nos Salve) e um bloco que tem tudo pra crescer em cima dos desiludidos do golpe (Explode Tudo Bolsonaro). Então o Dória corre o risco de, pegando uma raia extremamente cheia, não conseguir escapar de uma luta renhida. E se o Dória tiver que enfrentar uma campanha difícil, vai ser mais fácil simplesmente darem um outro golpe.

    Por isso ainda não acredito nas presidenciais em 2018: sem candidato que possa despontar, a aliança golpista vai simplesmente dar outro golpe. E a chance disso acontecer não é nem um pouco pequena.

  9. 0800

    João Agripino é um mauricinho paulistano, e só.

    João Agripino anda tendo palanque grátis demais.

    João Agripino agradece a lembrança do seu nome.

    Fale bem, fale mal, mas fale de João Agripino.

  10. Passou dá hora de combater e
    Passou dá hora de combater e desmascarar Dória nas redes sociais.
    Esse cara fez fortuna com palestras envolvendo empreiteiras dá farsa a jato!
    Podemos dar nome à elas de propina também?

  11. Dória é a candidatura do imediato, não a ideal pra velha mídia.

    Vou opinar sobre a candidatura Dória e a candidatura ideal para a velha mídia, pensando na pluralidade de brasis. 

    A pergunta que me vem é se é possível vencer uma Eleição no Brasil sendo apenas o anti-Lula? Postura atual do Dória.

    Claro que a ideia de construir um candidato de “fora da Política” como solução para o Pós-Temer é a tentativa que sobrou à velha mídia por causa de toda a liberdade irrestrita dada aos seus “aliados políticos de ocasião”, que dessa liberdade irrestrita ficaram com o currículo de honestidade nada competitivo.

    Foi tanta a liberdade e tanta a loucura de destruir Lula e o PT e de derrubar Dilma que não houve controle das ações, cuidado e calma.

    Bem sabemos que no Brasil as campanhas em eleições e as vitórias/derrotas de parlamentares e do Executivo foram irrigadas até 2014 por vultosas quantias de dinheiro privado, colocadas no bolso dos mais variados partidos e de ideologias diferentes, até o PCdoB recebeu valores, claro que pouco expressivos, de empresas privadas.

    A Lava-Jato queria pegar só o PT, Dilma e Lula, mas fica impossível, porque, na verdade, eles são os mais honestos dentro dos grandes vitoriosos da Política brasileira.

    Uma delação ou uma denúncia qualquer contra tucanos ser escondida para sempre? Não foi possível, apesar do Sistema estar organizado para abafar e defendê-lo. Nem toda a Justiça é tucana, nem todo delator é tucano, nem toda a sociedade é tucana – 5% apenas, lhe dão preferência, atualmente.  

    No processo de tornar a Política um caso de polícia, se começou a tentativa de ter como alvo só o PT, mas aos poucos se perdeu o controle, havia corrupção nos outros partidos e políticos ligados a eles, que saiu do controle a Lava-Jato e a narrativa do “Governo mais corrupto da História”. De delação em delação se chegou aos tucanos, também, os apadrinhados da velha mídia, os “aliados políticos de ocasião”.

    Todos os principais nomes do PSDB tiveram seus minutos de fama negativa na TV, rádio, jornal e revista + internet da velha mídia, sem contar a mídia independente, mesmo que se tentasse blindar ao máximo quem à velha mídia bate continência. Com a Internet tudo se escancara e acaba por levar à revelia dos desejos, que se noticie a denúncia grave dos seus “aliados políticos de ocasião”, mesmo com todo o cuidado na linguagem e dando espaço imediato ao contraditório.

    E foi se acumulando pequenas denúncias que formam um vídeo enorme a ser editado na Internet. Imaginemos o tamanho da edição de Serra e de Aécio, e não é edição de triplex sem mostrar a escritura, de pedalinhos, de barco de lata, de um sítio simplório, de terreno que nunca foi do Lula, etc. São denúncias de milhões em contas no estrangeiro, esquemas de caixa dois com tudo detalhadinho, etc.

    E da loucura de criminalizar a Política se chegou ao momento da necessária ruptura, até com os caciques do PSDB.

    A velha mídia não tem mais como esconder, não tem mais controle do abafamento e do não noticiar, não pode mais fingir que é diferente a corrupção dependendo do partido, não consegue mais fazer dos seus “aliados políticos de ocasião”: SANTOS. E, então, ensaiam a solução clássica: fabricar o novo Collor.

    Antes, no meio dos anos 80, para não estarem associados à Ditadura Militar um “novo” personagem criaram, o tal de “Caçador de Marajás”.

    Hoje, para não produzirem um candidato associado ao Governo Temer e às reformas neoliberais radicais, buscam o “novo”, o tal personagem no Papel de anti político, de sujeito “honesto” vindo de fora da Política e não responsável pelo caos econômico e social que ai está para lançarem como candidato a Presidente pela via Direta ou Indireta.

    Pensando no Dória.

    Dória não tem estofo e conhecimento amplo da realidade brasileira, não parece ter ido muito além dos jardins, de Paris e Nova Iorque e parece não sensível para perceber como age um candidato, já sem os eflúvios da onda anti-petista e de otimismo pós-Golpe; está se construindo, apenas a partir do marketing excessivo. Ele está um tanto agressivo, deselegante, é mimado, não anda gostando do contraditório e de ser contrariado. Anda muito fora do eixo. Imprevisível seu comportamento eleitoral, penso eu.

    Pode se tornar um misto de José Serra com Aécio Neves no grau de deselegância, de estar um tom acima da civilidade, de tratar qualquer adversidade na base da não resposta e no destrato para com o adversário na disputa eleitoral e com o eleitorado opositor a ele. 

    A velha mídia quer fabricar um novo Collor, mas dentro de um padrão de comportamento mais simpático e equilibrado. Exercer um papel de candidato contra o que está posto e pós-Lula não significa ser sem Educação, mal-humorado e nem Dandi. 

    Dória é um desespero de causa da velha mídia, pelo adiantado da hora, da provável queda de Temer antes deste ano findar. E, da não certeza de se conseguir executar o Golpe dentro do Golpe  e se ter de partir para uma Eleição Direta em 2017.

    Dória tem o palanque da cidade de São Paulo, então, se arriscou de colocá-lo na vitrine midiática, por hora. É o quadro que tem a melhor posição no Executivo, dentro da novidade eleitoral e da suposta ideia do não político, mas, sim, Gestor, bem ao sabor da propaganda atual do empreendedorismo com a crise do emprego no Brasil e de nossa Educação meritocrática.

    É interessante. Precisa-se conciliar o Dória não político com o Gestor da cidade de São Paulo, fazendo da Política provinciana paulistana o palanque para sua candidatura presidencial. Não combina muito.

    Em se podendo construir uma candidatura da velha mídia com mais tempo vão produzir um personagem outro. Nem anti-Lula nem Dandi. Uma mistura de personalidades, que interaja com as diferentes denominações cristãs, tenha um discurso mais palatável às juventudes existentes e aos direitos civis (aborto, união civil homoafetiva, descriminalização das drogas) e ao LGBT, estes dois pontos caros à classe média e médio-alta, que seja mais bem-humorado e equilibrado e sem arroubos de autoridade. Dória é muito anti juventude, é um careta. E está sem jogo de cintura. 

    Comparando ao Aécio, último candidato da velha mídia. 

    Aécio tem um lado playboy e baladeiro, o que lhe modernizou um pouco, nem isto Dória tem, ele é certinho demais: prefere polo a futebol (metaforicamente). Berlusconi e seus casos amorosos, sua vida particular nada regrada me levam a dissociá-lo de Dória. E Bolsonaro não gasta energia com o eleitorado opositor. 

    O Brasil tem uma pluralidade de comportamentos, a padronização de um perfil de brasileiro de extrema-direita não está consolidada por aqui, e este brasileiro tem seu candidato cativo: Bolsonaro. Está havendo um refluxo da tendência de um comportamento dos brasileiros que se assemelhe/ apoie à extrema-direita, vide MBL e Vem Pra Rua e seus fiascos em levar público nas manifestações do dia 23 de março. Precisa-se levar em conta o eleitorado existente, não apenas na busca de promover um neoliberalismo permanente, uma meritocracia empreendedora radical. O (a) candidato (a) vai precisar ter a mente mais aberta e ser arejado para se sustentar no Poder, senão vira um Temer em três tempos.

    Dória é muito quadrado e retilíneo. Teve 30% do eleitorado paulistano, ganhou a Eleição para Prefeito de São Paulo pela campanha anti-política e anti-petista massiva de 2016, ano do Golpe, ganhou com 1/3 do eleitorado, apenas, e perdeu para votos brancos, nulos e as abstenções, não nos esqueçamos disto. Não foi o fenômeno eleitoral que se imagina, penso eu.

    Sua vitória foi um resultado circunstancial, de um momento da Política Nacional. 

    Dória é para uma Eleição Direta em breve, a saída para o desespero da velha mídia de uma Eleição Direta antecipada acontecer. Tendo o Golpe dentro do Golpe e se podendo postergar eleições para 2021, 2022 ele será descartado, opinião minha.

    Enfim, não nos fiemos na ideia de um conservadorismo sem limites em uma candidatura da Rede Globo, Veja, Folha, Estadão e demais grupos de comunicação do oligopólio que forma a velha mídia. Eles são conservadores no campo econômico e fixos na ideia de defesa intransigente da supremacia do mercado, do Estado mínimo, do empreendedorismo e da meritocracia e até na defesa do status quo da Casa Grande & Senzala, entretanto, vão ter de produzir um candidato mais palatável aos brasis existentes, tem que caber muitos brasis na candidatura da velha mídia, também, mesmo a gente crendo impossível, senão, podem perder a próxima Eleição Direta, que possa ter candidaturas de oposição ao Golpe. 

    Se o Golpe ficar insustentável um candidato camaleão vai ser a aposta da velha mídia e não um Dória ou Bolsonaro, o risco da derrota com um deles é iminente.

  12. Conheço o Lula desde 1989.

    Conheço o Lula desde 1989. Esse tal Doria Jr. eu não conheci. Ele é aquele engenheiro que virou suco durante a década de 1980?

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