Hora de ensinar boas maneiras às superpotências, por Slavoj Zizek

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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De Outras Palavras

Hora de ensinar boas maneiras aos “grandes” poderes

Estados Unidos já não são capazes de impor sua ordem. Mas como evitar que seu declínio resulte num mundo caótico?

Por Slavoj Zizek

Tradução: Marília Arantes

Conhecer uma sociedade não significa apenas conhecer as suas regras explícitas. É preciso saber como aplicá-las: quando utilizá-las, quando violá-las, quando negar uma chance que nos é oferecida, e quando somos obrigados necessariamente a fazer algo enquanto pretendemos fazê-lo por livre e espontânea opção. Considere o paradoxo, no caso, das propostas feitas para que sejam recusadas. Quando sou convidado para jantar em um restaurante por um tio rico, ambos sabemos que é ele quem vai pagar a conta, embora eu deva insistir de leve que podemos dividir – imagine a minha surpresa caso meu tio de repente diga: “está bem, então, pague a conta você!”

Aconteceu um problema similar durante os caóticos anos pós-soviéticos sob governo Yeltsin na Rússia. Embora as regras legais fossem conhecidas e, em boa parte, idênticas às da União Soviética, uma complexa rede de regras implícitas, não-escritas – as que sustentavam todo o edifício social –, se desintegraram. Na União Soviética, se você precisasse de um tratamento hospitalar melhor, assim como um apartamento melhor, se tivesse alguma reclamação contra as autoridades, estivesse sendo processado ou quisesse seus filhos admitidos em uma escola de ponta, era preciso saber das regras implícitas.

Você precisava compreender a quem deveria se dirigir ou persuadir, e o quê deveria ou não fazer. Após o colapso do poder soviético, um dos maiores aspectos a mudar no cotidiano das pessoas comuns foi que estas regras não-ditas tornaram-se seriamente obscuras. As pessoas simplesmente não sabiam como reagir, como se referir às regulamentações oficiais explícitas, o que deveria ser ignorado e até onde a persuasão funcionaria. (Uma das funções do crime organizado era prover um tipo de Ersatz – um substituto -, da legalidade. Se você fosse o dono de um pequeno negócio e um cliente lhe devesse dinheiro, você deveria procurar respaldo de um mafioso, que cuidaria do problema, já que o sistema legal do Estado era ineficiente.) A estabilização da sociedade sob o reinado de Putin só se deu, em grande parte, por causa da transparência no estabelecimento recente de regras não-escritas. Agora, novamente, a maioria das pessoas pode compreender a complexa teia de interações sociais.

Na política internacional, ainda não atingimos este estágio. Voltando aos anos 90, um pacto silencioso regulamentava as relações entre a Rússia e as grandes potências Ocidentais. Os Estados do Ocidente tratavam a Rússia como um grande poder, sob a condição de que ela não agisse enquanto tal. Mas o que acontece quando a pessoa a quem se fez uma proposta-feita-para-se-recusar, resolve aceitá-la? E se a Rússia começa a agir enquanto grande potência? Uma situação como esta é de fato catastrófica, por ameaçar toda a teia de relações existentes – assim como aconteceu há cinco anos, na Geórgia. Cansada de ser apenas tratada como superpotência, a Rússia passou a atuar enquanto uma.

Como isso aconteceu? O “Século Americano” acabou e nós entramos em um período em que passaram a se formar múltiplos centros no capitalismo global. Nos Estados Unidos, Europa, China e talvez América Latina, também, os sistemas capitalistas se desenvolveram com características específicas; os EUA defendem o capitalismo neoliberal, a Europa, o que restou do Estado de bem-estar social, a China, um capitalismo autoritário e a América Latina, o capitalismo populista. Desde que a tentativa dos Estados Unidos de se imporem enquanto superpotência hegemônica – polícia do mundo – faliu, existe a necessidade de se estabelecer novas regras para interação entre estes centros locais, conforme o que diz respeito a seus interesses divergentes.

É por isto que os nossos tempos são potencialmente mais perigosos do que parecem. Durante a Guerra Fria, as regras para o comportamento internacional eram claras, e garantidas pela loucura – da destruição mútua assegurada– pelas superpotências. Quando a União Soviética violou as tais regras não-escritas ao invadir o Afeganistão, ela pagou seriamente pela infração. A Guerra no Afeganistão foi o começo de seu próprio fim. Atualmente, velhas e novas superpotências estão se testando umas às outras, tentando impor suas próprias versões das regras globais, experimentando abordagens aos mais próximos – que, é claro, são outras, nações e estados menores.

Karl Popper certa vez defendeu o exame científico de hipóteses, afirmando que assim permitimos que nossas hipóteses morram, em vez de morrermos nós mesmos. Mas, nos testes realizados hoje em dia, as pequenas nações ganham mais mortos e feridos do que as grandes – primeiro foi a Geórgia, agora a Ucrânia. Embora os argumentos oficiais sejam altamente moralistas, defendam os direitos humanos e a liberdade, a natureza do jogo é clara. Os acontecimentos na Ucrânia parecem algo como a “Crise da Geórgia – Parte II” – o próximo estágio da luta por controle em um mundo não-regulamentado, multipolarizado.

Sem dúvida, é hora de ensinarmos a estas superpotências, velhas e os novas, algumas boas-maneiras [regras de conduta], mas quem fará isto? Obviamente, apenas uma entidade transnacional poderia mediar isto – há mais de 200 anos, Immanuel Kant enxergou a necessidade de uma ordem legal internacional que fosse capaz de permear o apogeu das sociedades globalizadas. Em seu projeto pela paz perpétua, escreveu: “Desde que uma comunidade mais estreita e mais ampla entre povos do mundo tenha se desenvolvido a ponto que a violação dos direitos em uma localidade do mundo seja sentido nas demais, a ideia de que exista uma lei mundial de cidadania não seria mero devaneio ou noção exagerada.”

Isto, no entanto, nos leva ao que é discutivelmente a “principal contradição” da nova ordem mundial (se ainda pudermos utilizar o velho termo maoísta): a impossibilidade de criarmos uma ordem política mundial que seja capaz de corresponder com a economia capitalista globalizada.

Mas e se, por razões estruturais, e não somente devido a limitações empíricas, não seja possível existir uma democracia amplamente difundida ou um governo representativo mundial? E se a economia do mercado global não puder ser organizada diretamente como uma democracia liberal, global com eleições em nível mundial?

Na era de globalização, estamos pagando o preço desta “principal contradição”. Na política, antigas fixações, em particular, questões substancialmente étnicas, religiosas e de identidade cultural voltaram como vingança. Nosso dilema é definido por sua tensão: à livre circulação global de commodities seguem crescentes separações na esfera social. Desde a queda do muro de Berlim e o apogeu do mercado global, novos muros começaram a emergir por todas as partes, segregando pessoas e suas culturas. Talvez a sobrevivência crucial da humanidade dependa da resolução desta tensão.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

14 Comentários

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  1. Quem será capaz?

    A sobrevivência da humanidade depende do controle das corporações implicitamente comprometidas com a fome do lucro a qualquer preço (inclusive ao de sua vida e ao das  suas gerações…).

    “E se a economia do mercado global não puder ser organizada diretamente como uma democracia liberal, global com eleições em nível mundial?” Esta é a grande questão.

     

  2. USA x Rússia

    Nassif,

    Assim como ocorreu no caso da Síria, por conta dos votos contrários de Rússia e China,não foram possível também na Ucrânia os ” bombardeios humanitários” de Tio Sam.

    Para manter o enfrentamento sem correr o risco de um conflito militar de consequências imprevisíveis, a marionete BObama e os seus ” aliados por imposição”, os países europeus, partiram para as sanções comerciais que, pelo jeito, não trarão o resultado que Washington imaginava obter, o de deixar VPutin encurralado $$$.

    A o ser iniciado o boicote, VPutin logo entrou em entendimentos com o Irã, PhD no assunto, e este trabalho conjunto tentará reduzir significativamente o U$ como moeda de referência para as transações globais, para tanto se utilizando do ouro como moeda para substituir a moeda americana nas transações comerciais.

    A China, maior compradora de ouro do planeta já há algum tempo, com o objetivo de fazer hedge com parte dos mais de U$ 1 tri que tem na gaveta, também faz parte da operação para reduzir o poder da moeda americana e sua atração como reserva de valor.

    Está em andamento um acordo comercial bilateral entre China e Rússia, que atingirá  o valor de U$ 200 bi em 2020, só que sem a utilização do U$, que também não será utilizado na megatransação de 60 bilhões de m³ anuais de gás entre os dois países.

    Washingon, com aquela sua bela dívida a se aproximar dos U$ 20 trilhões, será atacada sem que seja atingida por bala, bomba ou canhão, mas no seu tendão de aquiles neste momento. 

    Considera-se, ou espera-se que não venha a ocorrer um conflito entre USA e Rússia, o pior dos mundos.  

  3. Bullshit! O cara que  rotula

    Bullshit! O cara que  rotula um continente com  diversidade cultural,histórias e idiomas diferentes,não pode  nem deve ser levado à sério. Capitalismo populista ? O que vem a ser isso? E a tal de América Latina,quem a compõe,onde começa,onde termina?E  suas culturas e seus governos?  Impressionante  o que tem de picareta   vertendo literatices e falsa  cultura sociológica,política e econômica ! E ainda   encontram  que os acolham e leiam. Já basta   o Globo e os demais do PIG,com seus  amanuenses escroques deitando cátedra  sobre   a influência do uso do palito na intensidade do lulopetismo no sindicalismo do ABC.

     

     

  4. POR QUE NÓS, CIDADÃOS DO MUNDO, TOLERAMOS OS EUA?

    POR QUE NÓS, CIDADÃOS DO MUNDO, TOLERAMOS OS EUA?
     

    Publicado no Diário do Centro do Mundo, em 17 de maio de 2014.
    Em http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quebrando-o-silencio-na-ucrania-uma-guerra-mundial-esta-na-esquina/
    Publicado originalmente no Asian Times Online, em 14 de maio de 2014
    Em http://www.atimes.com/atimes/Central_Asia/CEN-01-140514.html
     

    Quebrando o silêncio na Ucrânia: uma guerra mundial está na esquina

    Por John Pilger (repórter desde 1958, ganhador do prêmio Britain`s Journalist of the Year na área dos Direitos Humanos, correspondente de guerra no Vietnã, Camboja e Biafra)

    Por que toleramos a ameaça de mais uma guerra mundial em nosso nome? Por que permitimos todas as mentiras que justificam esse risco? A escala em que somos doutrinados, escreveu Harold Pinter, é:

    (…) “brilhante, inteligente, se se pode dizer, uma encenação muito bem sucedida de hipnose coletiva”, como se “os fatos jamais tivessem acontecido, mesmo que estivessem acontecendo à nossa vista”.

    Todos os anos, o historiador norte-americano William Blum publica seu “sumário atualizado dos feitos da política externa dos EUA”, que mostra que, desde 1945, os EUA já tentaram derrubar mais de 50 governos, muitos dos quais democraticamente eleitos; interferiram pesadamente em eleições em 30 países; bombardearam populações civis em 30 países; usaram armas químicas e biológicas; e tentaram assassinar líderes estrangeiros.

    Em muitos casos, a Grã-Bretanha trabalhou ao lado dos EUA como colaboradora. O grau de sofrimento humano, para nem falar da criminalidade, é apagado no Ocidente, apesar de aí estarem ativos os sistemas mais avançados de comunicações e, supostamente, o jornalismo mais “livre” do planeta. É absolutamente proibido noticiar que o maior número de vítimas de ações terroristas não são “ocidentais”, mas, sim, muçulmanos.

    Esse jihadismo extremo, que levou ao 11/9, foi nutrido como arma de política anglo-norte-americana (“Operação Ciclone” no Afeganistão). Em abril, o Departamento de Estado observou que, depois da campanha da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, em 2011, “a Líbia foi convertida em paraíso seguro para terroristas”.

    O nome do “nosso” inimigo mudou ao longo dos anos: de comunismo, para islamismo, mas, em geral, qualquer sociedade independente da potência ocidental, que ocupe território considerado estrategicamente relevante ou rico em recursos a saquear, é “inimigo” dos EUA e da Grã-Bretanha. Os líderes dessas nações obstrutivas são em geral varridos do mundo em ação criminosa, como os democratas Muhammad Mossadeq, no Irã e Salvador Allende, no Chile; ou são assassinados como Patrice Lumumba no Congo. E todos somos submetidos a uma campanha, conduzida mediante as estruturas do jornalismo da imprensa-empresa que conhecemos, para caricaturar e vilificar o homem da hora, seja quem for: Fidel Castro, Hugo Chavez; agora, como se vê, Vladimir Putin.

    O papel de Washington na Ucrânia só é diferente nas implicações que tem para o resto do mundo. Pela primeira vez, desde os anos Reagan, os EUA estão ameaçando arrastar o mundo à guerra. Com o leste da Europa e os Bálcãs agora convertidos em entrepostos militares da OTAN, o último estado “tampão” junto às fronteiras russas está sendo detonado. Nós – o “ocidente”, tão orgulhoso de sua “civilização” e dos seus valores – estamos apoiando neonazistas, num país onde os nazistas ucranianos apoiaram Hitler.

    Tendo cerebrado o golpe de fevereiro contra o governo democraticamente eleito em Kiev, Washington planejou tomar para ela a base naval russa de águas temperadas, legítima e histórica, na Crimeia. Mas o plano fracassou. Os russos defenderam-se – como sempre se defenderam contra todas as ameaças e invasões do ocidente, sempre, há quase um século. Mas o cerco militar que a OTAN tenta foi acelerado, combinado a ataques orquestrados pela CIA e pelo FBI-EUA contra russos étnicos na Ucrânia.

    Se conseguirem arrastar Putin para uma guerra provocada, em defesa daqueles russos, essa função de “estado pária” será utilizada como pretexto para desencadear uma guerra de guerrilhas que a OTAN fará crescer enquanto puder, até que respingue no próprio território russo.

    Putin, contudo, pôs o partido da guerra a andar em círculos, feito peru bêbado, ao procurar acomodação e acordo com Washington e com a União Europeia; e retirou seus soldados da fronteira ucraniana, conclamando os russos étnicos no leste da Ucrânia a desistir do referendo planejado, interpretado como ação de provocação. Esses falantes de russo e bilíngues – um terço da população da Ucrânia – há muito tempo procuram organizar uma federação democrática que reflita a diversidade étnica do país e que seja, simultaneamente, autônoma e independente de Moscou. A maioria deles não são nem “separatistas” nem “rebeldes”, mas cidadãos que aspiram a viver em paz e segurança na própria terra.

    Como as ruínas hoje do Iraque e do Afeganistão, a Ucrânia também foi transformada em parque temático da CIA – comandado pelo diretor John Brennan em Kiev, com “unidades especiais” de CIA e FBI montando a “estrutura de segurança” que supervisiona os ataques mais selvagens contra os que se opõem, lá, ao golpe de fevereiro.

    Bandidos fascistas queimaram o prédio da sede do sindicato, matando 41 pessoas que foram presas lá dentro, enquanto o prédio era incendiado. Assistam ao que fez a Polícia, parada, assistindo ao “espetáculo”. Um médico contou que tentou desesperadamente tirar as pessoas presas no prédio, “mas fui impedido por radicais nazistas ucranianos. Um deles empurrou-me com violência, gritando que, em breve, outros judeus de Odessa teriam também o mesmo destino… Não entendo por que o mundo inteiro continua em silêncio!”

    Os ucranianos falantes de russo estão lutando pela vida. Quando Putin anunciou a retirada dos soldados russos da fronteira, o secretário de “defesa” da junta neonazista de Kiev – e membro fundador do partido fascista Svoboda – pôs-se a esbravejar que os “insurgentes” não arredariam pé. Em seu típico estilo orwelliano, a propaganda ocidental inverteu tudo e “noticiou” que “Moscou tenta orquestrar novos conflitos e provocações” – foram as palavras do secretário britânico de Relações Exteriores, o lastimável William Hague. Foi cinismo só comparável às grotescas “congratulações” que Obama enviou à junta neonazista, pela “notável contenção” que manifestou… depois do massacre de Odessa!

    É junta ilegal e dominada por fascistas. Para Obama, foi “devidamente eleita”. O que conta – como Henry Kissinger disse certa vez, não é a verdade, mas o que alguém supõe que seja a verdade.

    Nos veículos da imprensa-empresa norte-americana, a atrocidade de Odessa foi descrita como “triste” e “feia” e “uma tragédia” na qual “nacionalistas (de fato, são neonazistas) atacaram “separatistas” (de fato, eram pessoas que recolhiam assinaturas a favor de um referendo a favor da federalização da Ucrânia).

    Na Alemanha, a propaganda foi pura guerra fria, com o Frankfurter Allgemeine Zeitung alertando os leitores contra “a guerra russa não declarada”. Para os alemães, é apenas ironia histórica que Putin seja o único líder em todo o planeta a condenar o ressurgimento do fascismo na Europa do século XXI.

    Há quem repita que “o mundo mudou depois do 11/9”. Mas… o que mudou? Segundo o grande alertador-vazador Daniel Ellsberg, houve um golpe silencioso em Washington e, depois daquele dia, o país é governado por militarismo rampante. O Pentágono só faz comandar “operações especiais” – guerras secretas – em 124 países.

    Em casa (nos EUA), o que se vê é miséria crescente e a morte da liberdade por hemorragia – duas consequências históricas de um estado em guerra perpétua. Acrescente-se o risco real de guerra nuclear, e a questão se impõe: por que nós, cidadãos do mundo, toleramos os EUA?

     

    1. com “J” maiúscula

      John Pilger, Jornalista e Comentarista digno, factual e, nos dias sombrios que correm da Democracia, sem trabalho/espaço na grande #MidiaBandida (por óbvio!) …

  5. Transição lenta, gradual e segura.

    Antes, quem é o autor do artigo:

    Slavoj Žižek

    Slavoj Žižek é um filósofo e teórico crítico esloveno. É professor da European Graduate School e pesquisador sênior no Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana. É também professor visitante em várias universidades norte-americanas, entre as quais a Universidade de Columbia, Princeton, a New School for Social Research, de Nova Iorque, e a Universidade de Michigan. Veja seus livros em nossa loja virtual.

    Transição nestes termos interessa a quem quer manter o status. Golbery, o gênio da raça, como disse Glauber Rocha, certa vez,  foi mestre no assunto.

    Lá atrás como hoje, quero que a ordem estabelecida vá prá PQP. Tanto quanto o povo alemão se beneficiou dos anos dourados do  nazismo, assim tambem o povo estadunidense se beneficiou (e se beneficia) da exploração dos recursos de outros povos, que nem vale a pena lembrar. Que os estadunidenses paguem pelo erro de terem eleitos homens improbos, mau intencionados, corruptos, fascistas que tanto mal causaram à humanidade.

  6. Até onde a insanidade irá

    O artigo é interessante e compartilho da mesma visão. Mas até onde a insanidade irá no mundo? Todos sabemos que é necessário um pacto mundial para promover a paz e uma melhor administração dos recursos. Mas como conter a ganancia de empresários globalizados, como conter sua sede de poder assima de governos, como evitar que eles desestabilizem governos para que alcancem maiories lucros quando os povos estão brigando entre si, incluse entre eles mesmos sem enchergar que são alvos de uma movimentação global.

    Acredito sinceramente que é hora de uma nova forma de governança Global, e que precesamos botar um freio nas intenções das megas cooporações.

  7. Poder é expectativa

    É o melhor dos artigos que li desse autor. As obras mais robustas não tive a oportunidade ler.

    Da argumentação me chamaram a atenção dois pontos: do paradoxo sobre a “proposta feita para não ser aceita”,  e a “tensão” sobre a circulação de bens pessoas e culturas.

    O primeiro me lembra uma leitura de Luhmann sobre o “Poder” (Macht), onde ele desenvolve, entre outros aspectos, o principal, que o poder é um código externo, que estabiliza as expectativas (bem diferentemente de Foucault e Canetti); e que daí deriva, inclusive, que o mais “fraco” possa “obrigar” o mais poderoso – mesmo contra a vontade deste – a exercer o poder desafiando-o.

    Não é só a “vontade de poder”, portanto.

    De outro modo, quem tem uma expectativa divulgada de ter poder acaba se sentindo pressiionado a exercê-lo; mesmo sabendo que não o tem mais.

    Lembrei também uma cena bem explícita daquele filme “O Siciliano”, baseado no livro de Mario Puzo, em que o protagonista, sem nenhuma inserção no PC italiano do pós guerra, nem na igreja, nem na máfia, fica sentido com a fome do povo e tenta roubar uma partida de trigo disfarçada em um caixão de enterro. Achou ele que o capataz deixaria passar o cortejo fúnebre.

    Deixou nada! Pau quebrou e ele acabou matando o capataz. Teve que foragir; e foragido a fama cresceu.

    Um dia um barbeiro – uma instituição – fez uma fofoca dele. Ele, então, metralhou em praça pública o tal barbeiro. Os companheiros dele se assustaram e perguntaram: por que você fez isso? Ele respondeu: “eu tinha que mostrar que sou um homem sério!”

    Daí em diante a fama dele só aumentou no meio da italianada da época; até cairem, ele e a fama.

    Do segundo lembro que já insisti muito que o tabu da desigualdade – aqui no brasil, outro periférico onde as regras são discricionárias – só seria quebrado quando começassem a falar de desigualdade no atlântico norte.

    A demora de traduzirem e comentarem o livro do Thomas Piketty é mais uma evidência.

  8. Poeira nos Olhos

    Na minha humilde opinião, Zizek é um enganador, que tenta se passar por teórico neo-marxista mas é um serviçal do obscurantismo direitista. Conforme destacado em um dos comentários feitos neste post, é relevante observar que o autor, Zizek, é professor convidado em célebres universidades norte-americanas e européias, as quais inclusive creio serem pouco afeitas a tradições liberais ou progressistas. Ademais, o texto deixa antever um objetivo mal dissimulado de propalar a idéia subliminar de que a transição para um futuro melhor necessita de uma autoridade supranacional não democrática, provavelmente na linha dos bombardeios ‘humanitários’ tipo Iuguslávia e Iraque, ou de apoio$ ‘logí$tico$” a in$urgente$ ‘libertário$’ pro-ocidente, ao estilo dos praticados na Líbia, na Síria e na Ucrânia.

  9. A emancipação universal era

    A emancipação universal era um sonho utópico para Alemanha,

    Onde reside a possibilidade real?

    Eis a resposta: hoje a verdadeira evolução para adminstrar a forma do mundo depende de se projetar o caráter da sociedade elevada ao dominio do código (meio) externo, que gira a realidade nos limites do desenvolvimento individual, através da tranformação de toda propriedade correspondente à fundação da esfera do mundo.exterior.

    Várias vezes informei a base interna existente e as condições que engloba o status histórico da sociedade, a qual pode passar a medida de dimensão real para as ligações das nações e conquistar as duas fases desta posição emancipadora, Por exemplo, os titulares, o natural da vida, de uma nova era do intercâmbio da humanidade e os que querem fazer a sua própria extensão originária.

    O humilde pensador lamenta tanta impopularidade pela via racional.

     

  10. Slavoj Zizek se recusa a

    Slavoj Zizek se recusa a aceitar um fato trivial: o fim da guerra fria e o desmoronamento da URSS não alteraram o equilibrio de poder existente entre EUA e Russia, que era e continuou sendo a garantia de destruição nuclear mutua.

    É verdade que no ocidente algumas pessoas passaram a acreditar que os EUA havia ganhado a guerra fria, que os norte-americanos tinha um império global invencível. Mas isto era uma ilusão quando se tratava de Russia e China, cujos territórios os gringos não ousariam e ainda não ousam atacar diretamente por medo de retaliação nuclear em seu próprio território. As guerras travadas pelos EUA após o fim da guerra fria foram todas contra impotências nucleares e resultaram em vitórias que alimentaram a ilusão da hegemonia norte-americana. 

    Zizek parece não conhecer uma regra implícita que continuou vigendo após o desmoronamento da URSS: ninguém ataca quem tem bombas nucleares e meios para atirá-las num inimigo distante. Por isto, a avaliação que ele fez parece em grande medida influenciada pelas nefastas teorias do fim da história que germinaram após o fim da guerra fria. O filósofo perdeu o caminho em razão de ignorar o essencial. 

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