Moro, o desavergonhado, por Marcelo Uchôa

Depois de protagonizar a Lava Jato, o ex-juiz, conhecedor privilegiado de informações estratégicas sobre as ex-gigantes, é recrutado para trabalhar para os que administram suas recuperações judiciais.

Moro, o desavergonhado

por Marcelo Uchôa

A notícia de que o ex-juiz Sérgio Moro foi contratado pela firma Alvarez & Marsal (A&M) para prestar consultoria em sabe-se lá o que para os estadunidenses é um daqueles escândalos que só são possíveis num país desmoralizado como o Brasil de 2020. Depois de protagonizar a Lava Jato, operação judicial que levou à bancarrota multinacionais brasileiras como a Odebrecht e a OAS, o ex-juiz, conhecedor privilegiado de informações estratégicas sobre as ex-gigantes, é recrutado para trabalhar para os que administram suas recuperações judiciais.

Haverá os que dirão que ele tem todo direito de fazê-lo, afinal, não é mais juiz. Haverá os que alegarão que a firma tem todo o direito de contratá-lo, pois no mercado tudo é possível. Moro, que se autointitula professor no Twitter, disse na rede social que ingressava nos quadros da A&M para “ajudar as empresas a fazer a coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia”, segundo explica. A firma, por sua vez, nem esconde o que está por trás da contratação, apresenta o agora managing director Sérgio Moro como ex-Ministro da Justiça do Brasil e ex-juiz da Lava Jato, para que ninguém duvide de que desfruta de conhecimento além do convencional para usar em benefício de seus interesses econômicos.

Espantoso? Lógico que não. O que esperar de um ex-juiz que agiu seletivamente durante uma operação judicial para prejudicar um partido político? Que se contorceu para condenar um ser humano inocente apenas pelo ódio e o desejo de pôr abaixo um projeto exitoso de inclusão social? Que teve o desplante de assumir o cargo de ministro da justiça de um governo que não teria sido eleito se ele não tivesse se dedicado com tanto afinco à destruição política dos opositores, inclusive impedindo a candidatura daquele em que o povo gostaria de votar? O que esperar de um ex-ministro que permaneceu na pasta da justiça de um governo deletério, cerrando os olhos para inúmeras denúncias de desmando à sua volta, até o instante em que, por ter interesses contrariados, resolveu cuspir no prato em que comeu abandonando os cupinchas?

Não dá para esperar nada. Só falta mesmo o desavergonhado consultor assumir seu contrato nos Estados Unidos. Segundo o Glassdoor, site de avaliações anônimas sobre empresas, no Brasil, a remuneração média anual de um diretor em São Paulo gira em torno de 510 mil reais. Já nos Estados Unidos, na região de Nova York, a bagatela é de cerca de 430 mil… dólares. Apenas para começar, supõe-se.

Marcelo Uchôa – Professor de Direito da Universidade de Fortaleza. Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) – Núcleo Ceará

Redação

4 Comentários

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  1. O marreco condenou, mas os outros tribunais fazem pior, um, depois de atropelar todos os processos que estavam na frente, agravou a pena, e o ultimo tem onze senhores complacentes com os abusos cometidos, um deles, que dizem legalista, está sentado ha mais de um ano em cima do hc, notem, um hc, que de tão urgente dizem que pode ser feito em papel de pão, na ignominia o marreco não está só…….se não cortam-lhe as asas por que não voar mais alto?

  2. Ninguém quis começar o comentário… Lá vai o meu!!! Merecemos esse cara!! Merecemos o que estamos passando no país atualmente! Estou muito triste com isso!!! Não fico bem já vai cinco anos!!! De lá pra cá, não mudamos muito!!! Ultra_direita! Contra reforma da previdência! PEC do fim do mundo!!! Pandemia!! Desemprego nas alturas!!! Ultra-ricos mais e mais ricos!!! Revolta já !! Fora Bozo!!!

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