Notas torpes sobre um quase adeus ou até breve ao GGN, por Armando Coelho Neto

Notas torpes sobre um quase adeus ou até breve ao GGN

por Armando Rodrigues Coelho Neto

Quando comecei a escrever neste espaço não trouxe grandes novidades, exceto quanto mergulhava um pouco nas entranhas da Polícia Federal, sobre o desserviço dela à Nação, seu papel de capitã do mato nos golpes de 1964 e 2016, e, mais recentemente na vergonhosa formação de seus novos jagunços… “Mito mito! ”

Minhas palavras geraram revolta dentro da PF e seus calhordas, enquanto os policiais sérios quedavam amordaçados sujeitos a um regime jurídico decadente, com regras de valas comuns nos quais seus servidores são enquadrados, conforme humores administrativos. Aos inimigos a lei é a regra número zero.

Por conta delas (minhas palavras), sofri interpelações, já que para a PF é mais fácil conviver com mentiras e hipocrisia do que com a verdade. Ela nega até mesmo os bons préstimos da gestão petista em seu favor e que lhe deram projeção. Entre eles, mais autonomia, instrumentos legais, recursos materiais e humanos (1).

Segui o desafio de dizer algo às segundas-feiras, quando já se havia dito tudo sobre tudo, e com muita propriedade, na verve de jornalistas, juristas, cientistas políticos… a respeito das escrotices promovidas pela elite sabuja, com a proteção do Supremo Tribunal Federal e das covardes Forças Armadas – pátria amada raio que o parta!

Ao começar a escrever nos primórdios do golpe de 2016, tinha ilusão de mostrar o reduzido contingente na PF ávido por justiça social, honesto, preocupado com direitos humanos. Gente séria para quem direitos humanos protegem o cidadão contra a tirania do Estado. Mas, para a maioria é mesmo proteção de bandidos.

Para se ter ideia, a unidade que trata do meio ambiente é chamada de “Delebambi” (2). A ambientalista mirim Greta Thunberg só perde para Lula em termos de ironias. Isso mostra o sentimento retrógado sobre uma importante questão mundial. É coisa para inglês ver, com as ressalvas obrigatórias quanto às honrosas exceções.

Assim era, assim é, mas era preciso dizer que havia gente refletindo na instituição. Desse modo, à exceção das particularidades da PF, tudo o quanto mais registrei neste GGN repercutia muito mais em razão de quem (um delegado federal) estava dizendo, escrevendo, do que mesmo pelo ineditismo ou contribuição ao debate.

É como se um delegado federal dizendo “é golpe, foi golpe” fizesse alguma diferença. Sempre chamei de Farsa Jato a maior tramoia jurídica da história, urdida por entreguistas, corruptos, por capitães do mato da elite do atraso. Parecia fazer a diferença chamar o herói da TV Globo de Zé Roela, hoje a serviço de corruptos.

Se fez ou não fez diferença, não se sabe. Mas, já deu. Bateu o cansaço, parecido com o de Álvaro de Campos (“O que há em mim é sobretudo cansaço — Não disto nem daquilo; Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço… infecundo, cansaço; Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo”).

Ocupar nossa precária massa cefálica com histrionices, macaquices, pouca vergonha, com a horda de assassinos e ladrões da gangue do Planalto é demais. Chega de reverberar a hemorroida do Bozo, o pinto mal lavado dos adolescentes, gripezinha, ambientalistas maricas, e daí (?), não sou coveiro, jacaré…

Basta de o … da tua mãe, enfia no… fdp, ela quer dar o furo, chicletes, leite Moça, alfafa, o compromisso diário com a podridão aplaudida por insanos. Às favas o culto ao ódio, à família nepotista, o processo de imbecilização de uma sociedade doente, programada para sê-la, por que a alienação é a galinha dos ovos de ouro deles.

Não há luta entre esquerda e direita, mas sim luta da civilização contra a barbárie. Esquerda, já o disse, é concessão da direita para que ela, a direita, apareça limpinha e cheirosa na fita, como quem dá direito de defesa num processo aberto para condenar. O “golpichimam” de Dilma e o justiçamento de Lula falam por si (3).

A imprensa bate de mentirinha no Bozo, pois sabe que vitimizando Bozo ele ganha apoio popular. Enquanto reverbera sandices e maldades do Bozo, Paulo Guedes passa a boiada. Alimenta o embate futuro entre Bozo e Dória (o cocô puro contra o cocô com chantili) com Supremo, FFAA, Transparência Internacional et caterva.

A rigor, cansei de falso “Brazil quebrado”, de ver ladrão chamando Lula de ladrão, farsas jurídicas no Supremo, bandidos julgando inocentes (como a gangue de Eduardo Cunha), juízes larápios com “juridiquês” empolado livrando a barra das elites, com autoridades querendo furar a fila da vacina. Vão todos às favas!

Sob silêncio sepulcral das exceções, grassa a covardia e sabujice das Forças Armadas sempre a serviço do sistema, e que só apareceram na história para derrubar governos populares e pintar meio-fio. Aos quintos dos infernos também!

Acho que já deu. Por certo farei como Adriana Calcanhoto, e escreverei “cartas pra ninguém”, já que o inverno no Leblon é quase glacial.

Aliás, não só no Leblon. Na Praça Roosevelt também, onde a inútil e assassina Polícia Militar de S. Paulo, na cara de pau, cínica e autoritariamente rouba centímetro a centímetro o espaço público, com a cumplicidade de sua omissa “corregedoria” e do Ministério Público.

São essas minhas notas torpes de um quase adeus ou até breve ao GGN. É possível que eventualmente, reapareça por aqui, talvez em razão do que se diz ou se possa dizer, e, não mais em razão de quem diz… É possível que me dedique a um livro ou a uma saudade intensa que dói, dói, dói por que ser nervo exposto é fo…

Armando Rodrigues Coelho Neto – jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal, ex-representante da Interpol em São Paulo.

1-     https://jornalggn.com.br/artigos/desculpas-delegados-da-pf-mas-foi-dilma-quem-fortaleceu-voces-por-armando-coelho-neto/

2-     https://www.youtube.com/watch?v=hI2WnEPXAFY

3-     https://jornalggn.com.br/crise/e-o-golpe-da-maconha-intrujada-lewandowski-por-armando-coelho-neto/

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

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