O governo Temer não tem onde ir, por Luciano Martins Costa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Luciano Martins Costa

 
 
Os integrantes e associados do governo enterino já receberam cópias do conteúdo das delações da Odebrecht
 
Da Revista Brasileiros
 
Sugerido por Webster Franklin
 

Os integrantes e associados do governo enterino do sr. Michel Temer já receberam cópias do conteúdo das delações da Odebrecht.

A conclusão é dos advogados que editam o site e boletim Migalhas, especializado em questões jurídicas.

Para quem estranhava a súbita renúncia do ex-ministro das Relações Exteriores José Serra, eis aí uma boa pista.

Sob o título “Ai que dó”, a nota observa que o advogado José Yunes acaba fazendo a revelação ao se complicar nas explicações sobre como recebeu um pacote de dinheiro do doleiro Lúcio Funaro: ele confessou ter atuado como “mula” do agora ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil.

Deve o autor, evidentemente, se desculpar publicamente com a nobre estirpe dos muares.

“Ai que dó” é como o Migalhas se refere à alegação de Yunes, de que não sabia que o pacote entregue por Funaro continha dólares.

“A informação de Yunes revela que ‘eles’ já tiveram acesso à delação da Odebrecht. E estão, todos, montando suas versões”, diz o boletim.

O fato é muito grave e coloca uma pá de cal sobre a credibilidade da força-tarefa que conduz a operação Lava-Jato: o conteúdo da delação de Claudio Mello Filho, da Odebrecht, nunca foi revelado, o que significa que a equipe liderada pelo juiz Sergio Moro vazou para os acusados o teor das acusações, para que eles possam planejar suas defesas.

O presidente-tampax vê se desmoralizar ainda mais seu gabinete quando o ministro Serra deixa abruptamente o cargo e alega um problema de coluna, ou, como se apressou a divulgar a mensageira Eliane Cantanhede (Grupo Globo e Estado de S. Paulo), Serra estava “tristinho” no cargo de ministro das Relações Exteriores.

Serra saiu para tentar se desviar da enxurrada de esterco que a Lava-Jato procura esconder.

Esse é o episódio que irá marcar definitivamente as biografias dos integrantes do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça.

A evidência de favorecimento, por parte dos personagens que são tidos pelos midiotas como heróis da moralidade pública, a integrantes da quadrilha abrigados no poder federal, não admite omissão: cumpre ao CNJ agir, cumpre ao STF dar aos brasileiros um sinal de que nem tudo é esculhambação.

Nem se deve, a esta altura, cobrar alguma responsabilidade da imprensa hegemônica, porque de onde nada se espera é que nada sai, mesmo.

Mas pode-se apostar que pelo menos a Folha de S. Paulo, o jornal que atua como uma espécie de agência privada do ex-ministro Serra, venha a trazer alguma informação nova enquanto repinicam os tamborins.

Os midiotas, atordoados pela comprovação de que o impeachment de Dilma Rousseff instalou as raposas no galinheiro, não têm mais como ficar repetindo que o mandato do sr. Temer é transitório, porque a transição significa que se sai de um lugar para outro, e ele demonstra não saber onde está.

Faltava ao inquilino do Planalto legitimidade. Depois se constatou que faltava estofo e carisma para conduzir o que, segundo seus acólitos, seria a transição para fora da crise econômica; agora não há como esconder que falta honestidade, falta estratégia, falta respaldo popular, falta competência.

O governo enterino não tem para onde ir.

Aliás, alguns de seus integrantes e ex-integrantes têm, sim: o presídio da Papuda.

 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. Agora que estão trazendo de fora para “legalizar” o dinheiro e

    sem nenhuma vergonha mais, realmente usufruir do que receberam para fazer mal ao Brasil, não tem mesmo aonde irem.

  2. O impeachment comprado

    Por Alex Solnik

     

     

    24 de Fevereiro de 2017

     

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    O depoimento de José Yunes à Procuradoria Geral da República no dia 14 último e sua entrevista à “Veja”, que traz a chamada “Fui mula de Padilha”, é o mais contundente e isento testemunho não só de que Padilha recebeu 4 milhões de reais da Odebrecht em forma de propina, mas que ao menos 140 dos 367 votos do impeachment foram comprados.

    A palavra não é de nenhum oposicionista, mas de um homem que fez até há pouco parte do governo Temer, ao lado de Padilha.

    Segundo Yunes, Padilha lhe telefonou, em 2014, perguntando se ele poderia receber um pacote com documentos em seu escritório; depois uma outra pessoa passaria lá para pegá-lo. Yunes concordou.

    Eis o que aconteceu depois, segundo a “Veja”:

    “Pouco tempo depois, Yunes estava em seu escritório de advocacia em São Paulo quando, diz ele, a secretária informou que um tal de Lúcio estava ali para deixar um documento. “A pessoa se identificou como Lúcio Funaro. Era um sujeito falante e tal. Ele me disse: ‘Estamos trabalhando com os deputados. Estamos financiando 140 deputados’. Fiquei até assustado. Aí ele continuou: ‘Porque vamos fazer o Eduardo presidente da Casa’. Em seguida, perguntei a ele: ‘Que Eduardo?’. Ele me respondeu: ‘Eduardo Cunha’.

    Temer já confirmou ter tido conhecimento do encontro de Funaro com Yunes em São Paulo.

    A denúncia ajuda a entender que o impeachment foi resultado de uma conspiração; que a conspiração começou ainda na eleição de Cunha à presidência da Câmara e que os 140 deputados financiados para eleger Cunha também votaram a favor do impeachment.

    As questões que se colocam são: 1) se esses 140 votos precisaram ser comprados é porque os deputados não estavam convencidos de que o impeachment se sustentava; 2) sem esses 140 votos não teria havido impeachment; 3) comprovando-se a existência dessa compra não seria o caso de anular o impeachment?

    http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/282189/O-impeachment-comprado.htm

    1. o…..

      Vocês querem dizer: O Brasil não tem para onde ir. Não tem para onde ir fora da democracia. E democracia é todos serem iguais, ou a busca implacável por isto. E não pequenos grupelhos organizados que sequestraram um pedaço do Estado. E isto elite de ideologia alguma aceita. O país terá que varrer tais elites.

  3. Que coisa, agora o vazamento vai direto aos acusados…

    Mas para Papuda é que não irão mesmo. Como bem diz o Roberto Pompeu de Toledo em sua coluna: a Lava Jato não sera um mensalão. Apos Lula ser condenado pelo mau-carater do Sergio Moro, tudo terminara tranquilarmente.

    1. Concordo com você.
      A ÚNICA

      Concordo com você.

      A ÚNICA coisa que poderia mudar esta situação seria um levante popular com muitos enforcamentos(corda é barata e reutilizável, ao contrário de balas).

      Mas, isto é pedir demais para o povo medalha de bronze em matéria de ignorância.

  4. Sair sairá, mas não por causa da desmoralização

    Quem tem globo não teme. Nâo existe  lugar para  a moral nisto tudo. Dos que deram suporte ao golpe, existem os que acreditam que tudo isto valeu a pena porque lucraram e continuam lucrando e terão muito ainda para lucrar. Existem os que acreditam que valeu tudo para tirar o PT e expulsar os ascendentes dos aeroportos e principalmente das escolas. Existem os que acreditam que o país é melhor assim mesmo e que a luta contra a corrupção é igual invasão de comunidade. A gente prende os pretos pobres e petistas e os mantém longe. Existem ate aqueles que como a economista Zeina Latif, que acha que alto desemprego é bom para as finanças. Quanto a esta questão de moralidade é coisa de pobre afinal o que estamos fazendo são apenas negócios. Afinal os CEOs que criaram a crise financeira mundial ganharam bonus altíssimos por causa dela.  E Oderbrecht, Petrobrás e empreiteiras que me desculpem, mas são apenas negócios. Quando a Youssef,  e Mossack Fonseca, como deixar tais “instituições” em situação delicada se vão  precisar delas logo adiante.

    O Michel  a gente tira, mas faz um acerto, e como o negócio dele nunca foi urnas, pode implantar medidas contra a população e antes sair anistiar Cunha pois é perigoso deixar certos  companheiros para trás. 

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