Olavo de Carvalho, Steve Bannon, propagandistas ideológicos apenas, por Jorge Alberto Benitz

Salvo engano, penso que estão tratando indevidamente Olavo de Carvalho. Ele não é intelectual. É, como Steve Bannon, propagandista ideológico de extrema-direita

Olavo de Carvalho, Steve Bannon, propagandistas ideológicos apenas

por Jorge Alberto Benitz

Salvo engano, penso que estão tratando indevidamente Olavo de Carvalho. Ele não é intelectual. É, como Steve Bannon, propagandista ideológico de extrema-direita. E da pior espécie, tributários que ambos são de Goebbels pela direita e pela esquerda do propagandista que maquiava fotografias oficiais da revolução soviética apagando os opositores a Stalin – não sei neste caso a conta deve ser debitada ao próprio Stalin. O negócio deles não é do terreno da razão. É totalmente voltado para a manipulação de emoções através da deturpação de fatos, difamação, desinformação e mentiras em benefício de suas convicções ideológicas. Se algum argumento racional for por ventura utilizado é mais por oportunismo do que por busca da verdade via razão. Para eles serve como uma luva a acusação de Sócrates aos sofistas: “O trabalho deles é do terreno da persuasão e não da razão”.

Neste contexto se ajusta perfeitamente um youtuber velho com voz poderosa e ar de sábio como Olavo de Carvalho. Um filósofo – independente da qualidade do curso por ele ministrado sob a qual não posso opinar por puro desconhecimento – que agrega aquelas característica já mencionadas um linguajar chulo e raivoso contra os inimigos tão ao gosto de uma plateia de jovens suscetíveis ao discurso maniqueísta em defesa do status quo que busca um mentor autoritário para orienta-los e prepara-los para o embate contra os inimigos progressistas e democráticos ou  de esquerda cujas bandeiras de busca de democracia, justiça social e igualdade lhes são não só estranhas como se chocam de frente com seus valores conservadores e/ou reacionários calcados em preconceitos de toda ordem. Um filósofo que parece mais funcionar como caçador de cabeças para divulgação e reprodução ideológica de ideias de direita do que formador de filósofos propriamente.

A função destes propagandistas ideológicos como Olavo de Carvalho e Steve Bannon é, além de defender o status quo que beneficia os 1% mais ricos para torna-los cada vez mais ricos, manter presa na escuridão do preconceito racial, de classe social e de gênero os jovens e as pessoas mais simples e mais vulneráveis ao seu discurso de ódio, justamente, para que continuem tendo uma visão simplória e tosca do mundo. Eles propugnam uma alegoria da caverna de Platão invertida. Não querem permitir que as pessoas vejam a luz do conhecimento que pode levar a maior reivindicação de igualdade, justiça, liberdade e fraternidade.

No fundo, eles sabem que através da razão eles não conseguiriam muita coisa. Seus objetivos são por demais difíceis de defender por meios democráticos no terreno da discussão política. Praticamente, mesmo considerando a alienação das pessoas através da imprensa dos coronéis midiáticos, é quase missão impossível defender os interesses e a ganancia dos 1%muito ricos que lucram, em prejuízo de todo o resto da sociedade, com a guerra, com a especulação, com a renda dos juros pagos pelo governo aos que possuem títulos da dívida pública, com os poluição, com a boa vida dos abastados fundamentalistas religiosos, com a retirada de direitos dos trabalhadores, enfim, com toda esta agenda politica, econômica e social gananciosa que inferniza e destrói o mundo. Resta a eles, para desviar a atenção do que e de quem realmente defendem fugir do debate – como fez nosso atual presidente nas eleições – e se valer de subterfúgios republicanos, antidemocráticos e até criminosos.

A rede social como o WhatsApp é perfeita para a pregação maniqueísta reacionária deles.  Diferente do facebook e twitter que tem caráter aberto ao público, o WhatsApp se caracteriza por ser um grupo fechado, onde, na maioria, só entra quem pensa igual. Se alinha perfeitamente com a linha de ação política deles de usar a desinformação,  baixaria, mentira e difamação via redes sociais. Melhor, arrisco a dizer que sem elas não seriam nada. Não é à toa o fato de que os seus comandados políticos, por exemplo, no Brasil sejam o chamado pessoal do baixo clero. Gente que antes do crescimento do fundamentalismo evangélico e do advento do WhatsApp não tinham peso nenhum na arena política nacional.

Steve Bannon, para quem ainda não sabe, foi o principal estrategista de campanha de Trump e, não por acaso, figura- chave do escândalo da Cambridge Analytica, empresa contratada para coletar dados no facebook afim de enviar mensagens dirigidas, adequadas ao perfil do eleitor, caluniosas e mentirosas sobre a adversaria Hillary Clinton. Não é demasia supor, dados os fortes indícios, a possibilidade de envolvimento de Steve Bannon, que aparece em fotos recentes com Olavo de Carvalho e anda para lá e para cá com Eduardo Bolsonaro desde a campanha eleitoral, na manipulação e desinformação via fakenews no WhatsApp. Segue um vídeo que apesar de ter sido feito ainda durante a campanha não caducou. Ali está muito bem demonstrada a relação da extrema-direita internacional via Steve Bannon com a similar brasileira vide vídeo.

Como todo ortodoxo mal-intencionado – Falo isso porque creio na existência de ortodoxos bem-intencionados e com caráter – eles são não só especialistas em esconder para baixo do tapete os malfeitos dos seus como em olhar com lente de aumento o que eles entendem por defeitos ou malfeitos dos inimigos. A  mentira e a difamação são o carro-chefe da extrema direita que eles representam. Neste particular, trouxeram para a discussão política o maniqueísmo  de torcedor de futebol  que era a unica área que muitos destes hoje estridentes opinadores comentadores das redes sociais ousavam opinar.  Quem não pensa como eles é automaticamente colocado na cota de inimigos. O caso Mourão é exemplar disso. A despeito dele professar a mesma ideologia, não nos enganemos, ele  desviou um milímetro do que pensam, não importa se movido por boa ou má fé, e foi imediatamente difamado como inimigo desde sempre. Para ser justo, a direita tucana e a mídia dos coronéis midiáticos já atuavam de modo maniqueísta demonizando o PT e Lula, os inimigos da hora. Não esqueçamos também que sempre eles usaram este recurso difamatório. Getúlio Vargas, João Goulart, Brizola e até o conservador JK foram alvos desta gente antes. A extrema direita, mesmo tendo praticamente a mesma agenda econômica, social e política, colocou este “estilo” maniqueísta ideológico em outro patamar mais brutal e mais próximo do fascismo.

A discordância é sempre vista como desvio ideológico grave. Um exemplo da rigidez ideológica e do objetivo político- filosófico ultrarreacionário deles é a condenação in totum dos valores iluministas que são rotulados malandramente como valores do marxismo ocidental para melhor difama-los junto aos seus simplórios e toscos simpatizantes que surtam quando ouvem falar em marxismo e comunismo e veem em qualquer desvio do pensamento do senso comum um sinal do Satã comunista.

Valores iluministas que inspiraram a revolução burguesa e que são fundantes da democracia, que bem ou mal ensejou uma face humana ao capitalismo. Democracia que sabemos está hoje mais do que nunca capturada pelo dinheiro e que mesmo assim não contenta a ganancia doentia representada pelos interesses defendidos por estes dois propagandistas. Interesses que querem mais, sempre mais. O pobre que se exploda! Como dizia o bordão do personagem de Chico Anísio, Justo Veríssimo. Sobre a face humana do capitalismo sempre é bom lembrar as palavras do saudoso Antônio Candido “O que se pensa que é face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue. Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias… tudo é conquista do socialismo. ”

A tarefa destes propagandistas ideólogos, aproveitando a inexistência do contrapeso do socialismo real pós queda do muro de Berlim que tornava imperativo oferecer benesses aos trabalhadores e a chamada civilização ocidental para se contrapor a proposta do inimigo ideológico soviético poderoso, é aprofundar o capitalismo arrancando de vez a sua face humana tornando livre de qualquer freio o Deus Mercado, eufemismo usado para esconder o nome verdadeiro que é Deus Dinheiro.

 

Redação

8 Comentários

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  1. Eu acho que o processo é mais complexo. O Processo e não a cabeça de gente como Olavo de Carvalho e seus discípulos, que é realmente primária, brutal e maniqueísta, como mostrou o autor.

    O que é complexo é saber qual é a revolta desse pessoal. Não creio que sejam simplesmente defensores de um capitalismo brutal. Na verdade, suas ideias nem são muito pragmáticas, do ponto de vista do capital: aliar-se comercialmente à China, como faziam os demaocratas e o PT é muito melhor para o 1% dos EUA, Europa e do Brasil, embora causasse uma desindsutrialização que comprime os salários destes países. Mas e daí, o que importaria os trabalhadores para a elite.
    Creio que eles se revoltam é contra o capitalismo, contra a globalização e o empobrecimento contínuo das classes médias. Mas se trata de uma revolta inconsciente e por isso chamam valores iluministas (democracia, justiça social, estado de direito) de marxismo cultural, quando são valores burgueses.
    Eles se voltam contra o capitalismo de forma inconsciente, mas nos próprios termos capitalistas (propriedade privada, ganho de acordo com o trabalho/ética protestante, produtividade), numa barafunda de ideias que nem eles mesmos entendem.
    O saudosismo de uma era de castas medievais pré-iluministas, de uma igreja forte, combinado com a exploração capitalista mais brutal (estilo séc XIX) mostra como oscilam entre uma nostalgia pré-capitalista e a exploração crua do capital.

  2. Uma peça adicional para a montagem do quebra-cabeças: Olavo prefaciou uma versão brasileira de “Como vencer um debate sem precisar ter razão”, de Schopenhauer, um guia de falácias lógicas. Recomendo a leitura como antídoto.

  3. Este texto só tem acusações… sem nenhuma prova.
    O próprio autor reconhece sua ignorância em relação à produção do pensador Olavo Carvalho(desconhece o COF)
    Infelizmente, não tem nada a acrescentar .
    É só panfletagem vazia e difamatória.

  4. Se não tenho nada a acrescentar não precisa ficar preocupado. Quanto ao desconhecimento do COF deixo ao encargo dos filósofos que já demonstraram a fragilidade intelectual das teses por ele defendida me livrando de passar horas o assistindo. Teses que, a julgar a opinião de três especialistas em Kant constantes em artigo intitulado “Olavo de Carvalho está errado não entendeu Kant dizem três nomes de destaque da academia brasileira “ publicado no jornal “comunista” Globo, corroboram o caráter maniqueísta e panfletário. Alias, obrigado por trazer a palavra panfletário para a discussão. Posso até ser panfletário mas ao menos utilizo uma linguagem mais republicana e civilizada que a dele.
    Minha abordagem esta centrada no papel político que eles exercem, na forma que usam para atingir seus objetivos.Não tenho pretensão nenhuma em ser um especialista em Olavo de Carvalho e Steve Bannon. O fato de não ter feito o curso de Filosofia não me impede como alguém, medianamente esclarecido, depreender, naquele festival de insultos que são suas aparições publicas em vídeo, a sua ideologia e os alvos de sua militância politico- filosófica.
    Primeiro, que ele é de extrema direita não existe duvida. Se alguém tem duvida basta ver a ideologia dos seus seguidores, de quem ele é guru. Segundo, não preciso frequentar o COF para saber que, para ele, a “missão número 1 do Iluminismo” é eliminar a religião cristã e que Kant tem uma responsabilidade “ao menos indireta, pelas matanças de cristãos que se tornaram endêmicas” em diferentes países como França, Espanha, Itália e México.
    Na sequencia, a todo o momento ele dispara ofensas dignas de constar em um FEBEAPA( Festival da Besteira que Assola o País) do Stanislaw Ponte Preta, quando diz que a escola de Frankfurt prega o incesto e sobra até o rotulo de seguidoras do comunismo gramsciano e/ou marxista cultural para a imprensa sabidamente neoliberal que”, segundo ele, “é diretriz fundamental do jornalismo e do “show business” no Ocidente”. Não é por menos que alguém que pensa desta forma tão sem aderência ao real tenha sido escolhido como guru da extrema direita que sempre se pautou pela irracionalidade e violência, como a história nos ensina.
    Quanto ao medo, o reacionário Nelson Rodrigues tem o justificativa, que foi empiricamente demonstrada nesta eleição com o fenômeno Fakenews, quando diz “Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade,mas pela quantidade. Eles são muitos.”

  5. Não importa se falam, bem, ou mal de mim, o que importa é que falem, a intelectualidade era reservada sempre a elite burguesa de nosso país, os mais ricos, sempre foi assim, aos pobres, as idiotices, e aí surge, um astrólogo, idiota, demente, que começa a espor suas ideias, vira palestrante, e escritor, filósofo independente, que cativa idiotas , os idiotas, passam a serem intelectuais, que mais Olavos apareçam.

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