Por que precisamos de uma elite negra no Brasil?, por Jorge Alexandre Neves, comentário de Amoraisa Morais

Hoje o Aristocrata ressurge timidamente para mais uma derrocada, a consideramos as políticas raciais defendidas pelo preto de alma loira Sérgio Camargo.

Foto Freepick – Modificada

Por Amoraisa Morais
comentário no post Por que precisamos de uma elite negra no Brasil?, por Jorge Alexandre Neves

O negro brasileiro tem, mais que qualquer outro cidadão do país, o sentimento tão profundo de viralatismo que se permitiu ser chamado de negro e ainda se orgulhar disso.
Antes dos anos 70, chamar alguém de negro era se preparar para levar uma bolacha na cara. Era um insulto da mais alta malignidade tanto quanto o é para um cidadão americano hoje. Havia nas escolas musiquinhas próprias para se insultar respectivamente: negros, alemães, portugueses e japoneses, e o que hoje ordinariamente se chama de ” bulliyng” era considerada uma prática natural e corriqueira.

Entretanto, as crianças educadas, a maioria, bem como as professoras(professores eram raríssimos no ensino básico) jamais chamavam as coleguinhas de negrinho, japa, alemão, portuga…, porque era feio. As professoras exerciam seu preconceito piedoso ignorando discretamente as crianças mais escuras, as pardas, as japonesas com dificuldade de se alfabetizarem em português, e as outras, menos iguais.

Os bairros, em sua maioria compostos de todas essas matizes humanas, mantinham pois um respeito reverencial a cada um. As pessoas não brancas eram chamadas de “pessoas de cor” e não desvalorizavam a vizinhança por morar no bairro, os japoneses logo se reuniram e criaram bairros mais adiantados e unidos puseram as gerações seguinte para estudar, os portugueses compraram terrenos, construiram casas, expandiram bairros, montaram vendinhas e padarias e muitos passaram a viver de aluguéis, os alemães eram raríssimos e se organizaram em meios próprios mantendo a pureza de sua cultura e preservação dos costumes, e os italianos unidos ou avulsos, expandiram São Paulo.

Depois do “black power” trazido pelos costumes americanos no final dos anos 60 e início dos anos 70, os nossos “de cor” passaram a se autodenominar “negros”. Os tempos já eram bicudos, o regime era apertado, a política mudou, a crise separou as camadas sociais e a tolerância com os “de cor” acabou. O preto virou negro, ficou mais pobre, saiu do cortiço para a favela, a voracidade imobiliária tomou de assalto as casas dos bairros mais próximos do centro expulsando os pobres para mais longe, a política só cuidava do que estava mais perto, as fontes de trabalho foram se esgotando, as indústrias foram fechando as portas e as cidades foram inchando com a migração interna.

Antes do golpe de 64, por força do respeito criado pela discriminação branda, alguns grupos afro-brasileiros quiseram se reunir para fortalecer laços e a exemplo de outras comunidades segregadas, promover o desenvolvimento como um todo. Fundaram o “Aristocrata Club”, que congregava pessoas bem sucedidas da raça, procurava influência política e social, e tinha por objetivo especial refinar a cultura assimilada do branco no meio afrodescendente, eis que não podia faze-lo naturalmente no meio branco.

Por certo essa iniciativa não deveria durar muito, já que a nossa maravilhosa legislação considerava preconceituosa a iniciativa de clube fechado para negros.

Assim desarticulados a partir da quebra de resistência na origem, onde somente as gafieiras eram consideradas dignas da cultura negra, aconteceu o que deveria acontecer: mudar as coisas para mantê-las iguais.

Hoje o Aristocrata ressurge timidamente para mais uma derrocada, a consideramos as políticas raciais defendidas pelo preto de alma loira Sérgio Camargo.

Comparativamente ao negro americano, o brasileiro é um pária. Não há um núcleo sequer que agregue riqueza considerável.

A população afrodescendente não consegue ultrapassar a camada média da população brasileira em todos os aspectos. Pode, quando muito, ter alguma respeitabilidade em algum setor.

Chris Rock numa de suas comédias fez uma notável constatação a respeito do sentido de riqueza do branco e do negro.

Dizia ele meneando a cabeça: “man, negro quando pega um dinheirinho, em vez de multiplicar ele vai lá, compra um carrão vistoso, gasta uma fortuna em rodas espalhafatosas, põe um som irado e sai pelas ruas se exibindo como um pavão, já o branco, man, ele investe, ele tem tradição em lidar com dinheiro, por isso que você não vê negros realmente ricos.”

Mas, o Chris é rico graças à educação que recebeu, bem como outros cidadãos de sua cor que conseguiram formar uma elite no país, coisa que no brasil não é possível. E por quê? Porque assim como qualquer cidadão perseguido politicamente o negro não tem o direito de se reunir.

Um grupo de brancos é amizade, um grupo de negros é quadrilha e causa muito medo à população dominante. É para ser assim.

O negro brasileiro quando ganha dinheiro, além de se exibir não se sente obrigado a se solidarizar com os demais, de maneira que seu dinheiro se dissipa pela não formação de uma estrutura, ou na melhor das hipóteses é utilizado para mitigar situações de carência da população sem ter o poder de solucioná-la.

Luiza deveria e deve fazer o que promete, só não poderia dizê-lo.

Ela está interferindo numa seara política além de seu alcance e de alcance dos próprios brasileiros.

Essas coisas funcionam de modo subreptício, discreto e subentendido como um anúncio de emprego pedindo pessoas de “boa aparência”, onde “boa aparência” é ser branco.

Redação

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. “…Por que precisamos de uma elite negra no Brasil?.. O negro brasileiro tem, mais que qualquer outro cidadão do país, o sentimento tão profundo de viralatismo. Não tem não. Isto é mais da Ideologia e Doutrinação da Industria da Miséria, do Racismo, do Fatalismo e Vitimização implantados nestes 90 anos de Estado Ditador Caudilhista Absolutista Assassino Esquerdopata Fascista. Precisamos voltar a ter a Elite Negra que era o Alicerce desta Nação. Precisamos da Elite Negra do 2.o Reinado, do Partido Republicano, da Faculdade de Direito de Largo São Francisco e Faculdade de Direito do Recife, da 1.a República, República Paulista, quando o Brasil era o Porto Seguro da Humanidade. Quando o Brasil era Vanguarda. Quando Brasil era cabeça, antes de se metamorfosear em rabo no Golpe Civil Militar de 1930. Precisamos do Brasil Branco, Negro, Miscigenado de Luiz Gama, André Rebouças, Cruz e Souza, Lima Barreto, Nilo Peçanha, Machado de Assis,… Precisamos voltar à Liderança Mundial.

  2. Cade meu comentario de ontem? Ö gato comeu?”Voces estam censurando, tudo agora? Havian 4 comentarios mais o meu e os dois acima nao estavam ai.
    Isso e babaquice.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador