Tambor para maluco das Eleições pós Golpe, por Francy Lisboa

por Francy Lisboa

A confusão em que se meteu o Brasil com o enredo do impedimento de Dilma Rousseff expõe nosso subdesenvolvimento com efeitos de soco na cara de quem, apesar de tudo, ainda defendia o prazer de ter nascido da antiga Terra de Santa Cruz.

O que nos levou a essa situação? O pragmatismo petista e a sua teoria de conciliação das classes? Colegas comentaristas desse espaço defendem que o PT foi e é a única esquerda possível no Brasil, ou seja, aquela capaz de sair da zona de conforto “de jamais bater um pênalti” e ir para batalha ciente de que haverá mortos, feridos e, sim, viúvas. Ah! Quantas viúvas.

No entanto, mesmo com todas as fundamentadas críticas e ataques ao partido, é preciso chamar a atenção sobre um fato interessante. Por que mesmo com o golpe parlamentar-jurídico-midiático em curso se cristalizando na opinião pública nacional e internacional ainda se discute sobre as próximas Eleições?

Quem assim o faz caí no saco das inocências. A Esquerda discute eleições de 2016 e de 2018, digam-me para o quê? Se os gritos de Fora Temer transmitem o sentimento de que a ruptura democrática (nome bonito para Golpe) rasgou milhões de votos, não faz sentido discutir tendência de queda e de alta para os candidatos. Ah! Mas o Lula lidera; o Cirão está bem…E daí? A urna morreu e com ela qualquer assunto referente a mesma.

Para quem defendeu e muito a obrigação do voto, por achar isto um direito conquistado a duras penas por negros, mulheres e todos os grupos que sofreram e ainda sofrem com a estrutural colonial brasileira, o golpe no Brasil faz todas as pesquisas eleitorais posteriores soarem como tambor de maluco. Sim, pois só pode ser coisa de maluco quem acusa o golpe no Brasil e ao mesmo tempo faz arrazoados sobre as perspectivas para as próximas Eleições gerais.

PS: alguém sabe como se ver livre da obrigação de votar fora das faixas tradicionais de isenção?

 

Redação

13 Comentários

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  1. Eu falei isso outro dia e vou

    Eu falei isso outro dia e vou repetir:  o Brasil caiu TANTO, mas TANTO, do galho internacional que hoje leva 22 horas pra chegar em BH de Nova York…  que eh o dobro dos anos 70 e 80.

    Da pra discordar disso?

  2. O drama é que a eleição no

    O drama é que a eleição no Brasil tem agora terceiro turno, e ele é dado pelo judiciário. E isso já começou há pelo menos uma década. Talvez a primeira vítima foi Jackson Lago, do pdt, que venceu o clã Sarney, Roseana, mas passado um tempo foi acusado de ter comprado uns trocos de pinga e perdeu o posto e ainda viu Roseana chegar ao poder, como segunda colocada. Todo eleito a cargo majoritário hoje tem o risco de ser tirado pelo judiciário ou pelo legistlativo de sua região. Entramos numa areia movediça que não sei se há como sair. E em são paulo esse treceiro turno já está sendo antecipado, com a questão do STF julgar se Russomano pode ou não se candidatar. Nunca votaria nele, mas não aceito esse tipo de ingerência do judiciário. 

  3. Alguém ainda acredita que

    Alguém ainda acredita que haverá eleições gerais em 2018? Pois saibam que já existe um projeto de autoria do PSDB para acabar com as eleições diretas para a presidência da república(sic). Não é um boato, é fato! Ademais, o parlamentarismo que permitiria esse segundo tempo do golpe é um sonho antigo do notório usurpador e entreguista-mor José Serra.

  4. Resposta para sua pergunta

    PS: alguém sabe como se ver livre da obrigação de votar fora das faixas tradicionais de isenção?

    Simplesmente não compareça no dia da votação e justifique depois, sempre funcionou comigo.

  5. Processo de negação e recompensa

        Pode ser que conjecturar sobre as possiveis futuras eleições, nas quais pelas “pesquisas” atuais, Lula e Ciro estejam “bem na foto ” ,  “bater o tambor do futuro” , minimize a derrota neste momento, até em certo sentido nega-la, como se Dilma já estivesse no passado, mas assumindo esta perda momentanea, com um balsamo de esperança futura, negando a derrota, e contando com uma recompensa futura.

         È um “saco de inocências “, até É , mas assumir que se perdeu um poder, e mesmo a perspectiva dele, ou aceitar o “golpe” como algo já definido, seria compactuar com a derrota, algo que não faz parte do ser humano, pois ele ficaria “parado”, estatico frente as circunstacias reais a ele apresentadas, então o combate, mesmo que perca, e qualquer indicio de um futuro melhor – uma “recompensa ” por sua fidelidade – é mais interessante, agrega valor moral e ético, pode até apoiar o processo da negação da perda, o tornando menos real, pois uma chance, até mesmo estatistica, existe.

  6. Bastante pertinente o

    Bastante pertinente o assombro com mais uma modalidade de esquizofrenia política. Daí porque advogo uma manifestação de maturidade institucional  do Senado, a ser compatível com a maturidade de experiências de vida e políticas dos seus membros, absolvendo a presidente Dilma e lhe devolvendo o mandato que lhe pertence de fato e de Direito. 

    Somente a partir dessa restauração do Sistema é que se poderia encetar um debate – necessário, reconheça-se, acerca de mudanças no escopo formal do mesmo. 

  7. Por incrível que pareça, o

    Por incrível que pareça, o voto no Brasil não é exatamente obrigatório. O que é obrigatório é você prestar contas à justiça eleitoral do que fez no dia das votações. Se você neste dia votou, já cumpriu seu dever com eles. Se não votou, ou você no mesmo dia vai a um município vizinho e se declara em trânsito, justificando seu voto, ou então depois do dia das eleições, vai a justiça eleitoral e preenche um formulário justificando a ausência. Trata-se apenas de dar um motivo, como por exemplo o anterior, de estar em trânsito e provar que você é você mesmo e que está vivo. Ninguém vai procurar você para sabr porque não votou e se sua justificativa era verdadeira ou falsa. para a justiça eleitoral, o que interessa é que você prestou contas à ela e que assim seu título continua válido. Muita gente faz isso e entra na estatística como abstenções que na últuma votaçõa chegou a quase 30 %.

  8. Pode ser mas, na minha cidade

    Pode ser mas, na minha cidade se não houver ao menos um vereador que bote a boca no trombone fica impossível para uma cidadã comum como eu saber o que se passa nos porões  do executivo municipal. Então paciência. Vamos para a campanha com tudo. E faz tempo que entendi o que é o estado: um tacão de coturno sempre tentando esmagar minha cabeç , enquanto o portador da bota lambe o c. dos mais podero$$o$.  Quanto ao  c. : não sou recatada.

  9. Porque não se pode fugir da REALIDADE

    Não somos uma democracia mais, nem vivemos no estado de direito. Isto é fato, mesmo que o mundo inteiro o condene, o que não ocorre porque infelizmente o império o apóia. Nosso STF é golpista, é fato gostemos ou não. Então estamos numa guerra contra golpistas e não num regime institucional normal. As eleições talvez sejam a única forma de mobilizar o povo, sem o qual não se derruba esse governo golpista. O povo sabe que é golpe mas não está nem aí, infelizmente. Então é preciso lutar com armas da democracia, contra um regime de exceção. Só as urnas podem nos dar a vitória, salvo algum milagre, no qual por sinal também temos de acreditar, mas não confiar de que venha.

  10. A questão que esta posta é :

    A questão que esta posta é : Não importa quem vença, se o golpe não for vencido,se se concretizar definitivamente  ,qualquer um que se eleja depois disso , estará sujeito aos mesmos mecanismos absurdos ,ilegais  imorais e anti-democraticos ,de retirada do presidente ,o que faz da ideia, de que haveria uma democracia no Brasil ;uma piada ridicúla .

  11. Concordo.
    É o que penso também. É tudo ilusão. Eu comento pesquisa e falo em voto, mas nada disso vale mais. A democracia se foi.

  12. Como pensar em democracia, se a mesma acaba de ser rompida?

    Não sei se todas as teorias conspiratórias pós-golpe se concretizarão, muito menos como o paí vai sair desta, se é que sairá. Porém, em relação as eleições minha expectativa é inexistente, estou de acordo com o texto do Francy Lisboa, como pensar em democracia, no direito popular, se a mesma acaba de ser rompida? 

    O próprio PT sempre apresentou posicionamentos ambíguos, neste momento insistir e pautar a eleição para o partido é fingir que está tudo bem. Na minha opinião, o próprio prefeito Fernando Haddad, figura proeminente na política deveria deixar o interesse da sua reeleição de lado e questionar esta tal democracia.

  13. A luta não pode parar.

    Se valer esse entendimento, não teria havido o menor sentido também em lutar contra a Ditadura de 64, porque lá também estava claro que o poder dominante estava pouco se lixando para os direitos dos cidadãos. E talvez não tivesse sido possível a miragem da ilusão democrática experimentada por alguns durante alguns poucos anos. Se não temos mais a ilusão, temos as boas lembranças da ilusória esperança que brilhou durante algum tempo nos olhos de quem acreditou na utopia democrática brasileira.

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