Wanderley Guilherme dos Santos critica ações da esquerda diante do “golpe” e golpistas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos criticou, em artigo publicado no dia 25, o apoio da imprensa digital posicionada à esquerda a mais uma proposta do PT para atingir o governo do “usurpador” Michel Temer (PMBD): ter apoiado Marcelo Castro (PMBD) e, depois, Rodrigo Maia (DEM) – que votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff – para a presidência da Câmara, numa tentativa de atingir o grupo de Eduardo Cunha (PMDB).

Santos já havia criticado, em outro artigo, a defesa do plebiscito como alternativa à vitória do impeachment no Senado, em agosto. Para ele, não faz sentido, nem sabe-se como a esquerda seria beneficiada, com a proposta de retorno de Dilma apenas para que novas eleições sejam convocadas. A ideia sofre alguma resistência no PT, mas é apoiada por parte dos movimentos sociais e por blogues de esquerda. 

Essa semana, alguns analistas também escreveram que se o impeachment for consumado, o PT, através da figura do ex-presidente Lula, tenderia a aceitar o duro golpe e negociar com Temer a aprovação de projetos, no Congresso, que interesse à manutenção de conquistas sociais.

Para Wanderley Guilherme dos Santos, não há espaço para ações de apoio ao governo Temer, pois este é ilegítimo e assim deve ser tratado até o final. “Se consumado o impedimento, cumpre insistir na oposição ao governo, cuja ilegitimidade não compete a nenhuma decisão do Senado absolver. O restabelecimento da dignidade do voto não é matéria de decisão legislativa e o apoio ao governo deve ser implacavelmente coberto de vergonha. Basta de oposição sem pudor.”

Por Wanderley Guilherme dos Santos

A última flor do pântano oposicionista

No Segunda Opinião

A esta altura está difícil saber se a direita imita a liderança da esquerda ou se esta aderiu ao estilo daquela. Virou moda a manipulação de informação, formação de panelinhas, discriminação, censura e difamação. A mídia tradicional tem tarimba e competência, faz passar gato por lebre mesmo onde não existam nem gato nem lebre. Já a esquerda é desastrada e tosca quando perde o rumo do nariz. A estranha patacoada de condicionar, em nome de quem não se sabe, apoio à recuperação do mandato de uma Dilma Rousseff comprometida a abdicar, se reempossada, continua a pipocar na opinião dos mais esquisitos personagens a propósito de coisa alguma. Podem chamar de plebiscito, é a velha sacada da direita de chamar golpe de revolução. Assim como extrair respostas embutidas em perguntas prontas é outra manobra tipo batedor de carteira de reportagens encomendadas. Aliás, não é de hoje que a velhacaria de assassinar caráter de dissidentes abandonou a fidelidade partidária e se vulgarizou como recurso vadio, vinte e quatro horas à disposição de qualquer um.

A real liberdade de imprensa, finalmente promovida pela internet, tudo aceita, sem filtrar páginas que reproduzem a imagem escarrada dos jornalões, com o contrapeso de uma linguagem rude. Não há novidade no que se lê, nem no que não se lê na internet, cópia dos diários impressos, que não surpreendem ninguém. Previsivelmente, grande parte das matérias dos jornalões divulga reportagens e editoriais contradizendo as bandeiras da esquerda. Vingança da dialética, a esquerda pautando a direita. Mas nem dela escapa a esquerda, com três quintos constitucionais dos blogues sobrevivendo por necrofilia, excomungando as opiniões da direita. Se os jornalões falirem haverá estrondosa mortandade entre os postes – é isso mesmo, postes, da esquerda.

Última flor do pântano, blogues especializados soltaram balões com a revolucionária proposta de apoiar um trêfego participante da salada golpista (aquela de 17 de abril) à presidência da Câmara dos Deputados. Alegadamente, um dardo letal contra Eduardo Cunha e o governo interino e usurpador de Michel Temer. O oportunismo próprio de amadores, quando não disfarça solerte manobra utilitária, ofende ao grande contingente que se vai consolidando na resistência à usurpação. Aconteça o que acontecer na decisão do Senado em agosto: se o processo de impedimento for derrotado, caberá campanha punitiva dos sabotadores da democracia. Basta de anistia a psicopatas, exploradores de pobres, mercadores do patrimônio nacional. Se consumado o impedimento, cumpre insistir na oposição ao governo, cuja ilegitimidade não compete a nenhuma decisão do Senado absolver. O restabelecimento da dignidade do voto não é matéria de decisão legislativa e o apoio ao governo deve ser implacavelmente coberto de vergonha. Basta de oposição sem pudor.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. “O cientista político

    “O cientista político Wanderley Guilherme dos Santos criticou, em artigo publicado no dia 25, o apoio da imprensa digital posicionada à esquerda a mais uma proposta do PT para atingir o governo do “usurpador” Michel Temer (PMBD): ter apoiado Marcelo Castro (PMBD) e, depois, Rodrigo Maia (DEM) – que votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff – para a presidência da Câmara, numa tentativa de atingir o grupo de Eduardo Cunha (PMDB)”:

    Num pais normal nao caberia a um partido politico proteger o patrimonio publico de uma quadrilha.  Porque eh que cabe no Brasil?

    …  E nao eh que Janot anda meio sumidinho ultimamente?

  2. O perdido do Janot

    Ivan, o Janot está passando férias no Leblon ao lado de seu garoto predileto – Aécio Neves. Meu paipai, meu garoto, ou chico e francisco.

    1. Ferias?  Ele ta eh acovardado

      Ferias?  Ele ta eh acovardado pelo novo MJ, isso sim.  Os processos da LavaBunda foram todos de 60 a 0 em uns 10 segundos…

      O cara abaixou o facho mesmo!

  3. Wanderley também se equivoca
    Como tantos, o mestre Wanderlei não percebeu que o golpe JÁ VENCEU e que Dilma não é mais presidente de nada, porque as patas dos EUA estão sobre toda essa canalhada que derrubou Dilma Plebiscito e eleições são neste momento a ÚNICA forma de mobilizar esse povo midiotizado, que “cantou e andou” para as manifestações contra o golpe. Porque não seria com manifestações de 50 mil que iríamos abalar essa gente. Então não se trata do PT e a esquerda “levarem vantagem” com eleições, trata-se de dar um presidente ELEITO ao país, em lugar desta ditadura que temos no poder e que até 2018 destruirá nosso futuro.

  4. Primeiramente Volta

    Primeiramente Volta Dilma!

     

    O restante a gente discute depois, como as condições em que a volta se dá.

    Que mania temos nós esquerdistas de criar impecilhos, os mais absurdos e desbaratados, para justificar ou dificultar o apoio a esta ou aquela causa.

    Parece que não temos um país inteiro sob real ameaça de uma quadrilha de sequestradores que já antecipa o que fará dele e somos nós a impor condições para o retonoro, o resgate do refém, Dilma e o Brasil.

    É surreal isso.

    Isso sim é discutir o sexo dos anjos, né não mestre Wanderley?

    Temos primeiramente que construir e consolidar a Frente Ampla contra o Golpe, Pela Democracia e isso passa obrigatoriamente pela volta de Dilma. Ponto! O que faremos depois, depois discutiremos e não pode ser condição para se incorporar ou não”a Frente.

  5. Ultima flor do pantano

    Um adendo. A esquerda está perdida em dois eixos e não vai se achar tão cedo.

    O primeiro eixo, no qual nunca se achou, é quando defrontada com a exigência de tornar ideais em ações. Uma grande parte da esquerda, não somente aqui mas abroad, é um celeiro de idéias sem idéia de como torná-las atos. É importante, enquanto é a locomotiva intelectual que contesta, protesta, discute e cria elementos do discurso que lhe dá sentido programático e ferramentas de contraposição ao poder vigente, seja este qual for. Mas é idealista e romântica. Não sobrevive sequer às campanhas políticas, quanto mais ao exercício do poder.

    O segundo eixo é onde ocorre a cooptação do ideal pela prática. A política e o seu exercício estão alicerçados na possibilidade de convencimento dos contrários, senão é a pregação aos convertidos ou a imposição forçada da vontade. Mas, mesmo assim, é necessário algum diálogo de convencimento, alguma negociação. E, aqui, é quando a esquerda no poder tropeça. Quando este eixo repousa no dito pragmatismo – e se ninguém ainda o disse, eu digo: pragmatismo é o sofisma usado como disfarce à canalhice – causa um cisma interno imediato, onde se perde os idealistas (vide PSOL). Esgarçar os limites morais e éticos em nome do “pragmatismo necessário” compromete princípios. Tudo na vida é negociável, com exceção de princípios. Quando estes vão para o ralo, tudo se uniformiza e padroniza na mesma massa indistinta de detritos, onde não se sabe mais o que é o que e quem é quem.

    Esse quadro se completa quando “Os Pragmáticos no Poder”, tendo perdido de vista o programa, baseado em princípios, passam a usar da “velha politica”, a politicagem. Nesse instante, esquecem quem são e se tornam vítimas deles mesmos ao confundir ser com estar. Quem É poder está acima da lei e da crítica. O poder real despreza as instituições e submete o seu funcionamento.Quem ESTÁ no poder, sem sê-lo, no caso do Brasil o PT, não soube ou não quis considerar essa circunstância. E, pior, se surprende com o resultado.

    Perdidos os princípios “entregou o ouro para os paraguayos”, atrasou a agenda progressista do País em 30 anos e está mais perdido que cachorro caído de caminhão de mudança.

     

    1. A prática e a teoria…

      Primeiramente, Volta Querida!!! #voltaDilma, e concordo plenamente com a afirmação: “o dito pragmatismo – e se ninguém ainda o disse, eu digo: pragmatismo é o sofisma usado como disfarce à canalhice”. Para mim, pelo menos, ser uma pessoa prática, pragmática, é deixar de lado qualquer princípio para conquistar uma dada situação.

      No que diz respeito ao momento quando a idéia vira prática, parece, perdemos o estadista para se espraiar o “serumaninho” cheio de vícios!!!

    2. A prática e a teoria…

      Primeiramente, Volta Querida!!! #voltaDilma, e concordo plenamente com a afirmação: “o dito pragmatismo – e se ninguém ainda o disse, eu digo: pragmatismo é o sofisma usado como disfarce à canalhice”. Para mim, pelo menos, ser uma pessoa prática, pragmática, é deixar de lado qualquer princípio para conquistar uma dada situação.

      No que diz respeito ao momento quando a idéia vira prática, parece, perdemos o estadista para se espraiar o “serumaninho” cheio de vícios!!!

  6. Se ele estivesse prestes a

    Se ele estivesse prestes a ser preso ingustamente e seu partido aniquilado, talvez ele não pensasse de forma tão teórica…..dar marretada com o chapéu dos outros é bem fácil……

  7. Mai do mesmo, mais do mesmo, mais do mesmo, mais do mesmo…

    Prezados,

     

    Cansativos e chatos, esse ‘intelectuais’ esquerdistas NADA têm demonstrado de originalidade. O curioso é que eles acusam os blogs progressistas e de Esquerda de fazerem como o PIG/PPV. Será que Wanderley Guilherme dos Santos, Aldo Fornazieri e outros andam lendo e analisando criticamente as besteiras repetitivas que andam escrevendo? Ou será que a necessidade de aparecer no PIG, dar entrevistas e divulgar artigos e livros compensa toda essa chatice? 

    Seja original, mude o disco.  O Sr. e o Aldo é que estão a copiar a direita golpista: acusam e apontam nos outros o que consideram erros, mas que na verdade os senhores mesmos praticam todos o dias. 

  8. Equivoco semântico

    O texto sofre de um problema semântico. A Esquerda apoiou Luiza Erundina para  presidencia da câmara, o resto foi disputa entre frações da direita.

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