Xadrez das eleições municipais e a busca do novo com discernimento, por Luis Nassif

Eleições municipais são a oportunidade dos cidadãos locais retomarem o controle sobre as ações do Estado. 

Peça 1 – os discursos do ódio e da solidariedade

Períodos de grandes mudanças provocam uma insegurança generalizada em relação ao futuro. Há insegurança social, econômica e política, e uma necessidade de buscar grupos de afinidade, de autoproteção, uma referência que sirva de âncora em meio à tempestade.

São momentos que tornam as massas suscetíveis a duas espécies de discursos mobilizadores: o da solidariedade e o do ódio. 

Nos anos 30, a humanidade foi salva porque, nos Estados Unidos, o New Deal, de Roosevelt, conseguiu mobilizar o melhor da sociedade americana, em um esforço de unir o país pela solidariedade. Na Alemanha Nazista, uniu-se pelo ódio.

Na eleição de Obama, enquanto a direita, aliada a grupos de mídia, se valia de métodos científicos para disseminar o ódio e o preconceito nas redes sociais, a reação surgiu nas próprias redes sociais por grupos de militantes, voluntários, ajudando na vitória de Obama e na derrota do modelo Fox News.

No Brasil, no início das grandes mudanças trazidas pelas redes sociais, os jovens progressistas foram os primeiros a dominar as novas ferramentas de mobilização social. Era a rapaziada que participava do Fórum Social Mundial, que organizou o Movimento do Passe Livre, a fantástica ocupação das escolas secundárias, movimentos pioneiros e históricos de utilização das novas ferramentas digitais para mobilização. 

Essa jovem militância digital, semente da renovação política, foi jogada ao mar. A direita os criminalizou; a esquerda tradicional fechou-lhe as portas, pelo receio das lideranças já estabelecidas, de perder o protagonismo político. 

Com a esquerda abandonando a jovem militância progressista, a direita passou a ocupar o espaço virtual com movimentos tipo MBL contando com assessoria externa e, principalmente, os Bolsonaro, montando sua rede sob orientação da ultradireita americana.

No final do processo, o Congresso foi invadido por uma legião de YouTubers de direita, enquanto a jovem militância pioneira se recolhia em suas bolhas. A renovação política foi feita por fundamentalistas, pornógrafos e oportunistas de diversos quilates brandindo o discurso do ódio e do preconceito.

Ao mesmo tempo, Igreja Católica e esquerdas abandonavam as periferias, deixando-as expostas a evangélicos fundamentalistas, ao crime organizado, e ao discurso de ódio.

Portanto, foram dois os fatores que, nas últimas eleições, levaram ao predomínio da extrema direita: a completa alienação das pessoas em relação às políticas públicas implementadas, e o controle das redes pela ultradireita fundamentalista. E não foi um fenômeno especificamente brasileiro.

Peça 2 – em 2018, as eleições Cacareco

As eleições de 2018 foram padrão Cacareco – o rinoceronte eleito deputado pelo Rio de Janeiro nos anos 60, em protesto contra a política tradicional. Foram eleitas pessoas fora do meio político e, a grande maioria, por fora de qualquer noção de gestão pública.

Tomo o caso da minha cidade, Poços de Caldas. Nas últimas eleições, foi eleito um funcionário público, sem militância partidária. No primeiro mês deu um aumento de 10% para todo o funcionalismo. Hoje em dia a Prefeitura está inadimplente, proibida de contratar crédito e com a folha de pessoal estourada não apenas por aumento indevidos, mas por ações trabalhistas. 

Em Minas Gerais, a falta de conhecimento e de traquejo do governador Caetano Zema já se incorporou ao folclore mineiro. 

Em muitas localidades, a onda do prefeito empresário ou do prefeito fundamentalista mostrou suas limitações. A administração pública exige uma dose de conhecimento, de sensibilidade política, que não faz parte da formação de vendedores de eletrodomésticos e que tais. E exige conhecimento político para a ocupação de espaços, definição de alianças.

Em muitos locais caiu a ficha da população sobre esse experimentalismo sem discernimento. Em todo caso, foi a primeira etapa para superar o velho. A segunda etapa poderá abrir espaço para o experimentalismo com discernimento, ou aprofundar o fascismo caboclo.

É por aí que devem ser analisadas as eleições municipais de 2022.

Peça 3 – a esperança da renovação com discernimento

Todas as políticas econômicas pós-Constituinte – seguindo um padrão global – tinham como meta favorecer a concentração de renda, a financeirização da economia, o rentismo mais desbragado em detrimento da atividade produtivas. 

As políticas públicas, mesmo as socialmente responsáveis e bem concebidas, eram montadas de cima para baixo, gerando uma enorme alienação do cidadão, mesmo em relação a medidas que diziam respeito a ele. Tanto que seu desmonte não provocou reações à altura de sua relevância.

É nesse campo que a direita fundamentalista nadou de braçada: no papel mobilizador do ódio e na alienação ampla dos cidadãos em relação às políticas públicas. O simples ato de espalhar fake news conferiu a seus simpatizantes a sensação de participação que lhes era negada no modelo tradicional.

Agora, chega-se a um momento de corte. Eleições são oportunidades de reorganização social. Existe um fator mobilizador e candidatos empenhados em atrair grupos de eleitores e pensar em propostas mobilizadoras.

As eleições deste ano acontecem em um momento em que, nos grandes centros mundiais, o municipalismo e a descentralização ressurgem como os grande instrumentos de aprofundamento da democracia, da volta da participação social na elaboração das políticas públicas, de reação contra políticas centralizadoras que, nas últimas décadas, foram responsáveis pelo maior processo de concentração de renda da história.

Eleições municipais são a oportunidade dos cidadãos locais retomarem o controle sobre as ações do Estado. 

O desafio das candidaturas progressistas será o de levantar ideias inovadoras e mobilizadoras para se contrapor ao discurso do ódio. E iniciar a reconstrução do sistema partidário a partir das sementes que forem plantadas agora.

Peça 4 – o empreendedorismo social

Para inovar nessas eleições, o primeiro passo, será entender a Prefeitura como um instrumento de fortalecimento do empreendedorismo social.

Seu papel principal será promover a organização social dos pequenos – pequenos empresários, movimentos sociais, pequenas manufaturas, hotéis e restaurantes, associações de bairro, produtores rurais etc.

O desenvolvimento de um país não depende de campeões nacionais, os financistas de FHC ou os empreiteiros de Lula, mas dessa estruturação da sociedade, pela capacidade de juntar a ponta e buscar soluções – internas ou monitorando as políticas públicas

Vou voar um pouco, pensando como seria uma gestão inovadora em Poços de Caldas.

  1. Zeladoria virtual.

Montagem de um sistema amplo de redes sociais – Internet e WhatsApp – com cadastramento dos usuários de acordo com bairros e grupos de interesse. Esse sistema orientaria o prefeito sobre as prioridades que cada morador tem para sua região. Ao mesmo tempo, serviria para mapear as deficiências dos serviços públicos e fortalecer os conselhos de bairros.

  1. Mobilização dos ativistas digitais.

No sul de Minas começaram a vicejar movimentos culturais coletivos dos mais interessantes: grupos de artistas, de indígenas, sem-terra, movimento negro, secundaristas, em forma de coletivos, tendo como ferramenta de aglutinação a mobilização digital. O desafio do prefeito inovador consistirá em atrair esses movimentos e torná-los protagonistas de políticas públicas para suas áreas respectivas.

  1. Interação com Universidades e Institutos Tecnológicos

Uma das grandes contribuições dos governos petistas foi a disseminação de universidades federais e institutos de pesquisa pelo interior. Anos atrás sugeri para Poços diversas iniciativas sociais bem-sucedidas em outros locais. O grande problema era a falta de quadros, de associações ou instituições capazes de assumir a responsabilidade por sua implementação. Agora já existem.

  1. Cadeia produtiva do turismo

Poços tem potencial para um turismo da terceira idade, para esportes radicais, como estação de águas, sítio histórico, centro cultural. Cada evento atrai turistas de todas as partes, mas sem nenhum esforço de infraestrutura, de organização da cadeia produtiva, de definição dos papéis de cada setor em um plano integrado de turismo.

É um tema que comporta inúmeras políticas públicas, de definição de pacotes turísticos, treinamento e certificação de funcionários de hotéis e restaurantes, mobilização da hotelaria para programas de qualidade.

  1. Cooperativas de artesanato

A cidade tem um polo de fabricantes de malha, tem tradição de tricô e crochê, de doces. O papel da Prefeitura será organizá-los em cooperativa e ajudar na promoção dos produtos.

Peça 5 – a reorganização partidária

Em Poços de Caldas, assim como em quase todas médias e pequenas cidades, houve um amplo esgarçamento do sistema político tradicional, que repousava nos três partidos, PT, PSDB e PMDB.

Agora, há um estilhaçamento eleitoral, uma troca ampla de partidos, tanto pela direita como pela esquerda e uma rapaziada esbanjando energia, e à margem do jogo político. 

É o momento em que a aglutinação tem que se dar em torno de princípios e práticas políticas. 

Por isso mesmo, essas eleições serão um belo ensaio para o futuro grande pacto nacional.

Luis Nassif

17 Comentários

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  1. Diz Nassif: “essas eleições serão um belo ensaio para o futuro grande pacto nacional”.
    Vejamos o que acontece hoje em Sergipe. Uma frente de centro-esquerda colocou na Edvaldo (PCdoB) na Prefeitura e Edvaldo (PSD) no Governo do Estado, com a vice do PT.
    Edvaldo, depois de 39anos de militância, decidiu sair do PCdoB e deve ir para o PDT (partido aliado). Pois essa mudança foi suficiente para o PT abandonar a frente e provavelmente vai lançar candidato próprios.
    PV, PSol e PSB também devem lançar candidatos próprios…
    O fato é que os líderes colocam seus partidos acima dos interesses na Nação. Tenho pouco esperança de uma mudança no sentido de combater com força a extrema-direita.

  2. Nassif, quem elegeu o Cacareco foi a população do município de São Paulo. Talvez você tenha se confundido com o fato da rinoceronte ter sido cedida pelo Rio.

  3. Uma análise sobre o seguinte ponto:
    “Essa jovem militância digital, semente da renovação política, foi jogada ao mar. A direita os criminalizou; a esquerda tradicional fechou-lhe as portas, pelo receio das lideranças já estabelecidas, de perder o protagonismo político.
    Com a esquerda abandonando a jovem militância progressista, a direita passou a ocupar o espaço virtual com movimentos tipo MBL contando com assessoria externa e, principalmente, os Bolsonaro, montando sua rede sob orientação da ultradireita americana.”

    Como você mesmo diz, Nassif. A história é cíclica. E a classe média conservadora do Brasil, embora não seja majoritária numericamente, é grande o suficiente para colocar milhões de pessoas na rua. Já havia feito algo parecido no pré 64. Com muito menos gente, certamente, mas suspeito que com o mesmo fervor.

    Por outro lado, como alegam alguns observadores da política nacional, a classe média tradicional foi parcialmente esquecida pelos governos petistas. Diz-se, parcialmente, porque durante esses governos os funcionários públicos federais melhoraram suas carreiras e ganharam aumentos salariais muito significativos, comparado com os governos anteriores de Collor e FHC. Além disso, os pequenos e médios empresários também ganharam muito dinheiro com o crescimento do mercado interno. Todos, filhos e filhas da classe média tradicional.

    Mas, por outro lado, também é evidente que os governos petistas priorizaram os pobres com: bolsa família, minha casa minha vida, luz para todos, quotas universitárias, PEC das domésticas, mais médicos, etc.

    Assim, embora a classe média tenha tido uma melhora, sua posição relativa piorou em relação aos muito ricos e, principalmente, aos muito pobres. E isso é determinante. Infelizmente. Trata-se de algo imoral e, de certa forma, também irracional. Pois, se alguém ganha cem e passa a ganhar cento e vinte, e outra pessoa, mais pobre, ganha vinte e passa a ganhar cinquenta, então esse pobre melhorou, relativamente, muito mais. Logo, no imaginário da classe média tradicional, o governo petista trabalha para lhe destruir. Isto é, acabar com sua condição de classe privilegiada. Ou melhor, acabar com seu “mérito” – de pagar barato uma empregada doméstica, um lavador de carro ou limpador de jardim, de ter menos concorrência na universidade pública e no mercado de trabalho, etc.

    E, por fim, mas não menos importante. Nos governos petistas, os muito ricos também ficaram muito mais ricos. Mas, isso, aparentemente, não incomodou tanto a classe média. Aliás, diziam apenas serem contra a corrupção. O que na verdade era da “boca para fora”, porque na prática eram contra as cotas, o mais médicos, o bolsa família, a regularização do emprego doméstico, etc., como bem explica Jessé de Souza. Segundo esse autor, as pessoas têm um filtro moral que as impede de expressar seus verdadeiros sentimentos contrários à melhoria relativa dos muito pobres.

    Por isso, o discurso é “contra a corrupção” caiu como uma luva nessa estratégia de perder ganhando. Pois, se a classe média não ganha ou perde um pouco, mas, os pobres perdem muito mais, então, relativamente, a classe média melhorou sua posição na sociedade. Era assim no governo FHC (com salário mínimo de oitenta dólares, lembram?) e está sendo assim com o Temer/Bolsonaro. E é isso que realmente interessa, na prática (irracional) das relações de poder no seio da sociedade. As posições relativas das pessoas, neste caso, vistas com classes sociais.

    Mas continuando a análise. Certamente os governos petistas erraram no enfrentamento dos mais ricos. Deveriam ter feito uma auditoria da dívida interna, reduzido mais fortemente os juros dessa mesma dívida interna e, com essa sobra de recursos orçamentários, deveriam ter melhorado e expandido a oferta de serviços de educação e saúde, além da infraestrutura urbana e logística, especialmente, das grandes e médias cidades. O que beneficiaria mais diretamente a classe média. Muito embora, a Globo e seus asseclas midiáticos, como membros e arautos do “1%”, estariam aí, prontos para fazer a cabeça dessa tolinha classe média que, como diria (mais uma vez Jessé), entram no “Itaú Cultural” e se acham da família. No dever de defendê-la até a morte, se for preciso.

    Então. Voltando aos ciclos históricos. A juventude é por natureza rebelde e isso significa, de certa forma, ser contra os poderes instituídos. Mal comparando, a rapaziada de classe média do PCB era contra o Getúlio e, de certa forma, a favor de sua deposição. Foi seu suicídio e a reação popular quem lhes despertou para o erro estratégico (vide entrevista do Carlos Araújo para o Nassif). E, com a juventude de 2013 aconteceu algo semelhante. É a velha, infelizmente, questão do “esquerdismo, doença infantil do comunismo” do Lenin.

    Então, por fim, vem a questão. Foi uma juventude rebelde e de esquerda que, espontaneamente, foi às ruas em junho de 2013?
    Certamente.
    Logo, hão há essa história de EUA e nem direita, certo?
    Sim, correto.

    Porém, a velha classe média de direita se aproveitou do momento para tomar conta do movimento, “por dentro”, junto com a rapaziada progressista (que era contra Belo Monte, as obras faraônicas da Copa, a cultura do automóvel que invadia as ruas, a corrupção, o presidencialismo de coalizão, alianças com a direita, etc.). E assim, ao tomar conta do movimento redirecionou-o contra o poder instituído, no caso, a Presidência da República.

    É evidente que isso também ocorreu.

    Aquele vídeo de uma senhora (de classe média) comovida, dizendo que não era apenas por causa dos vinte centavos, a mudança de posição do Jabor e, por tabela, da Vênus Platinada que passou a transmitir longamente as manifestações, são evidências desse ponto de virada. Nessa hora, as forças conservadoras e do grande capital perceberam a oportunidade de insuflar o movimento para, através dele, forçar a derrubada do governo. E nada de ficar esperando o governo sangrar, como haviam pensado no passando recente, ao detonarem o “escândalo do mensalão”. Por acaso alguém viu a Globo detonar o escândalo da compra de votos da reeleição do FHC? Não? Pois é. É assim que fazem os donos do poder. Jogam de acordo com seus interesses. Tem hora que o povo deve lutar “contra a corrupção” e tem hora que o povo deve ficar em casa assistindo a novela e as “notícias”.

    Por fim, também é evidente que houve espionagem norte-americana no governo Dilma e na Petrobras. Também é evidente que houve ação de think tanks americanos, treinamento de jovens liberais, influenciadores digital. Como também havia jovens conservadores espertos que surfaram na onda conservadora na internet. Também é evidente que houve colaboração do Departamento de Estado, na Lava Jato. Uma operação que faz parte do processo de derrubada do governo petista.

    E aqui, é bom lembrar Getúlio Vargas em 54: “[há uma] campanha subterrânea dos grupos internacionais … [aliada a] grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho”. Segue Getúlio. “A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiçada revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculizada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre”.

    Para encerrar. A história não é linear. Há rupturas. Há coincidências. Há armações, conspirações, voluntarismo e erros. Tudo junto. Decifrar a história, porém, é ver esse caleidoscópio de árvores, sem deixar perceber também e, principalmente, a floresta que elas formam. Como diriam os americanos, é preciso ver “the big picture”.

    E assim, há erros e acerto de todos os lados. É inegável. Mas, por outro lado, é importante não se perder nos detalhes. E a principal questão é. Como romper com essa dupla dependência e estrutural brasileira interna (financista-concentradora) e externa (primário-exportadora)?

    Em outras palavras, se não há uma burguesia industrial-nacionalista forte o suficiente para impor seus interesses (câmbio + juros + infraestrutura + ciência & tecnologia + mercado interno e exportação com valor agregado) como romper esse subdesenvolvimento histórico, intercalado com pequenos suspiros de desenvolvimento inclusivo e soberano?

    Ou, lançando essa mesma questão de outra forma. Não havendo uma forte burguesia nacional e não havendo também interesse do capital financeiro e primário exportador de mudar o atual modelo concentrador-excludente e dependente, quem terá força para romper essa estrutura histórica de subdesenvolvimento? Os trabalhadores? Serão eles que criarão um arranjo institucional capaz de construir a estrutura industrial necessária ao desenvolvimento do país? Ou alguém acredita que é possível desenvolver um país continental, com mais de duzentos milhões de habitantes, de modo minimamente autônomo e inclusivo, sem estrutura produtiva de bens de capital e manufaturados (equipamentos, máquinas, meios de transporte, computadores, software, etc.)?

    Até quando esse país se contentará com voos de galinha, com soluços de soberania, inclusão e desenvolvimento a cada cinquenta anos; a espera de que um dia uma “forte burguesia nacional” caia do céu no seu colo e lhes traga o tão sonhado desenvolvimento?

    1. Sugiro ao Nassif transformar em “Artigo de Opinião” este comentário do Rafael. Além de alinhavar importantes fatos históricos, enseja necessária reflexão aos democratas.

    2. PQP,se BB, arrx Brasil de Bozonaro já enchem o saco ,lá vem outro.Companheiro sermão fica ou ficava bem no Monte das Oliveiras.Como os Montes caíram em desuso,hoje você tem uma cacetada de opções no solo consolidado pátrio.R.R Soares,Silas Malacofaia,Edir Maiscedo,Valdomiro Santiago de Compostela,e se nada mais der certo,procure o Bispo Kakákai.Aqui não.

    3. Nada que o PT e seus governos tivessem feito poderia evitar a derrocada que sofremos. O capital tem seu tempo certo para colher seus dividendos e nós, suas frutinhas, já estávamos caindo de maduros.
      Falar nisso, só o Maduro que não cai, e, como se vê, o capital está morrendo de ódio.

    4. Há um ditado antigo que diz mais ou menos assim: Você enxerga, você escuta, você sente o cheiro, vocề sente o gosto…(esqueci o final). Mas, na minha opinião, tem havido um sopro de ar puro em meio à calamidade que está assolando o país. O “ninguém solta a mão de ninguém” é, de fato, uma aproximação entre os seres humanos, e digo humanos porque, contrariamente, há uma tantada de zumbis se contorcendo na beira do precipício. Tudo que sobe, uma hora haverá em que se espatifará no solo duro da Terra, conforme dizia Newton. Entre os humanos e os mortos-vivos há um espaço que permite a visão de um futuro possível e capaz de se concretizar nos próximos anos. Por enquanto as mãos estão se aproximando, embora ainda não estejam pele com pele, portanto ainda não estão quentes e suando na transmissão energética. Entre os mortos-vivos, se as mãos agarrarem-se, os braços desabam na lama. Sim. Estão sobre a lama e afundarão mais cedo do que se imagina. A tragédia aconteceu quase que de repente. De 2013 até o terrível impedimento de Dilma, o tempo sucumbiu inesperadamente. O colapso colapsou os humanos numa fração de segundos e o buraco abriu-se abruptamente e, convenhamos, pegou-nos de surpresa, tão inesperadamente que ainda estamos boquiabertos, aspirando fumaças densas e venenosas. Fumaça é fumaça e se dilui no ar, a ponto de vermos o raios solares surgindo de mansinho, uma rajadinha de luz aqui, outra acolá. Há muitos humanos ansiosos para se enxergarem uns aos outros. E isso é evidente, dá para sentir o ditado que esqueci. Nas eleições municipais, cada um de nós humanos estaremos sedentos em busca do Sol. O sopro de cada um será um vento lançado na flauta que ecoará a música da libertação, a abrir espaços na densa fumaça tóxica. Estamos mais vivos do que nunca e veremos, finalmente.

  4. Caramba, culpar “a esquerda” é realmente muito fácil…

    Todas (isso quer dizer TODAS) as campanha presidenciais, de Fernando Collor a Fernando Henrique, de Serra e Alckmin I e II a Aécio, todas, todas as campanhas do suposto “centro” foram feitas em cima do antipetismo.

    Além da “cobertura” diária, mais uma vez, TODA em cima do antipetismo.

    Veio a campanha do “mensalao”, fundação do Milenium, a Lava Jato…Tudo antipetismo.

    Aí vem o pessoal do Passe Livre com a IRRESPONSABILIDADE de exigir, sim, EXIGIR passagem gratuita em uma cidade como Sao Paulo, com doze milhões de habitantes, ajudando de vez a enterrar o governo do Haddad, que vinha sendo acusado de “comunista” por fazer ciclovias com a cor vermelha…

    Confrontar a direita e a extrema direita realmente e mais difícil…

    Parece a piada do bêbado procurando a chave debaixo de um poste de luz. Alguém oferece ajuda a ele mas ele diz que não adianta, pois perdera a chave mais para lá onde está escuro, só está procurando ali porque está iluminado.

    1. Ora, mas o Haddad criou o passe livre……e o aidemin foi atrás…..se não fosse o passe livre do Haddad muitos colegas de classe nem teriam com ir para a faculdade…….pode-se critica-lo por ser quase um petista tucano…..mas há que se reconhecer seus acertos….

      1. Outra coisa é replicar o que foi feito em Porto Real, Rio De Janeiro, uma cidade com cinco mil habitantes, em Sao Paulo, com doze milhões… Era isso que o pessoal do Passe Livre queria ..

    2. Lucinei FIZERAM UM CORPORATIVISMO DE CONSPIRAÇÃO DENTRO DE TODAS AS INSTITUIÇÕES COMO ESTADO SOCIEDADE ORGANIZADAS EM NÃO FAZER PARCERIA COM OS OS GOVERNOS REPUBLICANOS DO PT PARA ENFRAQUECÊ – LOS E TE ER CHEGADO AO GOLPE PARA DESMONTAR O ESTADO DAS POLÍTICAS SOCIAIS

  5. Nassifão fez esse bom texto de Poços de Caldas,onde deve ter ido matar a saudade e rever os pouquíssimos amigos que sobreviveram ao tsunami Bozonarista.Acredito eu que essa boa resenha deva ser endereçada a Dilma Rousseff,pois continuo na firme convicção de que ela fez um estrago desgraçado na política brasileira.De boa intenção o inferno tá superlotado.Antes que me esqueçam,tenho pra mim que esse Governador Zema consegue ser pior que Fernando Pimentel.De Aécio eu me recuso a falar por que há muito tempo não leio páginas policiais.

  6. As lideranças de esquerda tem sofrido lawfare em varios estados, o MP esta fazendo “o limpa” pra abrir espaço pro candidato de extrena direita, qual seja.

    A igrreja catolica e os partidos abandonaram a pobreza nas maos dos neofundamentalistas evangelicos e esses nao vao largar o o$$o tao facil. Como fizeram nas eleicoes dos conselhos tutelares, vao ocupar ainda mais espaços nessas eleições. Ja vivemos numa teocracia…

  7. Na ânsia de ser esperançoso, Nassif esquece que a direita tem o poder de verdade mesmo quando não está no governo. Nada depende da esquerda. Mas vamos aos fatos, porque de opinião, chega.
    A igreja católica não abandonou a periferia, ela foi retirada pela igreja católica. João Psulo II exterminou a teologia da libertação na AL, punindo todos os padres e bispos, nomeando a pior direita da igreja. Todas as paróquias que tinham padres da TL foram modificadas e os padre substituídos por outros reaças. Simplesmente parem de repetir essa ladainha do abandono que é falsa. Em Pernambuco, por exemplo, até o instituto de formação católica foi fechado. Isso foi planejado e muito bem executado.
    Também é controversa a afirmação de que a esquerda abandonou as bases. A esquerda foi governar, levou um bocado de gente da base. A esquerda não é maioria no país e sempre encontra essa dificuldade quando vai governar. A militância que não foi pro governo continuou na base. É preciso observar que a sociedade mudou, para o bem e para o mal. A fórmula antiga de trabalho de base não vai funcionar mais porque exige um tempo e dedicação que as pessoas não querem mais tirar de suas vidas. O individualismo está imperando sim, inclusive em muitos desses movimentos “novos” tão decantados.
    Por fim, mas não por último, acho bom parar de sacralizar redes sociais como instrumento de mudança. Já fizeram essa merda com o judiciário e o MP e a gente viu no que deu. Redes sociais não foram criadas pra revolução, mas pra dominação. Não tem como esquerda se apropriar disso porque não foi a esquerda que criou e a esquerda não tem poder econômico para competir com Zuckerberg.
    Não posto deixar de registrar, também, meu incômodo com a idealização da juventude. Sei que corto risco de ouvir que esse incômodo é normal para quem não é mais jovem. Mas se ouvir besteira me impedisse de alguma coisa eu não sairia de casa. Pois bem, que juventude revolucionária é essa que não aguentou dois gritos? No primeiro obstáculo desiste? A direita não criminalizou apenas a dita jovem esquerda; o estado de exceção que prendeu Elisa Quadris foi o mesmo que prendeu Lula. Isso é projeto, não é acidente de percurso. Se a jovem esquerda não está preparada, que se prepare. Conflito geracional sempre há de pintar por aí; um dia o velha esquerda desaparece e a jovem esquerda cai estar chorando na cama porque não foi acolhida? Lacração, lugar de fala e similares não podem gerar apenas likes e sucesso individual. Queiramos ou não, o futuro pertence aos jovens, não aos velhos. Os jovens da esquerda estão prontos para ele?

  8. A volta ao passado recente, onde o PT será a grande referência.
    A tragédia de 2018, foi antes de mais nada que o velho representava o novo para uma parte significativa do eleitorado, que eram criança ou adolescente em 2002, w portanto não conheciam os governos de FHC, muito menos os tempos da ditadura.

    Além disso, o PT se acomodou como o processo de governo de conciliação de classe, que como sempre aguarda a desmobilização dos trabalhadores do campo e da cidade, para voltar a promover as maldades de sempre.
    Sobrestimamos a capacidade de mobilização dos setores mais conservadores da sociedade estimulada pelo PSDB desde das eleições de 2910, que acabou atingindo a classe média e sua periferia, e, um ambiente que o velho era o PT e o novo e o desconhecido a direita de sempre.

    A desmobilização natural dos trabalhadores do campo e da cidade, diante dos enormes avanços sociais e econômicos promovidos pelos governos do PT, abriu espaço para o avanço dos conservadores.

    Aos poucos a classe média e sua periferia, vai percebendo que o vencedores das eleições de 2018, não são novos e nem defendem seus interesses, e sim o interesse do grande capital nacional e internacional.

    O PT será a grande referência para os eleitores, que não irão buscar o novo, e sim a segurança do passado recente.

    A queda da demanda agregada( exportações, dos gastos públicos e do consumo das famílias), pode acentuar o desgaste dos vencedores das eleições de 2018.

    A indústria e agricultura serão ps primeiros a perceber, mais depois virão o comércio e os serviços,

    Estamos em um processo muito rápido e dinâmico, onde a comparação com os governos do estará a alcance de todos os eleitores.
    Não há muito espaço para riscos, o que fará os eleitores buscar a certeza do passado recente, e não um novo cheio de incertezas.

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