A internet está pegando fogo com o debate provocado pelos “rolezinhos”. Em razão disto, resolvi fazer um pequeno esforço histórico.
Os rolês são tão antigos quando o Brasil. Em 1500 os portugueses resolveram dar um rolê no desconhecido Mar Oceano e chegaram aqui por acaso. Dois séculos depois os descendentes deles com as índias litorâneas estavam dando rolês no interior para aprisionar, reunir e descer milhares de índios. O primeiro rolê mencionado foi chamado de “descobrimento”, o segundo de “Bandeiras”.
Os mesmos bandeirantes que deram rolês para escravizar índios foram contratados para dar um rolezão num aldeamento de negros fugidos liderados por Zumbi. E a coisa ficou preta para os ex-escravos trazidos da África.
De quando em vez o Exército colonial e seus sucessores (o Exército imperial e o Exército republicano), dava um rolê punitivo contra a população brasileira. Os resultados eram quase sempre os mesmos: degolas e mais degolas. Foi o que ocorreu nos rolês de portugueses contra índios que não aceitaram o jugo luso (Revolta dos Tamoios); rolê contra os caboclos do sertão (Cabanos); rolê contra os partidários de um fabricante de balaios (Balaiada); rolê contra aldeamentos suspeitos (Reino da Pedra Encantada do Rodeador); rolê contra o povo rebelado por causa das novos pesos e medidas imperiais (Quebra Quilos); rolê contra gauchos republicanos que defendiam a secessão (Farroupilha); e o famoso rolê contra nordestinos pobres que se recusavam a aceitar o domínio dos fazendeiros (Canudos). Ainda no século XIX o Exército deu um rolezão no Paraguai degolando quase toda a população masculina daquele país.
No princípio do século XX cansados da modorra racista e excludente da república velha, os tenentes resolveram dar um rolê pelos sertões do Brasil. Este rolê ganhou o nome de “Coluna Prestes” , mas infelizmente não chegou a lugar algum depois de percorrer milhares de quilometros.
Muita pouca coisa mudou desde os primeiros rolês punitivos do período Colonial. Há algum tempo a PM paulista deu um rolê num presídio e o resultado foi mais de uma centena de prisioneiros mortos predominantemente com tiros nas costas. Quando faz seus rolês pela periferia de São Paulo a PM geralmente produz cadáveres, mas os rolezinhos da PM nos bairros nobres nunca são tão sanguinários.

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