Os segredos do câmbio

Por André Araújo

Em tempos de turbulência, o câmbio é a boia definitiva que segura uma economia.

A proteção das reservas internacionais é fundamental. Vejo buracos no casco do câmbio que é preciso tampar.

1.A exposição do BC a swaps cambiais em maio de 2015 era de R$ 356.6 bilhões. O prejuízo do BC na venda de proteção cambial, isto é, o prejuízo dos swaps foi de R$ 60 bilhões. É uma POLÍTICA ERRADA a meu ver. Para manter o Real valorizado e portanto segurar a inflação, não se permite a livre flutuação e para tanto se COMPROMETEM RESERVAS, vendendo dólar para entrega futura, de modo que nossas reservas em dólar são na realidade US$115 bilhões menores do que o declarado, porque esse valor foi vendido para entrega futura, reduzindo em UM TERÇO as reservas reais.

2.Historicamente o Brasil, desde a criação da SUMOC na década de 50, tinha uma política de CENTRALIZAÇÃO DO CÂMBIO, quer dizer o “CAIXA” das divisas é gerenciado todo pelo Banco Central e não disperso pelos bancos.

Toda receita de exportação e da conta capitais ingressa IMEDIATAMENTE nas reservas MAS essa politica sábia teve dois furos, duas medidas em benefício de particulares e contra o interesse publico, na crença que isso fosse positivo para o mercado, decisões tomadas em outro contexto da economia e que hoje devem ser revertidas, na realidade são alterações que abriram buracos perigosos. Primeiro permitiu-se que exportadores depositassem suas divisas no exterior, sem interná-las e portanto se quem compusessem nossas reservas, uma ABERRAÇÃO feita para diminuir o ingresso de dólares no País e para que se mantivesse o Real valorizado, tomadas em ciclos já ultrapassados.

Segundo, a Circular 3631 que transferiu aos bancos a decisão sobre o fechamento de câmbio de ingresos de dólares via ordens de pagamentos, os bancos não precisam fechar o câmbio de imediato, podem fazer uma “análise” da operação, sem prazo, a ordem fica “empoçada” no banco sem compor as reservas do Paíis. Ninguem sabe porque isso foi feito, um claro prejuizo às reservas e que permite toda sorte de manipulações em beneficio dos bancos.

Essas duas providências significam MENOS divisas nas reservas, o que valoriza o Real, o que segura a inflação MAS aumenta a vulnerabilidade externa do País, já que crise e fuga de reservas são sinônimos.

Como dizia o professor Mario Henrique Simonsen, a inflação aleija mas a crise cambial MATA.

O atual manejo do câmbio pelo Banco Central é irresponsável, aumentar as reservas é a prioridade e não a inflação.

E Simonsen era um ORTODOXO completo mas era inteligente e sabia o que era essencial, entre duas coisas ruins era preciso evitar a pior, o País sobrevive com inflação mas pode morrer por falta de reservas.

O Brasil NÃO PODE SOFRER UMA CRISE CAMBIAL, tudo o mais é menos importante.

Redação

9 Comentários

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  1. O câmbio privatizado

    Conheço pouca coisa de câmbio, salvo o elementar vender/internar – comprar/externar; mais os efeitos deletérios da relação cambial sôbre exportações/importações e a inflação.

    Dado os efeitos na economia do país, reservas incluídas, o governo federal deveria manter rigoroso controle sobre o movimento cambial.

    Assim o Ministério da Fazenda e o BACEN deveriam vir a público defender suas posições face as críticas efetuadas no post.

  2. Cambiemos saudações

    Francamente colegas debatedores,

    o texto acima mais complica que explica. 

    Traz momentos históricos descontextualizados. Cita a SUMOC de forma muito pouco clara e em seguida o BACEN, fora do contexto da AUTOCRACIA no poder.

    Ora, ora, ora, senhores, a SUMOC foi fruto de um momento no Brasil. Década de 1940, mas especificamente um DECRETO-LEI 7293 DE  1945. Repararam? Perceberam bem o que significa essa data para o BRASIL num contexto MUNDIAL?

    Sabem o que é um DECRETO -LEI? 

    Pergunto-lhes: a ciência econômica DE MEIA TIGELA, “necessita”  “criar” a SUMOC? . Estamos falando de “curvas” ( que podem ser retas) de “mercado” – como soberania do consumidor idiota – que ensejam a “criaçao” de uma SUMOC DA VIDA? 

    Isso não foi o foco do texto, mas está contido nele. Noutras palavras, é preciso compreender primeiro o que são estas “instituições” para que servem e por que foram criadas, para depois dizer o que fizeram, ou estão fazendo. Logo, conta outra, vai… Conta outra DENTRO DE CADA CONTEXTO.

    O Brasil do café, dos “coroneis, pós 1930, ” saindo de um “ditadura, pós guerra quente, e início de guerra fria não vai criar nada que não esteja, evidentemente, num certo contexto histórico. E se o contexto histórico DETERMINA a criação de qualquer coisa é porque FOI O CERTO. Entenda como certo aquilo que ocorre NA REALIDADE ECONÔMICA e não na ficção.( lembrei-me aqui do GALBRAITH!!!)

    Os debatedores vão querer me dizer que a SUMOC controlava o que exatamente?

    E o BACEN então?. Este foi criado, “democraticamente”, em 31/12/1964 pela lei 4595. Lei? Tem certeza mermo, meu irmão?

    Quanta “democracia” não? E olha que a lei está ai até hoje, sobrevivendo, curiosamente, a TODOS OS ATOS INSTITUCIONAIS ( acima da constituição, não raro, como FECHAMENTO DE CONGRESSO!!!) bem como à própria Constituição cidadã. 

    Quanta cidadania não? zzzzzzzzz, coisa de economistas de escol, e, data venia, tigela inteira!

    Mas, por falar em câmbio, lembrei-me dos “dealers”. 

    Termo pomposo não? Em “ingrês”. E nós gostamos de um certo “neologismo” para “entregar”, ops, delivery, nossa “cultura” da comunicação.

    Eis o ano de 1999 com a “crise” do câmbio… e com “informações privilegiadas…

    Quem não sem lembra?

    E olha que com pitadas de “vaca holandesa”!

    Por fim, gostaria de registrar que meu comentário aqui teve o pretensão de provocar um debate ( claro, somos debatedores) entre os que encaram a REALIDADE ECONÔMICA, e não os MANUAIS DE BABOSEIRAS ECONÔMICAS que  só quase server para enganar os otários.

    Política “cambial” no Brasil tem fortissímos indícios de ENGANAÇÃO, isto é, engana a “nação” de bobocas que vieram ao mundo PARA TRABALHAR.

    Trabalhar para receber “salário” de otários e fomentar lucros de “espertos”. ( nada contra o lucro, porém, tudo contra o lucro dos “espertos” manipuladores “econômicos”)

     

    Finalmente mesmo, espero cambiar  saudações com os atentos  debatedores

     

     

     

     

  3. Centralização do Cambio.

    Ih, AA, vão te chamar de intervencionista bolivariano.

    Além disso, se o governo asume essas medidas vão dizer que “os radicais do PT” estão assumindo o controle do governo “confrontando” o PMDB.

  4. Câmbio

    André Araujo,  na realidade, as reservas cambiais são formadas no mercado interbancário de moeda estrangeira, ou seja, o Bacen ( Tesouro ) compra a divisa no mercado de câmbio spot, e aplica em papéis treasuries americanos. Como decorrência, há um custo fiscal embutido. O custo-benefício dessa estratégia para a economia e para a sociedade brasileiras é notável.

    O fato de o exportador contratar o câmbio, e internalizar a moeda estrangeira não representa aumento nas reservas cambiais brasileiras. Significa, sim, maior liquidez em moeda estrangeira ( dólar) no mercado de câmbio. Só ocorre incremento, ou diminuição de reservas cambiais quando o Bacen(Tesouro) contrata e liquida o cãmbio, no nosso mercado de câmbio.

    Se há a possibilidade de os exportadortes manterem parte( ou totalidade) das receitas em USD no exterior, como consequência, diminuirá a oferta de moeda estrangeira do mercado de câmbio brasileiro, configurando um movimento de combate à valorização do R$ ( ou, desvalorização do USD). Ou ainda: quando o Bacen entra(va) comprando dólares para a formação de reservas cambiais, há um movimento no sentido de valorização da moeda estrangeira ( desvalorização da moeda nacional).

    Mas um dos objetivos da medida foi diminuição dos custos de transação do setor  exportador, que complementarmente combatia a valorização da moeda nacional. 

     

      

    1. Meu caro, vc descreveu muito

      Meu caro, vc descreveu muito bem como é hoje o sistema, Sei perfeitamente que as reservas se compõe de divisas que o proprio BACEN compra no mercado. MINHA TESE é que vale a pena aumentar os custos em Reais para comprar mais divisas, o que seria possivel se os exportadores fossem obrigados a internalizar as divisas e não fosse permitido parquea-las fora do Pais. Como disse no artigo, citando Simonsen, a inflação aleija e a crise cambial mata, quer dizer , é melhor ter mais inflação e menor risco de ficar sem divisas, como aconteceu em pelo menos CINCO grandes crises

      pelas quais o Brasil passou e que nos obrigou a recorrer ao FMI. Por outro lado vc fala em custo fiscal da manutenção das reservas, o que é real MAS o mesmo efeito de custo tem a venda de swaps para manter o Real valorizado, esse custo dos swaps em 2014 foi de SESSENTA BILHÕES DE REAIS, portanto o modelo atual, que critico, tambem tem altos custos

      fiscais sem em contrapartida dar segurança cambial ao Pais, o que é hoje um valor maior do que o Real valorizado.

      O Brasil pode viver com um Real a 5 por dolar MAS não pode viver sem reservas.

      1. Concordamos.

        Vale a pena, concordo, assumir esse custo fiscal, tanto dos swaps, quanto dos ganhos dos ativos serem inferiores  aos do passivo. Após as crises cambiais dos anos 1990, os países emergentes adotaram estratégia correta de acúmulo de reservas cambiais. A partir de então, passamos da condição de devedores contumazes a  credores.  O FMI praticamente perdeu função, pois a crises de balanços de pagamentos dos emergentes cessaram.  Com o recém surgimento do Banco de reservas contingentes, formado pelo Brics, o Brasil e os emergentes ficaremos ainda mais robustos no que se refere ao risco de crédito soberano.  A propósito, creio que toda essa orquestração visando aa  derrubada do governo Dilma passa pela nova configuração da ordem financeira internacional —- que vai de encontro aos interesses hegemônicos dos EUA.

  5. Conclusão
    Estamos todos f…

    Conclusão

    Estamos todos f… e mal pagos.

    O governo federal não tem uma política cambial

    Debatedores também não tem nada para acrescentar ….

  6. Conclusão
    Estamos todos f…

    Conclusão

    Estamos todos f… e mal pagos.

    O governo federal não tem uma política cambial

    Debatedores também não tem nada para acrescentar ….

  7. Comparação

    Como eu sempre defendi, seguarar o câmbio é como segurar a lua. Mais cedo mais tarde ele sobe, se achar de subir. É uma forma esdrúxula de queimar dinheiro público inutilmente. Enquanto isto o ajuste fiscal come solto, austeridade no povão, para compensar os erro levyanos.

    Fazendo uma comparação, muitos dos governos que terminaram seus mandatos com catástrofe economica, faziam uso deste expediente inútil: FHC, por exemplo; na época, Armínio Fraga cansou de fazer leilões de dólares, e o dólar terminou em 4 Reais no fim do mandato; e o governo FHC sem nenhuma reserva, ou seja quando precisava de dinheiro ia pedir no FMI de pires na mão e descalço. E ainda levava espinafrada do Bill Clinton quando ia pedir dinheiro. Dilma está a cada dia mais parecida com Armínio e FHC.

    Agora Dilma começa a mostrar a que veio.

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