Fernando Castilho
Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

Eduardo Bolsonaro, o patriota americano, por Fernando Castilho

A verdade é que já estamos com paciência de sobra. A justiça precisa, urgentemente, colocar um fim nessa novela.

Eduardo Bolsonaro, o patriota americano

por Fernando Castilho

Ah, Eduardo Bolsonaro, o “exemplar” deputado federal por São Paulo, que eu classifico carinhosamente como PL-EUA. Não é à toa, claro. O rapaz praticamente vive nos Estados Unidos, já comprou uma mansão por lá e, claro, matriculou sua filha em uma escola local, porque, né, quem precisa da bagunça do Brasil quando se tem um lar acolhedor no exterior?

Rumores dizem que ele não voltará, mas caso ele se aventure a pôr os pés em solo brasileiro novamente, seu passaporte será retido. Afinal, quem não gostaria de sair de um país onde a política é só uma maneira de faturar através de rachadinhas, não é mesmo?

Muita gente já fez o favor de escrever sobre a vergonhosa traição que Eduardo comete contra o Brasil, então, vou evitar me repetir aqui. Vou focar na parte que realmente nos faz roer as unhas: a lentidão e a, por que não, leniência da justiça. E não falo só dele, mas do seu querido pai, o Jair. O STF já se esqueceu de consultar a PGR sobre a necessidade de mandar Eduardo de volta ao Brasil? Ou será que o Supremo está esperando ele inaugurar mais umas casinhas em Miami?

E o Jair, ah, o Jair… ainda está por aí, dando entrevistas praticamente todo dia, despejando fake news a torto e a direito, enganando o povo e tentado construir seu caminho para a anistia, o que ajuda muito, claro, nas investigações sobre o 8 de janeiro. Uma verdadeira ajuda, não é?

O presidente da Câmara, Hugo Motta, pelo jeito, acha que é muito divertido ver Eduardo passeando por terras estrangeiras, gastando nosso dinheiro enquanto o Brasil assiste de camarote. Não tem nada melhor que um representante que não se dá ao trabalho de aparecer para trabalhar, mas que segue recebendo a grana. A gente ama, né?

Aliás, é bom ressaltar que Eduardo Bolsonaro não é exatamente o “herdeiro” da facção bolsonarista. Ele e seus irmãos não são as estrelas da extrema-direita para o futuro da nossa amada nação. Os planos de sucessão já foram reservados para outras figuras, como Caiado, Zema, Marçal e, claro, o ícone nacional Gusttavo Lima. Porque, afinal, quem mais poderia ser o novo rosto do Brasil, não é?

Portanto, nossa justiça não precisa ter medo de ratos. Eles fazem barulho, transmitem doenças, mas também são frágeis e não é muito difícil acabar com eles.

A verdade é que já estamos com paciência de sobra. A justiça precisa, urgentemente, colocar um fim nessa novela. E, se possível, com o mínimo de dignidade para o povo brasileiro. Porque, sinceramente, já passou da hora.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada.

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2 Comentários

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  1. O bananinha odeia índios, negros e mestiças, especialmente se eles afirmam sua identidade e defendem seus interesses. Mas esse ódio não é fruto apenas do racismo. O mais provável é que Dudu Bolsonaro se sinta como alguém sem identidade, porque no Brasil ele é um branco novo rico oriundo de uma família pobre sem “pedigree” de quatrocentos. Nos EUA ele é apenas um latino-americano que balbucia coisas desconexas num “ingres” mestiço típico de imigrantes recém chegado. Ele fez se tudo para ver o pai convidado para a posse de Trump e foi humilhado de todas as maneiras possíveis e imagináveis, mas mesmo assim eles não desiste de se apresentar como um serviçal fiel do império porque sabe que não pode de maneira alguma aceitar sua condição peculiar num país povoado e governado por mestiços. O complexo de vira-latas do bananina é trágico, comparável apenas aquele que a primeira e a segunda geração de mestiços da colônia sentiam. Eles não pertenciam as tribos das mães que ajudavam eventualmente a submeter e esmagar, mas nem por isso eles eram aceitos como iguais entre os colonos portugueses apesar de serem filhos bastardos deles. Eduardo Bolsonaro faz rir, mas ele mesmo deve chorar quando está sozinho porque a solidão dele não é igual àquela que nós sentimos. Ele sofre a solidão oriunda do não pertencimento. E com a família desmantelada pela PF ele ficará em situação ainda pior.

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