Grandes plataformas disseminam fake news de forma deliberada, diz Yuval Noah Harari

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Novo ensaio de autor israelense destaca o impacto da inteligência artificial na vida das pessoas, e todos os riscos que isso representa

Yuval Noah Harari, historiador e filósofo israelense. Foto: https://www.ynharari.com/

O uso da inteligência artificial na sociedade contemporânea é o tema abordado no novo ensaio do autor israelense Yuval Noah Harari, que traça todos os desafios criados por esse “agente independente”.

Embora destaque algumas benesses do uso da inteligência artificial, como melhorar o atendimento de saúde em países com falta de médicos, sua obra acaba por se concentrar muito mais nos “perigos” apresentados que são ignorados por empresas que inundam a população com informações positivas.

Como destaca reportagem do site Infobae, existe uma diferença elementar em relação a outras revoluções tecnológicas: anteriormente, o poder estava nas mãos dos seres humanos, mas o que está acontecendo atualmente não tem parâmetro de comparação, pois a inteligência artificial “pode tomar decisões por si só”.

“As decisões mais importantes são tomadas pelo editor”, observou, referindo-se a quem decide o que é publicado e o que não é, ou que página uma notícia ocupa num jornal.

“Agora, em algumas das plataformas mais importantes do mundo, como X, ou Facebook, o papel do editor já foi assumido pela IA: são os algoritmos que decidem qual será a história recomendada ou o que estará no topo do feed”.

Diante disso, o ensaísta destaca que nem sempre o algoritmo busca pelas informações mais precisas ou úteis – embora concorde que deveria existir cuidado ao se censurar usuários humanos, Yuval afirma que em temas como disseminação de teorias da conspiração ou fake news, o foco não deve ser nas pessoas, mas nos algoritmos.

Os algoritmos fazem com que as pessoas fiquem presas às plataformas pelo maior tempo possível justamente por ser seu modelo de negócios, mas todos os mecanismos de inteligência artificial acabaram descobrindo que a forma mais simples de obter a atenção humana “é apertar o botão do ódio, do medo ou da raiva na mente das pessoas”.

Diante disso, “eles espalham deliberadamente notícias falsas e teorias da conspiração”, o que faz com que as pessoas não apenas se envolvam, mas também “enviem o link para seus amigos”.

Ao mesmo tempo, o intelectual aponta o potencial “totalitário” da inteligência artificial, ao afirmar que nestes regimes “eles não queriam controlar apenas a esfera militar e o orçamento, “mas todos os aspectos da vida (…)””.

“Nexus: Uma breve história das redes de informação, da Idade da Pedra à inteligência artificial”, o novo ensaio de Yuval Noah Harari, foi publicado no Brasil pela editora Companhia das Letras. 

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