Sob rigor científico, a meta do Grupo de Trabalho é ter um panorama geral em 8 meses até um ano, ainda que sem previsão para identificações dos corpos
Esse é apenas um dos processos da identificação, que também inclui a busca de informações e documentos ante mortem, a coleta de amostras de DNA, a identificação por odontologia. “A ciência chega até a um certo lugar, depois não há nada a fazer. Creio que o mais importante para as famílias é que, finalmente, está se fazendo algo sistemático. Ou seja, a intenção existe! Começou, e começou bem. O protocolo serve para que? Para que qualquer família, e quem quiser, possa ver como estamos trabalhando. Total de transparência, uma boa comunicação e uma boa vontade, é o mais importante”, afirmou o arqueólogo peruano José Pablo, ao GGN.
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O coordenador científico do grupo, Samuel Ferreira, explicou como as responsabilidades são divididas entre os diversos atores. “O Grupo de Trabalho de Perus é composto por dois comitês: o gestor e o científico. O gestor é composto pela Secretaria de Direitos Humanos e pela Unifesp, e o comitê científico é constituído por sete instituições”, disse, contando que os peritos e demais especialistas são contratações diversas, inclusive vindas do Peru e da Argentina.
A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, recordou que o processo de trazer os profissionais ao Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade, local sede para os trabalhos, foi longo pela burocracia. “Eles tiveram que passar por uma dispensa de licitação e só foram efetivamente contratados em setembro, quando a casa ficou, em parte, pronta”, lembrou.
Os profissionais estrangeiros só começaram a chegar quando as ossadas foram transferidas do Cemitério do Araçá, onde estavam guardadas, ao CAAF. No início de outubro, cerca de 400 materiais ósseos já haviam sido separados, e o trabalho ante mortem de historiadores e sociólogos – que iniciou alguns meses antes – apresentava resultados.
Para reunir profissionais de diversas áreas, institutos e países, foi preciso realizar o chamado “alinhamento de procedimentos”, uma padronização das técnicas e métodos que seriam utilizados, registrados em um protocolo.
“Como esse é um projeto grande, de larga escala, tem que ter um protocolo para seguir, até para ter um controle de qualidade e otimização dos recursos materiais e humanos, e para que cada resto mortal analisado passe pelo mesmo critério de avaliação”, explicou Samuel, ressaltando que isso não impede a liberdade e o modo de trabalho de cada especialista, com olhares diferentes.
Alguns meses antes de iniciar as atividades, os arqueólogos, antropólogos, médicos legistas e geneticistas definiram quais referências nacionais e internacionais seriam usadas para a padronização. Durante cinco dias, de 22 a 26 de setembro, na Escola Paulista de Medicina, o grupo completo de profissionais repassou as informações que seriam aplicadas nas semanas seguintes.
As atividades de perícia tiveram início em outubro, quando as primeiras caixas contendo as ossadas foram abertas. A partir de então, os especialistas se organizam em um esquema de revezamento entre os brasileiros e os estrangeiros.
De acordo com a reitora da Unifesp, calcula-se que o primeiro panorama geral de análise ficará pronto entre 8 meses e 1 ano, a partir de outubro. “A identificação mesmo vai depender de muitos fatores, da condição dos ossos, dos familiares, da comparação das amostras”, completou.
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Ainda que distante de respostas, a meta é comum a todos os envolvidos no Grupo de Trabalho Perus: “temos que ter um rigor cientifico muito grande, temos que fazer um processo de identificação de todas as ossadas que têm lá e ter transparência com os familiares”, disse ao GGN o secretário de Direitos Humanos e Cidadania da prefeitura de São Paulo, Rogério Sottili, lembrando que o compromisso maior e final é com as famílias.
“Precisamos virar e dizer: fizemos tudo que foi possível fazer, com todo rigor científico possível e se nós identificarmos alguém, nós vamos mostrar. Senão, as famílias sabem que Perus não tem mais condição”, encerrou Sottili.
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Acompanhe as entrevistas:
https://www.youtube.com/watch?v=9OiMMJaEBEw&list=PLZUPpD2EGpfq_qmuuuccp93EvxieaQ99a&index=5 width:700 height:394
Imagem e edição: Pedro Garbellini
Entrevista concedida a Luis Nassif, Patricia Faermann e Pedro Garbellini
Acompanhe as próximas reportagens da série “Ossadas de Perus, a difícil transição”.
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A DITADURA é o maior cadáver,
A DITADURA é o maior cadáver, e do qual descendem todos os cadáveres das bandalheiras das elites inimputáveis do Brasil, embaixo do tapete. no meio da sala ... E agora, querem pegar o PT para Cristo, para pagar pelo pecado das elites trambiqueiras.A diferença entre a LAVA-JATO e a CASTELOS DE AREIA é que a primeira foi exposta durante um governo do PT, e as demais, que gerarm muitas tetas defendidas com unhas e dentes, nasceram e prosperaram nos des-governos TUCANOS, como sí ser até hoje em São Paulo, a Central da COSA NOSTRA elitista decadente do 'breZeew' .
"O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES - O que passa na REDE GLOBO de SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS"