ONU confirma maior insegurança alimentar no governo Bolsonaro

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Entre 2020 e 2022, 32,8% passava por insegurança alimentar moderada ou severa; subalimentação crônica afetou 10,1 milhões de pessoas

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um em cada dez brasileiros passava por insegurança alimentar severa entre os anos de 2020 e 2022, segundo relatório conjunto divulgado por cinco agências especializadas da ONU.

Intitulado Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, o documento afirma que quase um terço (32,8%) da população do país está incluído nas categorias de insegurança alimentar severa ou moderada, o que equivale a 70,3 milhões de brasileiros.

A situação mostra um agravamento no acesso à segurança alimentar no país, uma vez que dados anteriores (2014 e 2016) apontavam um percentual de 18,3%.

O nível de subalimentação crônica, patamar mais extremo da insegurança alimentar, atingiu 4,7% da população brasileira no período em questão, o que representava pelo menos 10,1 milhões de pessoas.

Segundo os critérios da pesquisa, a insegurança alimentar severa é apontada como um nível de gravidade em que, em algum momento do ano, as pessoas ficam sem comida e passam fome, o que chega a acontecer, em casos mais extremos, por um dia inteiro ou mais.

Já a fome propriamente dita é uma situação duradoura, que causa sensação desconfortável ou dolorosa pela energia insuficiente da alimentação.

A chamada insegurança alimentar moderada é aquela em que as pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos e são forçadas a reduzir, em alguns momentos do ano, a qualidade e a quantidade de alimentos que consomem, devido à falta de dinheiro ou outros recursos.

Piora global

Os dados apontam ainda a piora da fome no mundo: houve um aumento de 122 milhões de pessoas nessa situação durante o período de pesquisa.

Com isso, cerca de 735 milhões de pessoas estão sofrendo com a fome, um contingente que seria o terceiro país mais populoso do mundo, superando inclusive toda a população do continente europeu.

Fatores como a pandemia de covid-19 e diversos choques e conflitos, incluindo a guerra na Ucrânia, afetaram os indicadores. Diante disso, a ONU alerta que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de acabar com a fome até 2030 não será alcançado.

O relatório mostra ainda o impacto desigual da pandemia e dos choques econômicos globais. Nos países de baixa renda, a insegurança alimentar severa aumentou de 22,5% para 28%, enquanto nos países de renda alta, a variação foi de 1,5% para 1,6%.

Em termos globais, a insegurança alimentar moderada chegou a 2,4 bilhões de pessoas no período de 2020 a 2022, enquanto os custos de uma dieta saudável eram inacessíveis para 3,1 bilhões de pessoas, causando problemas como 148 milhões de crianças menores de 5 anos com baixa estatura e 37 milhões com excesso de peso.

O continente africano é o mais afetado pela fome e pela insegurança alimentar: uma em cada cinco pessoas que passa fome no mundo vive nos países da África, sendo que o quadro é mais grave na África Oriental e na África Central, regiões onde a fome chega a 28,4% da população.

Com Agência Brasil

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