A chanceler alemã, Angela Merkel, exigiu hoje (7) solidariedade dos países europeus para combater a crise dos refugiados. Angela Merkel disse que a Alemanha é um país aberto ao acolhimento de pessoas que precisam de ajuda, mas que “outros países europeus também devem acolhê-los”. Merkel fez o pedido ao apresentar um pacote de medidas para ajuda aos refugiados.
“Os perseguidos políticos devem encontrar apoio em todos os países europeus e não só na Alemanha”, afirmou a chanceler, ao lembrar que o acordo de Dublin (lei da União Europeia para agilizar candidatura dos refugiados que pedem asilo político) permanece em vigor. Durante o fim de semana, foram registrados mais de 15 mil pedidos de asilo só na Alemanha.
Merkel também agradeceu às autoridades e voluntários que cooperaram para facilitar a chegada dos refugiados durante o fim de semana. “A população em geral mostrou uma imagem do nosso país que nos permite sentir um pouco de orgulho”, disse.
O vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que o país irá acolher este ano cerca de 800 mil refugiados e está disposto a superar esse número a longo prazo, mas é necessário o apoio de outros países europeus. Gabriel acrescentou ainda que a situação atual vai ser enfrentada com um misto de confiança e realismo.
“Confiança porque as pessoas mostraram a sua disposição de ajudar e realismo porque temos que ter claro que também haverá problemas e conflitos e quanto mais abertamente falarmos disso mais êxito teremos em desmistificar os receios de alguns”, disse Gabriel.
Os partidos do governo concordaram, em reunião que terminou esta madrugada, com uma série de medidas que deverão passar pelo Parlamento antes do fim de outubro.
Entre elas, a destinação de 3 bilhões euros adicionais ao orçamento federal de 2016 para a ajuda aos refugiados. Esses fundos deverão ser repartidos entre os estados federais e os municípios. Os estados federais vão ter mais 3 bilhões destinados ao mesmo fim. O orçamento de 2015 havia destinado 1 bilhão de euros para o mesmo propósito.
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A propósito
Por que países ricos do Golfo não abrem portas para refugiados sírios?
Amira Fathalla BBC Monitoring
Milhares de refugiados sírios tentam entrar em países europeus, fugindo da guerra civil que já dura cinco anos.
A imagem de um menino sírio de três anos morto numa praia na Turquia após o barco em que estava com a família ter naufragado na tentativa de chegar à Grécia chocou o mundo e chamou atenção para a crise de refugiados e imigrantes na Europa.
Mas por que os cerca de quatro milhões de sírios expulsos do país pela guerra não buscam asilo nos países ricos do Golfo Pérsico, relativamente próximos e com a mesma religião dominante e língua?
Segundo a Anistia Internacional, 95% dos refugiados sírios estão em apenas cinco países: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. A Turquia, com 1,6 milhão de refugiados sírios, e o Líbano, com 1,1 milhão, são os principais destinos.
O número de refugiados sírios abrigados pela Turquia é 10 vezes maior que o número de pedidos de asilo recebidos por todos os 28 países da União Europeia nos últimos três anos.
Oficialmente, sírios podem solicitar um visto de turista ou permissão de trabalho para entrar em países do Golfo. Mas o processo é caro, e há a percepção generalizada de restrições veladas que dificultam, na prática, a obtenção de vistos.
Os sírios que conseguem visto em geral já estavam em países do Golfo e ampliam a permanência, ou fizeram o pedido por terem familiares na região.
A dificuldade gerou críticas de organizações em defesa dos Direitos Humanos.
“Adivinhem quantos refugiados os países do Golfo ofereceram receber?”, questionou no Twitter o diretor-executivo da Human Rights Watch Keneth Roth. “Zero”, aponta um relatório da Anistia Internacional fazendo referência a cinco países ricos do Golfo: Catar, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Kuwait e Bahrein.
Bem vindos?
Sírios necessitam de visto para entrar em quase todos os países árabes. Apenas Argélia, Mauritânia, Sudão e Iêmen permitem a entrada sem visto.
A riqueza e proximidade da Síria levou muitos a questionarem se os países do Golfo não teriam uma obrigação maior que a Europa com os refugiados sírios, que sofrem com o conflito e o fortalecimento de grupos jihadistas no país, como o autodenominado “Estado Islâmico”.
Muitos citam ainda como argumento o papel que alguns desses países tiveram na Guerra da Síria. “Em graus variados, grupos na Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Kuwait investiram no conflito sírio”, diz o jornal americano Washington Post.
“Muitos bancaram e armaram uma constelação de grupos rebeldes e facções islâmicas em luta contra o regime do presidente sírio Bashar Al-Assad.”
Mas apesar dos apelos, a posição de países do Golfo não deverá mudar.
A tendência na maioria destes países, como Kuwait, Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, é permitir a entrada apenas de trabalhadores do sudeste asiático e Índia – particularmente para postos de trabalho pouco qualificados.
Mesmo árabes estrangeiros de qualificação média, de áreas como por exemplo educação e saúde, dificilmente conseguem visto para países como Kuwait e Arábia Saudita, que querem proteger os empregos de seus cidadãos.
Residentes estrangeiros também enfrentam dificuldades para criar vidas estáveis nestes países. já que é praticamente impossível obter nacionalidade.
Em 2012, o Kuwait chegou a anunciar uma estratégia oficial para reduzir o número de trabalhadores estrangeiros no país em um milhão no período de 10 anos.
Mui amigo!
Nassif:: o que quer a poderosa Alemanha, após indivialuzar os lucros no euro, é socializar o prejuízo com membros que nada têm a ver com os estragos. Pariu Mateus, dona Merkel? Pois que o embale…