PL que altera trabalho escravo perde regime de urgência

Da Rede Brasil Atual

Projeto que altera definição de trabalho escravo perde urgência
 
Após audiência pública, entidades ligadas aos direitos humanos conseguem fazer com que PLS retorne a comissão debater o tema mais amplamente

O Projeto de Lei do Senado (PLS) 432/2013, que altera a definição de trabalho escravo e é considerado um retrocesso por entidades de direitos humanos, deixou de ter tramitação em regime de urgência e deverá retornar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para ser debatido de forma mais aprofundada. A decisão ocorreu hoje (15), durante audiência pública na Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Casa. O projeto já estava no plenário.

Depois da audiência, um grupo reuniu-se com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o relator do projeto em comissão mista, Romero Jucá (PMDB-RR), para discutir o assunto. “Conseguimos reverter os encaminhamentos recentes do PLS 432/2013, que teria impacto grande nas atividades de combate a essa prática pavorosa que ainda assombra nosso país e estava com urgência no plenário”, comemorou, em rede social, o secretário de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Rogério Sottili. Para ele, a mudança permitirá que o projeto seja “plenamente debatido com a sociedade”.

Participaram da audiência o ator Wagner Moura, “embaixador” da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o jornalista Leonardo Sakamoto, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão, e entidades como o Ministério Público do Trabalho – contrária ao relatório de Jucá – e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)..

“Sorrateiramente estão retirando as definições de trabalho escravo neste projeto de lei”, afirmou Wagner Moura. “As Nações Unidas reconhecem a definição (de escravidão) brasileira, como a consideram um exemplo global a ser reproduzido”, argumentou Sakamoto. “O projeto que regulamenta o trabalho escravo que querem votar é uma agressão ao mundo do trabalho, uma violência aos homens e mulheres deste país que não admitem que nosso Brasil ainda seja dirigido por uma lei que vai regulamentar o trabalho escravo. Ele deve ser proibido, não regulamentado”, afirmou o senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da CDH.

 

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