Depois da crise com a denúncia de que centenas de trabalhadores vindos da Bahia estavam em situação precária e análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves, o setor de turismo da cidade juntou-se ao gabinete do prefeito e, em reunião, soltaram manifesto coletivo para enfrentar a crise.
No encontro foi decidido que o manifesto é o melhor caminho, pois representa o todo, fugindo de falas individuais. Participaram da reunião o Bento e Regiao Convention e Visitors Bureaus, Caminhos de Pedras, Cantinas Históricas, Conselho Municipal do Turismo (Comtur), Encantos de Eulália, Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria Região Uva e Vinho (Segh), Vale do Rio Das Antas, Vale dos Vinhedos e Associação dos Guias de turismo.
O documento também aponta ações que serão tomadas pelo conjunto da cidade para atender questões que envolvem trabalho, direitos e cidadania.
Leia o manifesto a seguir.
Manifesto
A Serra Gaúcha tem uma história de trabalho e acolhimento. Essa terra recebeu nossos antepassados que — com esforço e boa-fé — fortificaram uma sociedade justa, fraterna e humana. Uma comunidade empreendedora, que construiu oportunidades e leva para todo o mundo essa identidade cultural.
Em respeito a essa trajetória, jamais silenciaríamos nem deixaríamos de adotar medidas concretas para enfrentar o fato ocorrido em nossa região, ainda que seja um episódio pontual, e que a responsabilidade direta seja de uma empresa de serviços, que atende diversos segmentos. Mais do que isso: nos movem a agir para que não se repitam episódios que causam tanta indignação e tristeza em todos nós.
Com esse objetivo, em encontro liderado pela Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves na segunda-feira (27), o poder público e entidades representativas do setor CONSEVITIS, UVIBRA, FECOVINHO, AGAVI, SINDIVINHOS, ASBRASUCO, COMISSÃO INTERESTADUAL DA UVA, Centro da Indústria Comércio e Serviços (CIC BG), Conselho Municipal do Turismo (Comtur), Bento Convention & Visitors Bureau, Segh Uva e Vinho, Aprovale e Associações e rotas: Rio das Antas, Encantos da Eulália, Cantinas Históricas, Associação dos Guias de Turismo, Caminhos de Pedra, manifestam que:
1 – O fato ocorrido merece total repúdio de todos que prezam pela dignidade humana. A ocorrência não representa as práticas do setor, as vinícolas, as mais de 20 mil famílias de produtores, o segmento produtivo da cidade e, tampouco, a história da nossa comunidade.
2 -Todos os envolvidos têm o dever de tratar o tema com máxima seriedade e encaminhar soluções concretas. E assim já estamos fazendo.
3 – As primeiras medidas adotadas foram de acolhimento aos trabalhadores — abrigando e cuidando de sua saúde —, até que pudessem retornar para casa em segurança e com dignidade. Mas aqui seguimos com foco total na implantação de medidas rigorosas de enfrentamento ao problema.
4 – Imediatamente foi iniciada uma força-tarefa de fiscalização em alojamentos, visando verificar as condições oferecidas aos trabalhadores. Essa iniciativa será consolidada em um programa permanente.
5 – Também foi definida a intensificação da fiscalização de fornecedores e prestadores de serviços do setor, buscando o cumprimento dos requisitos legais e trabalhistas — tais como uso de EPIs, fornecimento de alimentação e carga horária de trabalho.
6 -Será iniciado, nas próximas semanas, o programa de comunicação, conscientização e qualificação para toda cadeia vitivinícola, incluindo produtores rurais e safristas — garantindo o acolhimento correto e o zelo à legislação.
7 – Será criada a Central do Trabalhador. A unidade atenderá diretamente os operários, recebendo denúncias e orientando os profissionais.
8 – Todo o segmento promoverá os aprimoramentos internos de fiscalização e ouvidoria, assegurando que as ações de terceirizados também sejam acompanhadas com rigor.
9 – Tanto o poder público como o setor privado seguirão atuando em conjunto com as forças responsáveis pela investigação e pelo acompanhamento dos direitos humanos e trabalhistas — o que certamente acarretará em novas ações, que serão oportunamente divulgadas.
O manifesto tem o propósito de garantir que o trabalho não se encerre com as ações aqui apresentadas. Precisamos, todos, seguir vigilantes e ainda mais ativos no enfrentamento de um problema que, infelizmente, ainda é realidade Brasil afora. Evoluir é uma necessidade e um compromisso que assumimos publicamente, respeitando valores e princípios tão caros a uma comunidade que não pode ser estigmatizada por episódios que não representam sua essência.
Com união e transparência, vamos superar este momento e honrar o que sempre fomos: uma terra de oportunidades que acolhe a todos.
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Essa nota tem cheiro de hipocrisia. Ou melhor, de oportunismo, pois perceberam os prejuízos que podem advir para a imagem da região e seus negócios. É difícil de acreditar que o que aconteceu não era de conhecimento de muita gente por lá. Tem muitos omissos e muitos cúmplices. Aposto que ao menos 90% dos signatários desta nota votaram em Bolsonaro. Posso estar enganado, mas o cinismo impera. Querem limpar a própria imagem, não por indignação com a falta de humanidade das vinícolas, mas porque estão com medo de perder dinheiro. Simples assim. Nunca mais foi ingerir uma gota sequer daquelas vinícolas. Merecem a falência.
O bolSULnarismo deve ser parado. Já! Estão usando pobres e nordestinos como escravos numa fazenda. São supremacistas sulistas.
https://twitter.com/GloboNews/status/1631354676653293568?t=T87SZehqJFXsMfNkNqDpQg&s=08
Que tal o setor de turismo de Bento Gonçalves capitalizar esse repugnante episódio a seu favor com o seguinte marketing:
“Venha a Bento Gonçalves se divertir colhendo uva de sol a sol, de graça, com alimentação com garantia de perda de peso, com pimenta à vontade, eletroterapia, na mais total segurança armada disponível”
Troféu hipocrisia garantido.